O lugar onde eu pertenço escrita por pokedupla


Capítulo 35
Tudo virando rotina




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***Diário do Bloco C (Guaxinim) ***

“Guaxinim, Passarinho e mais duas crianças corriam pelos corredores discretamente. Não queriam chamar atenção, um passo falso poderia acabar com todos. Para onde eles estavam indo? Para um pequeno clube de criança, mas nenhum adulto deve saber. Era questão de vida ou morte para elas”

***

 De manhã… Quarto de Maka...

— Maka, vamos. Se não vamos nos atrasar – Marta chamou a criança que está tomando conta.

— Já disse que não gosto de ser chamado assim – A garota reclamou tanto por querer dormir mais quanto pelo nome.

— Bom dia. – Marta riu sutilmente, deixando um leve sorriso, provocou – Acho que descobri um modo de acordá-la. Vamos... – Jogou um embrulho na direção de Shiro – Aí está a toalha e suas roupas... Vamos logo senão vamos atrasar o seu primeiro dia de aula.

— Já volto – Shiro saiu ainda bêbada de sono, andando no corredor a sua companheira aparece.

— Parece que teremos novidades hoje – ela surgiu do nada feliz pela animação de Shiro.

— Tem, vou para a escola – falou indiferente.

— Escola?

— Parece que todo mundo é obrigado a ir.

— Você não está com a cara ruim, para quem está  indo obrigada.

— Pela primeira vez em quase uma semana, poderei sair e aproveitar o ar livre. Claro que eu deveria estar feliz. Além disso, poderei saber mais sobre o território inimigo – Shiro deixou escapar um pequeno sorriso. A impostora se teleportou para a frente de Shiro, dando um pequeno susto – Não faça mais isso.

— Por que? Sinceramente gostei muito ver a sua cara de susto – a sua companheira gargalhou enquanto a outra não gostou nadinha.

— Ah é. Já, já irei te chamar de fantasma se continuar com isso.

— Ah, que cruel – a garota apelidada de fantasma reclamou – Já não basta de coisa, ela, ou simplesmente não me chamar de nada agora vai colocar esse apelido estranho em mim? Você é cruel.

— Sou cruel mesmo. Tchau – Shiro começou a correr ignorando a presença do fantasma.

— Ela não tem jeito.

  Quarto de Maka.

— Voltei – Shiro estava pronta e arrumada.

— Toma, aqui estão as suas coisas – Marta entregou uma mochila de uma alça e mandou ir direto para o refeitório e depois iriam se encontrar no portão na área de recreação. Fez o combinado.

— Bom dia, senhorita – Cumprimentou o porteiro – Pelo visto, hoje irá para a escola. Vamos, vamos logo se não irão se atrasar. – as duas passaram pelo portão, Shiro sentiu muito feliz quando sentiu os raios de sol na sua pele, desde que foi presa em Shibusen ansiava além de voltar para casa, o calor que vem do céu. Pena que durou pouco, a escola ficava ao lado do abrigo, ou melhor, fazia parte dele. Depois do portão a uma pequena trilha de pedras, alguns bancos de cimento, grama e em alguns metros já era a escola.

— Está escola foi fundada há alguns anos atrás para sanar as necessidade das crianças do abrigo, mas depois fizeram um portão ali – a morena contou a breve história da escola e mostrou o lugar – E assim se abriu para a comunidade.

— Legal – a garota falou atenta para o portão que ligava a escola do abrigo para a rua da cidade. Pensou brevemente – Se eu for fugir por aqui…

— Marta! – Cumprimentou uma mulher, ela estava com uma bolsa e segurando alguns livros em um dos seus braços.

— Mariana, como vai? Vim aqui te entregar a sua nova aluna. O nome dela é Maka Albarn, ela chegou a poucos dias aqui no abrigo.

— Como vai Maka? Serei a sua professora – a garota só a encarou e virou o rosto.

