As palavras que não refletem seu coração escrita por Kogoe Mimiuchi


Capítulo 6
Capítulo 6 - Você tem que derrotar o boss


Notas iniciais do capítulo

As garotas trabalham como um time nesta sexta-feira decisiva. Será que elas conseguem descobrir quem é o noivo da Mei?
Enquanto isso, a herdeira dos Aihara não desconfia de nada do que as amigas andam fazendo.



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Na casa dos Sakamoto, Megumi e seu irmão Koichi estão conversando sobre como tudo mudou nesses últimos cinco anos em que a garota ficou fora. Dos vários amigos de Megumi, pouquíssimos permaneceram na cidade. Ela está no sofá lendo as mensagens no celular, tentando entrar em contato com alguns dos ex-colegas.

— Poxa, é só eu ficar cinco anos fora e todo mundo resolveu mudar! Não tem mais quase ninguém dos meus tempos de colegial na cidade. A maioria ou foi para uma faculdade em outra província, ou se casou, ou resolveu se mudar para o exterior.

— Não sei do que você está reclamando, Megumi. Você mesmo enquanto esteve no Canadá quase nunca dava notícias, era apenas uma vez por mês e olhe lá. Mamãe e papai ficaram preocupados com seu sumiço, já estavam quase me mandando para a América do Norte te procurar.

— Koichi, como você é cruel! Não foi de propósito,eu juro! A rotina na faculdade estava tão puxada, e eu estava trabalhando num emprego de meio período, chegava em casa toda moída. O custo de vida lá não é barato, e a bolsa sozinha não era suficiente para cobrir todos os gastos extras que eu tive com cursos e treinamentos, roupas para suportar o frio e tudo mais.

— Megumi, Megumi... sempre dando uma desculpa! Incrível como ainda consegue se safar, não sei que dom é esse. Pois saiba que seus amigos dos tempos de escola também tem uma vida para seguir, eles não vão ficar cinco anos esperando você voltar e continuar do mesmo jeito.

— Só duas pessoas ainda estão na cidade, e são a Rika-chan e o Kenji-kun. Acho que vou entrar em contato com eles amanhã, já que hoje à noite vou dar uma passeada com minha bike.

— Você devia era comprar equipamentos de segurança novos, seu capacete, joelheiras e cotoveleiras já não prestam mais. Desde que melhoraram algumas ruas aqui perto de casa, é comum ver um tráfego maior de carros. É melhor tomar cuidado, ainda mais à noite, quando várias pessoas estão saindo do happy hour com colegas de trabalho.

Durante esses anos todos num país tão diferente do Japão, nada de ruim ou de diferente aconteceu para Megumi; ela se acha muito sortuda de praticamente tudo ter dado certo em sua vida. A jovem acha que seu irmão está sendo exagerado, que não deve haver perigo apenas para um passeio de bicicleta perto de casa.O capacete e os demais equipamentos de segurança não devem ser um problema, é apenas uma noite e ela não irá tão longe assim.

— Ah, eu comprarei novos equipamentos depois. É só uma saidinha, oras! Acho que sou um vaso ruim, nesses anos todos nunca aconteceu nada de diferente do usual comigo. E o Japão é um país seguro, não é como se de repente um doido aparecesse do nada para me atropelar justo agora que voltei para cá.

— Ok, então, moça sortuda e abençoada, continue contando com a sorte. Um dia desses vai que você se depara com alguma situação ruim? Hahaha!

“Koichi bobo! Eu tenho um anjo da guarda forte, tenho certeza de que nada ruim acontecerá comigo!” , pensa Megumi. Com os olhos de volta ao celular, a garota manda mensagens para Rika e Kenji, esperando que os três possam se encontrar em algum dia desses.

—______________

Harumin chega à Academia Aihara quase no mesmo horário em que as integrantes do conselho entram na escola. As outras garotas estranham uma aluna que já foi punida várias vezes junto com Yuzu chegar num horário tão inesperado. “Por favor, vice-pres, espero que você já tenha chegado ao conselho! Quanto mais tempo tivermos a nosso favor, melhor para Yuzu! Não quero ver minha amiga sofrendo por aí!”, Harumin pensa, mantendo as esperanças.

