Presos Por Um Olhar escrita por Carol McGarrett


Capítulo 6
Café da Manhã


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês!!
Tem uma cena aqui que será importante alguns capítulos à frente.
Espero que gostem!
Boa leitura.



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— Eu realmente não tenho que me preocupar com a quantidade de comida que eu acho que vai aparecer na minha frente, tenho? – Perguntei um tanto abismada vendo Dottie servir um casal a dois bancos de distância, a pilha de panquecas era imensa.

Alexander seguiu o meu olhar, mirou a mesa por alguns instantes  e depois se virou na minha direção, abaixando o tom de voz, como se conspirasse com alguém.

— Está com medo de engordar?

Eu segurei minha mão na hora, pois quase lhe dei um tapa no ombro.

— Estou com medo de não comer tudo! Odeio desperdício.

Ele se recostou no banco e cruzou os braços.

— Você está com medo de engordar!

Fechei a expressão.

— Não, não estou. Você não faz ideia da quantidade de doces que eu como por dia.

Ele continuava a me encarar com um sorriso presunçoso, até que Dottie apareceu com nossos pratos.

Duas montanhas de panquecas, uma com calda de chocolate que estava cheirando tanto que me estômago roncou alto para a minha vergonha, a outra parecia ser com banana e canela. Junto com as panquecas, veio uma caneca de café e uma xícara de chá, mais dois pedações de torta de maçã e canela.

Era comida para alimentar um batalhão!!

— Céus! – Exclamei quando Dottie acabou de nos servir.

— Bom apetite. E limpem os pratos. – Ela disse sorrindo e piscou na nossa direção

— É muita comida! – Exclamei.

— Diz aquela que o estômago está gritando de fome! – Ele respondeu sarcasticamente levando um enorme pedaço das panquecas à boca.

— Você ouviu?! – Perguntei envergonhada.

— Um tanto impossível não ouvir esse grito de socorro! Vá, alimente essa coisa antes que ela te devore.

Olhei para os pratos na minha frente, e decidi experimentar o chá primeiro.

— Sério? Com as panquecas cheirando desse jeito, você vai tomar o chá?

— Estou com sede! – Rebati.

— Essa água suja está quente!

Eu senti meu rosto esquentando.

— Não é água suja! É chá! E nunca mais repita isso na frente de uma pessoa que mora há treze anos na Inglaterra. – Ameacei.

— Sinto te dizer, mas você não mora mais na Inglaterra.

— Força do hábito! – Murmurei e dei uma golada no chá, que desceu queimando e longe de matar a minha sede.

— Queimou? – Ele perguntou, um tanto debochado e um tanto preocupado.

— Não. – Menti na cara dura, mesmo que meus olhos estivessem cheios de água e parti para as panquecas.

Alexander, na minha frente, começou a bater na mesa, como se fosse o rufar de um tambor.

— Para que todo esse barulho? – Perguntei com o garfo a meio caminho da boca.

— Coma logo, quero ver a sua reação!

Rolei os olhos e dei a primeira mordida. E, Meu Deus! Eram as melhores panquecas que eu já tinha comido na vida.

— Mais uma para o fã clube, Dottie! – Alexander gritou.

— Não duvidei nem por um minuto, Alex. Essa aí tem cara de que come de tudo.

Fiquei novamente vermelha, a garçonete não errava uma!

E enquanto eu tentava fazer o meu rosto voltar à cor normal, Alex pegou o garfo dele e roubou uma panqueca inteira do meu prato!

— Hei! – Reclamei, mas isso não o impediu de continuar. Como vingança pesquei uma no prato dele. – agora estamos quites. – Falei diante de seu olhar injuriado. – E não me olhe assim, foi você quem começou, se não tivesse roubado uma das minhas, não teria perdido essa, que, por sinal, está ótima também!

Ao fundo só escutei a risada de Dottie, não sei se ela ria de alguma coisa que o casal que estava a algumas mesas de nós dissera ou se ela estava prestando atenção exclusiva na nossa mesa, mas nas poucas vezes que o meu olhar cruzou com o dela, ela parecia genuinamente feliz que Alexander estivesse de volta ao restaurante.

Se, quando os pratos foram colocados na minha frente eu achava praticamente impossível que conseguiria comer tudo aquilo, me surpreendi quando vi que todos estavam vazios, tudo bem que Alex roubou outras duas panquecas minhas e, me impediu de tentar reaver as roubadas, acontece que eu comi uma dose cavalar de açúcar e não eram...

