O lugar onde eu pertenço escrita por pokedupla


Capítulo 34
O porteiro




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*** Diário do Bloco C (Guaxinim) ***

“Dois garotos saíram daquela sala apressados, corriam contra o tempo para se despedir do seu querido amigo.

— Lion – Um dos garotos o chamou.

— Shiiii – O garoto mais velho loiro pediu silêncio e alertou. – Ninguém deve saber sobre o meu nome. Se não, será descoberto. Lembra Guaxinim?

— Desculpa – O garoto identificado Guaxinim observou ao redor para verificar algum  movimento suspeito.

— Sem problema, ninguém percebeu. Você e Passarinho fiquem no comando, continue o que comecei e pense alto – O Lion passou a liderança para os meninos como despedida.

— Já está na hora. Os escolhidos vão para o veículo – Um guarda gritou ordenando para as crianças.

— Cuidem das coisas por aqui. Não deixe os seus sonhos morrerem –  O garoto loiro os motivou.

— Vamos – O guarda pegou Lion pelo braço e o levou para dentro do veículo. Os dois garotos que ficaram, olhavam os últimos momentos que veriam o seu amigo partindo. Juraram que ficariam mais fortes, seguiram o legado que foram deixados para eles.”

***

Quarto de Maka...

Shiro acordou com Marta ajeitando sua cômoda…

— Desculpe. Eu a acordei? – Marta pediu desculpa para a novata do abrigo. A garota se sentou na cama não respondendo a pergunta dela – Certo, então se troque – a sua cuidadora entregou as roupas, uma camisa marinheiro e uma saia parecida em que ela usava no uniforme em Shibusen, era padrão das escolas sugerir estes tipos de modelo. A diferença era que era branca e a camisa além de ter a mesma cor tinha alguns detalhes azuis e um brasão do abrigo.

— Estarei esperando no refeitório, é só seguir este corredor e virar à direita. Não tem como se perder – a morena orientou e saiu.

— De novo esta cor – Shiro resmungou intrigado com a roupa dada.

— Você ainda está intrigada com isso? – a sua cópia apareceu questionando ela.

— Você já quer aparecer, sua coisa? Já vi que quer encrenca – a garota recolheu a roupa.

— Deveria saber que não. Não me chame desse nome – a “coisa” se justificou e reclamou.

— Queria que a chamasse de que? Se uma hora é um animal e outra uma cópia idêntica quando eu estudava na Revolução das Chamas – Shiro perguntou sem paciência.

— Eu estava comentando ontem sobre isso. Pode me chamar de amiga, escolhi essa forma para te acompanhar quando estiver sozinha ou quando se sentir solitária. Ou me dê um nome de verdade – a cópia de Shiro fez um bico mostrando um  pouco chateada.

— Tanto faz, tenho que ir se não vou me atrasar – Shiro seguiu as instruções que lhe haviam dado. No caminho percebeu as portas que ela passou ontem quando estava indo para seu quarto, algumas estavam parcialmente abertas, podendo ver o que tinha dentro. Cada porta daquele corredor pareciam ser quartos e havia sinais de estarem ocupados – Chega de ser curiosa Shiro – advertiu para si mesma.

— De vez em quando é bom ser curiosa – aquela voz que só a garota poderia escutar aconselhou.

Refeitório...

Chegando ao refeitório, estava estranhamente vazio. Uma das cozinheiras se aproximou antes mesmo dela perceber.

— Aqui está o seu café da manhã – Ela a chamou com uma bandeja entre as mãos convidando  para sentar. Sentaram de frente de uma da outra:

— Se não me engano o seu nome é Maka, não é? – a cozinheira perguntou para ela.

— Não. O meu nome não é esse – Shiro não sabia de que motivo ou de onde as pessoas  do abrigo começaram a chamar por esse nome.

— O que nos informaram é isso. É muito difícil ter erros no sistema – a cozinheira se justificou.

— Mas não é, possivelmente o erro aconteceu – a garota começou a perder a paciência.

— Se está dizendo que eu estou enganada. Então qual é seu nome? – A mulher ergue uma das sobrancelhas a vitando.

 Shiro ficou em silêncio, apesar de negar não soube o que dizer. Todo mundo que ela era mais próximo só a conhecia de Shiro mesmo sabendo que tinha outro nome. A adulta, um pouco distraída, percebeu a formação do pequeno grupo de suas companheiras. Entre elas, estava Marta que cochichava e ria das fofocas.

— Com licença, depois você me fala. Precisarei me retirar no momento – a funcionaria saiu da mesa curiosa e se juntou a elas.

Uma chama azul apareceu ao lado da menina, que em breve segundos virou a cópia dela.

— Parece que alguém... – antes que a impostora pudesse falar Shiro a cortou.

— Silêncio, me deixa em paz – a garota irritada se levantou com sua bandeja, colocou em um balcão e saiu. Marta logo percebeu a breve saída da novata e foi atrás dela.

— Espere – o seu responsável pediu – Temos um cronograma para seguir.

— Não prefere estar com as suas companheiras de trabalho, não? – Shiro falou grossa.

— Está furiosa? – Marta se aproximou preocupada a segurou pegando o braço dela.

— Isso não é da sua conta. Eu quero ir para casa – a garota olhou para a cuidadora de crianças.

