Spotlight escrita por Fe Damin


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Olá, meu povo lindo, olha eu aqui de novo como prometido!
Só posso dizer que estou muito feliz de saber que ainda tem gente querendo saber como essa história termina e preparem-se esse é um capítulo FOFO!
Nos vamos nas notas finais! Aproveitem!



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O coração dos fanfiqueiros não precisa de mais nada nessa vida! Uma foto do nosso casal favorito indo junto pra casa já foi o suficiente para desencadear todas as histórias de romance que queremos ver na vida real. Por acado é pedir demais uma anúncio de namoro? #Romione #OCoraçãoNãoAguenta 

Rita Skeeter - via Twitter

 

O dia ainda não havia clareado, porém Ron acabou despertando de leve. Por um instante, não reconheceu as cobertas que o aqueciam, a cama na qual deitava e muito menos quem estava ao seu lado. Ainda grogue de sono, olhou em volta e os olhos caíram para a mão em seu peito, seguindo até os cabelos castanhos que estavam emaranhados.

Hermione!

Isso, estava na casa de Hermione, depois do dia mais surreal de todos, onde brigara na frente de uma multidão com um jogador internacionalmente conhecido além de um completo babaca. Por mais que as coisas tivessem acontecido muito rápido, ele não faria nada diferente. Correria para ajudar a pequena Rose e sua mãe novamente no instante que fosse necessário, só não havia entrado em seus planos a possibilidade de acabar dividindo um lado da cama com sua colega de trabalho.

Ron seria um mentiroso se dissesse que aquilo era algo desagradável, o que o incomodava era a sensação de que tudo parecesse tão natural. Não apenas o fato de ter se misturado nos problemas da vida de Hermione, mas era uma sensação de cotidiano quando a viu saindo de cabelos embaraçados no banheiro, vestindo apenas um pijama surrado e um roupão.

Isso o assustava ligeiramente.

Não era para as coisas acontecerem assim. Os dois eram amigos agora, estava seguro em dizer, mas apenas isso, certo? Colegas de trabalho, amigos… que se beijavam de vez em quando, mas só! Porém, ali estava ele depois de correr para ajudar em seus problemas, dar carona, confortá-la. Tinha dúvidas se estava fazendo certo ou errado, mas se nem sabia para onde estava indo, qualquer caminho devia servir.

No final das contas, não foi nada de mais e estava se sentindo bem, pararia de pensar na situação com alarme. Claro que ver o desespero de Hermione para com a filha apertou vários pontos do coração de Ron, mas isso aconteceria se fosse com qualquer criança, ele tinha certeza disso. Nada tinha a ver com lágrimas escorrendo naquele rosto que ele achava lindo, muito menos com a possibilidade de ver um par de pequenos olhos azuis ficando tristes.

Hermione se ajeitou na cama, apoiando a cabeça mais próximo de Ron. Naquela distância, ele conseguia sentir o calor dela em sua pele. Conteve o desejo de passar os dedos pelos ombros expostos, deveria apenas voltar a dormir, nada de pensamentos pouco inocentes.

Fechou os olhos, já num limbo entre o mundo real e dos sonhos quando ouviu um barulho de passos se aproximando. Mal teve tempo de abrir os olhos antes de ver uma criaturinha abrir a porta sem cerimônias.

—Mãaae, tá aí? - a menina usava uma camisola de sorvetinhos e coçava os olhos cheia de sono - A tia Ginny tá no meu quarto e… tio Ron?

Ron teve que se esforçar para não rir dos olhos arregalados que a fitavam, aquela não era uma situação ideal, duvidava que fosse intenção de Hermione que a filha os encontrasse assim, talvez ele pudesse falar bem baixinho e ela não acordasse.

—Oi, florzinha - murmurou, se mexendo a fim de se desvencilhar da morena e sentar para falar com a menina.

—Filha, o que tá fazendo fora da cama tão cedo? Nem amanheceu! - seu plano foi por água à baixo ao ver uma Hermione despertando num pulo, parecia que havia algum sensor para a voz de Rose.

Ela olhou da filha para ele, o desconforto tentando ser escondido.

—É que eu ia no banheiro, daí vi a tia Ginny, não sabia se você tava em casa - a menina explicou, se aproximando até parar ao pé da cama, tinha os olhos apertados como se estivesse tentando entender tudo.

—Ficou muito tarde para ela ir embora, pequena.

—Ah, tá… pro tio Ron também?

