Lago Negro escrita por CGillard


Capítulo 7
Capítulo 7




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I’ve been swapping morals in for favours

I’ve been making real bad choices

Mama raised me right, but she ain't here tonight

 

Logo chegaram ao salão, dirigindo-se para suas respectivas mesas. Hermione e Draco sentaram-se opostos um ao outro, enquanto esperavam a chegada dos alunos do primeiro ano, bem como a escolha de suas casas pelo chapéu. Enquanto isso, Hermione permitiu-se contemplar silenciosamente a conversa que tivera com Draco no trem, a caminho de Hogwarts. Agora que não o tinha mais andando a sua frente, ela se sentia mais centrada. Como se, fora de sua linha de visão, fosse possível ponderar sua atual situação com maior clareza.

Ela nunca esperara ter este tipo de reação. E eles nem estavam próximos, haviam apenas se olhado. Ela percebia, aos poucos, a intensidade do ritual das almas gêmeas. Seria realmente Draco sua alma gêmea? Não fazia sentido, ela era tudo que ele sempre detestou. Sempre a humilhara e desprezara, como poderia ser sua alma gêmea? Eles não eram em nada compatíveis, não havia qualquer ponto em que suas ideias convergissem. Não fazia sentido o nome em sua pele. Mas será que realmente se conheciam? Tal ideia surgiu em sua mente.

Reconhecia que, após o último ano, Draco passara por inúmeras mudanças. Mas ela não se sentia segura para confiar no jovem, não após anos de rejeição e ódio. Ele com toda certeza desejava livrar-se de tal vínculo, uma vez que ela não tinha o sangue puro. Mesmo que acreditasse que ele havia mudado sua visão sobre aquele particular assunto, era impossível que o tivesse feito a tal ponto de casar com uma.

Aceitar sua presença na sociedade era uma coisa, mas matrimônio era algo totalmente fora de cogitação, Hermione não tinha capacidade sequer de imaginar. Mesmo que não compactuasse mais com aqueles ideais, não era concebível que Draco, ao final, aceitasse aquela união. Suspirando profundamente, ela decidiu que deveria haver uma forma de se livrar de tal comprometimento. Ela sempre encontraria uma forma, e não seria diferente. Hermione, sem perceber o que fazia, passava os dedos lentamente sob as letras que ali restavam, como se a zombassem.

Draco fazia o mesmo. Ambos não notaram, mas realizavam os mesmos movimentos, como se estivessem frente a um espelho. O mesmo olhar distante, a mesma expressão reflexiva, ao mesmo tempo contraída, o mesmo movimento que, em um primeiro momento parecia despreocupado, mas na realidade trazia consigo grande angústia. Contudo, após uma guerra, ambos eram excepcionalmente bons em ocultar suas emoções sob uma mascara de desinteresse. Era uma questão de sobrevivência, na época, mas tornara-se parte de seu cotidiano.

Controlavam-se para não volver os olhos um ao outro, em meio a suas aflições, buscando conforto na situação partilhada. Nenhum dos dois gostaria de se casar com o outro, mas isto não se devia apenas ao fato de ser inimigos em um passado ainda muito recente. Mas também no fato de que eram contra tal imposição do Ministério. Harry observava intrigado a forma como Draco e Hermione, mesmo que ainda de costas um ao outro, elevavam a mesma mão a têmpora, com a mesma postura desconfortável e rígida. Incrível ver a forma como o ritual trabalhava, mesmo que sentisse muito que tal imposição ocorre aos dois jovens bruxos. Mas era visível a mudança.

Será que o ritual errou? ele se questionou pela primeira vez, ainda reparando nas ações idênticas praticadas entre seus colegas. Não, não. Tal erro seria impossível. Ele pensou mais uma vez, insatisfeito com tal conclusão. Mas como teria tal feitiço vinculado ambos, tendo-os por almas gêmeas? Era um problema grande, mas que envolvia unicamente a vida de ambos, e ele sabia como Hermione ficava ao sentir-se desafiada sobre algo que apenas dizia respeito a ela. Logo, confiaria em seu melhor julgamento. No momento, sabia que sua amiga ainda não sabia ao certo qual caminho tomar.