— Ai meu Deus!! – Me surpreendi ao olhar para o grande relógio de parede do local. – Eu estou mais do que atrasada agora!

Alex olhou para o próprio pulso e conferiu as horas, eram 8:45, e eu ainda tinha que ir em casa, tomar banho para colocar o meu figurino de executiva.

— Não está não.

— Como não? Na Inglaterra, uma hora dessas, eu já estava no escritório há tempos!

— Você não é a chefe? Pode se atrasar!

— No primeiro dia? Grande exemplo! – Peguei o último pedaço de torta e coloquei na boca.

— Você vai notar que tem muitos funcionários que preferem chegar mais tarde e ficar até depois do horário do que madrugarem no local de trabalho.

— Não é a minha filosofia de trabalho! – Resmunguei. – Dottie, por favor! – Chamei a atenciosa mulher.

— E agora, tá fazendo o que?

— Pagando a conta! Não é óbvio?

— Eu te convidei para o café da manhã! – Ele retrucou.

— Sim, mas sou da seguinte política, cada um paga o seu, a não ser que seja uma ocasião especial.

— Nem pensar.

— Não faça isso! – Rebati.

Dottie vendo a nossa briga pela conta, entregou a cada um a comanda trocada.

— Já que querem tanto pagar a conta, cada um paga a do outro e problema resolvido!

Olhamos para a garçonete que esperava pelo dinheiro.

— E não se esqueçam da gorjeta! – Avisou.

Entregamos o dinheiro e Dottie conferiu a gorjeta com a mesma feição que a professora de primário faz quando um aluno vai à mesa dela.

— Uhn... muito bem. Agora, vocês vão parar de brigar?

— Nós não estávamos tecnicamente brigando. – Falei.

— Essa teimosa aqui só estava sendo estraga prazeres e ao não me deixar pagar a conta. – Alex rebateu olhando para mim.

— Eu posso pagar as minhas contas. – Encarei-o.

— E quando eu vou poder pagar uma conta sua? Depois de nos casarmos? – Ele disse com um semblante um tanto contrariado.

Vi Dottie sair sorrindo, depois das palavras de Alex.

— É muito difícil para você só aceitar que mulheres podem ser independentes? – Frisei enquanto caminhávamos para a porta.

— Não é isso! Ótimo para você que pode pagar as suas contas, mas eu tenho uma regra.

A essa altura já estávamos ao lado de nossos carros.

— E mesmo? Que regra?

— Quando eu convido uma mulher para sair, eu pago. – Ele disse sério.

— Aquilo não foi um encontro! Foi café da manhã! – Retruquei,

— Mesmo assim, eu te convidei, era minha obrigação pagar.

— Só na sua cabeça. Acorde, pois detesto furar a sua bolha, estamos no século XXI!

Alexander cruzou os braços e me encarava. Eu o encarei de volta. A distância entre nós era mínima, nossos braços cruzados não se tocavam por milímetros.

— Sábado, vai ser um encontro. E eu vou pagar, e não dê um ataque de feminista xiita. Não estou te rebaixando. Fui criado assim.

— Pois eu... – Eu juro que iria responder algo muito profundo, rebateria de vez os argumentos do século retrasado dele, só que, ao mesmo tempo em que Alex estava escorado no carro dele, ele já estava na minha frente, suas mãos seguravam o meu rosto e ele me beijava.

Não era para ser tão rápido, não era para isso ter acontecido!

Mas parecia tão certo! Seus lábios nos meus. Sua respiração no mesmo compasso da minha.

E, enquanto eu o beijava de volta e tentava a todo custo me fundir a ele, eu tive uma outra visão.

Um beijo.

Nosso beijo.

Tantos séculos atrás.

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Século VIII - Onde hoje é o território da Noruega

Meu vestido tinha sido bordado a tempo, todas as mulheres da aldeia participaram, como bem manda a tradição. E eu já estava pronta, com uma coroa de flores na cabeça, anéis nos dedos e um belo cordão, que está na minha família há gerações, no pescoço. Agora era só aguardar o momento de a cerimônia começar.

