POV Nathalie

     A vida é uma verdadeira caixinha, mas não de surpresas e sim de realizações. Existe um certo momento da nossa vida em que precisamos parar e calcular novamente a rota da nosso destino. Estamos realmente fazendo o certo? Isso é realmente necessário? Todo esse risco vale à pena? Existe certo ou errado?

Foram esses questionamentos que eu mesma me fiz em um momento de reflexão. Eu tinha tomado rumos desnecessários e arriscados, porém não me arrependo, isso contribuiu para o meu crescimento, me transformou em uma nova pessoa. O esforço foi sincero, me orgulho da minha história. Se você gosta de se sentir elevado tem que estar acostumado com a altitude.

     Após a viagem de lua de mel da minha mãe e do Reade procuramos alguns advogados e com muita luta conseguimos provar a minha inocência, Patterson foi a pessoa que mais nos ajudou com isso, isso nos aproximou ainda mais. Eu serei eternamente grata pela pessoa incrível que ela foi nesse momento e continua sendo imprescíndivel na minha vida.

Fui condenada em primeira instância a prestar serviços comunitários, o que eu já estava fazendo com as aulas para as crianças de uma escola pública no Bronx. Eu acredito que me apaixonei por essa área, ensinar tudo o que eu sabia, incentiva-las a procurar o melhor, foi assim que eu segui os conselhos de Reade e me formei em licenciatura, eu começaria a dar um novo rumo a minha vida.

     Sete meses após o casamento dos nossos pais eu e Ryan estávamos na recepção do hospital San Vincent, a qualquer momento alguém nos traria a notícia que o mais novo membro da família tinha nascido, estávamos ansiosos por esse momento. Cerca de duas horas atrás estávamos tomando café da manhã em casa, eu me preparava para dar aulas, Reade iria para o Sioc e como a mamãe já estava de licença maternidade forçada o Ryan ficaria em casa para caso precisasse, não que ele faria muita coisa, mas eu viria na hora do almoço só para ver como estavam em casa.

Estávamos compartilhando um assunto divertido sobre a nosso próximo destino nas férias e com isso ela deu uma gargalhada alta após um comentário engraçado do Ryan, rapidamente a expressão da mamãe mudou para uma expressão de dor, o que nos deixou preocupados.

— Tash, você tá bem? — Reade lhe perguntou.

— Mãe tá tudo bem? — Também lhe pergunto largando minha torrada no prato.

— Pessoal sem alarme. — Disse ela um pouco mais calma. — O serumaninho que habita em mim quer vir ao mundo, minha bolsa estourou.

— Nossa! Isso é sério? — Reade perguntou ainda paralisado.

— Não amor é uma simulação de emergência. — Ela falou em tom divertido, agora sabem a quem eu puxei com a língua tão afiada e um humor maravilhoso . — Claro que é, agora podemos ir? As bolsas já estão prontas no quarto.

— Sim, sim. Vamos! — Reade ainda estava desnorteado com a situação andava de um lado para outro tentando achar o rumo certo da saída. Confesso que isso foi engraçado. 
 
Rapidamente ele ajudou a mamãe a se levantar da mesa e com calma foram até o carro. Eu tentei ser o mais rápida possível pegando tudo o que deveríamos levar para maternidade, em poucos minutos estávamos no nosso destino, Reade e a mamãe foram para a sala de parto enquanto eu ligava para Patterson dando as boas notícias, ela avisaria aos demais. Ainda estávamos ansiosos para descobrir o sexo do bebê, já que os pais decidiram revelar apenas na hora do nascimento, toda a decoração do quarto foram feitos em tons pastéis e com alguns animais, no fundo eu já sentia o que viria pela frente. 
 
A espera não foi longa, uma enfermeira foi até onde estávamos nos avisar que tinha ocorrido tudo bem e que logo eles já estariam indo para o quarto, segui com o meu irmãozinho até lá. 
Ryan era o mais ansioso, desde de que soube da gravidez dizia que seria uma menina, e nós queríamos saber se ele tinha razão. Eu estava pedindo informações na recepção quando encontrei com Patterson que também estava procurando o quarto em que a minha mãe ficaria.

