Amy Sandoval e o passado que retorna - TDA escrita por Mrs Belly


Capítulo 2
Capitulo 2




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— Sim, Amy. Seu papai sou eu! - a menina abriu a boca em completa surpresa, sempre quis conhecer o pai e estar com ele, abraçou Heriberto com uma alegria sem igual, estava feliz e eles riram com o gritinho que ela deu se agarrando a ele.

— Você é meu papai? Ele é meu papai, mamãe?

— Sim meu amor, ele é! - sorriu com todo o amor do mundo.

— Papai, você vai embola?

Os dois ali sentiram o peito doer com a pergunta da filha. Aquela era uma incerteza e por um bom tempo ela queria saber onde ele estava e se um dia viria para casa. Heriberto olhou Victoria sem ter uma resposta para aquela pergunta e ela respondeu:

— Não filha ele não vai, porque nós duas não vamos mais deixar ele ir! - Amy bateu palmas e o beijou no rosto, aquela era a melhor noticia do mundo.

— Tem certeza, Victoria?

— Sim, não vai Heriberto, por favor...

— Mamãe eu quelo mamá! - Amy disse quebrando o clima entre eles, ela era uma linda menina mas morria de ciúmes da mãe.

— Bom Heriberto, acho que estou ocupada agora! - Victoria riu se separando dele e andando com a filha para a cozinha, iria preparar a mamadeira com achocolatado como a pequena gostava de mamar quando não conseguia dormir. Ela colocou sua menina no chão e abriu a geladeira em busca dos ingredientes, Amy pediu colo e Heriberto a pegou com amor.

— Florzinha de papai! - ele abraçou e cheirou a filha fazendo cócegas nela.
Victoria preparou o leite e olhou os dois enquanto colocava na mamadeira. Era uma linda cena de pai e filha e seus olhos lacrimejaram ao ver todo aquele amor que Heriberto já sentia pela pequena em tão pouco tempo.

— Pronto meu amor, vem com a mamãe! - ela ergueu os braços e segurou a filha.

— Libeto quer mamá? - Amy pegou a mamadeira na mão da mãe e com um sorriso tímido ofereceu a ele, foi um gesto simples e educado, Victoria a tinha ensinado a sempre oferecer a sua comida para as pessoas que estiverem perto dela, pois poderiam ficar com vontade.

Heriberto sorriu da gentileza da menina, era tão linda e doce, tão educada e tão pequenina. Victoria a estava criando muito bem! - Não minha linda, muito obrigado! - ele sorriu pra ela que ao ouvir sua resposta, sugou aquele delicioso leite como se o mundo fosse acabar.

— Devagar filha, senão você vai se engasgar! - Victoria se preocupou segurando a mamadeira com mais calma. Amy deitou a cabeça sobre o ombro dela e passou uma das mãos por trás de seu pescoço. Heriberto as olhou e foi convidado a se sentar com ela rente à mesa da cozinha.

— Ela é tão linda, Victoria! Se parece muito a você! - Victoria sorriu e olhou para ele enquanto dava atenção a filha que fazia barulhinhos com a boca a cada mamada e estava atenta a eles.

— O que tem de linda tem de gulosa e isso eu garanto que não veio de mim! - ela disse e eles riram alto, desde sempre Heriberto fora muito guloso.

— Eu não sou guloso!

— Ah não? E aquela vez que nós saímos para jantar no seu aniversário e você comeu a sua comida e depois de terminar ainda comeu metade do meu prato? - ela piscou para ele com aquela lembrança de quando eram mais jovens.

— Foi só uma vez Victoria! Tá bom eu admito! - ele sorriu e os dois ficaram em silêncio se olhando e admirando a filha. Amy era tão linda e tinha um pouco dos dois, os olhos de Victoria e o nariz de Heriberto, era perfeita.

A menina terminou de mamar e pediu para dormir, se despediu de Heriberto e Victoria a levou para a cama e ela dormiu em seguida vencida pelo sono.

— Boa noite meu amor! - Saiu do quarto e foi até ele que a esperava na sala. Nenhum dos dois tinha mudado tanto fisicamente mas o emocional estava completamente diferente de anos atrás.

O mal que Bernarda causou a eles é imenso, uma vida juntos e e tantos momentos como o nascimento de Amy não foi acompanhado por Heriberto. Por tantas cosas ele foi privado, acreditava que Victoria o tinha abandonado por uma besteira que ele também achava ter cometido, se sentia o pior dos homens por isso e depois que soube da mentira que a mãe armou para cruelmente separa-los, ele nunca conseguiu a perdoar... mas agora reencontrando Victoria e sabendo que era pai, ele estava disposto a recuperar todo o tempo perdido e queria dar todo o amor que até o momento não havia dado às duas.

