Um Sangue Doce escrita por Thay Nascimento


Capítulo 9
Capítulo 9




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O quarto, que não tinha nenhuma cama —já que eu não precisava dormir—nem possuía nada além de uma mesinha, um pequeno sofá e alguns livros em uma prateleira, de repente, pareceu um belo refúgio em meio a tantos conflitos dentro e fora do Palácio e o misterioso livro me pareceu um bom consolo mediante tudo isso. E eu nunca me senti tão humana quanto hoje, apesar de ter perdido a humanidade há tanto tempo.

Ao entrar no quarto, percebo que sobre a mesinha de canto tem visivelmente um bilhete, obviamente endereçado para mim.

Nele está escrito:

 "Me encontre no grande jardim, estarei na sua mente, saberá como me achar." Lorde das Trevas.

Deixando o livro entre alguns dos outros livros na prateleira, corro até o grande jardim do gigantesco edifício. E com a minha especial velocidade em poucos segundos me vejo rodeada de rosas, begônias e brincos-de-princesa. A beleza do lugar me surpreende e, não sei se foi porque eu esperei um lugar mais sombrio ou se o simples fato de existir um jardim ali já era suficiente para me surpreender.

Olho em volta e não vejo ninguém, então simplesmente caminho por entre as árvores verdejantes, enquanto pensava sobre a enorme variedade de flores ali, e acabo lembrando da minha mãe.



Início do século XVIII, Londres

Eu estava no jardim da minha adorável e luxuosa casa, e pensava comigo mesma porque a minha mãe gostava tanto de flores, até ela entrar seguida de dois dos criados que estavam com os braços abarrotados de novas mudas de flores e arbustos. Ri com o conhecimento que eu tinha acumulado sobre a minha mãe e olhei para ela que passava a mão nos cabelos para baixar os fios.

—Belas flores, mamãe! —eu disse exibindo um enorme sorriso.

—Você acha querida? Elas parecem tão murchas.

Observei minha mãe pegar o regador e molhá—las ela mesma. E pensei que quando ela se fosse eu cuidaria do seu jardim.

"Mas isso nunca aconteceu."

Sou arrancada do meu devaneio quando um homem alto vestido com o seu reconhecível manto negro, aparece potente no meu campo de visão.

—Você me encontrou como eu sabia que o faria. Vamos. —o Grande Mal diz como se já soubesse o que eu estava pensando para chegar até ali, e foi até um compartimento de vidro que havia no centro do imenso jardim.

—Faça as suas perguntas. — Ele ordenou por fim, quando sentamos em um dos sofás rústicos ali.

Eu simplesmente o observo por estar chocada e confusa. Eu não sabia porque estávamos ali, nem o que ele queria de mim se eu nem era importante, então resolvo dizer porque eu pedi o acordo.

—Eu gostaria de ofertar o meu sangue e... — Começo a dizer.

—Eu sei. —O Lorde me interrompe e prossegue calmamente —Sei tudo sobre você, srta. Blackrun, sou mais poderoso do que imagina. Mas agora me diga: O que estava fazendo na sala proibida?

—Sala proibida? Está falando da Biblioteca? Entrei lá por acaso.

—Espero que não tenha gostado do que viu. — Ele diz com ar sombrio como se soubesse algo a mais.

O olho por um milésimo de segundo sem entender o que ele queria dizer então mudo de assunto e finalmente falo:

—Posso fazer um pedido?

O Lorde das Trevas apenas assente.

—Mostre-me o seu rosto. — Eu digo ousadamente.

—Não viestes aqui pela Coroa de Sangue?

—Não. Vim para oferecer o meu sangue para salvar o meu povo.

—Admiro a sua coragem, mas por que acha o seu sangue tão valioso? —o Grande Mal fala sombriamente.

—Não acho, estou arriscando.

—E eu estou salvando a sua vida. Não irei mostrar o meu rosto. — Ele diz e se levanta me deixando para trás.

Observo o seu manto negro balançar e percebo que não havia algo que eu quisesse mais do que saber quem era o Grande Mal.



Sentada na cadeira que acompanhava a mesinha do quarto em que eu estava hospedada, sopro a poeira da capa do imenso e velho livro e abro na primeira página.

"Foi em Londres que a nossa família foi vítima de um ataque de vampiro. Todos foram transformados, mas de quem eu sinto mais saudade é da minha esposa, Sharon Blackrun. A mulher que mais amei em toda a minha vida. Nunca mais eu soube da sua existência. Desde a noite da transformação. Sinto saudades também dos meus filhos Thomas e Elouise. Espero um dia vê-los,

Hiram Blackrun."

Depois desse relato, que havia sido rasgado de outro local, várias fotografias da nossa família estavam colocadas nas páginas até aparecer recortes de jornal.

"Mulher muito pálida de cabelos longos negros e presas afiadas produz ataques em New Jersey"

"Outro ataque ocorre no interior de Londres. O que está acontecendo?"

Nas páginas do livro, eu começo a sentir como se o autor procurasse por essa mulher até que depois de folhear desesperadamente as páginas seguintes paro em uma delas que estava rabiscada repetitivamente:

 

Sharon Blackrun. Sharon BlackrunSharon Blackrun.

Sharon BlackrunSharon Blackrun.

VAMPIRA.


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