— Bem, vamos entrar – a professora a guiava a sua nova aluna pelos corredores até entrarem em uma sala – Bom dia classe, a partir de hoje teremos uma nova colega. Ela se chama Maka, sejam legais com ela 

A pequena turma deu boas vindas. Logo depois, a professora indicou o lugar onde iria se sentar, esperou todo mundo se aquietar para começar a aula. A adolecente não se interessava pelo conteúdo que Mariana ministrava, passou o primeiro período todo olhando para o nada. Alguns alunos tentaram ser simpáticos, outros cochichavam sobre ela, mas Shiro não se importava, ignorava todos e até chegou a ser anti simpática ou chata.

A sirene avisou a hora do almoço, todos foram para o refeitório do abrigo. Shiro decidiu ficar sentado nos bancos que ficavam no percurso do abrigo.

 – Por que a senhorita está aqui sozinha? – o porteiro tentou ser legal e se sentou ao lado.

— Você não tem outra coisa para fazer, não? – ela perguntou para ele.

— Tenho, mas não deixaria uma garotinha sozinha e triste assim. Pegue, aposto que não comeu nada. – Henrique a entregou um prato de comida.

— Você vai sempre aparecer assim? – Shiro perguntou e depois agradeceu a comida para começar a consumir. Iniciando a conversa sempre ele e depois ela.

— Sempre, até arrumar uns novos amigos. Aposto que está com saudade de casa ou de alguém.

— Aposto que fala isso para todo mundo que chega aqui.

— Nem sempre. Marta te contou tudo que precisa saber?

— Regras, regras e mais regras.

— Marta é uma ótima cuidadora. Vocês vão se dar bem.

— Não, ela só fica me vigiando e fazendo que eu cumpra todas as regras.

— Ela é mais do que isso, só precisa dar uma chance para conhecer melhor. Já que Marta está mostrando sempre a parte ruim das regras, irei te apresentar as coisas boas da vida como a sala de cinema, os jogos de videogame. Aposto que gosta de ler, temos uma biblioteca também.

Os dois ficaram conversando até que o sinal tocou avisando para os alunos retornarem para as salas.

— Vamos fazer o seguinte. Aqui será o nosso ponto de encontro, na próxima irei apresentar as coisas que falei. Quando tiver tempo livre, pode me chamar – Henrique pegou o prato vazio e se despediu.

Assim foram passando os dias. Shiro se acostumou ao lugar, mesmo com um pé atrás. Na escola, não conversava com ninguém, na verdade, nada a interessava. Evitava ter muitos diálogos com cozinheiras e Marta. A única pessoa que ela conversava e gostava da sua companhia era Herrique, que virou o seu melhor amigo naquele lugar. Eles faziam tudo juntos, assistiam, jogavam e liam. Todos os dias se sentavam no lugar combinado para conversar coisas do cotidiano.

Sala de jogos…

A sala de jogos é um lugar que só pode ser acessado com permissão de algum responsável e se estiver disponível para o uso, muito usado para crianças menores, pois o ambiente era projetado para eles. A sala tinha algumas estantes de livros infantis no lado encostado na parede e no outro canto estantes com brinquedos, o chão era revestido com tatamis e algumas almofadas para quem quisesse sentar ou deitar. Henrique e Shiro estavam sentados no meio da sala sozinhos jogando vídeo-game com jogos retrôs.

— Senhorita, poderia me dizer uma coisa? – Henrique perguntou para ela.

— Diga – Shiro parou de jogar e olhou para ele.

— Por que você foi parar aqui no abrigo? Claro se quiser falar sobre o assunto. Para mim, você é uma garota muito amável e doce, por isso, não consigo imaginar o motivo para vim aqui. – Henrique a olhou nos olhos dela.

— Eu arrumei uma briga – confessou o motivo depois desviou o olhar. – Por isso estou aqui.

— Não acho que seja isso, não com esse motivo. Foi alguma coisa com os seus responsáveis? – ele perguntou procurando esclarecer mais as suas dúvidas.

— O que? Não, ele é a melhor pessoa do mundo. Confio nele de olhos fechados –  Shiro imaginou Soul-sensei.

— Ele, ele deve ser o seu pai. Não é? –  Henrique pensou como deveria ser.