— Ei, parabéns! Irmã mais velha novamente. — Brincou ela me cumprimentando com um abraço.

— Sim, agora só resta saber se teremos mais uma garota ou garoto dominando a casa. — Rimos lembrando da disputa divertida que fazíamos em família.

— Podemos ir agora? Eu quero ver a mamãe e o bebê. — Reclamou Ryan impaciente pela demora.

— Se eu não soubesse que esse garoto era filho da Tasha eu diria que alguém clonou a impaciência da minha amiga. — Brincou Patterson me fazendo rir em concordância. 
 
Seguimos para o quarto indicado que ainda estava vazio, aproveitamos para colocar o enfeite de porta de arrumar alguns itens no quarto.  
 
A mamãe foi  a primeira a chegar com um enfermeiro, após ajudá-la a se acomodar na cama, ela conversou um pouco conosco mas em nenhum momento falou sobre o bebê, ela queria nos deixar ainda mais ansiosos, a expectativa só crescia. Depois de mais de meia hora Reade chegou com o nosso mais novo pacotinho de amor, já estava de banho tomado e com a roupinha que escolhemos algumas semana antes. 
Céus era a coisinha mais fofa que eu já vi, mesmo chorando de forma desesperada ainda assim eu continuava cheia de amor. A mamãe decidiu alimentá-la e com sorte o bebê ficou mais calmo.

— Oi bebê, seja bem vinda a nossa família. — Digo com ela no colo. — Já escolheram o nome dela? — Pergunto olhando para Reade que trocou um olhar carinhoso com a minha mãe. 
 
O relacionamento deles é tão lindo e inspirador, é reconfortante está incluso nisso, eles conversam e se entendem só com um simples olhar. A nossa família é a coisa mais preciosa que eu tenho.

— Sim, já escolhemos. — Disse Reade feliz. — Vai se chamar Lily.

— Que nome lindo! Será que posso pegar a Lily também? — Pediu Patterson e eu passei a bebê de forma delicada. 
 
Ficamos um pouco lá babando naquela boneca, era a cópia da mamãe, morena e de cabelos cacheados, se parecia um pouco comigo quando criança, teremos mais uma mine Natasha na casa? Com toda certeza. 
Mamãe e a Lily receberam alta dois dias depois, já estávamos em casa ansiosos para a chegada delas. Foi uma nova experiência com mais uma criança em casa, era uma rotina diferente e sempre dividíamos tudo.

     A vida acadêmica passa num piscar de olhos, ontem eu pisava pela primeira vez no campus da universidade, hoje eu estava me formando e fui a oradora da turma. Era nítido o orgulho da minha família e dos meus amigos, eu tinha vencido mais uma. 
Na semana da minha formatura eu fui surpreendida de forma emocionante, tudo o que eu sempre sonhei aconteceu. Eu tinha pais de verdade agora no papel, foi uma surpresa linda.
Eu estava no quarto, tinha acabado de chegar da aula, Reade chegou logo depois de mim e ouvi ele conversando com a mamãe e perguntando se eu já estava em casa, foi quando foram até o meu quarto. Pareciam tão sérios, me deixou assustada.

— Nathalie precisamos conversar com você. — Mamãe foi a primeira a falar.

— Aconteceu alguma coisa gente? Que cara são essas?

— Nathalie, eu e sua mãe estávamos conversando sobre isso a alguns dias. E... — Reade fez uma pausa longa me deixando ainda mais nervosa.

— E? — Peço para ele continuar .

— Conversamos com um advogado da área, pedindo alhos conselhos e decidimos que era isso o que queríamos fazer. — Reade continua.

— Será que um dos dois pode ser mais claro? Eu realmente não faço ideia do que vocês estão tentando falar. — Digo impaciente.

— Aqui, eu aguardei ansiosamente por esse dia filha. — Minha mãe me entregou um envelope com um carimbo de uma firma de advocacia.

— Nossa, é algo importante. Vocês estão fazendo muito mistério. — Abro o envelope com muito cuidado para não rasgar nada, e lá estava a surpresa. Meus olhos se encheram de lágrimas assim que eu li as duas primeiras linhas. — Isso é sério? Vocês realmente fizeram isso por mim? — Meus olhos já estavam cheios de lágrimas e os deles também. 
 
