Um Sangue Doce escrita por Thay Nascimento


Capítulo 7
Capítulo 7




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O dia do encontro com o Grande Mal está chegando, por mais que eu queira lembrar que entrei no Palácio de Sangue há uma semana, seria inaceitável dizer que esse tempo foi rápido, já que não estou nem um pouco ansiosa para esse dia.

Os últimos acontecimentos me têm tirado a calma, e está cada vez mais difícil seguir o mantra de não matar alguém — um ser sobrenatural, claro.

Estive pensando que terei que dividir meu tempo ora com Thomas, ora com Marx já que os dois não se entendem de forma alguma. Isso é uma droga, porque o que mais precisamos agora é de união. Também gostaria de saber o que faremos com o restante dos dias de paz, levando em conta que verei O Lorde das Trevas daqui a três dias, o que é rápido para um vampiro.

                                                                               


Consigo convencer Marx e Tommy a sair comigo para dar uma volta em Londres, já que não é tão longe de Canterbury e os nossos carros são os mais velozes desse século.

Vou tentar ignorar seu lado imbecil, Marx, mas apenas hoje. —Thomas diz como se não estivesse falando com um vampiro de 380 anos.

—Sem comentários engraçados, eu sou mais velho e mais forte que você. —Marx responde.

—Acho que devíamos procurar algo para comer, mas Londres mudou tanto que fica difícil caçar sem sermos percebidos. — Digo por fim, tentando desviar o tema da conversa.

—O que precisamos, Ellie, é de sangue humano fresquinho.

—Nessa eu concordo com você, Thomas. —rindo com o canto dos lábios, Marx responde ao comentário de Tommy.

—Sem essa, irmão! —mostro as presas para Thomas, que apenas ri de mim, denunciando a piada de mau gosto. — Idiota.

Ignoro aquele momento e dou um aceno para seguirmos o caminho, quando decidimos ir para a reserva de animais no bosque, para nos alimentar.

Passamos com um salto, facilmente por cima da cerca de arame farpado, e ficamos olhando a reserva repleta de pinheiros. Nosso olfato rapidamente detecta o cheiro de veados, lebres e outros animais, e aumentamos a velocidade, cada um indo atrás da própria caça. Corro atrás de um pequeno cervo que havia se perdido da mãe e cravo calculadamente as presas na veia jugular do animal. Sinto como se tudo de mim tivesse se tornado novo mais uma vez, e mesmo que eu sentisse que faltava algo, eu não saciaria essa sede, jamais com sangue humano.

Vou ao ponto de encontro que escolhemos, uma grande árvore que está no meio do bosque e sento um pouco para esperar por Kaelson e Thomas, espero durante muito tempo e já estava escurecendo sem que eles voltassem, até que ouço gritos ensurdecedores e rapidamente regulo a audição, pulo de volta a cerca e corro em direção ao barulho. Várias pessoas correm loucamente, algumas delas chorando compulsivamente, outras parecem paralisadas. Sigo na direção de onde as pessoas fogem e vejo um corpo sujo de sangue e com o pescoço calculadamente marcado por presas e entendo que se eu e os outros estávamos contidos sobre os humanos, então havia outro vampiro, e não eram os Alfws, porque eles nunca faria esse estrago, sobretudo com o sumiço repentino deles aos arredores de Londres.



Thomas Blackrun:

Depois de ouvir os gritos na cidade, eu e Marx corremos para ver o que estava acontecendo, ele não era uma boa companhia, mas eu não podia viver no passado para sempre, então decidimos nos ajudar com o que quer que estivesse havendo. Havia um corpo visivelmente atacado por um vampiro, e o sangue da vítima era irresistível, mas corremos para dentro do prédio agora vazio, para entender o que aquilo significava.

Dentro do lugar estava tudo escuro e difícil de se guiar, mas percebemos quando alguém acendeu a grande lâmpada do ambiente principal. Marx olhou para mim e eu entendi que o que ele viu não era para estar ali, não com a gente.

Lisa Watson.

—Você. —Marx cuspe a palavra mostrando os dentes em defesa.

—Não vim por vocês. Decidi trazer a minha ilustre presença para a sua bela guerra com o Lorde das Trevas, e a propósito, vocês estão fora de forma. Não aceitam um pouco desse sangue? Sabem que sangue humano é doce.

