Assim que minha aula acabou, fui direto para o estacionamento. Aquele era o único dia em que eu não tinha aulas à tarde, por isso decidi ir para casa. Eu iria passar na casa de Tanya no caminho, para que pudéssemos conversar mais uma vez, mas não foi preciso. Assim que cheguei ao meu carro, ela saía do dela. 

— Tanya, posso falar com você? – Eu perguntei, quando parei ao seu lado. 

— Oi, Edward. Claro. Na verdade eu queria mesmo falar com você. – Ela falou. 

— Tudo bem. Pode falar. – Eu disse a ela, que começou a falar na mesma hora. 

— Edward, eu… Você sabe que eu gosto de você, não é? E eu realmente queria que nós dois déssemos certo. Vamos tentar de novo. Eu não sei se foi alguma coisa que eu fiz de errado, mas nós podemos consertar isso… – Ela fez uma pausa para respirar. – Eu liguei para a Esme e nós conversamos muito, ela disse que não sabia o que tinha acontecido e eu tive que explicar. Nós podemos tentar, Edward. – Ela pegou minha mão. Fechei meus olhos e respirei fundo, enquanto a garota loira de cabelos perfeitamente cacheados falava. Eu realmente não queria partir seu coração. Aquilo era a última coisa que queria, mas eu não podia contrariar a mim mesmo. 

— Tanya… – Eu envolvi suas mãos nas minhas. Ela estava gelada. – Eu sei e eu acredito em tudo o que você me disse. E não, você não fez nada de errado, pelo contrário. Tudo o que você fez foi certo, e eu não me arrependo de nada que fiz ao seu lado no tempo em que estávamos namorando. Mas nós dois não estamos dando certo mais. Eu não estava feliz, Tanya. Essa é a verdade! 

— Mas… 

— Tanya. Você é uma mulher incrível. Eu nem tenho palavras para te descrever direito, e sinto por você a mais profunda admiração. Mas nós dois como namorados… Não estava me deixando feliz. Eu não queria te magoar… me desculpe. – Eu falei para ela, tentando achar as melhores palavras, ou aquelas que mais amenizassem o sofrimento dela. 

— Você não me ama, não é? – Ela perguntou baixinho. 

— Romanticamente, não. – Eu fiz uma pausa. – Desculpa. – Tanya soltou um longo suspiro, e notei que seus olhos estavam marejados. 

— Tudo bem, Edward. Acho que eu consigo viver com isso. – Ela passou a mão nos olhos, para afastar as lágrimas. Por dentro, eu estava destruído por quebrar o coração dela, mas eu fazia aquilo pela minha felicidade. – Eu espero que nós possamos ser pelo menos amigos, então. Eu detestaria perder você por completo.

— É claro que nós podemos ser amigos. Eu já disse que eu adoro você! Eu só acho que um relacionamento amoroso entre nós não daria certo, mas nossa amizade continua intacta, no que depender de mim. – Eu falei com toda sinceridade. Eu realmente acreditava naquilo que eu estava falando. Eu também não queria perdê-la. 

— Tudo bem. – Ela tentou soltar um sorriso, meio amarelo. – Eu vou indo. Devo estar atrasada para a minha aula. Nós nos vemos por aí, então. – Ela deu as costas, dando alguns passos, e se virou novamente. – Obrigada por ter sido sincero comigo, Edward. 

Não consegui falar nada, apenas a vi entrando no prédio. Entrei no meu carro e encostei minha cabeça no volante. Eu precisava pensar. Minha mente estava um turbilhão. 

Ao chegar em casa, encontrei apenas Alice na cozinha. 

— Oi, Ed. – Ela disse. Alice era a única pessoa que me chamava por algum tipo de apelido. – Você está bem? Não te vi de manhã nem na faculdade… Você não mandou nenhuma mensagem pra mim… – Ela perguntou e parou encostada na ilha da cozinha, com os braços cruzados e me encarando. Eu teria que explicar tudo de novo, passar por todo aquele sentimento novamente. Respirei fundo. Alice era minha irmã, a pessoa que eu mais confiava no mundo. Ela tinha o direito de saber. 

— Eu terminei com a Tanya ontem a noite, Ali. – Eu falei e abri a geladeira, na tentativa de que a atividade tomasse conta de meu cérebro e que eu não pensasse tanto no que tinha acontecido. 

