The Boy Who Loves My Daughter escrita por Lady Anna


Capítulo 1
The Boy Who Doesn't Like Chess


Notas iniciais do capítulo

Oieeee scorosetes, turubom?
Bem, se existir algo equivalente a ressaca literária na escrita eu com certeza tive isso no último mês: eu simplesmente não conseguia ou não tinha ânimo para escrever! Mas do nada surgiu essa ideia aqui e eu escrevi esse capítulo incrivelmente rápido.
A ideia aqui não é focar em Scorose, apesar do casal ser o assunto principal da fic, mas sim na relação do Scorpius com o Ronald, mais especificadamente da visão/opinião do Ron sobre o Scorpius ao longo dos anos.
Enfim, espero que gostem! Nos vemos nas notas finais!
Beijos!!



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Ronald Weasley nunca odiou Scorpius Malfoy. Na verdade, baseado na convivência que tivera com ele durantes os feriados na Toca, Rony sempre o achara um bom garoto, mesmo com sua linhagem e sua casa de Hogwarts – Sonserina! – Mas, como a maturidade e os bons anos vividos lhe ensinaram, ele não podia julgar as pessoas por coisas que não eram culpa delas, ou quase não eram.

Ron já não sentia tanta antipatia por sonserinos, apesar de também não cair de amores por eles. Ele conseguia tranquilamente os tolerar e não fazer piadas debochando deles a cada cinco minutos, o que era uma grande vitória pessoal. Seu sobrinho, Albus Potter, ter ido para a Sonserina influenciara muito nesse pensamento, haja vista que, para Ron, ele sempre fora um bom rapaz, apesar do brilho de malícia presente nos olhos.

Assim, a primeira vez que vira Scorpius, sem saber que ele era um Malfoy e muito menos que seria um sonserino, foi em um campeonato de xadrez trouxa, o qual frequentava todos os anos. Ao ver aquele jovem loiro com grandes óculos quadrados no rosto, assustado, olhando em volta com um pouco de pavor aparente, ele se sentira compelido a ajudá-lo. Poderia dizer que somente fizera isso devido ao fato de ser um dos organizadores do projeto, porém a verdade era que sentiu um sentimento de proximidade com o garoto; aquele brilho de medo era o mesmo que ele sentira na primeira vez que fora para Hogwarts.

—Posso ajudar, rapaz?

O garoto o olhou, fazendo a expressão mais dignamente assustada que ele podia e falou em alto e bom som:

—Eu vim para participar do campeonato de xadrez infantil.

—Quantos anos você tem?

—Dez.

Rony prendeu o sorriso ao perceber que o garoto estufara o peito ao falar a idade, como se isso o deixasse mais velho.

—Qual o seu nome?

—Scorpius. –Rony franziu o cenho, afinal já ouvira aquele nome em algum lugar, mas não conseguia se lembrar de onde. –Meus pais não estão aqui porque eu garanti a eles que não precisava de ajuda, mas a minha babá veio comigo.

Ronald olhou em volta, recebendo um aceno de uma mulher com alguns fios grisalhos na cabeça, na casa dos quarenta anos. Sorrindo para o garoto, o Weasley colocou a mão nas costas dele.

—Vamos, Scorpius. Vou te levar até a seção infantil.

Entretanto, para o desespero do pequeno, nenhuma outra criança apareceu para o evento. Apesar de garantir a Ronald que estava satisfeito em apenas observar os mais velhos jogando, era possível ver a decepção em seus olhos. Com um pouco de pena do garoto, o Weasley decidiu jogar com ele.

—Essa vai ser uma competição extraoficial. –Garantiu ao garoto enquanto arrumava o tabuleiro. –Se minha filha estivesse aqui, vocês poderiam jogar de verdade, mas ela está visitando os avós trou...maternos. Acho até melhor ela não estar aqui, senão você não teria nenhuma chance.

Scorpius sorriu com a provocação, um pouco debochado.

—Eu sou melhor que você imagina, senhor...

—Pode me chamar de tio Ron. –Todas as crianças do projeto o chamavam assim, além dos milhares de sobrinhos dele, de modo que já estava acostumado com a designação.