A caçula dos Taniguchi passa pelas integrantes responsáveis pela verificação dos uniformes logo na entrada do colégio, mas não pergunta nada a elas. Harumin entra no prédio, vai até o armários trocar os sapatos e sai correndo para o andar superior, na esperança de encontrar Himeko sozinha na sala do conselho. Como quase todas as meninas do conselho estão na entrada, Harumin não é repreendida por ninguém enquanto sai em disparada subindo as escadas.

Ofegante, a garota chega enfim à sala do poderoso conselho e bate à porta, que se abre após alguns segundos de espera.

— Quem é a esta hora? — A voz de dentro pergunta.

— Por favor, preciso falar com a vice!

— Taniguchi? O que está fazendo aqui logo cedo? — Himeko se espanta com a visão da garota ofegante logo à frente.

— Vice-pres, eu sei que não é um horário usual, mas eu preciso falar com você. Acho que já tenho pistas sobre o noivo da kaichou!

— Como assim? Como você conseguiu? Entre, vamos aproveitar que as outras meninas estão encarregadas na entrada do colégio.

Dentro da sala do conselho, as duas se sentam assim que Himeko oferece um copo de água à Harumin. Ansiosa pelas informações, Himeko espera que a outra garota retome o fôlego para despejar tudo o que sabe.

— Ah, que ótimo ter encontrado você logo cedo! Eu vim correndo para cá assim que terminei de tomar café com minha irmã. Eu não contei nada sobre o nosso plano hoje para Mi-chan, mas de alguma maneira ela contou o que ouviu no trabalho.

— Puxa, esqueci que Mitsuko-senpai poderia saber de algo vindo do grupo Aihara, já que ela trabalha no escritório do presidente. Apesar de que não é de bom tom contar o que se passa no ambiente profissional para os outros, desta vez foi ótimo saber que ela ouviu algo a respeito do noivo de Mei-mei!

— Então, vice-pres, a Mi-chan não sabe exatamente quem é o noivo, mas tem algumas informações sobre a família dele. Segundo ela, o noivo é de uma família responsável por uma rede de restaurantes no Japão, mas parece que ele não trabalha no negócio. Ele tem uma cafeteria na cidade vizinha, um estabelecimento que ele criou à revelia da família.

— Hmm, deixe eu ver se lembro de algum contato dos meus pais que tenha relação com alguma rede de restaurantes... Se eu não tiver ideia, vou perguntar para Shiraho-senpai se a família dela conhece. De qualquer maneira, com a despedida de Mei-mei hoje, talvez eu consiga mais alguma informação, apesar de que ela está mantendo o nome do noivo muito bem guardado.

— Mas por quê? Qual o motivo de não revelar o noivo nem para você, que é a melhor amiga dela? O avô dela impôs algum tipo de cláusula em contrato, ou ela não quer mesmo que saibamos de imediato quem é o futuro marido dela, principalmente a Yuzucchi?

— Sinceramente, Taniguchi-san, não sei explicar. Desde que Mei-mei saiu da convivência com Yuzu, ela têm agido de uma maneira estranha, que me lembra muito a época em que os pais se divorciaram e ela ficou sozinha, morando com o avô. Parece que a vida perdeu sentido, nada mais importa de agora em diante. Eu estou muito preocupada sobre o que pode acontecer se esse casamento realmente acontecer.

— Meu medo é de que nosso plano de resgatar a kaichou do casamento arranjado dê muito errado. Imagine a tragédia que será tanto para Yuzucchi quanto para a kaichou!

— Taniguchi-san, é difícil, porém não impossível! Precisamos acreditar que nossas amigas sairão ilesas de toda essa situação. Lembre-se de que eu estarei pronta a apoiar Aihara Yuzu nessa empreitada, tudo para a felicidade da minha querida Mei-mei! Consigo disponibilizar o carro da minha família e o motorista do meu pai para isso, assim como Shiraho-senpai também prometeu.

