Remember Me escrita por Miss Serenity Blue


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo quentinho saindo do forno pra vocês!



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Capítulo 3

 

Um bipe irritante e constante invadiu seus ouvidos. Sentiu uma dormência em seus braços, deveria ter dormido sobre eles por tempo demais. Sua cabeça estava confusa, sonhos sem sentido passavam como um flash. Carros. Vozes. Ambulância. Flores. Mais vozes. 

Abriu os olhos devagar, a claridade o impedindo de abrir mais que alguns milímetros. Muito branco, portas brancas, janelas brancas, cama branca… Uma agulha grande em seu braço esquerdo, o soro pingando vagarosamente ao seu lado. 

— Ele acordou! - Uma voz, que ele conhecia desde sempre, o assustou. Estridente, emocionada, exasperada… A voz de Narcisa Malfoy era um misto de diversos sentimentos misturados, dos quais ele pouco entendia. - Meu filho, meu Draco! Você acordou! Por um momento eu não acreditei quando me ligaram, eu não acreditei! Finalmente, você está aqui! 

Ele não respondeu. Ficou ali, preso no abraço apertado da mãe, ouvindo aquele mar de palavras que deixava sua cabeça ainda mais confusa, com um zunido dolorido.

— O que… O que aconteceu? - Perguntou ele, depois de um tempo. Sua voz custando um pouco para sair.

Narcisa soltou um pouco o filho, olhando em seus olhos e deixando algumas lágrimas escorrerem enquanto falava:

— Você sofreu um acidente de carro, filho. - Começou a mulher. - Você e Goyle apostaram um racha e seu carro tombou. Deu perda total. - Narcisa soluçava. - Por um momento… Eu… Eu achei que você não iria voltar para nós, Draco! Foi tanto tempo… Tanto tempo sem retorno…

Uma chuva de lembranças invadiu a cabeça do loiro. Um barzinho após o trabalho, várias rodadas de bebidas, aquela aposta idiota, o asfalto cantando devido a alta velocidade… E depois, tudo escuro, um calor invadindo seus ossos, sirenes… 

— Há quanto tempo estou aqui? - Perguntou ele, ainda processando as informações.

— Três anos e meio.

— Eu fiquei desacordado por mais de três anos? - Ele se assustou.

— Sim, meu filho. - Respondeu a mulher. - Mas você vinha dando sinais positivos e hoje pela manhã me ligaram dizendo que você poderia acordar a qualquer momento. Eu ainda não acredito! Você voltou para nós, Draco.

Ele tentava acreditar nas palavras da mulher, mas não conseguia aceitar que havia ficado em coma por tanto tempo. Não era possível.

— O que aconteceu … Nesse tempo?

A mulher suspirou.

— Goyle se mudou para a Dinamarca. Felicity se casou com Simas, aquele seu colega da faculdade. Sua tia Bella se separou do Lestrange. Nós nos mudamos para uma nova casa, bem maior que a antiga… Você vai adorar, meu filho! Ah, e tem uma cafeteria deliciosa perto dessa nova casa, você vai amar.

— O café do Joe’s fechou… - Soltou ele, sem saber como sabia daquela informação.

— Fechou… Como você sabe? 

— Não sei…

Ambos se olharam, sem entender.

O assunto foi interrompido pelo médico, que entrou na sala com um largo sorriso.

— Vejam só quem acordou! - Ele exaltou.

 

Draco precisou fazer alguns exames para verificar como estava. Aparentemente, seu cérebro estava funcionando bem depois de mais de três anos de descanso, porém suas pernas e braços estavam fracos devido à falta de uso, o que lhe rendeu uma visita inconveniente de um fisioterapeuta.

Além disso, devido ao tempo em que estivera em coma e a confusão em sua mente, foi indicado que ele passasse periodicamente por um psicólogo, que lhe auxiliaria a entender o que passou e aceitar a realidade em que se encontrava.

Como não precisaria de maiores cuidados médicos além destes, em poucos dias foi liberado para continuar o tratamento em casa, para a grande alegria de Narcisa. Acompanhado por um motorista e um mordomo particular, Draco voltou para a nova Mansão Malfoy.

Porém, mesmo com as ótimas notícias, os sonhos de Draco não poderiam ser mais confusos. Desde que saíra do coma, todas as noites sonhava com um par de olhos castanhos, para os quais tentava pedir ajuda. Era um sonho curto, não sabia dizer onde estava ou o que o afligia, apenas sonhava que estava deitado, a uma curta distância de uma morena de olhos castanhos muito expressivos e que tentava, a todo custo, pedir ajuda, pois seu corpo queimava. Mas não conseguia pronunciar nenhuma palavra ou mover seus membros.

— E você conseguiu ver alguma coisa além? - Perguntou o psicólogo, um senhor de cerca de sessenta anos, óculos na ponta do nariz e uma prancheta, onde anotava várias coisas rapidamente.

— Não, só a morena. - Respondeu Draco, frustrado, pela centésima vez.

— E existe mais alguma coisa que se lembre de seus sonhos além do acidente?

