Spotlight escrita por Fe Damin


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas lindas!
Não, eu não sumi, to aqui com capítulo novinho e BOMBÀSTICO pra vocês!
Vocês acreditam se eu disse que esqueci real de postar? Juro hauhau

Espero que me desculpem a falha e que gostem!



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Gente, fiquei sabendo que nosso casal favorito, além de nos apresentarem as notícias, passarão a fazer outras coisas, mas aguardem, minha boca é um túmulo. Spoiler: não envolve os beijos que realmente queríamos ver :P #QuemSabeUmDia #Romione

Rita Skeeter - via Twitter

 

Quando contou para a mãe por telefone a situação toda que estava vivendo com Ron no jornal, Hermione recebeu como resposta uma boa dose de risadas e a declaração de que estavam parecendo adolescentes. O casal Granger se mudara para a Austrália há muitos anos quando os dois decidiram levar a um patamar superior a paixão que tinha por animais. Foram estudar espécies exóticas e hoje em dia participavam de um centro que cuidava de animais em extinção.

—Você está sendo exagerada, mãe, não é nada demais - ela resmungou.

—Tudo bem, Mimi, você sempre foi a minha teimosinha querida - a senhora Granger nunca foi do tipo que passava pano para as atitudes com a filha, preferiu a vida toda ser direta e verdadeira, porém sempre com carinho nas palavras - agora eu tenho que ir, está tarde aqui, seu pai já está roncando do meu lado.

—Tenho que correr para ir para o trabalho também, manda um beijo pro pai.

Rose escutou a mãe no telefone e percebeu com quem falava.

—Beijo, vó! - gritou na expectativa de ser ouvida.

—Manda um beijo pra minha netinha também, tchau querida.

Hermione encerrou a ligação e se virou para a filha.

—Ela mandou um beijo de volta, já está pronta para a escola? - verificou o uniforme da menina e os cabelos consideravelmente arrumados.

—Sim! Falta só amarrar - ela mostrou os cadarços desfeitos.

—Vamos tentar mais uma vez? - Mione estava tentando ensinar Rose a dar laço nos cadarços, mas a menina estava encontrando dificuldades e ela percebia que sentia vergonha de não conseguir, então tinha desistido de tentar.

—Hoje não, mãe, pode amarrar pra mim?

—Tudo bem.

Não demorou muito para o transporte escolar chegar e Rose partir, rotina normal de um dia qualquer. Hermione tomou o caminho da emissora e não conseguiu evitar que as palavras da mãe voltassem à memória quando encontrou Ron no corredor. Os olhos azuis cheios de humor que só os dois entendiam.

Ela estava em sua sala repassando alguns materiais do dia quando Olívia bateu em sua porta.

—A McGonagall pediu uma reunião em 15 minutos, Hermione.

—Obrigada, Olívia, estarei lá.

Hermione terminou de ler o arquivo e se dirigiu para a sala de reuniões. Ouviu a porta ao lado da sua bater e nem precisou olhar para saber que Ron a acompanhava.

—O que será que a Minerva quer hoje? - mesmo com a curiosidade ele parecia calmo, até divertido.

—Não deve ser nada demais.

—Será? Vai que ela queira falar do que acha de um jornalista beijar o outro por aqui…

—Besta! - Hermione deu um tapa em seu ombro.

—Ai! Talvez eu tenha que reclamar da violência da minha coleguinha de trabalho - o ruivo resmungou.

—Você merecia um tapa mais forte e fala baixo! - ela sussurrou - Não é pra espalhar isso para todos os cantos.

—Não tem ninguém aqui, Mini - ele olhou para os lados, apontando o corredor vazio.

—As paredes escutam também, tudo que tem aqui são jornalistas fofoqueiros - continuou num tom mais baixo.

—Acho que você está com medo das pessoas descobrirem que você tem bom gosto - o sorriso dele foi tão presunçoso que Hermione se pegou querendo rir em resposta, mas controlou o impulso, não ia dar toda aquela atenção ao ruivo e deixá-lo mais pretensioso do que já estava.