— Vice-pres, eu quero muito que o plano dê certo. Não queria amarelar justo agora, mas parece tão difícil obter informações a respeito do noivo.

Himeko se levanta e para em frente a Harumin, e uma de suas mãos segura o ombro da caçula dos Taniguchi. As duas se olham e sorriem uma para outra, na esperança de que algo bom pode acontecer nas próximas horas.

— Taniguchi-san, de algum jeito nós vamos conseguir descobrir. Confie em todas nós!

Harumin se levanta e agradece a Himeko pela conversa. As duas se despedem e a amiga de Yuzu desce até o andar onde sua sala está, ansiosa para encontrar a loira e contar o que sabe. Enquanto isso, ela tira o celular de dentro do uniforme e manda uma mensagem para Matsuri.

 

—______________

— Matsuri! Espera aí!

— Nene, se apresse, anda! Harumin-senpai acabou de mandar uma mensagem, parece que ela conseguiu algumas informações com a irmã dela!

— O quê? Significa que conseguiremos ajudar Yuzu-senpai a resgatar a kaichou?

— Tenho esperança que sim, mas isso dependerá de outros fatores. Parece que Mitsuko-senpai não tem o nome exato do noivo, mas sabe algo sobre a família dele.

— Urgh, não me fale em Mitsuko-senpai, eu tenho um medo imenso dela e daquele olhar de quem vai matar quem contrariar as ordens dela! Me lembrei da época em que Yuzu-senpai quase foi expulsa por minha causa! E a kaichou ainda veio atrás de mim, querendo saber o que eu tinha visto na Yuzu-senpai. Ela deve ter odiado me ver andando com a irmã dela de um lado para o outro.

— Parece que demos sorte, a irmã da Harumin-senpai nos ajudou indiretamente com as informações. E você deveria saber que a Mei-san é muito ciumenta, viu? Mexer com a Yuzu-chan é o mesmo que assinalar sua sentença de morte. — A garota de cabelo rosa incita o terror em Nene.

Não demora muito e as duas garotas chegam ao colégio, onde passam pelo crivo do conselho escolar. Assim que trocam os sapatos, elas vão até a sala onde Harumin está.

— Bom dia, senpai! Recebemos a sua mensagem! Tive que arrastar a lerda da Nene, senão nem conseguiria te encontrar aqui antes das suas colegas de classe.

— Bom dia para as duas! Ainda bem que chegaram, já informei a vice-pres sobre as informações que consegui através de Mi-chan! Shiraho-senpai ficou de nos ajudar também, então teremos de aguardar um pouco. Só espero que tudo dê certo.

— Mas então, senpai, que informações são essas que você conseguiu com sua irmã? — Nene pergunta.

— É o seguinte... de acordo com minha irmã, o noivo é de uma família dona de uma rede de restaurantes. Ele tem uma cafeteria na cidade vizinha, mas a família foi totalmente contra ele ter aberto um negócio próprio, já que os pais esperavam que ele assumisse um papel importante nas empresas da rede. Penso que, agora que ele está noivo da kaichou, a família tenha convencido ele a abrir mão do próprio negócio.

— Harumin-senpai, que estranho, parece que estou tendo uma espécie de déjà-vú... algo aí me parece familiar, mas não consigo me lembrar no momento. — Matsuri está pensativa pois a situação relatada por Harumin a fez lembrar de algo, mas ela não sabe o que é.

— Olha, Matsuri, se for alguma bobagem, me poupe,viu? Você e Nene só me deixam em apuros nos momentos em que eu mais preciso das duas!

— Harumin-senpai, eu juro que depois daquele episódio com sua irmã aqui no colégio eu prometi nunca mais colocar você e a Yuzu-senpai em apuros! Por favor, não me abandone! Uaaaaahhhhh! — Nene começa a choramingar.