—É… - a voz de Hermione morreu, não tinha nada a ser explicado ali para uma criança de seis anos, mas Ron queria tirar a amiga daquela situação, desviando a atenção da menina, porém ela tirou suas conclusões mais rápido.

—Daí vocês fizeram uma festa do pijama? - a empolgação estava visível por detrás dos olhos inchados de sono. Como as crianças eram inocentes.

—Tipo isso - Ron disse, mordendo a língua para conter uma gargalhada e sentiu Hermione beliscando sua cintura por debaixo do cobertor, o que só o fez querer rir mais ainda, porém se segurou.

—Nem me convidou, mãe - a garotinha conseguia passar do ânimo ao bico em segundos, era adorável.

—Você já estava dormindo, Rose - Ron complementou, esperando que fosse ajudar.

—Mas eu aaaaaaaaaaaaamo festa do pijama - ela abriu os braços, o drama completo para explicar a injustiça da situação.

—A gente faz outra qualquer hora dessas, pequena.

—Tá bom!  - ela pareceu se conformar - Mas eu posso dormir aqui com vocês?

—Agora? - Mione olhou sem graça para Ron.

Ele não se importaria com a presença da menina, mas sentia que Hermione não sabia como prosseguir com aquela aproximação repentina. Entendia o lado dela, era difícil não se afeiçoar a Rose, mas como mãe, ela devia se preocupar com a filha se apegando as pessoas.

—É - antes de ser respondida, Rose se enfiou por debaixo das cobertas e apareceu entre os dois, apenas a cabecinha os olhando travessa.

—Tio Ron, você tem que trazer pijama pra festa do pijama, sabia? - ela pareceu perceber pela primeira vez que o ruivo não usava uma blusa.

—Sou péssimo em festas do pijama, ninguém me avisou - ele fez cara de culpado, fazendo a menina rir.

—Mas não tem problema, da próxima vez você traz - ela se ajeitou sem cerimônia entre eles, não esperou nem que deitassem - pode apagar o abajur, mãe.

—Eu tenho que ir, Rose, já tá na hora - Ron tentou remediar a situação, não queria deixar Hermione desconcertada.

—Mas nem tá claro ainda, tio Ron, a gente dorme só um pouquinho - ela bocejou já com as pálpebras pesadas - a tia Gin nem acordou.

—Eu… - ele olhou para Hermione em dúvida de como agir, estava longe de suas pretensões tomar qualquer decisão sem o consentimento dela, porém a morena balançou a cabeça em aquiescência.

—Tudo bem, vamos amassar essa florzinha - o ruivo debochou se inclinando para fazer cócegas na menina que encheu o quarto de risos.

Não demorou muito para a menina dormir, Ron ficou em silêncio, contemplando o pouco que conseguia ver do teto. Chegou a conclusão de que estava se intrometendo demais na vida das duas, ainda mais em um período que estava tão conturbado. Fez menção de levantar para dizer a Hermione que ia embora, mas, mesmo com a morena agora mais longe de si, percebeu que ela dormia de novo, parecendo até tranquila de olhos fechados. De fato, ainda era muito cedo para estar acordado e não seria ele a interromper o sono tão precioso da amiga que tinha passado por um dia estressante. Deixando as preocupações de lado, Ron voltou a se aconchegar, e fechou os olhos. Sentiu Rose se virando para o seu lado pouco antes de não lembrar mais de nada.

—Ron? - uma voz distante parecia chamá-lo, ao mesmo tempo que alguém chacoalhava seu ombro de leve.

—Hã? - respondeu esfregando os olhos, para tentar enxergar o que estava acontecendo.

—Acorda, Ron, Ginny tá te esperando, passamos do horário - a pessoa que tentava fazê-lo levantar era Hermione.

As informações se cruzaram em seu cérebro, fazendo-o levantar em um um pulo. Sem dizer mais nada, foi caçar suas roupas e começou a se vestir enquanto Hermione estava no banheiro. Olhou em direção a cama e viu que Rose ainda dormia profundamente. Tentou conter o leve aperto no peito ao pensar que a paz daquela menina tão fofa seria abalada em breve.

—Estou apresentável? - ele sussurra quando Hermione saiu do banheiro.

—Pode falar normal, ela não acorda por nada nesse mundo.

—Então? - olhou para as próprias roupas, passando as mãos para desamassar

—Sim, como sempre - respondeu revirando os olhos, deixando transparecer o humor na voz.

—Você não está nada mal também - ele deu um sorriso atrevido e puxou-a em sua direção pelo cordão do roupão que usava.