—Ah, claro, porque a definição de bom gosto seria você.

—Sou um solteiro muito cobiçado, se quer saber.

—De acordo com quem? - ela disse irônica.

—De acordo com a internet! Pode checar - ele indicou o celular que ela tinha em uma das mãos.

—E de acordo com a internet nós somos um casal apaixonado pronto para fugir e se casar em segredo, então nada que seja confiável - Hermione deu de ombros, sem interromper a caminhada até a sala de reuniões.

—Eu sei que você adora ser a minha namorada fictícia.

—Acho que você está se confundindo e falando de você mesmo, Weasley.

—Podemos discutir melhor quem pensa o que - Ron provocou.

Hermione tinha uma resposta na ponta da língua, pronta para dar continuidade na implicância um tanto agradável que tinham estabelecido, mas Harry se juntou aos dois, já quase no local de destino do grupo.

—Precisam discutir o que? - ele perguntou, totalmente alheio ao teor real da conversa dos dois.

—Nada de urgente, Harry, só passagens das pautas de hoje - Hermione se apressou a mudar de assunto.

Por mais que ela tivesse contado ao amigo o que se passara no apartamento de Ron, não estava muito inclinada a dividir o fato de que andaram se beijando dentro do local de trabalho dos dois. Não era lá muito profissional e Harry não deixava de ser o filho dos donos, mesmo que ela tivesse certeza de que ele nunca contaria nada aos pais.

—O que queremos saber mesmo é o teor dessa reunião - Ron comentou - sempre que a Minerva chama eu tenho calafrios, parece quando você é criança e é chamado na sala da diretora.

—Ela tem mesmo cara de diretora de escola - Harry concordou - mas já adianto que não é nada ruim, só vamos colocar um quadro diferente no programa.

—Quadro diferente? Nós somos um jornal, o que mais se espera além de notícias? - Mione frisou as sobrancelhas, tentando entender as palavras do amigo.

—Novos tempos, minha cara, as pessoas buscam notícias no facebook hoje em dia. Temos que nos atualizar ou ser extintos.

Sem mais delongas, o trio entrou na sala de reuniões e tomou os assentos vagos juntos com outros representantes da produção, aguardando apenas a chegada da chefe.

—Obrigado por comparecerem assim tão em cima da hora - ela começou, logo que se sentou na ponta da mesa - não é nada de fato urgente, mas gostaríamos de fazer uma mudança de formato já para a outra semana, eu sei que estamos aprovando tudo mais rápido do que o normal, porém precisamos aproveitar a boa audiência que vemos tendo.

—Quais são as mudanças, Minerva? - Hermione perguntou.

—Vamos dar início a um bloco de entrevistas. Uma por semana, em dia específico, com alguma personalidade popular. 

Um burburinho de opiniões passeou pela sala. Hermione achou aquilo um tanto irregular para o modelo do jornal, mas sabia que devia dar uma chance.

—E nós seremos os entrevistadores? - foi a vez de Ron questionar.

—Exatamente - a senhora respondeu - sabemos que não é exatamente a área de atuação que tiveram até agora, mas considerem uma fase de testes. O público aprecia os dois, não queremos tirar isso.

—E quem seriam os entrevistados? - Hermione estava genuinamente curiosa para saber se conheceria pessoas interessantes.

—Será bem variado, de artistas à cientistas, profissionais da educação, economia. Pessoas que tenham relevância na mídia e para a sociedade britânica em geral.

—Parece bom - Ron comentou e a morena não pode deixar de concordar.

—O primeiro entrevistado já foi selecionado, é o cientista Neville Longbottom - Harry explicou - devem ter ouvido falar dele recentemente, é um botânico que ganhou um prêmio importante. 

—Ah, sim! O trabalho dele é fascinante, ele desenvolveu algas marinhas geneticamente modificadas para purificar águas poluídas! - Hermione estava animada com a ideia de poder trocar palavras com uma pessoa tão inteligente que admirava. Não era da sua área, mas ela gostava de se manter atualizada no mundo da ciência, sempre gostara de estudar de tudo na escola.