— Obrigada por ficar até ela dormir, Heriberto. - Victoria foi até ele e sorriu ainda perdida diante daquilo tudo, não sabia como sua vida seria agora que ele estava de volta.

— Imagina Victoria, a Amy é um amor, gosto de estar perto dela e gostaria que a partir de agora você me permitisse isso. Sei que não temos chance, nossas vidas mudaram, mas eu agora sou pai e gostaria muito de estar perto para participar da vidinha dela e tentar recuperar todo o tempo perdido. Eu não vi a minha filha nascer! - aquelas palavras trouxeram lágrimas aos olhos de Victoria e ela deu um longo suspiro, apesar de tudo, não iria priva-lo ainda mais de ver a filha crescer e se tornar uma mulher linda.

— Quanto a isso não se preocupe por favor, Heriberto! O que eu mais quero no mundo é a felicidade dela e você agora faz parte disso. Não pense que eu o impedirei de estar perto, você pode vir aqui para estar com ela quando quiser! - ela sorriu e viu o semblante dele se iluminar com aquela notícia. - Você não imagina o quanto ela imaginou um dia conhecer você, não sabe o quanto ela está feliz em saber que você é o pai dela.

— Obrigado Victoria, de verdade! Tudo que eu também mais quero é que Amy seja feliz! Eu sempre quis ser pai, você sabe, e agora que sou, eu prometo que vou ser para ela o melhor do mundo!

— Eu sei que vai ser! - ela se aproximou dando um abraço nele, seu corpo todo retesou e ela lembrou como se sentiu um dia protegida e amada nos braços daquele homem.

Heriberto não era nem um pouco indiferente a ela, apesar dos anos afastados ele sempre guardou em seu coração boas lembranças ao lado dela. As circunstancias agora eram diferentes, suas vidas estavam diferentes, mas ele via novamente depois de muito tempo uma nova chance de recomeçar, mesmo que demorasse um tempo ele estava disposto a estar perto e se redimir ainda que não fosse necessário porque nenhum dos dois teve culpa pelo passado doloroso, mas ele iria mudar isso com calma e cuidado pela filha.

— Bom, obrigado por me receber em sua casa, Victoria! Está tarde e vocês precisam descansar, não quero atrapalhar. - ele disse gentil andando em direção à porta. - Amy não vai mais frequentar a escola? Todos sentem falta dela por lá.

— Você não atrapalha, vá descansar também, imagino que tenha trabalhado muito hoje. - sorriu tímida - Ela vai sim, eu estava apenas dando um tempo porque ando muito atarefada na casa de modas, mas amanhã ela estará de volta! Obrigada pela preocupação.

— Boa noite Victoria!

— Boa noite a você também Heriberto!

Eles se despediram e a porta foi trancada. Ela suspirou pensando em toda aquela conversa e em sua vida a partir de agora, quando ouviu um choro desesperado vindo do quarto.

Victoria correu para o quarto da filha com o rosto assustado e com medo de que ela tivesse se machucado de alguma forma. Amy às vezes rolava na cama durante a noite e isso preocupava Victoria porque ela ainda era muito pequena e frágil.

— O que foi meu amor? - ela se aproximou da cama e viu que a criança estava sentada com o rosto vermelho e soluçava de tanto chorar.

— Por que o papai foi embola mamãe? Ele não gota de mim? - Victoria percebeu que ela havia tido mais um de seus pesadelos e estava delirando por causa do sono. Abraçou Amy com amor pegando-a em seus braços e começou a cantar uma canção de ninar que ela gostava. Não demorou muito e ela dormiu ressonando novamente com mais tranquilidade.

Ao ver que a filha dormia, Victoria pensou um pouco na conversa que teve com Heriberto tempos antes e suspirou, algumas coisas ainda estavam fora do lugar e precisavam ser acertadas, ela queria a cima de tudo entender o porquê Bernarda tinha feito a crueldade de separa-los mesmo sabendo que a mulher não a suportava por ser de uma família humilde e de classe mais inferior que a dela, tinha que haver uma explicação mais plausível. Ao mesmo tempo ela também pensou se Heriberto estava mesmo falando a verdade, flashes daquela cena horrível em que o viu na cama com outra lhe vinham à mente para lhe tirar a paz, enquanto esteve com ela, Heriberto nunca foi de mentir, mas agora era diferente e Victoria estava longe de ser uma menina ingênua. E com esses pensamentos ela foi dormir ou pelo menos tentar.