Pareceu natural deslizar os braços pela cintura dela, mantendo-a num abraço despretensioso.

—Antes de você ir, eu queria te agradecer, de verdade, por tudo que fez ontem - ao contrário do que ele imaginou, ela não refutou a aproximação rapidamente e sim se manteve exatamente no lugar, levando suas mãos para descansar no peito dele.

—Já falei que não foi nada demais - Ron não sentia que precisava ser agradecido por alguma coisa que qualquer ser humano decente tinha a obrigação de fazer por alguém.

—Nem todo mundo agiria assim, Ron, me deixa agradecer - ela torceu o nariz, do jeito adorável que ele já sabia de cor.

—Tudo bem, mas sabe que eu faria tudo de novo, não sabe? 

—Você é um homem bom, Ronald Weasley - ela passou os dedos por uma mecha de cabelos ruivos que insistia em estar fora do lugar.

—Vivi para ouvir isso - ele zombou, uma tentativa de distraí-lo da sensação gostosa que tinha no peito em virtude de um momento tão corriqueiro.

—Não abuse da sorte  - foi a vez dela de brincar, apertando a bochecha dele de leve - provavelmente esgotou sua cota de elogios para a vida toda.

—Vou ter que viver de lembranças então, fazer o que? - ele deu de ombros - melhor eu ir, a Ginny vai me encher o saco se eu deixar ela esperando muito pela carona.

Ele se inclinou para se despedir com um beijo rápido nos lábios da morena antes de se afastar e, só quando já saia do quarto percebeu que aquilo havia parecido natural demais para  o tipo de relacionamento que tinham. Eram amigos…

Procurou o rosto de Hermione, que caminhava para as escadas ao seu lado, e não notou desconforto nenhum… ele devia estar imaginando coisas. Estava tudo bem.

—Vamos Ron, antes que os jornalistas voltem e eu não consiga ir pra casa! - Ginny o chamou já pronta perto da porta da sala.

—Ainda é cedo, vamos sair tranquilos.

—Tchau, Mione, até daqui a pouco - Ginny deu um abraço rápido em sua chefe e já pegou o capacete que o irmão lhe oferecia, saindo para já se acomodar na moto.

—Já vou indo então, Mini, a gente se vê no jornal - por um instante se sentiu um tanto em dúvida sobre como se despedir. Era como se seu cérebro não tivesse acordado ainda e se encontrasse com dificuldade para arrumar em sua mente os acontecimentos mais recentes no plano maior de tudo que estava vivendo.

Entretanto, Hermione o poupou do dilema, se aproximou e com um beijo em sua bochecha, se despediu.

—Até mais tarde.

Ron percorreu todo o trajeto até a casa dos pais em silêncio. Agradeceu mentalmente por Ginny ter ficado calada também, pois sentia que tinha muita coisa na cabeça. Não que fosse muito fácil conversar ao andar de moto, mas a irmã conseguiria se assim desejasse.

Estacionou na frente da familiar casa e estava pronto para partir assim que a irmã desceu da garupa.

—Você não vai entrar? A mãe já deve estar acordada e vai ficar chateada se souber que veio aqui e nem tomou café - as palavras de Ginny eram a mais pura verdade, conhecia bem a mãe coruja que tinha, ela não deixaria aquilo passar em branco.

—Ela não ia me deixar esquecer…

—Jamais! Anda, come alguma coisa depois vai para casa - Ron desconfiou um pouco do tom tranquilo da irmã ao notar um brilho de travessura em seu olhar.

—Tudo bem, eu vou, mas você está muito estranha.

—Eu? - ela apoiou a mão no peito com a cara inocente mais fingida da Inglaterra.

—Você mesma, esquece que eu te conheço desde antes de nascer, o que está querendo falar de verdade? - os dois passaram pelo portão baixo que dava para a varanda da casa e Ginny parou para vasculhar a bolsa em busca da chave.

—Nada, não - deu de ombros. Ron estava pronto para insistir quando ela completou - só achei uma gracinha você dividindo a cama com  a Mione, pareciam uma família de comercial de televisão.

—Oi? - de tudo que ela poderia falar, aquilo era o que ele menos esperava.

—A porta estava aberta, ué, eu vi. Quando acordei, percebi que a Rose não estava, fui atrás dela e precisava acordar a Mione pra dizer que já ia. Aí me deparo com essa cena… coisa maaaais fofa - a ruiva riu, principalmente ao ver que Ron fechava a cara.

—Para de besteira, Ginny, a gente só estava dormindo.