—Não vou nem perguntar como você sabe disso - Ron zombou.

—O homem é famoso, Ronald - ela deu de ombros.

—Bom, mas em todo caso - Minerva retomou a palavra - vocês vão receber dentro de no máximo dois dias a relação de perguntas e um treinamento de como será a entrevista, pois tudo será ao vivo. No final da semana que vem o senhor Longbottom virá para ser entrevistado.

Ainda ficaram mais alguns instantes tirando dúvidas sobre o novo formato, discutindo possibilidades e detalhes. No geral, a equipe parecia bem confiante sobre o sucesso de tudo. Deixaram a sala de reuniões com uma sensação de novidade e animação.

—Então agora podemos colocar “entrevistadores” no nosso currículo - Ron comentou com Hermione, decidiram desviar um pouco o caminho e ir tomar alguma coisa na cafeteria antes do ensaio do dia.

—Precisa melhorar o currículo? Não sabia que estava procurando outro emprego, Weasley - ela zombou correndo os olhos pelo menu que na verdade já sabia de cor.

—Não vai se livrar de mim tão fácil, Mini.

—Melhor não, vai que me aparecem com alguém pior, pelo menos você não é insuportável.

—Adoro a forma como você acha que convence alguém ao falar assim de mim - o sorriso malicioso no rosto dele denunciaria muito da verdade sobre o que se passava entre os dois para qualquer pessoa que decidisse olhar com atenção.

—Não lembrava de você ser tão convencido antes.

—Isso que dá quando o tempo passa, a memória fica ruim!

—Está me chamando de velha? Que eu saiba você faz aniversário antes de mim - ela rebateu se fingindo de ultrajada.

—Ela ainda lembra do meu aniversário… quem você quer enganar com essa cara de brava, Mini? - a zombaria era tão clara em sua voz que era difícil se manter séria.

—Retiro o que eu disse, você é insuportável - a morena se retratou, acabando por deixar um riso escapar de seus lábios.

—Mas sou um insuportável que te faz rir, tá vendo? Podia ser pior.

—Sem comentários - ela revirou os olhos e se dirigiu a atendente para fazer seu pedido, da mesma forma que o ruivo fez.

—Mas realmente, Mini, fico lisonjeado de você ainda se lembrar do meu aniversário - ele retomou o assunto assim que ficaram a sós na mesa deles novamente.

—Ainda com isso, Ron? Eu sempre fui boa com datas, você sabe, não tem nada de mais.

—Eu lembro o seu também - ele disse sorrindo e Hermione ficou sem saber o que responder.

A declaração tão sem pretensões apertou alguns nós em seu estômago. Ele prestava tanta atenção assim nela? Parecia estranho pensar nas coisas dessa forma. Tinham agora uma amizade leve, com pitadas de saliências não inocentes, mas nada sério, certo?

—Hum… estamos quites então - ela conseguiu achar sua voz para não se perder em um silêncio desconfortável.

Os pedidos chegaram e ela pôde se distrair com seu chocolate quente enquanto via o ruivo devorar um sanduíche enorme.

—Voltando ao negócio de apresentadores, acha que vai dar certo? - ele indagou,

—Acho meio estranho de se pensar, não sei se serei boa nisso, mas pode ser que funcione.

—No que você não é boa, Mini?

O tom de voz dele a deixou em dúvida se ainda falavam de assuntos profissionais e ela decidiu que era o tipo de pergunta que não precisava de uma resposta.

 

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Tudo correu tranquilamente da forma que McGonagall havia relatado. Hermione e Ron passaram por algumas horas de treinamento, ensaiaram as posições no cenário montado especialmente para o momento das entrevistas e repassaram várias vezes as perguntas para que fossem feitas da forma mais natural possível.

Hermione estaria mentindo se dissesse que não se sentia um pouco ansiosa com a estreia do quadro novo naquela noite, afinal era tudo ao vivo. Com o tempo, se acostumara a lidar com as borboletas no estômago que surgiam sempre que alguém da equipe gritava “no ar” depois da contagem regressiva. Entretanto aquele dia seria diferente, novo.