Ainda a mesma mulher que arruinou a vida da minha família. Sedutora e irresistivelmente cruel, não poderia chegar de forma melhor, mas isso não é um mérito bom.

—Elouise vai matá-la se a vir.

—Poupe-me, Thomas Blackrun, Elouise não é forte o bastante.

—Mas você deu seu sangue a ela. Ellie pode não saber o quanto é poderosa, mas você sabe que ela é.

—Como eu disse, não o bastante.

Sem prestar atenção à minha conversa com Lisa, Marx inspecionava o local como se sentisse a presença de alguém. Então me lembrei que Elouise deveria estar entre a multidão.

—Tudo bem, Marx? Viu alguma coisa?

—Não, nada. Só...Já volto. —Ele diz indo velozmente para uma parte escura do prédio e me deixando sozinho com o demônio em vampiro.



Elouise Blackrun:

Sou surpreendida com um aperto forte no meu braço que rapidamente reconheço como o de Marx, ele coloca o dedo indicador nos lábios e me leva para uma sala distante da audição superdotada dos vampiros conversando na área principal.

—Você está louca? Vir para cá e ficar depois de ter visto a Lisa Watson! Eu sei que nós demoramos e não íamos voltar, mas e você? Ela pode querer machucar você.

—Discutir não está em questão, Marx. O que você queria? Vocês simplesmente sumiram, gritos ecoaram da cidade, gritos de seres humanos que precisavam de ajuda, e eu devia ficar parada? Estamos em risco aqui

—Eu sei, eu sei. Mas fiquei preocupado que você fizesse alguma besteira.

—O que pior poderia acontecer além do meu sangue de vampiro ser feito por moléculas da Lisa Watson?

—Isso não vale de nada, Ellie, esqueça. Nem deveria ter ouvido isso.

—Não? Isso me faz ser mais importante pelo que eu sou.

—Mas não te faz uma heroína. —Ele disse e saiu me deixando sozinha.

                                                                   




Lisa por péssimas razões, decidiu passar um tempo em Londres, dizendo que foi convidada para A Grande Guerra de Sangue. Meu irmão disse que ela não nos incomodaria, e que só fez aquela entrada nada triunfal, porque sabia que estávamos na cidade. Nada do que ela disse me convence, mas desde que a vampira do mal não nos incomode, está tudo bem.

Amanhã é a preparação sanguínea dos vampiros Eghy e dos feitiços das bruxas para a guerra. Os lobisomens não falam muito sobre, só querem que acabe logo, o que eu sei não vai acontecer, mas toda ajuda é bem-vinda.

Mellody sumiu há alguns dias, ela preferiu aproveitar a trégua ao lado da avó em uma choupana no interior de Oxford, e depois do que aconteceu entre a gente eu preferi não ficar muito perto de Hermione Denvers. Como ela só vai chegar amanhã cedo, porque está aperfeiçoando alguns feitiços, eu decidi conhecer a nossa amiga alcateia.

—Oi, Kamber —digo para a loba que estava sentada perto de um dos trailers.

—Blackrun. —Responde com um leve aceno de cabeça e me oferece a cadeira ao lado que eu aceito. —Será uma boa luta, não é pela nossa gente, mas podemos dizer que o que fazemos pelos Eghy, fazemos para os humanos que são quem merecem proteção.

—Eu espero que sim. E é um grande privilégio sermos ajudados por vocês, não somos grandes coisas sozinhos.

Kamber dá outro aceno e ficamos em silêncio, me dando espaço para deixar os meus pensamentos voarem até a minha primeira guerra.





1790, Londres:

—Eu não faço ideia de como será, mas se estamos do lado das bruxas, nós podemos vencer. —eu disse para Marx, que riu ironicamente e balançou a cabeça em desaprovação.

—Não venceremos por causa das bruxas. Venceremos porque somos fortes. — Ele me beijou e mordeu meu lábio inferior, o fazendo sangrar segundos antes de cicatrizar.

—Nem sempre se vence com força, Kaelson.

Horas depois daquela conversa, ele me deixou quando eu quase fui morta e disse que não poderia me salvar ou morreria. Se Mary Denvers não estivesse lá para me colocar em um feitiço de proteção, eu não estaria aqui para mais uma luta. Devo muito à mãe de Mellody.


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