—Claro, imagino que foi só isso a noite toda - o tom desconfiado não serviu em nada para mudar as feições do ruivo.

—Ginny, a Hermione acabou de passar por umas coisas péssimas, você acha que ia ter clima pra esse tipo de coisa?

—Você que está sendo maldoso, não estou falando de nada disso! To falando de você todo galante ajudando a “amiga” - ela flexionou os dedos em aspas acentuando a brincadeira - enxugando umas lágrimas, dando uns abraços, oferecendo um ombro consolador...

—Amigos fazem isso - Ron torcendo o nariz já caminhando para dentro de casa.

—De fato… então vocês são só amigos!

—Exatamente!

—Gosto dessa amizade, espero que dê muito certo.

Ron sabia que a irmã não ia aceitar o que ele dizia com facilidade, parecia que ela era mais uma das pessoas da internet que imaginavam um mundo fictício onde ele e Hermione tinham algum tipo de relacionamento escondido. Claro que nesse caso, ela sabia que eles já tinham se beijado um pouco além do esperado entre amigos, mas não mudava nada...

—Você é impossível, pirralha!

Ginny não deu atenção nenhuma ao irmão, foi direto para a cozinha onde ouvia sinais de ocupação.

—Bom dia, mãe, olha quem eu trouxe pro café!

 

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—Você está tão bonita, tia Gin - Rose a encarava de soslaio do canto oposto do sofá onde fingiam assistir a um episódio repetido de um dos desenhos favoritos da menina.

—Obrigada - a ruiva notou o olhar de curiosidade da pequena desde que ela disse que iria se arrumar rapidinho e pediu que ela ficasse bem comportada na sala enquanto isso - mas eu sou sempre bonita, não sou?

—Claro que é! Mas hoje tá com roupa diferente, é de sair?

Ginny teve que rir com a observação atenciosa e percebeu que não sentia problema nenhum em dizer para a menina onde realmente ia. Ficara o dia todo tentando distraí-la de entender a razão de não poder ir a escola. Por mais que a pequena tenha gostado de passar a tarde brincando com a babá, ela era curiosa até demais para alguém daquele tamanho.

Hermione tinha pedido para não comentar sobre nada que pudesse chegar perto da verdade sobre o que realmente aconteceu, esse era um tópico delicado que deveria ser tratado com cuidado entre mãe e filha, o que a ruiva entendia completamente.

—É sim, vou sair com seu padrinho - Harry e ela tinham continuado a trocar mensagens, conversando diariamente desde que foram ao cinema e, dessa vez, Ginny tinha sido a pessoa a fazer  o convite que fora aceito.

—Que legal! Posso ir junto? - Ginny estava pensando em como negar o pedido feito com toda aquela animação quando foi poupada pela chegada de Hermione.

—Oi, pequena, oi Ginny - cumprimentou as duas, deixando a bolsa perto da porta.

—Mãe, sabia que a tia Ginny vai sair com o padrinho hoje?

—É mesmo? - Hermione escondeu um sorriso.

—Sim!

—Mas o que conversamos sobre fazer fofoca da vida das pessoas, Rose? - sabia que a filha tinha a língua maior que a boca, então precisava controlar aquilo desde já.

—Ah… é verdade, não podia falar tia? - ela se virou novamente para Ginny.

—Podia sim, Rose, não tem problema.

—Viu, mãe, se podia falar, não é fofoca! - Rose estava toda orgulhosa com o furo que encontrara na regra da mãe.

—Você é muito espertinha - Hermione apertou a bochecha da filha, estalando um beijo em seguida.

—Eu tinha perguntado se podia ir…

—Rose! - a advertência saiu imediatamente - desculpa a intromissão dessa mocinha, Ginny.

—Não tem problema, mas sabe, Rose, hoje é passeio de adulto, você ficou acordada até mais tarde hoje, mas já já tem que ir pra cama, não é? 

—É… - a decepção era visível no rosto da menina.

—Mas podemos combinar alguma coisa de dia depois - Ginny adicionou, sabia que aquela menina já a tinha no bolso, ela não queria vê-la triste nunca.

—Oba! - ela deu pulinhos no lugar em comemoração da notícia - mas o que os adultos fazem num passeio?

Ginny olhou para Hermione sem saber o que responder, precisava de ajuda ali.

—Eles vão em lugares que crianças não podem ir, tipo em um bar - a ruiva sempre admirava a paciência que Hermione tinha em explicar as coisas para Rose, sempre tentando ser o mais realista possível e sem tratá-la como um bebê.