Scorpius era realmente melhor que ele imaginava e quase foi uma competição justa. Ronald estava fazendo movimentos descuidados e planejava deixar o garoto vencer, mas ao perceber que ele era realmente bom, tornou a competição mais acirrada. Ele deixou o garoto ganhar, mas o sorriso debochado que ele deu quase o fez se arrepender. Quase porque a felicidade dele e seu amor por xadrez também eram evidentes, e Ron não podia deixar de apreciar isso.

—Tchau, tio Ron! –Scorpius exclamou, o surpreendendo ao estender a mão decididamente. Era uma ação estranha para uma criança tão pequena, mas ele ignorou isso e apertou a mão dele.

O viu sair junto com a babá e, de costas, se parecia muito com alguém que Ronald conhecia, mas não conseguia se lembrar de quem. Ele tirou isso de sua cabeça, afinal provavelmente nunca mais veria esse garoto. Ronald Weasley nunca estivera tão enganado em toda a sua vida.

***

Aproximadamente um ano depois, quando Ronald estava levando sua filhinha pela primeira vez na estação King Cross, para embarcar em Hogwarts, ouviu um grito de uma voz infantil.

—Tio Ron! –Scorpius vinha até ele, com um sorriso no rosto. Ronald se surpreendeu ao descobrir que ele também era um bruxo e aparentemente o sentimento era recíproco. –Eu não sabia que você também era bruxo! Você se misturou muito bem perto dos trouxas!

Pela familiaridade com toda a magia em volta deles, Scorpius parecia ser de uma família bruxa. Com o cenho franzido, Ronald o perguntou:

—Qual seu sobrenome, rapaz?

Antes que o pequeno respondesse, o Weasley viu uma mão segurar Scorpius pelos ombros.

—Bom dia, tio Ron. —O tom arrastado da voz de Draco Malfoy arrepiou os pelos da nuca de Ronald. –Como vai?

—Bem, Malfoy.

Olhando melhor para Scorpius, era possível ver que ele era quase uma cópia do mais velho, exceto pelos grandes óculos quadrados, o qual já usava há um ano. Ronald se sentiu um idiota por não perceber que o garoto era filho de Draco na primeira vez que o vira.  Entretanto, os Malfoy's eram conhecidos por quase não transitar no mundo bruxo, sendo vistos apenas em eventos excepcionalmente específicos e nunca com o filho. Ronald pensava que eles faziam isso tentando proteger o garoto de todos os olhares de desprezo que lhes era lançado. Sendo assim, não era tão surpreendente que ele não o conhecesse. Fitando o garoto com uma expressão séria, Ronald perguntou: 

—Você é um Malfoy? Por que não me disse? Queria me...enganar? 

Ron pensou que ele se encolheria, mas o garoto apenas estufou o peito – assim como fizera um ano atrás – e disse com a voz controlada: 

—Eu não sabia que era relevante naquela situação. Mas sim, eu sou um Malfoy e não tenho vergonha disso, já que eu não fiz nada de errado. Minha mãe já me disse que as pessoas vão me julgar e me desprezar, mesmo eu não tendo feito nada. Eu já percebi isso em algumas situações, ti...senhor e me sinto bastante incomodado com isso, afinal eles não me dão nem a chance de tentar. Mas eu vou provar meu valor e todos terão orgulho do que me tornarei. – O garoto fez uma pausa para respirar e ajeitou os óculos no rosto. – A propósito, eu esperava mais do senhor. 

Um bolo se formou em sua garganta e ele se sentiu um idiota por julgar uma criança por um sobrenome. Esse fator influenciava, assim como a educação recebida, porém pelo que conhecera do garoto naquela tarde, ele não era alguém implicante e preconceituoso. Antes que Ron pudesse dizer algo, Draco interviu: 

—Já chega, Scorpius. Não quero que você fale assim com as pessoas, lembre-se do que nós dissemos: não dê motivos para as pessoas desgostarem ou desconfiarem de você. Seja um bom garoto e faço muitos amigos...você vai precisar. –A última parte Draco disse em voz baixa. Em seguida, encarou Ronald. –Nos desculpe por incomodá-lo, Weasley. Eu não queria isso, mas Scorpius me garantiu que vocês já eram amigos e Astoria me disse que deveríamos vir aqui. Enfim, tenha um bom dia. 