Até Rose percebeu que a mãe estava mais distraída do que o normal, acabou por indagar se algo estava errado, fazendo com que Hermione a tranquilizasse de que era apenas pelo trabalho novo. Ela explicou à menina rapidamente o que faria naquela noite e ela ficou empolgada de saber que a mãe ia conversar com uma pessoa tão inteligente quanto um cientista.

—Eu posso assistir, mãe? 

—Você sabe que passa mais tarde do que a sua hora de dormir e não são temas para crianças - Hermione se despedia da filha, seu transporte escolar já a aguardava.

—Só hoje, vai mãe, é sua primeira vez! Por favorzinhoooo, eu vou gostar - Rose fez um bico, os olhos azuis brilhando de esperança.

—Tudo bem, mas só dessa vez, mocinha - ela se rendeu - não quero saber da mesma história na semana que vem ou na outra.

—Tá bom, tchau, mãe. Te amo! - ela gritou de longe, balançando a mão em um aceno.

O ensaio final já havia acontecido, e cada vez mais o horário da edição daquela noite começar se aproximava. Hermione não tivera tempo de conversar direito com Ron e descobrir se ele se sentia nervoso como ela. De certa forma seria um conforto saber que não era a única com aquele peso na mente.

Como se o pensamento o tivesse conjurado, uma batida em sua porta denunciou a presença do ruivo.

—Pode entrar, Ron.

Os últimos tempos os colocara em um relacionamento amigável muito mais descontraído do que jamais tiveram antes. Ela ousaria dizer que até apreciava a companhia dele e de vez em quando recordações que envolviam a boca dele na dela ainda a visitavam, mas só de vez em quando, claro!

—Pronta para nossa grande estreia de hoje? - ele se sentou sem cerimônia no sofá dela, colocando um dos braços no encosto.

—Não sei, me sinto meio insegura - há algum tempo ela jamais se imaginaria admitindo para Ronald Weasley qualquer tipo de fraqueza, mas ali estava, não só colocando tudo pra fora em alto e bom som, como indo sentar ao lado dele no sofá, assim que ele a chamou indicando o local.

—Que isso, Mini! Você vai ser ótima, estou contando com isso!

—Está? - ela arqueou a sobrancelha, sem entender o que ele queria dizer com aquilo.

—Claro, porque eu to quase ficando apavorado, você vai ter que me salvar se eu fizer merda. Ou me defender se quiserem me mandar embora.

—Ninguém vai mandar ninguém embora, Ronald! - ela torceu o nariz, mas percebeu que ele gostou da confiança na voz dela - e que besteira é essa? Não é nada assim tão diferente de ir ao vivo dar notícias todo dia.

—Mas tem um desconhecido no meio, e se dá tudo errado? Já pensou se eu ofendo o cara? Ele deve ter um super cérebro pra ter ganhado o tal prêmio das plantas.

—São algas - ela o corrigiu, achando graça da forma como ele começou a falar sem parar.

—Isso, algas! Tá vendo, não posso falar uma merda dessa perto dele.

—Você não vai, é mais esperto do que isso.

—Quem diria que eu ia viver para ver o dia em que Hermione Granger me defenderia para mim! Ah, as voltas que o mundo dá! - ele sorriu, sempre disfarçava tudo com bom humor e brincadeiras, mas ela percebia que ainda estava apreensivo.

—Se está de gracinha, então já está se sentindo bem - ela fez menção de levantar e voltar à sua mesa, mas ele segurou a mão dela, a mantendo no lugar.

Não foi um toque imperativo, os dedos firmes circundavam seu pulso, quase um carinho. Por um instante ela se esqueceu do que estavam conversando e só o encarou. Ela achou que o ruivo tivesse perdido o fio da meada, porém alguns instantes depois quebrou o silêncio.

—Por que você está nervosa então, se acha que tudo vai dar tão certo para mim? - ele indagou e Hermione percebeu que em momento nenhum a mão dele deixou a dela.