“Caros alunos,” Minerva, a nova diretora de Hogwarts, iniciou seu discurso. “Tenho o prazer de recebê-los em mais um ano. Parabenizo todos os que tiveram a coragem de retornar à nossa escola, após um ano de tamanha violência e destruição. Mas provamos, com a ajuda de todos os presentes, o quão forte somos diante do mal. Todos aqui foram de vital importância para que conquistássemos o lugar que agora ocupamos, uma sociedade em que o medo e a violência não prevalecerá. Logo, parabenizo a todos pelas ações realizadas em prol da escola, sob o risco de perderem a própria vida”.

“Logo, sem mais demora, gostaria de uma salva de palmas em respeito a todos, inclusive em homenagem aos que não se encontram mais entre nós, dando sua própria vida para nossa liberdade”. Durante um minuto, todos aplaudiram, sem que uma palavra fosse proferida. Minerva passou levemente a mãos aos olhos, secando um pouco das lágrimas que tentava controlar. “Perdoem-me a emoção, fora um ano muito intenso para todos. Porém, a guerra já acabou, e devemos retornar, dentro do possível, a uma rotina. Hogwarts já foi restaurada, o corpo docente está completo, com alguns novos integrantes”.

“Apenas este ano, tendo em vista os imprevistos que tomaram nossa escola no ano anterior, os antigos alunos do sétimo ano terão a oportunidade de retornar e ter novamente as aulas. Será uma espécie de oitavo ano, por assim dizer, para complementar seus estudos. Mesmo os mais aplicados dos alunos não conseguiria absorver nada diante do caos que se instaurou em nossas vidas. Logo, por este ano, teremos aulas especialmente desenvolvidas aos integrantes do oitavo ano. Fico feliz que os presentes tenham optar por retornar e cumprir as lições, fico surpresa em ver a quantidade”.

“O horário das matérias já será disponibilizado. Quanto a questão dos dormitórios, peço que me acompanhem após o jantar, uma vez que será designado uma acomodação nova para todos. Como sabem, o número de integrantes do novo oitavo ano supera a quantidade de camas disponíveis nos antigos dormitórios, divididos em casas. E, bem, tendo em vista que lutaram uma guerra juntos, não posso imaginar uma tola rivalidade entre casas atrapalhando o convívio entre os senhores e senhoras. Não é mesmo?”.

Nenhum som fora ouvido por toda a escola. Satisfeita, a nova diretora conduziu os antigos alunos, que agora integravam o “oitavo” ano, por assim dizer, pelos corredores da escola. Ao chegarem a um retrato, ele simplesmente lhe concedeu passagem. Era uma grande sala comum, que nunca nenhum aluno havia visto antes. “A criamos este ano, com o único intuito de abriga-los”. Minerva comentou, ao perceber a expressão desconcertada de seus alunos.

Ela indicou para que todos se sentassem. “Aqui dentro não haverá divisão de casas, creio que no caso de vocês, já tenhamos passado de tal preconceito”. Ela fixou o olhar na casa Sonserina, depois nos demais. Era claro o aviso em seu olhar. Nenhuma casa deveria ser maltratada. “Todos aqui estão são dignos de permanecerem, eu mesma fiz questão de analisar caso a caso. Desrespeitar qualquer um será ir contra minha própria decisão e julgamento, o que imagino que não irá acontecer”.

Draco ficou extremamente grato que a diretora havia feito tal afirmação, de forma assertiva como fizera. Não negava temer o tratamento de seus antigos colegas. “Já que este assunto está encerrado, gostaria de partir para o próximo, de igual ou maior gravidade”. Ela suspirou profundamente, como se abominasse o que estava por sair de sua boca. “O novo decreto do Ministério, e as repercussões que o mesmo certamente terá em suas vidas”.


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