Eu tremia segurando aquele envelope, parecia um sonho. Mamãe me abraçou primeiro e logo após Reade, fiquei um bom tempo abraçada a eles. 
Reade e Natasha se tornavam oficialmente meus pais, e eu sentia que iria explodir de felicidade a qualquer momento, nossa, eles eram perfeitos! Fizeram tudo sem eu nem desconfiar, hoje eu me tornava Nathalie Zapata Reade. Eu tinham pais incríveis e uma família incrível, estava me formando e fazendo o que eu mais gostava e com toda certeza teriam mais surpresas.

Pov Nathalie Off

     A felicidade é algo difícil de ser conquistado, para que cada um saiba o quão valioso e importante é. 
Tasha e Reade estavam vivendo o auge da felicidade nesse momento, um casamento feliz, três filhos incríveis que os enchiam de orgulho e um trabalho mesmo com dificuldades era prazeroso vivenciar. Era sexta à tarde, eles se preparavam para a colação de grau de Nathalie, não era preciso mencionar o quão Tasha estava orgulhosa da filha, enfim ela tinha criado juízo depois de ter a sua própria experiência, a morena finalizava sua maquiagem quando pegou Reade lhe observando.

— Estou atrasada não é? — Perguntou ela guardando os pincéis.

— Não, só estou admirando a linda mulher que eu tenho. — Disse Reade se aproximando. — Você tá linda.

— Sabe que não podemos nos atrasar? A Nathalie nos mataria se perdêssemos o discurso dela.

— Não vamos. — Reade lhe abraçou e mordiscou o lábio inferior dela.

— Baby... — Tasha falou arrastado. — Temos visitas, a babá está no quarto ao lado com as crianças.

— Eu não estou fazendo nada de errado, além de beijar e provocar a minha mulher. — Ele falou descendo os beijos para o pescoço dela. 
 
Tasha envolveu os braços no pescoço dele enquanto compartilhavam de um beijo apaixonado e cheio de amor. 
Os dois decidiram parar por ali, precisariam sair logo ou não se controlariam. Apenas o Ryan iria com eles já que os dentinhos da Lily estavam nascendo e ela estava um pouco chorosa.
 
 
O auditório da universidade estava lotado de familiares e amigos dos formandos, todos orgulhosos dos seus filhos e Tasha e Reade não poderiam estar diferentes, era uma tremenda evolução. A Nathalie precisou aprender de uma forma dolorosa como a vida funciona, e a partir disso amadurecer bastante.
Patterson também estava lá, linda como sempre, ela não poderia perder esse momento, não depois de tudo o que aconteceu desde o dia do casamento de Tasha.

Meses atrás

     Tasha e Reade certavam viajando pelas praias do litoral, foi um presente de casamento dos amigos e duraria dez dias. Nathalie ficou em NY com Ryan, nesse meio tempo Patterson estava indo constantemente na casa da “amiga”, no casamento elas já tinham conversado sobre dar mais alguns passos, mesmo sendo um terreno desconhecido para ambos. Algumas desculpas da loira como: Vou levar o jantar ou o Ryan precisa dar uma volta foram usadas. A cada dia as duas estavam ficando ainda mais conectadas e o sentimento só estava aumentando. 
Depois da volta para casa Tasha e Reade observou ainda mais de perto isso, eles tinham a certeza de que as duas dariam certo. 
 
Nathalie tinham acabado de chegar do colégio toda sorridente, Tasha tinha chegando alguns minutos antes e tinha desconfiado a amiga do trabalho ter saído mais cedo dizendo que iria resolver alguns assuntos pessoais.

— Mãe? Chegou cedo? — Disse ela assustada.

— Onde você estava? Deu nota dez a todos os alunos? Por isso tá tão sorridente.

— Não sei do que você está falando dona Natasha. — Nathalie se fez de desentendida.

— Por coincidência alguém também saiu mais cedo do trabalho, mas acho que foi só coincidência.

— É deve ser.

— Saudades de quando você me contava tudo Nathalie.