— Não se preocupem, ainda não vou abandonar as duas. E hoje vou precisar das senhoritas, caso a vice-pres consiga arrancar informações da kaichou. Elas terão uma espécie de despedida hoje, pode ser que alguma informação nova chegue até nós.

— Que estranho, a Yuzu-chan ainda não chegou... ela devia chegar mais cedo hoje, já que é ela quem vai salvar a princesa das mãos do dragão.

— Por incrível que pareça, Matsuri, ela ainda está no horário. Nós é que nos adiantamos por conta do que eu descobri. — Harumin sorri para as duas garotas. — Vamos tentar nos encontrar no horário do intervalo, talvez a gente consiga animá-la até lá.

—______________

 

Yuzu chega ao colégio e vai ansiosa encontrar Harumin na sala de aula. Ela não sabe o que a espera.

— Harumin, bom dia!

— Yuzucchi, muitíssimo bom dia! Preciso conversar com você, é sobre a kaichou!

— Como assim? Você descobriu alguma coisa nova? Me diga, Harumin!

— Sim e não, vou te explicar. A Mi-chan trabalha para o grupo Aihara, e ouviu algo a respeito do casamento, mas infelizmente não conseguiu o nome do noivo. Mas pelo menos sabemos que é um herdeiro de uma rede de restaurantes. Já passei as informações para a vice-pres, pode ser que a família dela ou da Shiraho-senpai saiba ou conheça a figura.

— Ah, por que essas famílias ricas precisam de toda essa frescura para casar os filhos? São várias redes de restaurantes no Japão inteiro, e provavelmente o avô da Mei é muito bem relacionado, vai ser praticamente impossível sabermos quem é a pessoa! Parece que a cada minuto, a Mei fica cada vez mais fora do meu alcance.

— Yuzucchi, eu sinto muito por não ter conseguido mais informações a respeito. A Mi-chan apenas ouviu de maneira superficial, e mesmo que ela soubesse dos mínimos detalhes, ela não poderia contar tudo, pois correria o risco de ser demitida.

— Não se preocupe, Harumin. Só de você obter essas informações já me ajudou de alguma maneira, agora teremos que esperar Momokino e Shirapon-senpai.

— A vice-pres vai tentar descobrir algo na despedida da kaichou, pelo que parece. Então trate de não perder as esperanças, Yuzucchi. Nós vamos dar um jeito!

— Sim, Harumin, eu não posso perder as esperanças logo agora. Eu sempre acho um jeito de conseguir as coisas, não vai ser agora que vão me parar.

— Na hora do intervalo a gente esfria a cabeça, que tal? Nene, Matsuri e eu estamos aqui para o que der e vier. — Harumin abre um sorriso e dá uma piscadela para Yuzu, que imita a amiga.

 

—______________

Um carro preto de luxo estaciona em frente à entrada da escola, e de dentro dele sai a pessoa mais esperada do dia.

— Bom dia, kaichou! — Falam em uníssono todas as integrantes que estão na entrada para checagem dos uniformes.

— Bom dia e bom trabalho a todas! Conto com o esforço de vocês hoje! — Mei responde no seu tom normal de presidente.

Da janela da sala do conselho, Himeko vê a chegada de Mei e respira fundo, pensando no que vai perguntar para a amiga. Vai ser uma tarefa difícil, considerando que nas últimas ocasiões a ojou-sama deu respostas evasivas para a amiga de infância. “Droga, preciso pensar em algo que faça Mei-mei falar a respeito desse noivo! Pense, Himeko, pense!”, a vice-presidente se irrita consigo mesma por não ter nenhum plano montado. Para espairecer, Momokino decide fazer um dos seus chás importados.

Cinco minutos depois, Mei chega à sala do conselho e encontra Himeko sentada em à mesa de reunião.

— Bom dia, Himeko! Vejo que se adiantou bastante para hoje.

— Bom dia, Mei-mei! Engano seu, você é que chegou mais tarde hoje! Mas você tem todo o direito, já que é um dia especial.