—Não sei… pressentimento? - ela zombou.

—Isso não tem a sua cara  - os dedos dele passaram a deslizar pelo braço dela, trazendo um arrepio gostoso em seu corpo.

—Só não gosto de coisas desconhecidas para mim, vai passar… - ela disse distraída, seus olhos presos no local onde ele a tocava.

—Sabe uma coisa boa que você já conhece? - ele murmurou se aproximando mais dela.

Hermione não era boba, sabia exatamente onde aquilo estava indo, o que talvez deixasse pior ainda o fato de ter apenas se deixado levar.

—Você vai me dizer? Ou vai me mostrar? - ela notou o instante em que o azul dos olhos dele se aqueceu.

Ela não gostava de pensar muito naquilo, mas era difícil negar que existia uma atração ali, por mais que não significasse nada.

—Sou do time que diz que tudo é melhor na prática… - a boca dele estava tão próxima da sua, que conseguia sentir a respiração dele em seu rosto.

—Mas você sabe que é…

—Eu sei, eu sei, é só um beijo - o sorriso enviesado sumiu assim que os lábios colidiram.

Por alguns instantes ela esqueceu que estavam na sala dela, que ela estava nervosa e que tinham uma estreia pela frente. Só lembrou de que o gosto da boca dele era uma delicia, que passar os dedos pelos cabelos ruivos era viciante e que se separar depois de apenas um beijo não era tarefa fácil.

—Temos que parar com isso - ela disse ofegante quando se separaram, os dedos dele acariciavam seu rosto.

—Pode até ser, mas já estou mais tranquilo, não posso ganhar só mais “um beijo só”? - ela riu com a menção ao que sempre dizia a ele, apenas para falhar depois.

—Estamos brincando com fogo aqui, é o nosso trabalho, Ron! - ela tentou trazer a mente de volta à realidade, mas ele começou a trilhar beijos em seu pescoço e ela soube que era causa perdida.

Sem se dar conta do que fazia, ela escorregou para o colo dele, tinha os lábios do ruivo presos entre seus dentes e sentia as mãos fortes a apalpando. Aquilo era um jogo perigoso, podia dar tudo errado bem fácil, mas não deixava de ser gostoso, o que só tornava mais complicado.

Estavam emaranhados no sofá, os corpos colados, sentia as mãos dele em todos os lugares. Em sua pele, bagunçando seu cabelo. Mordeu os lábios para conter um gemido quando a boca dele foi de encontro a renda de seu sutiã que estava a mostra, já que os botões de sua blusa tinham sido abertos. Se inclinou para dar mais acesso ao ruivo, quando uma batida na porta jogou um balde de água fria nos dois.

—Hermione, posso entrar? - a voz de Luna soou abafada.

—Puta merda - ela xingou baixinho - se vira, ela não pode me ver assim.

Hermione sumiu em segundos em direção ao banheiro, o cabelo todo desalinhado, a roupa amarrotada e a face corada não daria uma imagem que pudesse esconder alguma coisa. Rezou em silêncio para que Ron conseguisse mediar a situação sem maiores problemas. Escutou as vozes dos dois conversando alguma coisa e a porta se fechando novamente.

Ela sentia as batidas do coração aceleradas, toda a adrenalina de quase ter sido pega nos braços do ruivo a deixou elétrica. Conseguiu dar um jeito nos fios fora de ordem quando o cúmplice veio até ela.

—Ela já foi, Mini, pode sair.

—Essa foi quase, Ron - ela vociferou, percebendo que o ruivo parecia mais calmo do que deveria - isso acaba aqui!

—A Luna só veio trazer seu figurino - ele indicou o cabide sobre a cadeira - não percebeu nada, pode ficar tranquila, eu disse que a gente estava repassando as perguntas de hoje.

—Não importa, já pensou se da próxima vez é a McGonagall entrando? 

—Ela não faria isso, você sabe - Ron a puxou para perto de si, num abraço que não deveria tranquilizá-la, mas por ironia do acaso, a deixou mais calma.