O Malfoy foi com o filho até próximo do trem e relutantemente o abraçou. Ronald percebeu que os outros pais e até mesmo as crianças se afastavam dele, o que fez seu coração pesar mais um pouco. Scorpius teria muita dificuldade em fazer amigos, sendo sempre julgado, debochado e ofendido. Mais uma vez, ele se sentiu um idiota, afinal falara com a filha mais cedo que ela não deveria fazer amizade com o garoto, instaurando na cabeça de sua doce Rose um preconceito estereotipado. Ele olhou em volta, ansioso para encontrar a filha e dizer que aquilo era uma bobagem, como Hermione sabiamente dissera, mas o trem já estava partindo. 

A caminho de casa, Ron ficara estranhamento quieto e seus pensamentos voavam até o Expresso, no qual talvez um garotinho loiro amante de xadrez estivesse sentado sozinho, ansiando por fazer amigos. Decidiu-se que na resposta da primeira carta que Rose mandasse, ele instruiria a garota a talvez fizer amizade com ele. O que Ronald não imaginava era que Rose não era tão influenciável quanto ele pensava.

***

Querida mamãe, 

Hogwarts é ainda mais mágica do que eu imaginava! O livro Hogwarts: Uma História não faz jus nem a metade da magia que esse lugar possui! As aulas são incríveis e eu já aprendi muitas coisas que eu estou ansiosa para compartilhar com a senhora (mas vou deixar para outra carta, senão essa vai ficar muito grande!)  

Eu fui selecionada para a Grifinória, mamãe! Assim como vocês! Albus foi para a Sonserina e no inicio eu fiquei um pouco triste com isso, pensando que ele poderia me esquecer por causa dos novos amigos. Mas isso não aconteceu e fora o café da manhã (que tomamos nas mesas das nossas respectivas casas) e a maioria das aulas (fazemos somente feitiços juntos) nós passamos o tempo todo juntos!  

Estou estudando muito e, assim que sair os resultados das primeiras provas, te mando minhas notas. Espero não te decepcionar! Estou morrendo de saudades de casa! 

Um milhão de beijos,  

Rose 

Querido papai, 

A comida de Hogwarts é a segunda melhor que já comi na vida! (Somente a comida da vovó Molly é melhor, obviamente). Albus diz que a comida na mesa da Sonserina é melhor que na mesa da Grifinória, mas ele não tem como sustentar esse argumento, já que nunca comeu na nossa mesa. James diz que isso é só inveja e que a nossa comida é melhor, mas eu acho que todas as comidas são iguais. Não faria sentido uma casa comer melhor que a outra, certo?  

Falando em Sonserina, eu fiz um amigo sonserino. Quer dizer, nós não somos bem amigos, já que ele passa 90% do tempo me irritando e discutindo comigo, mas nos outros 10% ele é suportável, talvez até legal. Nós nos aproximamos porque ele é colega de dormitório do Al e eles ficam juntos 24 horas por dia, literalmente. O nome dele é Scorpius Malfoy (por favor, não mande um berrador antes de ler o resto da carta. Na verdade, seria melhor se o senhor não mandasse um berrador de jeito nenhum!) e ele não é quase nada daquilo que o senhor falou! Talvez debochado e irritante, mas com certeza ele é leal, confiável e um bom amigo. 

Então, o que eu queria dizer mesmo é: eu não vou deixar de ser amiga dele só por causa de um preconceito idiota! A maioria da escola já pensa assim e as únicas pessoas que conversam com ele são Albus e eu. Isso me fez ficar com pena dele, mas no dia que comentei sobre com Scorpius, ele ficou três dias sem falar comigo! Disse que não precisava da pena de ninguém. Confesso que fiquei com raiva da atitude dele e também me recusei a falar com ele, mas por dentro achei o orgulho dele louvável. 