— Não tão especial quanto eu gostaria que fosse, mas cumprindo os passos definidos pelo meu avô está tudo bem.

Mei vai até o armário do conselho e verifica algumas pastas com documentos para ver se não se esqueceu de nada antes de passar o cargo à amiga. Enquanto a ojou-sama percorre os olhos pelos papeis, Himeko observa o comportamento de Mei antes de emitir alguma palavra.

— Hein, Mei-mei... eu não gostaria de ser enxerida ou me meter demais nos seus assuntos, mas uma coisa que me chamou a atenção até agora é que você não disse quem era o seu noivo.

Ao ouvir Himeko, Mei para de manusear os documentos do conselho e direciona o olhar à Himeko, que sente ter pisado em um território perigoso. A herdeira dos Momokino quase pede desculpas pela pergunta, mas Mei decide falar.

— Himeko, me desculpe por esconder vários detalhes sobre o casamento, é que eu realmente não me sentiria confortável anunciando aos quatro ventos sobre esse evento. Pedi até mesmo ao meu noivo que guardasse segredo e não comentasse sobre o assunto com ninguém. Quando chegar o momento de enviar os convites, você saberá quem é ele.

— Eu sou sua melhor amiga, você pode confiar em mim. Sabe que entre nós você não precisa esconder nada. Sempre fui sua confidente e estarei aberta a qualquer conversa que você queira ter.

— Sabe, Himeko, estou tratando esse enlace como um contrato de negócios, porque no fundo, é isso o que esse casamento arranjado é: duas famílias financeiramente bem estabelecidas unindo seus filhos para que a fortuna e o status de ambas continue por muito tempo. Então, não sei se faria diferença para os outros saberem quem é a família do noivo e o próprio. Mas o que posso te adiantar é o seguinte: ele é uma pessoa calma e gentil, tem 30 anos, uma idade em que a família já começa a se preocupar se os filhos vão se casar ou não. Por coincidência, os pais dele já estavam decididos a procurar por uma noiva e souberam que meu avô também estava atrás de alguém para mim, então o trato foi feito. O vovô achou que o temperamento dele seria ideal para uma pessoa como eu, então combinou praticamente tudo.

— O seu noivo também é o único herdeiro da família? Aliás, pelo menos algo sobre a família você poderia me contar? É q-que... vai que eu já conheça, não é mesmo? Pode ser algum conhecido dos meus pais também, então se eu tiver pelo menos uma ideia, eu ficaria mais tranquila em relação a você.

— Bem, a família dele é daqui de Tóquio, mas ele mesmo morava na cidade vizinha e tocava uma pequena cafeteria sozinho, além de cuidar de uma pequena pousada durante as férias. Como o irmão mais velho já se casou e está se preparando para assumir os negócios, os pais dele acharam melhor que ele seguisse pelo mesmo caminho, e o convenceram a fechar a cafeteria repentinamente. A família possui uma cadeia de restaurantes, já possuem expertise no ramo, mas ele abriu a cafeteria com o intuito de ter mais independência. E agora ele voltou a morar na mansão dos pais aqui na capital.

— Bem, pelo que você contou, ele não me parece ser uma má pessoa, então acho que isso me tranquiliza um pouco. Espero que vocês consigam se entender bem...

Himeko termina sua fala com desânimo. Mei percebe e muda de assunto.

— Ah, Himeko, não é melhor você já descer e ir para a sala de aula?

— Puxa, é mesmo, que distraída que sou! Eu só preciso passar em uma sala e depois vou para a aula. Até mais, Mei-mei!

— Boa aula!

Momokino sai da sala do conselho e decide ir até Harumin e Yuzu. Ela desce rapidamente para chegar em tempo de trocar umas palavras com uma das duas e ir para a própria sala. Porém, logo depois que ela sai, o telefone na sala do conselho toca e Mei atende. A secretaria pediu a ela que fosse buscar um relatório sobre uma aluna ausente por problemas de saúde. Por azar, o professor responsável pelo relatório estava no mesmo piso em que a sala de Yuzu e Harumin ficava.