— Hum… - Pensou o loiro, com o polegar sobre o queixo, pensativo. - Do cheiro de flores. - Admitiu, sem saber de onde tirou aquela informação. Só sabia que sentia.

Continuaram conversando por um bom tempo, porém os pensamentos de Draco ainda estavam confusos e parecia haver um quebra cabeças cujo algumas peças haviam desaparecido. 

Quando finalizou e se despediu do doutor, o mordomo levou Draco até a sala de TV em sua cadeira de rodas. Apesar de estar progredindo com os exercícios do fisioterapeuta, as pernas do rapaz ainda estavam fracas.

— Como foi, filho? - Perguntou Narcisa, que assistia a um filme na TV.

— Mais conversas desconexas. Parece que alguns cabos na minha cabeça não estão ligados como deveriam - Respondeu ele, frustrado.

— Não se cobre tanto… Você ficou muito tempo desacordado e faz menos de um mês que acordou. Aos poucos as coisas se ajeitam.

Ambos ficaram em silêncio, olhando para a TV. No filme, uma realidade futurista na qual um relógio é marcado na pele de cada um ao completar 16 anos e define quanto tempo vai demorar para que a pessoa encontre sua alma gêmea.

— É sempre um clichê… - Comentou Draco. - O relógio dela não aparece nada e, quando ela vai tirar, o tempo começa a contar…

Narcisa olhou para o filho, sabendo que esse não era o gênero preferido de Draco, ignorou o comentário, acreditando se tratar de uma reclamação qualquer. Porém, quando o que o filho havia acabado de falar aconteceu no filme, ela o olhou desconfiada.

— Você já assistiu esse filme? 

— Não, nunca.

O rosto de Draco também estava um pouco desconcertado. Em sua cabeça, ele tentava encontrar de onde havia tirado aquele spoiler. Spoilers… Algo lhe dizia que ele sabia muito sobre eles, mas ainda não conseguia entender de onde.

 

Naquela noite, Draco foi dormir mais cedo. Despediu-se dos pais na mesa de jantar, recebendo um sorriso carinhoso de Narcisa e um olhar condescendente de Lucius. Desde que retornara para a mansão, pouco viu o pai, que também não parecia se esforçar para passar um tempo com o filho.

Conforme o que sua mãe havia lhe contado, Lucius havia deixado o escritório de advocacia em Oxford para o sócio administrar e aberto um novo em Manchester, onde ficava a nova Mansão Malfoy. A ideia era abrir mais um escritório em Londres até o final daquele ano e, por isso, pouco tempo sobrava ao patriarca Malfoy para ficar com a família. Ao menos, essa era a desculpa de sua mãe.

No fundo, Draco sabia que o pai não se interessava por ele devido às suas escolhas. Contrariando os desejos de Lucius, Draco pouco havia comparecido ao escritório do pai quando se formara em Direito em Oxford. Seguindo seus próprios desejos, Draco começou seu próprio projeto, ajudando aqueles que não podiam pagar por um advogado a ter seus direitos atendidos. Isso, segundo seu pai, não traria qualquer lucro para a empresa e, por isso, não lhe interessava.

Determinado a contrariar o pai devido às suas diferenças, Draco aproveitava-se ainda mais da fortuna Malfoy para beber, sair com os amigos e apostar corrida nos carros milionários que dispunha na garagem. Até que o acidente aconteceu.

Foi pensando no relacionamento com o pai, na situação que impusera à mãe ao longo dos anos em que esteve em coma e nos flashes desconexos que sua mente apresentava que Draco caiu no sono aquela noite.

Em seu sonho, Draco estava no volante e, ao seu lado, a morena que tanto lhe visitava em sonho. Dessa vez, estavam rindo enquanto o loiro acelerava em uma pista vazia à noite. 

— Fui ao cinema ontem… Por essa sua cara de zangado, imagino que não ia gostar da nova comédia hollywoodiana que eu assisti, mas vou te dizer, ri à beça.

— Hey, eu não estou zangado! - Ele respondeu, olhando para a estrada. - E mesmo não sendo meu gênero favorito, sei que me dará todos os spoilers!

De repende, o sonho mudou. O carro estava tombado à beira da estrada. Draco estava deitado no chão, sem conseguir se mover, enquanto a morena se punha ao seu lado, sentada, dizendo:

— Abra os olhos! Eu preciso ver esses olhos de tempestade mais uma vez. - Ela pedia. - Eu preciso conhecer meu confidente de quase dois anos.

Quando Draco acordou ainda estava escuro. Deveria ser madrugada. Porém, mesmo com o sono deixando-o meio grogue, pegou o pequeno bloco de anotações em sua cabeceira e anotou tudo o que se lembrava daquele sonho, o primeiro no qual conseguiu trocar algumas palavras com a morena. Mesmo que não conseguisse entender o que sua mente queria lhe mostrar naquele momento, sabia que era um pequeno avanço para encontrá-la.


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Notas finais do capítulo

E nosso loiro delicinha acordou!!!!
Agora... Será que esse reencontro virá logo?