—Não gosto de ficar dando sorte pro azar assim, não vou perder meu emprego por uma graça dessas.

—Somos uma graça então? Que coisa mais linda! - ele zombou com aquela cara de deboche que só ele tinha, fazendo-a se esquecer do medo que passara e rir junto com ele.

—Você entendeu o que eu quis dizer, Ron.

—Eu sei… por que você não vai logo colocar seu figurino, daqui a pouco as maquiadoras estão aqui.

—Já está tarde assim? - ela olhou para o relógio que tinha no pulso - nossa, você tem razão, deve ir se trocar também.

—Minhas roupas são rápidas, e vai que você precisa de ajuda aqui? - disse com um sorriso atrevido.

—Eu sei me vestir sozinha, Ronald.

—Claro que sabe, eu estava pensando mais em ajudar a tirar as roupas.

—Você não tem jeito, a gente passa por um susto desses e me fala de tirar roupas.

—Não seja por isso - ele se apressa e passa o trinco na fechadura da sala - pronto.

—Não temos tempo pra isso, Ron, vai logo se arrumar - ela dá um beijo na bochecha dele e pega o vestido do dia.

O ruivo resmungou alguma coisa ao se dirigir para a saída, que ela não prestou  atenção, quando ela lembrou que sua roupa tinha um dos zíperes irritantes que ficavam atrás das costas e pessoa nenhuma no mundo conseguia vestir sozinha.

—Espera um instante - a morena correu para o banheiro, onde tirou rapidamente suas roupas, colocando o tecido firme do vestido vinho pela cabeça.

O modelo tinha um corte ajustado no comprimento do seu corpo até o meio das canelas, deixando todo seu contorno bem marcado. Com o ziper aberto nas costas, ela saiu do banheiro, encontrando um Ron confuso, mas ainda ali.

—Me ajuda com essa porcaria de zíper?

—Então meus serviços são requisitados - ele se apressou a correr a mão pelas costas dela, sem perder a chance de roubar um beijo em seu pescoço enquanto subia o fecho. 

—Pronto, já está ótimo - ela riu, se virando para encará-lo - obrigada, agora vai lá se arrumar.

—Alguma chance de eu precisar de ajuda com meu nó de gravata? - brincou.

—Você sempre se virou bem com eles.

—Tá bom - resmungou, antes de roubar um selinho e ir embora.

Não demorou muito para a equipe de maquiagem e cabelo aparecer e começar os preparativos para a noite. Uma Luna um tanto confusa também apareceu. Ela comentou que tinha vindo ajudar Hermione com o vestido, que ela sabia não ter como vestir sozinha e a morena teve que desconversar dizendo que dera um jeito.

Faltava menos de meia hora para ir ao ar. Hermione estava impecável em sua sala, tentando não pensar no que viria pela frente. Andava de um lado para o outro quando sua assistente abriu a porta de supetão.

—Desculpa surgir assim, Hermione, mas é urgente! - ela parecia preocupada.

—O que foi? 

—Houve algum contratempo com o entrevistado, estão mudando tudo para acomodar outra pessoa, aqui está a nova relação de perguntas, temos quase tempo nenhum!

—Só por Deus, me dê logo isso, obrigada. - pegou as folhas às pressas, a moça saiu correndo, provavelmente cheia de coisas para fazer.

Começou a correr os olhos pelo papel quando Ron apareceu novamente, pela porta que ficara aberta.

—E essa loucura agora, puta merda! 

—Precisamos repassar isso aqui urgente, vamos.

—Mas eu estou mais calmo, nem acredito que vou conhecer um ídolo!

—Hã? Eu nem vi quem vamos entrevistar - ela estava tão atordoada que esqueceu de verificar o básico que era a pessoa a quem as novas perguntas se dirigiam.

—O cara é sensacional, Mini! Joga no Liverpool há tempos, o melhor time de todos!