Ah, já estava quase me esquecendo: o primeiro jogo de quadribol é amanhã: Grifinória x Lufa-Lufa. Fred II está confiante na nossa vitória, mas Roxanne garante que os lufanos ganham o jogo. Eu não sei o que pensar, afinal o time da Lufa-Lufa está realmente muito bom, porém McGonagall garante que James é o melhor capitão que a Grifinória já teve. Enfim, espero que ganhemos! 

Estou com muitas saudades! Beijos e abraços, 

Rose 

—Que bom que a Rose fez novos amigos, não é? –Indagou Hermione, avaliando a reação dele sobre a amizade recente com o Malfoy.

—Sim, todos precisam de bons amigos, Hermione. –Concluiu e viu um pequeno sorriso surgir no canto dos lábios da Granger-Weasley.

—Então você realmente não se importa da nossa garotinha ser amiga de um Malfoy?

—Eu não me importo que ela tenha bons amigos. –Ele sabia que não era essa a resposta que sua esposa queria, mas não daria o braço a torcer assim tão facilmente. –Mas se aquele garoto ferir os sentimentos da minha garotinha de alguma forma, ele vai conhecer o verdadeiro Ronald Weasley.

Bem, Scorpius futuramente acabou ferindo os sentimentos da ruiva e realmente conheceu o verdadeiro Ronald Weasley, mas isso é história para depois.

***

No Natal daquele ano, Ronald conheceu mais profundamente o herdeiro dos Malfoy, ou tão profundamente quanto algumas olhadelas furtivas permitiam. O Weasley imaginou diversos cenários diferentes para aquele reencontro: o garoto iria provocá-lo, ficar intimidado ou talvez chamá-lo para conversar. Porém, o que o pequeno garoto de 11 anos fez foi ainda mais corajoso: ele o ignorou, literalmente fingiu que Ronald não existia! Além de um educado cumprimento proferido em voz baixa, Scorpius não deu nenhum indício que sequer o conhecia. Até mesmo quando Harry perguntou se ele gostaria de jogar xadrez com eles, o pequeno Malfoy disse que não gostava, que achava o xadrez bruxo um jogo estúpido. Aquilo irritou Ron mais do que qualquer coisa. Não gostava uma ova! Ele queria contestá-lo, mas quando abriu a boca para falar alguma coisa, Hermione o cutucou.

Desistindo de falar qualquer coisa, Ronald bufou enquanto observava Scorpius pelo canto do olho, o qual, apesar de tê-lo escutado, não teve nenhuma reação. Isso fez com que o Weasley bufasse de novo.

Ao longo dos muitos anos que conviveriam na Toca, aquela cena se repetiria muitas vezes. Não a parte do xadrez em si, mas Scorpius ignorando a existência de Ronald e o Weasley bufando irritado. Era uma atitude infantil e ele sabia disso, entretanto, com o passar do tempo se tornara cada vez mais difícil se aproximar, o que o fez desistir em algum momento. Afinal, como criaria uma ponte até o garoto? Se a única coisa que ele sabia que eles tinham em comum fora desdenhada pelo Malfoy? Assim, era mais fácil manter aquela aparência, aquele ódio que todos já imaginavam que aconteceria.

 Naquele fogo cruzado, Rose muitas vezes se irritava com ambos e brigava com eles, chegando até mesmo a chorar em algumas vezes. Isso os fazia se sentirem culpados, o que amenizava a implicância por algumas horas. Entretanto, bastava colocá-los cara a cara novamente para que a animosidade surgisse.

Porém, aquilo não durou eternamente. Na vida, há sempre um ponto, um determinado momento, que se percebe que errou. Percebe-se que seu erro prejudica e machuca outras pessoas, normalmente pessoas que você ama. E se isso dói nelas, dói ainda mais em você. Foi exatamente isso que Ronald Weasley sentiu quando percebeu o que seu aparente ódio pelo Malfoy causava na filha e ele desejou com todo o seu ser voltar no passado, mais especificadamente na Plataforma 9 ¾ , e tratar bem aquele pequeno garotinho loiro.

***

Esse pequeno momento de lucidez veio a Ronald apenas seis anos depois, quando o Malfoy já tinha dezessete anos. Ironicamente, aconteceu no mesmo campeonato de xadrez onde eles se conheceram, o que o Weasley considerou estranhamente adequado.