— De jeito nenhum. Não compare eles por favor – ela ficou indignada com a comparação.

— Desculpe, não queria chateá-la – o porteiro ficou um pouco restringido.

— Não, tudo bem. Só estou confusa sobre a minha vida, eu não sei em que confiar mais. Eu confiava cegamente em meu pai, ele era bom para mim. Mas por outro lado, iniciei pesquisas sobre o assunto e apareceu coisas desagradáveis. Surgiram dúvidas e senti que algo estava errado. Até agora eu não sei o que sinto, talvez eu o odeio – Shiro ficou pensativa e outras coisas começaram a brotar no seu coração. Indecisa e percebendo a preocupação do seu amigo começou a falar – Mas não sei o que sentir realmente ainda. Então o meu professor me ajuda de alguma forma a não pensar nisso. Comecei a confiar nele e em segui-lo. Entretanto, algumas coisas começaram a dar errado e entrei nessa enrascada.

— Entendo, tem coisas que nós não sabemos como encarar, e às vezes a melhor escolha é recomeçar e ignorar o passado. No entanto, se isso não tivesse acontecido, você não estaria aqui me dando companhia. Até conseguir novos amigos é claro. Afinal, não é bom ignorar esses problemas? – o porteiro deu um abraço nela na intenção de afastar a tristeza e a incerteza. 

— As vezes sim – a garota concordou retribuindo o abraço..

— Você é jovem e está na melhor fase da vida. Eu mesmo queria voltar a ter os meus 12 ou 14 anos de novo. Vamos, já está na hora de você lanchar.

— Certo, já vou indo. Tchau. 

— Tchau, senhorita. Até a próxima – Henrique se despediu de Shiro. Como não ia mais utilizar a sala, trancou com a chave e foi devolver na recepção. Encontrou-se com Marta, Mariana e algumas funcionários conversando lá. 

— Como vão, senhoritas? – o porteiro cumprimentou.

— Henrique – Chamou a professora.

— Sim?

— Estamos ficando preocupadas com Maka. Faz dez dias que ela chegou no abrigo, e não fez nenhuma amizade, até agora, a única pessoa que ela conversa é contigo.

— Além disso, estou preocupada no que vi na noite em que ela chegou – Marta expressou seus sentimentos de preocupação e tristeza – Quando ela foi tirar a roupa para tomar um banho, eu entrei para entregar o pijama. Foi breve, mas vi alguns ferimentos em suas costas. Fico me perguntando se ela sofreu algum tipo de abuso. Você sabe de alguma coisa sobre ela?

— Ela me contou sobre os seus sentimentos de estar confusa. Acho que ela está bastante ferida sobre algo que o Pai fez e não sabe como reagir – Henrique refletiu sobre as palavras de Marta.

— Será que o pai abusou dela… – uma funcionária da limpeza ficou horrorizada.

— Marta, por que você não disse isso antes? – um funcionário responsável pela manutenção de dutos de ventilação e encanamento entendeu o que a fala anterior significava.

— Precisamos ajudá-la – agora foi uma da cozinha  que se prontificou.

— Entendo, precisamos seguir o que o regulamento pede para estes tipos de caso… – a professora comentou. – Lembrando, se for realmente o que a gente está imaginando, não devemos fazer perguntas e manter o que o protocolo manda.

Sala do diretor…

O diretor estava sentado entretido com o celular, quando escutou batidas na porta. Deu permissão para entrar, já sabia quem era com antecedência, pois as recepcionistas já tinham adiantado…

— Como está indo? – Alexandro ainda olhando para o aparelho perguntou para a pessoa que estava no fundo da sala.

— Tudo de acordo como foi planejado – a pessoa desconhecida no fundo da sala falou.

— Que bom. Não podemos nos dar ao luxo de perder essa criança – o diretor mexendo no aparelho encontrou as seguintes manchetes; “Criança sem nome é encontrada…”, “O caso do garoto de código de barra...”, “A Chapeuzinho vermelho na vida real… Só que é um garoto”.


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