—Ah tá… parece legal.

—É sim - disse Ginny - quando você crescer, vai poder ir também.

—Por que você não sai com adultos, mãe?

—Por que eu prefiro sair com você - ela se abaixou para pegar a filha em seu colo.

—Mas aí você não tem amigos, mãe - Rose fazia conexões como apenas uma criança poderia, mas Ginny conseguiu ver um olhar encabulado de Hermione ao ter que responder a todas as inquisições da filha, provavelmente por estar ali presente.

—Tenho seu padrinho de amigo.

—Mas ele vai passear com a tia Ginny, por que você não vai também?

—Porque eu quero ficar com a minha filhota favorita! Que agora vai tomar um banho para dormir!

Foi preciso mais um pouco de convencimento e a promessa de uma história antes de dormir para Rose finalmente terminar o interrogatório e subir para o banheiro.

—Desculpa por todo esse falatório, Ginny, você sabe que ela é impossível às vezes - a morena passou as mãos pelo cabelo, tentando esconder uma certa mortificação.

—Sei mesmo, mas adoro, essa menina não existe - riu ao imaginar chegando com Rose para sair com Harry.

—Eu sinceramente não sei da onde ela tira essas coisas… se convidando para ir junto, só por Deus.

—Bom, é o padrinho dela, né… dá pra entender.

—Sim, mas não se preocupe que eu não tenho intenção nenhuma de ser vela nesse encontro - ela chacoalhou a cabeça com a ideia absurda.

—Só vamos tomar uns drinks, se quer saber - Gin deu de ombros, não diria que esperava que a noite terminasse bem depois disso pois não era algo que admitisse nem para si mesma ainda.

—Uhum… - foi a vez de Hermione parecer pouco convencida.

Ginny viu que ela tinha intenção de falar mais alguma coisa, porém escutou uma buzina ao mesmo tempo que o celular em sua mão vibrava com uma mensagem de Harry dizendo que havia chegado.

—Bom, minha carona chegou - a ruiva se apressou a pegar suas coisas - até segunda, Mione.

—Divirta-se.

A ruiva nem olhou para trás para ver a expressão de sua chefe ao vê-la partindo para um encontro com seu melhor amigo. Existiam coisas que era melhor não saber.

—Oi, Harry - ela colocou a cabeça na janela aberta - posso deixar essa bolsa aqui atrás? - ela indicou a mochila onde tinha trazido de casa as roupas e acessórios que precisou para se arrumar na casa de Hermione.

—Claro.

Harry destravou as portas e ela acomodou o volume no banco de trás antes de abrir a porta do passageiro e se acomodar ao lado dele.

—Tudo bem com você? - ele perguntou assim que ela se sentou, sem esperar que ela fosse se inclinar para sua direção e lhe dar um beijo rápido nos lábios.

—Tudo, e você?

—Melhor agora - ele disse rindo.

—Essa é velha, Potter - Ginny revirou os olhos, sem conseguir tirar o sorriso dos lábios.

—Eu sei… mas você deixou difícil para mim. Eu prometi que não faria elogios idiotas, não foi? Então deixa eu ver… você está tão perpicaz hoje, Ginny!

—Gosto dessa sua linha de pensamentos, continuar assim vai te levar longe - ela riu, passando os dedos pelo cabelo dele que parecia nunca estar no lugar certo, o que ela achava curiosamente atraente.

—Mas então, onde vamos hoje? Que eu saiba sou o convidado e tenho uma missão muito importante de fazer você se apaixonar por mim - um sorriso atrevido se insinuou no rosto bonito, fazendo Ginny querer apagá-lo num beijo, porém se conteve, não precisava encher tanto a bola do rapaz.

—Não vai funcionar se eu fizer você se apaixonar primeiro, não é? - Ginny sabia que estavam numa brincadeira perigosa com aquilo, mas provavelmente por isso mesmo que fosse tão gostosa. A provocação era viciante.

Ela deu o endereço do barzinho que iriam naquela noite. Era um lugar que Ginny já tinha ido várias vezes com os amigos e do qual gostava muito. Tinha bons drinks, música ao vivo e um ambiente aconchegante.

—Gostei daqui - disse Harry quando finalmente conseguiram uma mesa no local que já estava cheio - não conhecia.

—Espere até tomar alguma coisa, eles tem os melhores drinks dessa cidade - ela pegou um dos cardápios da mesa e deu a ele.