No dia seguinte Victoria acordou bem cedo e foi despertar Amy para levá-la à escola. Rotineiramente a menina lhe pedia para ir pois se passaram dias e ela sentia falta de estar com todas aquelas crianças.

— Bom dia amor da mamãe! - ela encheu a pequena de beijinhos enquanto despertava. - vamos ao colégio? - ao ouvir aquilo, Amy se levantou ainda meio sonolenta e pulou de alegria no colo da mãe.

— Vamo mamãe, eu quelo ir!

— Vamos então, mas primeiro a senhorita vai tomar o café da manhã e depois vai escovar esses dentinhos aqui porque está com bafinho! - riu pegando a filha no colo e levando para a cozinha.

Victoria deu banho e comida à Amy e depois de se arrumar as duas saíram de casa para um dia de sexta-feira agitado. No final de semana elas passariam na casa de Antonieta e João, o pequeno mesmo tinha pego o celular da mãe é ligado para ela pedindo que trouxesse Amy para brincar com ele e assim seria.

Heriberto acordou, fez sua higiene pessoal e logo também estava pronto para o dia de trabalho. Ele não tinha conseguido dormir direito e estava feliz pensando que agora a sua vida estava outra vez em transformação porque não estava mais sozinho, agora ele descobriu ser pai e faria tudo para estar próximo e bem com sua menina.

Assim que chegaram, Amy foi recebida com festa pelos amiguinhos de classe, eram pulinhos de alegria e muitos risos, as crianças mostravam a ela alguns brinquedos novos que receberam para brincar, enquanto Victoria conversava na porta com as professoras.

— Então qualquer coisa vocês podem me ligar por favor? - ela dizia olhando a filha que sorria feliz com uma boneca nas mãos.

— Claro senhora Sandoval, não se preocupe. Amy é uma criança muito amável e tem se dado bem com todas as crianças, não nos dá trabalho algum, pode ficar tranquila! - Lucy sorriu e Lupita pediu licença para auxiliar a brincadeira na sala.

— Obrigada! - ela sorriu agradecida pelo cuidado com a filha e depois de despedir-se dela com muitos beijos e abraços, saiu em direção à casa de modas, reuniões e um próximo desfile a aguardavam.

Um pouco depois, Victoria chegou na empresa já dando ordens a secretaria que andava ao lado dela pelos corredores com uma caderneta nas mãos anotando tudo que ela falava. Pepino veio correndo e dando gritinhos assim que a viu entrar, ele parecia mais desesperado que o habitual.

— O que foi agora Pepino, calma ou você terá um troço! - ela disse fazendo sinal para que entrassem na sala depois de mandar a secretária ir ao trabalho.

— Rainha é urgente, me ligaram da fornecedora de tecidos e nós temos um problema! - ele falava balançando as mãos.

— Ah não, não temos tempo para problemas agora Pepino, o desfile está muito perto! Resolva isso! - Victoria ficou bem preocupada, sentou-se na cadeira esticando as pernas e tirando os saltos.

— Mas rainha! Eu não posso fazer isso sozinho!

— Então chame alguém para te ajudar com isso, mas por favor resolva. Eu tenho milhões de contratos para ler e para completar, a minha vida está de cabeça para baixo. - ela fechou a expressão com um olhar triste.

— O que aconteceu? - Pepino se sentou na cadeira rente à ela, queria ouvir todo aquele babado.

— O pai da Amy está de volta!

— Pai? O pai da pequena preciosa? Que pai, como assim Victoria? - ele estava perplexo com as palavras que saíram da boca da patroa, achou estranho porque ela nunca havia falado em nenhuma hipótese sobre o pai da filha.

— O pai da minha filha reapareceu, Pepino! Eu não a fiz com os dedos! - ela se levantou e foi até uma mesinha que tinha ali e se serviu com um copo d'água.

— Bem, isso é óbvio, mas você nunca disse nada sobre ele a ninguém! O que aconteceu? Senta aí nessa cadeira e pode começar a me contar tudo!

Victoria apenas o olhou e respirou fundo voltando a sentar-se, precisava mesmo desabafar.

Na escola Heriberto chegava para trabalhar, ficava ali pelo menos três vezes por semana porque nos outros dias ele ia para o hospital municipal da cidade. Foi para a sua sala e vestiu o jaleco preparando o local para receber algumas crianças em uma aula de higiene sobre a importância dos cuidados diários com a pele. Eram todos muito pequeninos na faixa de três a seis anos de idade, mas desde cedo é bom ensina-los o quão importantes são esses cuidados principalmente antes das refeições. Algumas vezes ele atendia crianças que se machucavam ao brincar, nada muito grave, mas todos tinham todo o cuidado quanto a isso. Em uma instituição de ensino todos os funcionários envolvidos devem saber cuidar e acolher as crianças em todas as situações todos os dias e Heriberto por sua vez adorava estar com elas.