A menção do time fez um calafrio tomar conta de Hermione, de repente ela não queria olhar o nome do tal jogador. Sentiu seu coração acelerando, mas se forçou a pensar que devia estar imaginando coisas. Já estava direcionando sua atenção novamente para os papéis que tinha em mãos quando Harry surgiu.

—Mione, me desculpe! Eu não sabia que iam mudar o entrevistado.

O rosto do amigo era tudo que ela precisava ver para saber que seus medos não eram infundados.

—É ele? - sua garganta ficou seca, era tanto tempo, odiava ver como ainda a afetava, nem prestou atenção na cara confusa de Ron ao seu lado.

—Eu vetei o nome dele da lista inicial, não quis te preocupar, por isso não falei. Mas o Longbottom não pôde vir e a equipe só conseguiu ele em tão pouco tempo. Desculpa, quando me avisaram já estava feito, merda! - ele passou a mão nos cabelos.

—A culpa não é sua, Harry - ela não sabia o que sentir.

—O que tá acontecendo aqui? Não to entendendo nada… qual é o problema da gente entrevistar o cara? Ouvi dizer que tem algumas polêmicas acontecendo, mas…

—Eu só detesto futebol, só isso - Hermione desconversou, não queria falar sobre aquilo, não com Ron, não com ninguém.

—Ele parece ser um cara legal, Mini.

—Eu duvido muito - ela disse entredentes e de repente se lembrou de Rose pedindo para assistir a entrevista aquele dia - puta merda!

—O que foi? - os dois homens perguntaram em uníssono.

Ela nem deu atenção a eles, caçou o celular que estava em sua mesa e procurou o número de Ginny o mais rápido possível.

—Oi, Mione, tudo bem?

—Tudo sim, Ginny.

—Já estamos preparadas para te ver hoje, a Rose quis pipoca, conseguimos não queimar dessa vez! - ela parecia animada e doía em Hermione ter que quebrar uma promessa à filha.

—Ginny, a Rose, em hipótese alguma pode ver a entrevista de hoje, entendeu? É importante.

—Ué, mas ela me disse que você…

—Sim, eu falei que podia, mas mudou de tema e não é algo apropriado para ela - ela tentou soar mais calma do que se sentia. Um turbilhão de emoções a assolava.

—Claro, não se preocupe, eu explico pra ela.

—Obrigada, Ginny.

—Qual é o problema da Rose ver um jogador de futebol na tv? - Ron parecia cada vez mais confuso - tem alguma coisa errada aqui…

—Não é nada, Ron… - Hermione não se sentia com forças para explicar nada, não se fosse esperado que ela conseguisse fazer seu trabalho em poucos minutos - vamos repassar logo isso.

Treinaram as linhas no papel pelo tempo que deu. Uma sequência de perguntas que ela não tinha a menor intenção de saber a resposta. Passou tanto tempo de sua vida fugindo de um momento como esse, que ainda não conseguia acreditar que estivesse acontecendo.

Ron a chamou para irem para o estúdio quando deu a hora. Começariam com as notícias do dia, a entrevista terminaria a edição do jornal, de forma que Hermione esperava que ainda tivesse um tempo antes de ter que encarar o tapa que o passado estava pronto para dar.

Claro que o destino não quis ser tão gentil e ao entrar no estúdio, uma pequena aglomeração de homens e mulheres falavam sem parar, circulando a celebridade que todos queriam ver. A voz inconfundível distribuindo autógrafos chegou como um choque aos ouvidos de Hermione.

—Não acredito que isso está mesmo acontecendo - ela murmurou baixinho.

Ali, em toda sua glória estava Viktor Krum, também conhecido como seu ex-marido.


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Notas finais do capítulo

O quê????? Só eu que to passada? Ron e Mione se dando bem e eis que aparece o falecido embuste, mais conhecido como Viktor Krum!
E a Mione vai ficar frente a frente com o cara... o que será que vem por aÍ?
Será que ele melhorou? Será que piorou? Será que o Ron ainda vai ser tão fã dele?

Me digam o que acharam nos comentários!
Até o proximo capítulo
Bjus