— Que drama, quando foi isso? Não lembro. — A garota sorriu cínica.

— Vocês estão juntas? — Tasha decidiu ser direta.

— Quem?

— Não se faz de boba Nathalie. Você e a Patterson estão juntas? — Tasha falou um pouco mais alto.

— Fala baixo, quer que o condomínio inteiro ouça?

— Estão? — Tasha insistiu.

— Estamos conversando, não sabemos se vai dá certo e estamos indo com calma. Satisfeita?

— Fico feliz que você está dando certo com alguém, e só um aviso: A Patterson é a minha melhor amiga, não quero vê-la sofrendo por você não foi sincera com ela. — No dia seguinte Tasha interrogou Patterson da mesma forma e usou esse mesmo discurso.

— Acha que o papai não vai concordar com isso? Ele é tão metido a certinho.

— Nathalie?! Ele quer a sua felicidade tanto quanto eu. Converse com ele depois.

— Tudo bem...

— E só mais uma coisa... chame a Patterson para jantar com a gente na sexta, vou amar esse momento.

— Obrigada mãe. — Nathalie lhe puxou para um abraço. — Obrigada por tentar entender sem julgar.

— Estou sempre aqui meu amor.

Depois do jantar em família as duas ficaram ainda mais confiantes para iniciarem algo.

(...)

As duas estavam a passos lentos era bem melhor ir nesse ritmo do que arruinar tudo por ir com muita sede ao pote. Já foi um desafio grande aceitar o que estava acontecendo entre elas, mas todos ao redor respeitavam e acompanhavam a evolução linda que as duas estavam vivenciando. 
Durante a fase do julgamento da Nathalie foi Patterson que muitas vezes segurou nas mãos dela e pediu para que não desistisse que tudo daria certo no final. 
 
No começo a loira ficou muito receosa com o que Tasha acharia de tudo isso, afinal as duas eram melhores amigas e não queriam que algo ficasse subentendido. Logo depois a loira percebeu que aquilo era apenas insegurança da parte dela, Reade também conversou muito com ela sobre isso, que estariam ali caso precisassem. 
Tudo foi uma questão de aprendizado no começo, o que as duas estavam vivendo era algo que fazia bem para ambas. Sempre estavam juntas se apoiando e aproveitando a vida da melhor forma. Por enquanto Nathalie ainda morava com os pais, principalmente para ajudar com os pequenos. Mas a garota já tinha conversado com a mãe, seria algo temporário, Nathalie e Patterson tinham planos de tornar o relacionamento oficial e com isso dividiriam o apartamento, isso teve a benção dos pais. Mas os planos das duas não paravam por aí, elas planejavam muito mais queriam realmente crescerem juntas, como profissionais e como uma família.

Após a colação de grau eles foram comemorar o futuro brilhante que Nathalie teria pela frente, escolheram um restaurante italiano, um dos preferidos da mais nova professora de matemática da família. Foi uma divertida refeição em família, regada de muita gratidão por tudo o que estava acontecendo.

— Eu quero fazer um brinde. — Iniciou Nathalie. — E novamente quero agradecer aos meus pais por serem tão incríveis comigo, se não fosse por vocês eu com certeza não estaria aqui. Obrigada por me acolherem desde o primeiro dia e por me mostrarem o real significado de família. — Todos na mesa ficaram emocionados com o discurso. — Eu não poderia deixar de agradecer a você Patt que desde o momento que nos tornamos nós você não largou a minha mão, obrigada por me trazer paz, por ser preocupar comigo e por sempre tentar me entender, eu te amo. — Se derreteu a garota.

— Nossa que lindo! Eu nem sei o que dizer Nathalie. Eu...  eu sou muito sortuda por ter você e pela sua família, ou melhor, nossa família nos aceitar tão bem.

— Eu posso dizer que ainda não acredito que a nossa filha cresceu tanto? — Tasha sussurrou para Reade.

— Estou orgulhoso delas e muito feliz por isso. — Disse Reade beijando o topo da cabeça da esposa. 
 
Após o jantar Patterson e Nathalie decidiram continuar as comemorações no apartamento da loira. Já o outro casal tinha planos semelhantes para o fim da noite.

Continua