—Só não posso beber muito porque estou dirigindo, ou isso é um plano seu para me embebedar?

—Oh, não! Você descobriu tudo! A intenção era te deixar porre e roubar seus órgãos… agora não vai mais dar certo - ela fingiu um bico.

—Azar o seu, tenho certeza que meus rins valeriam um bom preço - os dois continuavam rindo quando um garçom chegou para pegar o pedido deles.

Não demorou muito para as bebidas e os petiscos estarem na mesa, o som de um rock clássico preenchia o ambiente.

—As coisas lá no seu trabalho andam emocionantes, né… essa história toda com o Viktor Krum - Ginny tinha conversado um pouco com Harry sobre isso, mas o assunto era grande demais para resistir abordá-lo ao vivo.

—Nem me fala, eu queria poder apagar a existência desse babaca do mundo - Harry bufou, claramente incomodado com tudo.

—Sem ele não teria a Rose e acho que concordamos ao dizer que o mundo é melhor com ela nele - ela esticou a mão para que seus dedos pudessem tocar os dele.

—Você tem toda razão, ao menos pra isso ele serviu - a ruiva sentiu um arrepio no braço quando Harry entrelaçou os dedos nos seus e lhe pareceu a coisa mais natural deixar a mão ali, como se fizesse isso todos os dias - mas nem a Mione, nem a Rose merecem o que ele tá fazendo.

—Não mesmo, mas ela vai cuidar disso, vai ser difícil pra Rose, mas ela é uma menina incrível, vai passar por tudo do jeitinho dela.

—Eu daria o mundo para não ver a minha formiguinha triste por um segundo sequer - Ginny se sobressaltou ao perceber que não tinha gostado de ver tristeza naqueles olhos verdes, mas deixou o sentimento de lado.

—Falando na sua formiguinha, ela tava doidinha pra vir hoje com a gente, sabia?

—É tão a cara dela! - ele riu novamente, fazendo o coração de Ginny bater mais leve - como se livrou dessa?

—Eu disse que era passeio de adulto e, claro, que ela quis saber o que os adultos faziam em passeios, mas essa bola eu passei pra mãe dela porque não sou versada em dar respostas de temas constrangedores para crianças.

—Constrangedores? O que estamos fazendo aqui que pode ser constrangedor, dona Ginny? - de repente o tom de voz de Harry dizia que ele tinha pensamentos atrevidos em mente.

—Nada… - ela deu de ombros, desvencilhando sua mão da dele, aquilo estava a distraindo demais.

—Então o que você estava pensando que iríamos fazer que não podia contar para a Rose? - ele arqueou a sobrancelha gostando de ver um dos raros instantes em que havia conseguido deixar a ruiva sem palavras.

—Não estava pensando em nada, pelo menos nada do que você está pensando agora - ela empinou o nariz, tentando tomar a rédea da conversa.

—Tem certeza? Porque eu acho que estava sim.

—Se tem tanta certeza assim, então me diz o que eu tava pensando - foi a vez dela de abrir um sorriso predatório, tinha invertido o poder naquela conversa em poucas frases.

—Ei, eu vi o que você está fazendo!

—Dois podem jogar esse jogo, Harry! - ela se aproximou dele, sem no entanto tocá-lo.

—Você não quer mesmo me deixar ganhar nunca…

—Eu já te disse que sou competitiva.

—O que te faz pensar que você não estava caindo na minha armadilha? Eu tenho um desafio pra vencer.

Antes que a ruiva pudesse rebater, ele se aproximou e colou os lábios nos dela. 

Era de novo aquela sensação de calor e frio ao mesmo tempo. Arrepios e falta de fôlego. Os lábios de Harry continuavam tão macios quanto se lembrava, a língua tão provocante também. Sem nem se dar conta, Ginny passou os braços pelo pescoço dele, aproximando-os mais ainda. Nem tinha uma quantidade significativa de álcool para culpar pela vontade que sentia de provar cada pedacinho do homem em seus braços. O perfume dele lhe invadia o nariz, evocando mais lembranças dos beijos anteriores.

—Começamos bem a noite? - Harry sussurrou ao se afastar um pouco.

—Sim, mas continuo não apaixonada ainda, Potter - ela zombou antes de dar um selinho nos lábios dele e se afastar mais uma vez para dar atenção ao seu copo.

Continuaram a noite numa mistura de conversa e provocação. Eram grandinhos o suficiente para entender que os dois se sentiam muito atraídos um pelo outro, mas eram também bastante orgulhosos para simplesmente dizer na cara. Afinal quem diria primeiro?