Escutei a movimentação no pátio, podia ouvir vozes, os vizinhos chegavam e se faziam à vontade. Apurei meus ouvidos para ouvir o único tom de voz que realmente importava.

E não tardou e pude ouvir os homens da aldeia começarem a parabenizá-lo pelo casamento.

Modéstia à parte, eu por um tempo fui uma moça disputada, até que escolhi Alexander. Para todos da tribo, isso era uma blasfêmia, mulheres não escolhiam seus maridos, mas, com o passar do tempo, ficou claro que não era só uma escolha da minha parte, Alexander também me escolhera e, para a tristeza de alguns, hoje eu iria me casar.

Conforme a tradição, não há muitas formalidades, a não ser o momento em que meu pai me entregará ao meu marido, junto com meu dote, depois disso, precisamos ser vistos, por no mínimo seis pessoas diferentes e nosso casamento estará consumado.

Contra as ordens de minha mãe, espiei por trás da cortina, o pátio de casa estava lotado. Seria fácil ser considerada uma mulher casada. Antes que alguém pudesse me ver espiando, voltei ao centro do cômodo e fiquei parada, olhando para porta, tentando mentalmente chamar meu pai para que a celebração começasse.

Papai demorou a aparecer e antes de me levar para o pátio, me encarou.

— O que eu vou fazer sem você aqui para me ajudar? – Me perguntou.

— Tyr é o verdadeiro herdeiro papai, nós sabemos disso.

— Não sei se eu estou pronto para te deixar pertencer a outra família.

— Eu não vou estar muito longe, e o senhor bem sabe, Alexander não vai mandar tanto assim em mim...

Papai deu uma gargalhada tal alta que soou como se fosse um dos trovões invocados por Thor.

— Vamos logo, antes que eu desista de te entregar e tenha que jogar todo aquele hidromel fora.

Papai me levou pelo pórtico e logo estávamos no pátio, mesmo sendo quase inverno, era um belo dia de sol, claro que fazia frio, mas quando não fazia frio em nossa aldeia?

Ao passar no meio de nossos vizinhos pude ouvir alguns murmúrios de que, finalmente, alguém colocaria uma rédea em mim. Olhei para meu pai. Ele sabia a verdade.

Do outro lado do pátio, sentado na maior mesa, estava ele. E assim que me viu, abriu um sorriso.

Caminhei no ritmo de meu pai, até que paramos frente a frente. A troca de dote foi feita e, assim que Alexander pegou a minha mão, eu já não pertencia à família de Hansi, mas sim de Alexander, uma nova família nascia ali.

Com a troca feita na frente de tantas pessoas, o casamento estava consumado e passamos para alguns jogos, um pequeno torneio onde os solteiros tentavam demonstrar que teriam sido um marido muito melhor. Acontece que Alexander ganhou todos os jogos que participou, demonstrando mais uma vez que ele era o melhor.

O brinde com hidromel foi feito e a anciã da tribo caminhou até a minha direção e nos abençoou em nome de Frigga, a Deusa protetora dos casamentos, das famílias e da fertilidade.

Alexander, para encerrar a celebração, levantou uma espada e recitando todos os seus antepassados, me aceitou na família.

Eu era uma mulher casada enfim. O que não mudava em nada a nossa relação.

Quando saímos da fazenda de meu pai para irmos para nossa casa, recebi o elogio que me marcaria para sempre.

— Nos fizeram jurar perante os Deuses, mas tenho certeza de que Freya está com inveja de você hoje. – Alexander me disse na porta de nossa casa.

— E nem Thor ganharia de você nos jogos. – Falei e lhe dei um beijo.

Nossa vida começava agora!

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Califórnia, 2021

Nosso beijo só terminou porque precisamos de ar, e eu fiquei um tanto estática, não porque Alex tinha me beijado, mas pela imagem que vi. E ele interpretou o meu silêncio de forma errada.

— Eu... Katerina. Eu sei que... – Ele lutava com as palavras enquanto eu o olhava nos olhos.

Para calar as palavras sem sentido que ele falava, eu apenas coloquei um dedo na frente dos seus lábios, enquanto eu tentava fazer meu cérebro voltar a funcionar.

— Não. – Eu comecei. – Precisa-se de duas pessoas para um beijo desses. – Falei depois de um tempo enquanto ele apenas ficou quieto, parado me observando, simplesmente seguindo o que eu havia lhe pedido.