—______________

 

Harumin e Yuzu estão sentadas conversando sobre seus assuntos em comum quando uma pessoa com visual peculiar aparece na porta da sala, o que chama a atenção das demais alunas da classe. Himeko está olhando diretamente para as duas, e indica que precisa trocar apenas algumas palavras ali mesmo, na porta da sala.

— Momokino-san, o que houve?

— Aihara Yuzu, Taniguchi-san! Conversei agora pouco com Mei-mei, e ela deu apenas mais alguns detalhes sobre o noivo. Parece que a cafeteria dele fechou repentinamente após o acerto entre as famílias sobre o casamento, e além disso ele também era responsável por administrar uma pousada da família durante as férias. Fora isso, ele não é o único herdeiro, ele é o segundo filho e está na casa dos 30 anos, o que forçou os pais a procurarem por uma noiva para ele.

— Poxa, a kaichou bem que poderia revelar mais, né? Essas informações são muito genéricas, imagine quantos herdeiros de cadeias de restaurantes existem por aí, considerando que restaurante é o que não falta por aqui! — Harumin fica decepcionada com a quantidade de informações.

— Momokino-san, será que não dá para arrancar mais do que isso da Mei? — Yuzu pergunta a Himeko.

— Juro que estou tentando, mas ela é tão evasiva, disse que não tem diferença eu saber de antemão quem é o noivo, já que esse arranjo é praticamente um contrato de negócios. Se eu tivesse um pouco mais de tempo, teria ligado para Shiraho-senpai e verificado se ela conhece alguém com esse perfil. Será que vocês não conseguiriam falar com ela, na hora do intervalo?

— Mas você já não disse trocentas vezes que trazer o celular para escola é contra as regras? Não quero parar na sala da Mineko-san e ouvir o sermão dela! — Yuzu se lembra do primeiro dia de aula, em que teve o celular confiscado por Mei e teve que parar na sala de Mineko, onde teve que ouvir muitas lições.

— Olha, eu sei de cor e salteado que celulares são proibidos, mas também sei que as duas trazem os aparelhos, e nem venham me dizer que não. Mas como se trata de algo urgente, eu farei vista grossa desta vez. Só peço que achem algum local escondido para isso, senão terei que puni-las de verdade.

— Ok, vice-pres, vamos ver se Shiraho-senpai consegue nos ajudar nessa. Se conseguirmos algo, a gente vai poder falar contigo?

— Este é o problema. Durante o intervalo, provavelmente Mei-mei precisará de mim na sala do conselho. Vocês vão ter de dar um jeito.

— Espera, Harumin! Talvez possamos contar com Matsuri ou Nene, para não levantar muitas suspeitas. As duas são capazes dessa missão, eu tenho certeza.

— Bem, Taniguchi-san e Aihara Yuzu, preciso ir para minha sala agora. Espero que vocês consigam falar com Shiraho-senpai e me avisar de alguma maneira. Até mais!

Enquanto Himeko se despede e vai até sua sala de aula, Mei a vê de longe e se pergunta o que a amiga foi fazer na sala de Yuzu e Harumin.

 —______________

 

As aulas chatas do primeiro período passam, e o intervalo logo é anunciado pelo relógio na parede da sala de aula. As delinquentes do colégio se encontram na cafeteria, mas acham melhor ir para um local menos movimentado para não serem pegas por alunas do conselho. Antes disso, Matsuri compra um café gelado e um sanduíche para acompanhar as amigas.

Nene, Matsuri, Harumin e Yuzu sobem ao terraço com seus lanches. Lá, Yuzu saca seu celular e fala com Shiraho, conforme solicitado por Himeko. Matsuri ouve atentamente a descrição do perfil que a loira passa para a veterana Shirapon enquanto come seu lanche.