Rose ia todos os anos ajudá-lo na organização e naquele ano não foi diferente. Porém, em dado momento a filha simplesmente desaparecera, o que não era do feitio dela. Ao perguntar a uma jovem trouxa sobre Rose, ela respondeu que a ruiva havia ido com o namorado até o parque. Com o cenho franzido, ele seguiu na direção que a garota apontou, encontrando Rose e Scorpius sentados ao pé de uma árvore.

Seu primeiro impulso fora ir até lá e tirar aquela história de namoro a limpo. Sua garotinha não havia confiado nele e ele se sentia traído por isso. Porém, aquele momento parecia tão íntimo e importante para eles que Ronald se sentiu mal até mesmo de estar espiando aquilo. Rose estava encostada no tronco da árvore e o Malfoy estava deitado no chão com a cabeça no colo dela. Ela passava os dedos pelos fios loiros do cabelo dele distraidamente e ambos estavam em silêncio, perdidos em pensamentos.

Definitivamente pessoal demais para que ele ficasse espiando. Ron já estava saindo quando ouviu a voz de Rose, quebrada e baixa:

—Você sabe que teremos que terminar quando você for para o treinamento de aurores, não sabe?

Ronald não queria – na verdade queria só um pouco— saber sobre o que eles estavam falando, então se obrigou a ficar entre alguns arbustos escondido enquanto ouvia a conversa deles. Alguns instantes depois, o Malfoy respondeu:

—Nós não precisaríamos terminar se você não quisesse esconder nosso relacionamento. Na verdade, nós não precisamos terminar de jeito nenhum!

—Não é assim que as coisas funcionam, Scar. –Suspirou Rose, parecendo cansada, como se já tivessem debatido aquele assunto diversas vezes.

—E como elas funcionam então, Rose? Você foge do nosso relacionamento há dois anos porque tem medo do que seu pai vai dizer.

—E você está fugindo para a Suécia somente para não fazer o treinamento de aurores com ele!

—Ok, eu não tenho vergonha de admitir isso. –O Malfoy levantou-se, sentando de frente para Rose. –Ele já me odeia somente por eu ser um Malfoy, sem ao menos me conhecer. Tudo que ele vê em mim é o herdeiro dos Malfoy e não o Scorpius. Agora me diga como ele, já tendo todo esse preconceito sobre mim, iria ser imparcial na minha avaliação no curso de aurores? No mínimo, o grande Ronald Weasley transformaria minha vida em um inferno tão grande que me faria desistir do meu sonho!

—Meu pai não é assim. –Defendeu Rose, em tom afetado. –Ele jamais te prejudicaria premeditadamente. Ele pode ter muitos defeitos, mas não é desonesto e injusto.

—E o que exatamente ele foi quando me julgou apenas pelo meu sobrenome? Quando te alertou para não ser minha amiga? –Antigas feridas ainda não cicatrizadas, Ron percebeu. Diante do silêncio de Rose, ele continuou: –Ronald Weasley nunca me deu a chance de tentar. Por que eu deveria acreditar que seria diferente agora?

Rose olhava fixamente para o horizonte, uma pequena lágrima lhe escorrendo do lado direito do rosto. Antes de falar, ela a limpou rapidamente.

—Eu queria que fosse diferente. Queria que ele te aceitasse e que vocês se dessem bem. Por Merlin, vocês são as duas pessoas mais parecidas que eu já conheci! Amam xadrez, torcem pelo mesmo time de quadribol e de futebol e até mesmo gostam das mesmas músicas! Mas... –Ela não continuou o raciocínio, balançando a cabeça como se dispersasse pensamentos. –Você tem que ir para a Suécia, é o seu sonho. Só que nós não conseguiremos manter nosso relacionamento a distância, afinal já é muito difícil enquanto moramos na mesma cidade.

—É difícil porque escondemos de todo mundo, Rosie. Se nós contássemos para todos antes que eu fosse, nós poderíamos continuar o relacionamento à distância.