Alex suspirou e parecia que eu tinha tirado o peso do mundo de suas costas ao dizer isso.

— Eu te juro que não planejei esse beijo.

Eu senti meu rosto esquentar, ainda podia sentir o gosto dele em minha boca e ficar tão perto dele assim era tentador demais, acontece que eu não tinha como me afastar dele, pois estávamos entre nossos carros. Assim, agindo de uma forma que eu nunca agi, cedi aos meus desejos e o beijei novamente, encerrando o beijo quando eu quis.

Alex levantou uma sobrancelha diante do que fiz.

— Eu deveria reclamar por ser atacado assim. – Ele disse brincalhão.

— Só testando uma coisinha. – Falei.

— Que é? – Ele não desfez o abraço dessa vez e descansou as mãos na minha cintura.

— Se você era de verdade.

E ele gargalhou.

— É você que vem lá do Polo Norte, tem uma cor estranha de olhos e eu que sou de mentira?!

— Vai saber, talvez meu avião caiu, e eu fui levada para o inferno.

— Então você era uma menina má na Europa... interessante. Quero saber mais.

— Sabe o que você tem que saber? – Cheguei só um pouquinho perto dele e o convencido achou que ganharia outro beijo.

— Não. Algo interessante?

— Oh! Muito. - Parei um pouco e fiz um suspense. Alex me encarava até que fallei: - Eu tenho que ir trabalhar!!

Ele me soltou, escorou no próprio carro e fez algo que eu só posso definir como beicinho.

— Com tanta mulher na Califórnia, eu tinha que me apaixonar justamente pela única que veio do inverno e tem horário fixo no trabalho. Eu não tenho sorte!

— Tadinho do Garoto da Califórnia! Sofre tanto! – Apertei a bochecha dele. – Mas é sério. Estou atrasada. Preciso ir. – Destravei meu carro e ia entrar quando ele me segurou gentilmente pelo cotovelo.

— Espere. Vamos correr amanhã?

— Só se for mais cedo... hoje ainda posso usar a desculpa que me perdi e não sabia que o trânsito era tão louco...

— Tudo bem. – E ele parou.

— Mais alguma coisa que queira me perguntar?

— Bem, eu já te paguei o café da manhã... – Ele começou e eu me vi na obrigação de interrompê-lo.

— E eu paguei o seu.

— Então nisso estamos quites. – Ele não falou isso muito animado. – Porque você tem que ser a independente aqui, mas voltando, paguei o seu café, te dei um beijo. Mereço um brinde.

— Um brinde? – Estava abismada com a cara de pau da criatura.

— Sim, alguma objeção sobre seu sobrenome ou telefone?

— Vai pesquisar no Google direito dessa vez? – Brinquei.

— Com mais informações fica mais fácil. – Ele deu de ombros, mas notei um leve tom de rosado nas bochechas e orelhas dele.

Abri a porta do carro e me sentei no banco do motorista, busquei no porta-luvas por meus cartões e, atrás escrevi o número do meu celular pessoal.

— Qual é, Kat! Não pedi tanto assim! – Ele se desesperou com o meu movimento

— Mas o Garoto do Papai não sabe esperar, hein? – Falei, ainda sentada dentro do carro e entregando um cartão a ele. – Para te ajudar quando você for pesquisar sobre mim.

Ele pegou o cartão, olhou o emblema da empresa, arregalou os olhos.

— Sério?

Dei de ombros.

— E eu espero que você fale finlandês muito bem... como eu te disse mais cedo, você deveria ter aberto as páginas nas quais não entendia uma palavra. – Pisquei para ele e recoloquei os óculos. – Agora é sério, tenho que ir.

— Não vai querer o meu número? – Ele perguntou um tanto ofendido.

— Acho que sei usar as ferramentas de busca com mais eficiência do que você... vamos ver se eu vou gostar do que eu vou encontrar...

Alex segurou a porta do meu carro, me impedindo de fechá-la, e se agachou do meu lado, só para me dar outro beijo.

— Discutimos nossos achados amanhã na corrida.

— Você é fluente em finlandês?

— Sou fluente em Google tradutor. – Foi a vez dele de piscar para mim e depois fechou a porta. – Dirija devagar. Você não conhece essas ruas.

Dei uma risada.

— Tá preocupado comigo?

— Mas é claro, você é novata em dirigir na cidade grande.