— Sim, Shirapon-senpai, foi apenas isso que conseguimos. Ele tinha uma cafeteria e ainda administrava uma pousada, mas a cafeteria ele fechou repentinamente e voltou à mansão da família em Tóquio, já que ele queria ser mais independente. Você conseguiria ver com sua família se há alguém com esse perfil? Diga que a família de uma amiga está sondando herdeiros para arranjar um casamento para a filha, só para disfarçar.

Matsuri estranha e sente que há alguma coisa mexendo com ela. Ela tenta puxar lá do fundo da memória o que essa descrição tem a ver com o que ela sente no momento, mas algo a impede. Harumin percebe a inquietação da garota, mas não fala nada.

— Matsuri, posso dar um golinho desse seu café gelado? Meu bentô veio com algumas coisas muito salgadas, preciso de algo para beber mas esqueci de comprar na cafeteria! Por favor, só um golinho!

— Misericórdia, hein, Nene! Você não vê o que colocam no seu bentô antes de trazer para escola, não? Só porque estou generosa hoje, eu deixo você abrir a lata e tomar UM só gole. Satisfeita?

— Não se preocupe, Matsuri, não vou acabar com sua bebida! É só para aliviar minha garganta mesmo! Obrigada!

Matsuri passa a lata para Nene, que abre e toma o café gelado. O primeiro gole causa uma face de desgosto para a garota, que devolve a lata para a garota de cabelo rosa.

— Gwaahhhh! Argh! Que gosto é esse? Parece que colocaram adoçante nesse café, está horrível! Senti como se estivesse tomando um remédio!

— Nene, sua mal-agradecida! Toma o primeiro gole do meu café e ainda reclama? Da próxima vez vou fazer você passar sede, sua ingrata! Me dá aqui essa lata!

Chega a vez de Matsuri experimentar a bebida. Para espanto dela, Nene estava certa, e o café gelado está intragável. Ela quase cospe o café, mas depois de um esforço, a bebida desce garganta abaixo.

— Eca, que desgraça! E não é que você estava certa mesmo? Desperdicei meu dinheiro com esse café enlatado de quinta categoria. Eu sempre preferi café feito manualmente, não essas porcarias industrializadas, mas por aqui só vendem as coisas prontas. Até o sanduíche não é lá essas coisas,mas ainda dá para comer. Nessas horas, sinto saudades dos tempos em que eu ia até a cafeteria do gerente, lá sim eu comia um sanduíche decente e tomava um café delicioso. Mas infelizmente ele fechou a caf... Epa! Espera aí!

 Harumin e Nene param o que estavam fazendo e olham para Matsuri. Yuzu acaba de desligar a ligação para Shiraho-senpai e não entende o que as três estão pensando. A garota de cabelos rosa pega nas mãos da loira e começa a despejar o que surgiu na cabeça dela naquele momento.

— Yuzu-chan, você disse que esse noivo da Mei-san tinha uma cafeteria e administrava uma pousada? Você não consegue enxergar alguma semelhança com certa pessoa?

— Como assim, Matsuri? Explique melhor!

— Ué, o gerente Udagawa, você não acha que esse perfil tem muito a ver com ele? Eu frequentava a cafeteria dele desde quando era pequena, eu já sabia que ele era de Tóquio, e não da nossa cidade. E, veja só, aquela pousada onde passamos um final de semana também era ele quem administrava!

— Ah, Matsuri, deve ser apenas uma coincidência! Quantas famílias ricas não devem manter pousadas e deixar os seus filhos abrirem pequenos estabelecimentos por aí?

— Mas tem um detalhe que você esqueceu, Yuzu-chan: lembra que eu disse que o café dele fechou? E, tipo, fechou do nada, repentinamente! Um dia passei em frente e dei de cara com portas fechadas e uma pequena placa. E foi justamente na época em que você e a Mei deixaram de viver na mesma casa! Eu fiquei tão triste, mas não fui saber os motivos!

— Assim como a Yuzucchi, também acho que pode ser apenas uma coincidência, Matsuri. Não é possível que o mundo seja tão pequeno assim para que o noivo seja o gerente.