A madrugada já estava alta quando o movimento do pub começou a rarear.

—Acho que estão basicamente nos mandando embora - disse Harry que, como avisara, não bebera mais do que dois drinks.

—Podemos ir então - pediram a conta, Ginny novamente insistindo em pagar sua parte, mesmo com Harry dizendo que pagaria a dela.

Saíram para a noite nublada de Londres, observando o movimento de pessoas que ainda circulavam pela área cheia de pubs.

—E agora? - Harry perguntou.

—Alguma sugestão?

—O planejamento hoje é seu, não é?

—Bom, eu só tinha planejado até aqui… o depois eu deixei por conta do destino.

—Sei… - Harry puxou-a pela cintura, prendendo-a em um abraço - o que o destino acharia se a gente ainda não desse a noite por encerrada?

—E para onde a nossa noite iria? - ela não esconderia o interesse que tinha.

—E se… - ele mordeu os lábios ligeiramente, como se tivesse ponderando alguma coisa em sua cabeça - e se a nossa noite continuasse na minha casa onde tem umas boas garrafas de vinho?

—Hum… deixa eu pensar - ela bateu o dedo no queixo como se estivesse tomando a decisão mais séria de sua vida.

—Precisa pensar tanto assim? - ele deslizou o nariz pelo pescoço dela, aproveitando para dar alguns beijos na pele sensível.

—Isso é golpe baixo, Potter - ela reclamou respirando fundo.

—Quer dizer que isso é um sim?

—Sim, mas só porque eu quero o vinho, claro.

—Vou fingir que acredito em você, Weasley.

A viagem de carro não foi demorada, serpentearam pelas ruas de Londres enquanto Ginny pensava em que tipo de pessoa era Harry em sua casa. Será que ele era daqueles desordeiros que não sabia deixar nada no lugar, ou talvez neurótico com a arrumação? 

Estava se divertindo com a imaginação quando ele embicou o carro para entrar em um prédio que estava bem longe do que ela estava esperando.

—Uau, definitivamente eu não estava imaginando nada tão chique assim, não roubou a chave de ninguém, certo, Potter? - zombou, ainda notando a elegância da entrada enquanto alguém de dentro do local acionava a abertura do portão.

—Juro que não seremos presos - ele deu de ombros, dando a impressão a ela de que tinha fugido um pouco do assunto.

—Isso não responde exatamente a minha pergunta - ela se inclinou para cutucá-lo enquanto ele manobrava pelos corredores do estacionamento.

—Pode ficar tranquila, não roubei nada, esse apartamento foi só um negócio muito bom, eu não podia negar, não é?

—Com certeza não, se por dentro for tão bonito quanto por fora, você tem razão.

—Pronto - ele tirou o cinto ao desligar o carro que tinha colocado no que parecia ser sua vaga.

—Seus vizinhos são do tipo que reclamam se cair um alfinete no chão? 

—Não conheço nenhum deles para te falar a verdade, não é como se eu ficasse tanto tempo assim em casa… 

Ginny viu que Harry havia saído do carro e cruzava o veículo em direção a sua porta, mas decidiu sair sozinha antes que ele pudesse chegar com alguma antiguidade como abrir a porta para ela.

—Nossa, uma pena, olha esse seu vizinho tem uma Ferrari! - ela zombou ao ver o carro estacionado na vaga ao lado - não podemos ir conhecer ele para pegar o carro emprestado?

—Você gosta de alta velocidade, Weasley? - Harry arqueou a sobrancelha, parecia que o assunto não estava mais exatamente em carros.

—Não sei… nunca vi um desses por dentro, mas nem deve ser tão prático assim, imagina, não cabe nada! - ela lançou mais um olhar para o carro, gostando de ouvir a risada do rapaz.

—É verdade, onde eu colocaria todas as bolsas que trazem para o meu carro se eu estivesse andando num desses? - Harry coçou o queixo e a ruiva não deixou a brincadeira passar.

—Tanta gente assim querendo usar seu carro, Potter? Não se preocupe que não vou esquecer nada aí para não estragar suas chances com a concorrência - ela torceu o nariz pra ele, contendo uma risada com a cara de sem graça que ele fez.

Ele a pegou pela mão e mostrou o caminho até os elevadores.

—É nesse aqui - indicou o último entre os três elevadores, de onde tirou um cartão do bolso e passou no sensor da porta que em seguida abriu.

—Não tem os números no elevador - Ginny observou no local onde geralmente ficam os painéis de andares.