— Já que é assim, vamos ver se você descobre outro segredinho meu. – Liguei o carro e dei uma acelerada bem alta.

— Na verdade, estou preocupado com o carro. – Ele disse.

— Eu sabia! Eles só chegam perto de mim por conta dos carros. – Fiz cara de mártir.

Carros? Plural?

— Se você está achando este aqui um exagero, devia ver o que ainda vai chegar da Europa. Como eu te disse, estou chegando na cidade. – Arranquei o carro e deixei o apaixonado por carros olhando para as luzes traseiras do meu Porsche.

Mesmo com o trânsito pesado, cheguei em casa em tempo recorde. E dentro de casa parecia que eu corria uma maratona, enquanto me arrumava.

Tive que fazer uma lista mental de tudo o que tinha que fazer para não esquecer nada de importante.

— Banho, maquiagem, roupa, sapato, bolsa, pastas, computador, colocar comida e água fresca para a dupla de preguiçosos .... – Foi contando nos dedos. – MERDA!! – Gritei quando vi a bateria do celular. – Onde eu joguei o carregador portátil?

Depois de vasculhar o apartamento, achei no meu escritório, rezei para que pudesse carregar o celular ali, até que chegasse no escritório.

— Tchau meninos, comportem-se! – Falei da porta em direção a Thor e Loki e corri pelo hall até o elevador.

Fui conferindo a agenda e ainda bem que tinha marcado a primeira reunião para a parte da tarde. Uma olhada no relógio de pulso e vi que chegaria às 10:00 horas.

— Que exemplo! – Murmurei enquanto acelerava o carro pela garagem e tomava a rua.

Todo esse atraso teve uma parte boa, e não foi o beijo, mas o trânsito que, com a maioria das pessoas já quase chegando aos seus trabalhos, me deu pista livre para acelerar e reduzir o meu atraso.

Às 9:35, graças à minha direção maluca, coloquei os pés no andar da Diretoria Executiva. Milena já estava em sua mesa e me olhou engraçado.

— Bom dia, Katerina! Se perdeu?

— Você não faz ideia! Bom dia.

Minha secretaria deu uma risada.

— Se me permite, todos se perdem quando chegam aqui. As saídas dos viadutos são confusas.

Coloquei minhas coisas no lugar e olhei para Milena.

— Confusas? Nem o Waze sabe qual é a saída menos congestionada! – Comentei. A verdade era que isso tinha acontecido comigo, na quinta-feira, mas ela não precisava ficar sabendo a verdade. – Agora, indo para assuntos mais importantes, como estão todos?

Milena deu uma risada.

— Ainda não são 10:00 horas, a política desse escritório é a seguinte: surfe e corrida primeiro, trabalho depois. A escolha da maioria dos funcionários aqui é essa, pelo menos.

Então Alexander não tinha exagerado, afinal. – Pensei.

— Bom saber. – Comentei. – Deveria ter perguntado isso na sexta-feira.

— Em Londres...

— Eu começava às 7:30.

— Se isso acontecer aqui... creio que haverá uma pilha de demissões. – Milena me informou.

— Não vai acontecer. Vou seguir o ritmo de vocês, afinal, o escritório já andava assim antes de mim e funcionava muito bem. E, em time que está ganhando, não se mexe.

— Então eu posso chegar às 10:00 amanhã?

— Mas é claro! Eu me adapto ao que está ao meu redor, não se preocupe. Foi esse o motivo da reunião com os funcionários ter sido marcada para às 14:00?

— Sim. – Ela me respondeu sem graça.

— Ótimo. Vou ter tempo para estudar o mapa para chegar aqui sem me perder amanhã. – Brinquei.

— Será menos uma dor de cabeça.

— É o que eu espero. – Comentei e Milena pediu licença para se retirar e começar a trabalhar.

E eu teria que me adaptar a muita coisa.

Principalmente à loucura na qual eu estava me jogando de cabeça e sem pensar nas consequências.


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Notas finais do capítulo

Bem, eu não inventei a tradição viking do casamento, tirei deste site aqui: http://nibelungsalliance.blogspot.com/2011/08/kostr-casamento-viking.html
Quem quiser visitar e ler um pouco sobre a cultura viking, fique à vontade.
Muito obrigada a você que leu!
Semana que vem tem mais!
xoxo



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