Lago Negro escrita por CGillard


Capítulo 5
Capítulo 5




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Cold bones, yeah that’s my love

She hides away, like a ghost

Does she know that we bleed the same?

Don’t wanna cry but I break that way

 

Ao vê-lo sair de sua cabine, Hermione finalmente conseguiu respirar. Era como se a presença dele nublasse sua mente, confundindo seus pensamentos. Talvez, se ficasse sozinha por algum tempo, conseguiria olhar a situação com clareza e pensar em uma solução. Tal esperança foi descartada, todavia, ao ouvir a porta se abrindo.

Harry e Ron encontraram-na desta forma, olhando pensativa pela janela, e correram ao seu lado. “’Mione, como você esta? Como foi?” Harry questionava-a, ao mesmo tempo em que Ron, com seu temperamento sempre explosivo, esbravejava ofensas. Harry teve de fisicamente contê-lo, evitando que o mesmo fosse atrás de Draco.

“Ele não desejou que isto acontecesse com ele, assim como eu. Não é sua culpa, tão pouco minha, então pare de tentar bancar o herói Ron. Não há honra a ser protegida” Ela elevou o tom de voz, obrigando que se acalmasse. Quando ele finalmente se aquietou, ela virou à Harry, respondendo sua pergunta. “Eu estou bem, na medida do possível. Ainda não decidimos como prosseguir com essa... situação. A guerra acabou, mas os problemas estão apenas no inicio, e eu não tenho cabeça para pensar nisso agora.”

“Quando chegarmos a Hogwarts e, dentro do possível, voltar a normalidade, conversaremos novamente”  ela continuou. “Por enquanto prefiro deixar essa questão de lado. Não suporto mais problemas, só quero estudar por hora. E também, não é como se fossemos casar nesse momento ou algo do tipo, ainda há doze meses...” ela diminuiu o som de sua voz na última frase, mas Ron o ouviu da mesma forma.

“Não pode estar cogitando seguir com essa loucura Hermione!” ele gritou novamente, erguendo-se. “ele é vil, arrogante e mesquinho. Nos infernizou a vida inteira, não pode...” não suportando mais a voz de seu amigo e antigo namorado, ela apenas lançou um feitiço para silenciá-lo.

“Não quero ouvir suas opiniões, Ron. Eu já as conheço, demais até, já que não se cansa de falar um segundo. Mas saiba que a vida é minha, e no final, eu que tomarei as decisões. Agora quero ficar quieta, tenho muito a pensar.”

Seus amigos aceitaram seu pedido, deixando-a sozinha. O que farei... ela se questionou, passando os dedos sobre sua nova marca, analisando-a. Teria de usar blusas compridas, para que ninguém notasse a cicatriz. Suspirando profundamente, permaneceu o restante da viagem olhando a paisagem bucólica passar diante dos olhos, sonhando com uma época em que finalmente teria paz.

Eles nem haviam chegado à escola, e sua mente já estava um caos. E como sempre, nem após o fim de uma guerra, eu terei um último ano tranquilo e pacifico. Suspirou profundamente, buscando arrancar a imagem de dois olhos azuis fitando-a com interesse. Um indicio de sorriso agraciando-lhe os lábios.

Nunca havia ouvido de sua boca palavras tão agradáveis como aquele dia. Todavia, ele ganhava as pessoas com suas palavras. Hermione deveria manter sua guarda. Mas contra o que? A guerra já acabou. Uma voz em seu interior questionou, mas ela apenas ignorou. Teria um longo ano pela frente.

Mal percebeu o tempo passar. Minutos tornaram-se horas até sentiu uma mão em seu ombro, sobressaltando-a. Era Harry. Suspirou aliviada, observando seu amigo sentando-se ao seu lado. Com a guerra, ela havia aprendido a viver em constante estado de alerta. Mesmo que, tecnicamente, não fosse mais necessária tamanha prudência, era difícil desabituar.

Ficaram em silêncio por algum tempo, enquanto Harry pensava na melhor forma de abordar a situação. “Então... deve ter sido um choque. Como você está?”

Ela não pode evita rir da expressão de Harry. “Não sabe se me consola ou se dá os parabéns? Salvo engano, você é um dos maiores defensores dessa lei, deveria estar em êxtase. Afinal, eu encontrei minha ‘alma gêmea’” ela zombou, sentindo-se contrariada. “Pelo visto, Draco e eu somos perfeitamente compatíveis.”

“Deixe a ironia de lado, ‘Mione. Entendo o que quer dizer, mas continuo suportando minha posição. Se apareceu a marca, então vocês devem ser compatíveis. As vezes o que falta é tempo para se conhecer melhor. Você sabe o quanto ele vem se reabilitando depois de... bem, de hogwarts”. Ele tentou ao máximo fazê-la ver o lado positivo, mas beirava o impossível. Qualquer argumentação com Hermione sempre se mostrava inútil.

“Ele não parecia tão averso à ideia.” Ela não sabia como responder a última afirmação de Harry. “O que eu quero dizer é que, talvez dê certo Hermione. Talvez, se você permitir...”

“Eu sei o que você está tentando dizer, e devo advertir que pare nesse minuto. Enquanto ainda pode.” Mesmo o garoto que sobreviveu não pode evitar, mas sentir medo da bruxa à sua frente. Ela certamente estava volátil, confusa com seus sentimentos, questionando sua moral. Ele não poderia fazer nada, a não ser aceitar a derrota. Aos poucos, ela aceitaria.

“Eu prometo nunca permitir que corra perigo, tudo bem? Estou apenas aconselhando, mas não precisa me ouvir se não quiser.” Ele suspirou profundamente. “Eu sabia que não seria um ano fácil. Mas, nenhum deles nunca foi.” Tal comentário arrancou um sorriso dos lábios de Hermione.

Nostalgia a invadiu enquanto se recordava de todas as viagens que passara naquele mesmo trem. Em todas as aventuras e perigos que vivera com seus amigos, nos anos de sua infância, até o momento em que se encontravam. Tantas memórias, boas e ruins. Mas nem tudo era branco e preto na vida, e disso ela sabia bem. As vezes decisões eram tomadas, pelo simples de não haver outra opção. A imagem de sua família logo veio a sua mente, deixando-a um pouco depressiva.

“Todos temos arrependimentos. Não há como não correr perigos.” Ele não falou nada sobre seu comentário, percebendo sua expressão pensativa. Seja onde ela estivesse, ele sabia que não era ali, com ele.


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