— A família dele é rica, mas por algum motivo ele decidiu abrir um negócio próprio longe dos olhos dos pais. Para ele ter fechado um negócio que funcionava há vários anos no mesmo local, alguma coisa deve ter acontecido com ele. E foi assim, sem nenhum tipo de preparação ou aviso, apenas uma plaquinha dizendo que a cafeteria estava com atendimento encerrado.

— Será que é ele? — Harumin, Nene e Yuzu exclamam em uníssono.

— Só tem um jeito de descobrir. Ele é rico, se não for ele, talvez saiba quem pode ser! Esperem um minuto.

Sacando seu celular da blusa, Matsuri verifica sua agenda e liga para Udagawa. Ela pensa em uma desculpa para ligar durante o horário em que está na escola.

— Alô, gerente? Há quanto tempo!

— Matsuri! Que surpresa! E você não está no horário de aula?

— Ah, eu dou sempre um jeito. Enfim... Eu vi que você fechou a cafeteria e fiquei desapontada, não teve nenhum aviso ou justificativa.

— Sinto muito por ter deixado você na mão, mas minha família exigiu que eu fechasse a cafeteria e voltasse para Tóquio.

— Estava aqui pensando se tinha acontecido algo com você, tipo... se você tinha se casado ou se iria se casar, sabe...

— Bem, mais ou menos isso. Mas por que você quer saber?

— Por um acaso você vai se encontrar hoje à noite com alguma herdeira de um certo grupo educacional, o grupo Aihara?

Udagawa fica surpreso com a perspicácia de Matsuri e demora vários segundos para responder, não conseguindo disfarçar que a garota conseguiu descobrir um segredo que ele havia prometido a Mei guardar com toda segurança. Matsuri ouve a reação do gerente e sente que ele hesita por ter sido descoberto.

— Eu tenho um compromisso sim, mas... eu prefiro não comentar a respeito, é um assunto privado, Matsuri. Sinto muito,mas preciso desligar.

Terminada a ligação, Matsuri abre um sorriso malicioso e sente que tirou a sorte grande. Ela então se volta para as três garotas e fala o que descobriu.

— Meninas, adivinhem: o gerente tem um compromisso hoje à noite, e só de ouvir o nome Aihara ele reagiu de uma maneira diferente. Então, isso só pode indicar uma coisa.

Yuzu fica chocada por saber que o gerente, seu ex-chefe, pode ser o noivo de Mei. Numa cidade com milhões de habitantes, as pistas levaram justo a uma pessoa próxima a ela, e que inclusive já esteve em contato com a própria Mei durante a viagem à pousada.

Harumin observa a amiga e acha que é hora de acionar Himeko. Mas como fazer isso sem serem pegas?

— Precisamos avisar a vice-pres o quanto antes, até para termos o apoio para chegarmos ao local em que a kaichou e o noivo irão se encontrar. Assim, conseguiremos também acionar Shiraho-senpai e partirmos direto para lá, no horário marcado.

— Mas como, se o intervalo já está quase no fim, o Momokino deve estar com a Mei, e ela não tem celular para mandarmos pelo menos uma mensagem?

— Senpais, eu e Matsuri podemos dar um jeito! Não é, Matsuri?

— Sinto em te desapontar, Nene, mas você vai ter que ir sozinha. Eu já fui pega três vezes nas últimas semanas, não posso continuar a lavar banheiro todo mês. As integrantes estão sempre de olho em mim, então não vou conseguir passar incólume. Essa missão é sua!

Harumin e Yuzu olham fixamente para Nene, confiantes de que a garota vai transmitir a informação a Himeko sem levantar suspeitas. Sem jeito, mas disposta a ajudar sua amada Yuzu-senpai, Nene ouve as instruções e decide agir.


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Notas finais do capítulo

Bem, essa atualizou até que não demorou, não é mesmo?

Novamente, muito obrigada a tod@s vocês que acompanham esta fanfic! Vocês vão sofrer na próxima atualização!



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