—Ah sim, esse é meio diferente mesmo - ela viu que ele apertou alguma coisa ali e o elevador começou a subir - mas sabe, eu tenho medo de elevador…

O sorriso enviesado acusava que ele tinha qualquer tipo de pensamento em mente que não fosse medo. Ela riu quando ele se aproximou envolvendo-a pela cintura.

—Podia me ajudar com alguma distração - ele se abaixou para dar um beijo em seu pescoço.

—Harry, deve ter câmera aqui!

—O porteiro deve estar cochilando uma hora dessas…

Sem conseguir conter o arrepio que percorreu seu corpo, Ginny puxou o rosto de Harry para o seu. Já tinha aprofundado o beijo quando ouviu as portas do elevador se abrindo. As mãos de Harry não deixaram seu corpo enquanto ele tateava os bolsos para achar a chave e abrir a porta do apartamento.

Por motivos óbvios, a desculpa do vinho foi completamente esquecida, juntamente com a curiosidade de Ginny para saber se Harry tinha uma casa organizada ou não. Tudo que ocupava sua mente eram mãos, bocas, sensações e roupas sendo atiradas sem cuidado pelo caminho desajeitado até o quarto.

A ruiva imaginava que aqueles olhos verdes escondiam alguém que sabia muito bem como tirar suspiros e arrepios. Não estava nem um pouco enganada. Harry e ela se conheceram sem pressa em todos os lugares que importavam. Ela tinha a respiração entrecortada quando deitou a cabeça no peito dele depois de um bom tempo de atividades.

—Nem me ofereceu o tal vinho, Potter - ela mordeu de leve o ombro dele, arrancando um sorriso.

—Quer que eu vá buscar agora?

—Não, deixa pra depois… - o corpo relaxado estava começando a trazer uma sensação gostosa de sono que só era ajudada pela pouca luz do quarto e o calor do corpo do rapaz.

—Acho que tem alguém com sono - ele passou os dedos pelo cabelo dela, num carinho que adicionava mais peso às pálpebras da garota.

—Eu acordei super cedo hoje, para sua informação - ela resmungou, sem abrir os olhos - preciso ir.

Ginny sabia que já estava mais do que muito tarde e não era muito de seu feitio passar a noite na casa de nenhum de seus encontros.

—Tudo bem, eu te levo em casa - nenhum dos dois se mexeu, no entanto, apenas os dedos de Harry continuavam o cafuné que havia começado.

—Não precisa, Harry, já tá tarde - ela se espreguiçou, mas ao invés de se afastar, se aconchegou mais um pouco sem saber explicar o que tinha de tão confortável ali.

—Exatamente por isso, vai chegar como em casa?

—Eu chamo um taxi.

—Nada disso, eu fui te buscar então ou eu te levo, ou você fica.

—Ficar? - ela levantou a cabeça no susto com a sugestão e encontrou apenas confiança nos olhos verdes.

—Eu não mordo, sabe? Nós dois estamos cansados, quando for um horário normal de gente estar na rua, eu te levo, que tal?

Ela sabia que Harry conseguia ver a dúvida no rosto dela. Eram apenas algumas horas, que mal tinha, certo? Estava mesmo com sono.

—Te entrego em casa sem faltar nenhum pedaço, Ginny, prometo - ele levantou a mão fazendo sinal de escoteiro - ou está com medo?

Do jeito que ele sorriu, ela sabia que podia se arrepender de perguntar, mas não conseguiu evitar.

—Medo de que?

—De se apaixonar com a minha cara linda dormindo, claro.

—Vai sonhando, Potter - ela se inclinou e deu um selinho - espero que você não ronque.

Sem precisar afirmar que ficaria, ela apenas se aconchegou novamente e deixou os olhos fecharem de vez. Os dedos de Harry ainda afagavam seus cabelos e ela chegou a pensar que talvez, só talvez, as coisas com ele pudessem chegar a algum lugar diferente.


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Notas finais do capítulo

Ah, gente, o que dizer? Eu amo escrever capítulos fofos! Mione e Ron dormindo enroladinhos, Harry e Gin claramente se apaixonando.... mas quem já me conhece há tempos saber que eu gosto mesmo é do caos, então segurem os corações fanfiqueiros que vem muita treta por aí! Afinal, a Mione tem um ex lixoso e o Harry não está exatamente sendo sincero com a Ginny...
Espero que tenham gostado, vejo vocês nos comentários e até o próximo capítulo!
Bjus da Fe



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