Mais tarde ele resolveu passar na classe de Amy para ver se ela estava lá. A menina que desenhava alguma coisa em uma folha colorida quando o viu, foi correndo na direção dele. A professora Lucy a seguiu para ver o que era.

— Doutor Heriberto!

— Oi senhorita Lucy, eu vim ver a minha pequena florzinha! - ele pegou-a no colo com amor.

— Me admira ver o quanto gosta dessa menina, doutor. Imagino que seja muito amigo da mãe dela.

— Sim eu sou. Na verdade Amy é minha filha! - sorriu orgulhoso do que dizia.

— Sua filha? - a mulher pareceu não acreditar e convidou Heriberto para ir até a sala de aula com a criança. Enquanto todos brincavam e realizavam atividades com lápis, tinta e massinha de modelar com o auxilio de Lupita, ele e Lucy falavam mais sobre isso. Ele ainda tinha um tempo até a próxima aula então contou a ela o que aconteceu entre ele e Victoria na noite anterior. Não havia problema em contar porque ela era amiga de Victoria e a conhecia há algum tempo.

Mais tarde, as professoras levaram as crianças para brincarem ao ar livre no parquinho. Heriberto já tinha terminado o seu expediente por ali e saiu para uma emergência no hospital. Amy brincava de pique-pega com duas amiguinhas, feliz e sorridente quando caiu e bateu a cabeça no escorregador. Imediatamente, Lucy e Lupita desesperadas com a gritaria das crianças, correram em direção a elas e avistaram a pequena inconsciente no chão emborrachado, foi tudo muito rápido e infelizmente elas não viram a intensidade da queda, Lupita correu para a secretaria em busca de ajuda enquanto a outra acalmava as demais crianças que se assustaram com a situação, ela não podia tocá-la porque a menina estava mole e isso poderia piorar a situação além de não ter formação adequada para agir nessas ocasiões extremas, por isso o medico foi contratado e tudo aconteceu justo na hora em que ele já não estava mais ali.

Enquanto isso na casa de moda, Victoria estava lendo alguns papéis quando de repente sentiu uma pontada forte no peito e sua vista escureceu, sentou-se na cadeira recuperando o ar e a primeira coisa que pensou foi em Amy. Ela pegou o celular inexplicavelmente temendo estar acontecendo algo de errado com ela, ligou e o numero da escola deu na caixa postal porque ao mesmo tempo Lupita desesperada também tentava ligar para ela. Até que depois de alguns minutos Lupita conseguiu fazer a ligação e na mesma hora Victoria atendeu nervosa.

— Alô, senhora Sandoval??

— Sim senhorita, o que houve? Aconteceu alguma coisa com a minha filha? - ela já estava de pé e andava de um lado a outro na sala com uma caneta na mão.

— Senhora, infelizmente sim, Amy caiu enquanto brincava no parque! Foi muito rápido e parece que está sem consciência. A senhora pode vir para cá? Nós já chamamos a ambulância.

Victoria perdeu a cor e viu seu mundo desabar sobre seus pés, sentiu uma dor imensa no coração e tudo o que conseguiu fazer foi encerrar a ligação e pedir ao motorista que a levasse o mais rápido possível para a escola. Saiu correndo e ligou chorando para Heriberto no caminho, ele foi a primeira pessoa que ela achou que pudesse ajudar, afinal ele era médico.

O telefone tocou umas três vezes até que ele finalmente atendeu. Ela deu a noticia a ele que se desesperou e deixou tudo o que fazia nas mãos de um colega e saiu correndo para onde Amy estava. Agora os dois estavam em pânico e não podiam perder a filha, seria o pior castigo do mundo.

Victoria chegou a unidade escolar e viu sua menina sendo colocada em uma maca por paramédicos, se apresentou a eles como a mãe da criança e falou com as duas professoras que estavam nervosas. Minutos depois Heriberto chegou indo até ela e os dois foram até a filha.

— Minha filha, a mamãe está aqui! - ela chorava e passava as mãos com cuidado sobre o rostinho ferido da menina. - Heriberto, me ajuda! Eu não posso perder a minha Amy, a minha filha!

— Calma, calma Victoria! Você não vai perde-la, eu não vou deixar eu juro! - Heriberto a abraçou com força, queria que as duas ficassem bem tentando acabar com a dor que ele também sentia e em segundos via a sua vida perder outra vez totalmente o sentido.

 

 


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Notas finais do capítulo

Continua...



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