— Ah, meu Deus. Eu… Eu sinto muito Ed. – Ela disse e veio até mim. – Vai ser muito invasivo se eu perguntar o porquê? – Ela completou e eu não consegui deixar de rir. Alice sempre foi muito curiosa. Eu demorei um pouco para responder. – Se você não quiser, tudo bem… 

— Não, está tudo bem, maninha. É só que… é tudo novo. Eu estava acostumado com a vida que eu ia levando. Eu gostava da companhia da Tanya. Ela é boa. Mas senti que aquilo não era o certo. Não sei, Alice. – Comecei a falar, e acabamos os dois sentados no chão da cozinha, com uma garrafa de suco de laranja entre nós. – Quando comecei a namorá-la, eu realmente achava que iria me apaixonar por ela, mas isso não aconteceu. Nós éramos um casal, mas eu não sentia nada por ela além de amizade. E isso estava acabando comigo. Eu via que ela gostava de mim, mas o que realmente me destruía era saber que não conseguiria retribuir esse sentimento. – Coloquei a cabeça entre as mãos, que estavam apoiadas em meus joelhos. Alice estendeu a mão e tocou a minha, me motivando a continuar a falar. 

“E hoje eu fui falar com ela mais uma vez, porque ela tinha me ligado diversas vezes depois de conversar com a mamãe. Ela tentou argumentar, pediu pra voltar. Mas eu não consigo, Alice! Eu não iria conseguir deixá-la nessa situação. Eu gosto demais dela para impedi-la de ser feliz. Eu quero que ela encontre uma pessoa que a ame. Mas infelizmente essa pessoa não sou eu.

Eu estou me sentindo mal por ela. Parece que consigo sentir sua tristeza. Eu não queria ter feito isso, mas foi necessário. Só que mesmo assim, eu me sinto um monstro.” 

— Eu entendo que você esteja se sentindo assim, mas acho que você não foi um monstro, e sim corajoso. Não são todas as pessoas que conseguem se colocar como prioridade. Você fez isso pela sua felicidade, Ed. Você não tem que se culpar por isso. – Ela parou e se moveu para meu lado. Ela passou seus braços em volta de mim. – Eu sei que é uma situação difícil, mas tenho certeza que a Tanya vai entender. Todo mundo merece ser feliz, e você não tinha que ficar preso a uma coisa que não te proporcionava isso. 

— Eu sei, Ali, mas mesmo assim é difícil. Acho que isso só vai melhorar com o tempo. – Disse, encostando minha cabeça em seu franzino ombro.

— Sim, irmão. Isso vai melhorar com o tempo. Términos são difíceis pra todo mundo. Você vai ficar bem! – Ela falou e passou a mão pelos meus cabelos. – Agora… você não tem nada de legal para contar pra sua irmãzinha? Nada de bom aconteceu hoje? Você não conseguiu a vaga de sempre, ou não pegou fila no intervalo??? – Ela perguntou, claramente, numa intenção de me animar. Eu ri. 

— Ah. Teve uma coisa. – Eu falei, me recordando da minha manhã. – Você se lembra da Isabella Swan? 

— Lembro sim, aquela garota que sentava com você no ensino médio e que parecia a Branca de Neve? – Ela questionou e eu ri pela comparação, mas minha irmã não estava errada. Bella realmente lembrava a Branca de Neve. 

— Sim, ela mesma… Ela é minha dupla de novo. A encontrei em uma aula que temos em comum. Essa foi a única coisa boa que me aconteceu no dia. Está feliz? – Eu perguntei. 

— Eu estou. Gosto dela. Nós nunca conversamos, mas gosto dela. Acho que seríamos ótimas amigas. – Ela falou. 

— Disso tenho certeza. Quando tiver a oportunidade, eu apresento vocês duas. – Falei para minha irmã e me levantei do chão. Alice fez o mesmo. 

— Ótimo! Eu mal posso esperar! – Ela bateu palmas, como uma criança feliz. 

— Obrigado por me ouvir, baixinha. – Eu falei, dando um abraço em minha irmã. 

— Não há de quê. Sempre que precisar, eu estarei aqui. A uma porta de distância. – Ela deu um beijo em minhas bochechas e saiu. Felizmente eu tinha alguém com quem contar.