Dedo negro do diabo escrita por Elliot White
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura!
A manhã começou no tédio de sempre, os entregadores de suprimentos da cozinha chegando carregados de fardas, os caseiros preparando as refeições, regando o jardim e podando as flores.
Estava curiosa sobre meu protetor, e os irmãos dele, afinal era a única coisa nova por aqui. Mas não queria parecer a maluca que fica observando de longe. Depois do café da manhã, aparecem os tutores, e dão aulas para mim e minha irmã, depois de algumas horas de estudo entediantes, finalmente fico sozinha.
Senti um par de olhos me tocando de longe.
Me virei para ter melhor a visão, de duas orbes vermelhas, de um cão grande, o maior cão que já vi.
É apenas um cão, pensei.
Mas ele tinha um olhar de raiva, e por baixo daquela boca fechada parecia ter presas afiadas.
A atmosfera do canino parecia ser de perigo.
—-
Encontrei uma das caseiras regando as plantas.
— Tem cães na região? — Perguntei a caseira.
— Ora, é claro que não. — Lillet responde.
— E lobos? — Insisti.
— Nunca teve lobos, por que a pergunta? — Ela diz impessoalmente.
— Eu vi um lobo na mata — Ditei a frase, pensando naquele olhar ferino.
— Frida, aqui não tem lobos, não é ambiente de um lobo — Informa a moça.
— Eu sei o que vi, Lillet — Repito.
— Deve ter se enganado. Nunca tivemos um cão e na região, não há lobos — Ela entoa, voltando aos seus afazeres.
—-
Mais tarde...
A luz da lua estava entrando pelas janelas, o céu estava limpo, sem estrelas, mas anuviado. Andei em um ritmo calmo pelo corredor o único som sendo do vento sacudindo as vidraças.
Me forço a parar o passo ao ouvir um barulho de vidro quebrando. Meu campo de visão capta os cacos de vidros, a janela toda partida. A abertura faz com que o vento entre, e o ruído do bafo frio soando como um grito.
O que causou o estrago na janela foi ele, a mesma fera de antes. Aquele lobo enorme! Definitivamente não era um cão, era crescido demais para ser um, os traços saem do campo canino e entram na família lupina.
Impossível. Pensei. Estou no segundo piso. Como aquele animal saltou do lado de fora e chegou aqui?? Minha reação foi apenas ficar imóvel me sentindo ameaçada. O que ele queria? Marcar território?
Por segundos o predador permanece em silêncio, estaria brincando com a presa? Estaria esperando por um gesto meu? A brisa agitava seus pelos fazendo dançar, enquanto o par de olhos vermelhos e ferinos me encaram.
Se lobos farejam medo, ele, ou ela deve estar sentindo o meu. Decido me mover e viro meu corpo, correndo na direção contrária ao do lupino percorrendo tanto quanto conseguia fazendo um esforço hercúleo, meu coração disparando.
— Frida! — Era Franz.
Eu quase esbarrei com ele ao descer a escada. E o deixei sem resposta.
— O que aconteceu? — Ele demonstra preocupação.
— Atrás de mim! Ele está atrás de mim! — Minha voz sai trêmula.
— Ele quem?? — Franz pergunta.
— O lobo! — Minha resposta causa uma expressão em seu rosto do tipo ‘que lobo? ’.
Minha corrida não fez a fera vir atrás de mim?
— Que gritaria é essa? — O caseiro chega.
— Frida diz que viu alguma coisa. — O meu ‘protetor’ diz, suas mãos largas pousando em meus braços.
— O que você viu? — Widmer tenta entender.
— Eu vi... — Começo a entoar — Primeiro eu ouvi a janela se quebrando.
— Qual janela? — O outro caseiro diz. Agora Ofélia estava ali também.
— A do segundo andar. Vocês não ouviram? Um barulho alto! — Dito a frase, recebendo olhar que diziam ‘ela é louca’.
— Nos leve lá, Frida. — Braeden pede. Subo as escadas de novo sendo seguida pelos caseiros e por Franz.
De repente todos estavam acordados e se reunindo. Joaquim, Lillet e Luther.
— Não tem nenhuma janela quebrada. — Afirma Franz.
Lanço um olhar sobre o corredor e vejo todas as janelas intactas. O vento ainda forçava levemente.
— Eu vi... — Digo, fitando o chão, e notando que não tem cacos de vidro. — Eu vi a janela se quebrando. Eu vi o...
— Lobo? — Lillet finaliza. — Hoje cedo a senhorita disse a mesma coisa. Não há lobos nos arredores.
Olhei nos olhos de minha irmã, e depois nos do meu ‘protetor’, se eu tinha ouvido o barulho, eles deveriam ter ouvido! Se o canino tinha pisado ali, como não havia pegadas? Em todos os rostos, a mesma expressão que dizia ‘ela viu um fantasma’, um fantasma de um lobo.
— Sugiro que vá dormir, mocinha — Braeden pede.
— E amanhã, tente se ocupar com algo que não seja ver coisas — Widmer diz, vencendo a discussão.
—-
— Quem é? — Pergunto ao ouvir as batidas na porta.
— Franz. — A voz dele entra no quarto, mas ele só entra depois de eu deixar.
— Veio me dizer que estou louca? — Digo, continuando o que estava fazendo; pentear os cabelos.
— Não — Ele nega.
— Acredita em mim? — Pergunto, olhando para o espelho, e o reflexo do meu ‘protetor’ nele.
— Vou tentar encontrar uma prova. — Franz demora um pouco para dar a resposta —Se esse lobo é real, deixou pegadas. Vamos amanhã na floresta em busca de rastros do animal.
— Pode pentear meus cabelos por favor? — Entoei a pergunta.
— Perdão? — A reação dele foi a de pigarrear.
— Foi só um gracejo. Eu imaginei que não soubesse se pentear, já que não tem cabelo — Sorri zoando com Franz — Obrigada. Agora vá, sabe que não deve entrar no quarto de uma moça a noite — Me despedi do careca.
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**os nomes dos parenteses é quem narra o cap