—Não, é melhor não. –Distraidamente, a ruiva limpou outras lágrimas, as quais já caíam em um grande fluxo agora.

—Por quê?

Os dois se encararam por alguns instantes. Do lugar onde estava, Ronald podia perceber pela expressão do Malfoy o quanto ele estava indignado.

—Meu pai não reagiria bem e o seu também não. Além disso, seria difícil nos vermos e...

—Você é a grifinória mais covarde que eu já conheci! –Scorpius se levantou, olhando para Rose com uma expressão magoada. –Eu concordo que meu pai também não reagiria bem, mas sabe o que eu responderia a ele? “Foda-se! Eu amo aquela garota e não vou deixá-la só por causa do seu preconceito com a família dela!” Eu enfrentaria qualquer um para ficar com você, Rosie, mas parece que o sentimento não é recíproco.

—Você está sendo injusto comigo, Scar. É óbvio que eu te amo, mas...é complicado.

—Complicado porque você é uma filhinha do papai que não tem coragem de encará-lo. Que tem vergonha de mim, da nossa relação.

Eu não tenho vergonha de nós, pelo amor de Morgana!—Rose se levantou também, as bochechas vermelhas de raiva.

—Jura? Não é o que parece. –O Malfoy passou as mãos pelos cabelos loiros. –Mas essa discussão não vai nos levar a lugar nenhum. Você já se decidiu e eu também.

Eles ficaram em silêncio, apenas se encarando com as respirações pesadas e os olhos úmidos.

—Tchau, Rose.

—Tchau, Scorpius.

E, simples assim, o Malfoy aparatou. Logo depois, Rose caiu sentada ao pé da árvore e voltou a chorar copiosamente. Ronald queria ir lá e consolar a filha, porém sabia que isso somente pioraria a situação. Sendo assim, mandou um patrono até a casa dos Potter’s avisando a Lily Luna que Rose queria a encontrar no parque imediatamente; que era algo importante. Se ele não poderia ajudar a filha naquele momento, pelo menos iria levar a ajuda até ela. E se havia alguém no mundo que sabia sobre aquele relacionamento do Malfoy com sua filha, esse alguém seria sua sobrinha.

Enquanto voltava para o campeonato de xadrez, Ron se sentiu mal fisicamente. Estava arrependido da forma como tratara o Malfoy e da rixa idiota que perpetuara. Ele nunca odiou realmente o garoto, apenas não conseguia se aproximar e, diante disso, o sentimento de indiferença e animosidade aflorou mais do que ele queria. Agora, via como aquilo fazia Rose sofrer e isso o estava matando.

Se tivesse coragem o suficiente, iria até o Malfoy e esclareceria tudo. Porém, isso exigiria que ele confessasse que ouviu toda a conversa deles, o que o faria cair ainda mais no conceito do sonserino. Por mais que não quisesse, percebeu que se importava com a opinião do Malfoy e isso feriu ainda mais o orgulho de Ronald. Não poderia cair ainda mais na opinião daquele garoto, não se quisesse verdadeiramente salvar o relacionamento amoroso de sua filha.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Ronald vai fazer alguma coisa? O relacionamento Scorose ainda tem jeito ou já era?
Nessa fic eu queria mostrar a relação do Scorpius com o Ronald de outra forma, afinal é muito comum ver fics onde o Ron detesta o Scar. E não há NADA de errado com esse plot, inclusive ele vai ser um pouco trabalhado aqui, mas o ponto que eu quero ressaltar é o seguinte: e se o Ron não odiasse o Scorpius? E se tudo fosse apenas falhas de comunicação e "desencontros"? Pra mim o que sempre faltou na relação dos dois foi um pouco de diálogo e compreensão (como já é abordado nesse capítulo haha) porque eu não acho que o Ronald odiaria o Scorpius apenas por ele ser um Malfoy sonserino dado a importância que ele tem para a Rose.
Mas, até que eles consigam realmente conversar e se entender (SE isso acontecer) vai demorar bastante e até lá passaremos um pouquinho de raiva com esses personagens maravilhosos haha
Deixem comentários falando a opinião de vocês ou simplesmente me dando um "oi"
Beijoooos



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