— Eu sei, é perfeitamente normal. Mas até que o dia chegue, você tem que ficar aqui, que é seguro e confortável. Você vai ver, não é tão ruim do que parece…

— Como você sabe? – a menina alterou a voz para mais violento – Eu quero voltar para os meus amigos, para o meu lugar – Puxou o seu braço com força para se livrar de Marta. A garota saiu apressada sem rumo, a morena sabia que não ia adiantar segui-la e confrontá-la. Teria que esperar o estranhamento do lugar e a ira diminuir, para isso acontecer levaria um pouco de tempo.

         Shiro andou sem destino e sem saber o que fazer. Só andou até cansar, evitou o máximo passar no refeitório, e quando necessário, acelerava os passos. Até conseguir se localizar na área de recreação e explorar por lá.

Pátio...

O grande portão que tinha visto ontem quando atravessou o pátio estava aberto, pensou brevemente que talvez não tivesse gente vigiando se alegrando um pouco. Entretanto, claro, e para sua frustração tinha alguém que vigiava.

— Olá, senhorita – o rapaz de meia idade a cumprimentou – A senhorita não deveria estar na escola? – ele ficou desconfiado.

— Você não sabe quem eu sou? – Shiro respondeu com outra pergunta. O porteiro olhou mais atenciosamente em breves minutos…

— Eu nunca a vi aqui – ele parou de analisá-la – Ah claro, desculpe. Você deve ser a novata que chegou ontem, meu nome é Henrique. É um prazer em conhecê-la senhorita – o porteiro vez o gesto de cavalheirismo como se estivesse se apresentando para uma dama em pleno baile só para cumprimentá-la.

Ele era um rapaz moreno com alguns fios brancos precosse, tinha bigode e barba bem cuidadas embora não escapasse dos fios prateados. O homem teria uns trinta a quarenta anos de idade, usava roupas meio ultrapassadas européias, roupa social com tons de marrom diferente; a calça e os sapatos tinham o mesmo tom que eram os mais escuros de toda a roupa, o colete em cima da camisa social era bem mais claro chegando perto para um bege suave e o terno levemente mais claro que a calça e os sapatos.

— Prazer é todo meu. Pode me chamar de Shiro – Shiro respondeu educadamente com o gesto de uma dama em um baile. Com um olhar de curiosidade perguntou – Por que o senhor estar usando terno numa hora dessas? – ela perguntou imaginando o calor imenso já que não era cedo e daqui a pouco seria o almoço.

— Ah, esqueci de tirá-lo – Henrique sorriu e tirou o terno, dobrou e posou numa cadeira atrás onde podia se sentar quando estiver cansado. Os dois ficaram se olhando vários minutos sem dizer uma palavra – Você não vai dizer mais alguma coisa não? Já sei vai perguntar porque um velho está vigiando o portão. As crianças sempre perguntam isso.

— Não, o senhor não é um velho. Deve ter uns trinta para quarenta anos no máximo – a garota fez careta negando a afirmação do porteiro enquanto explicou. Depois disse o motivo do aparecimento precoce – Só deve ter problema na genética para aparecer esse fios brancos.

— Oh, que sabida. Normalmente as crianças não me respeitam pensando que sou um velho gagá. Será que os meus filhos vão sofrer isso algum dia? – se questionou pensando alto.

— Tem uma grande chance, senhor – ela respondeu para ele. Henrique deu um susto com a resposta dela que tirou da sua concentração sobre o assunto.

— Eu estava pensando alto, não é? – o porteiro viu a menina sorrir vendo o quanto ele estava ficando vermelho de vergonha. Ele foi olhar o relógio para disfarçar um pouco – Olha a hora – Ficou surpreso quando soube da hora. O sinal da escola tocou e a primeira de muitas crianças começaram a entrar sem se importar com Shiro que estava na frente do portão.

— Mas o que? – a garota lutou contra a multidão de criança que entrava com uma manada de boi..

— Siga as crianças, senhorita Shiro. Estar na hora do almoço – O porteiro sugeriu para ela. Shiro não teve outra escolha além de fazer o que Henrique pediu, seguiu aquela multidão e os imitou. Quando chegou a sua vez, entregaram uma bandeja com a sua refeição e se foi para uma mesa vazia.

— Ah, finalmente achei você – o dono da voz era de Marta que dava um pequeno sermão e mostrava a sua preocupação. Depois as duas seguiram o cronograma, uma parte ficou faltando por causa do imprevisto da manhã…

Noite… Quarto de Maka...

— Arf, estou com muita dor de cabeça – Shiro se jogou de bruços na cama.

— Parece que teve um dia bem cansativo – a impostora imaginou como foi o dia.

— Tive meus altos e baixos hoje – Shiro fez força para sair do travesseiro e olhar para a visitante do quarto

— Hm, tô sabendo – a visitante cerrou os olhos mostrando a sua curiosidade.

— Para de brincadeira. Queria saber o que Hiro está fazendo agora? – a garota mudou de posição, ficou olhando o teto do quarto.

— Está com saudades? – a garota que não é uma pessoa perguntou para a outra que estava na cama.                                                                        

— Sim, mas é muito melhor ele ficar lá do que aprontar e ir para um lugar desconhecido. Se ele sair de lá nem vou saber aonde vai estar, e ficando em Shibusen não só Hiro mas todos eles estão seguros – houve um breve silêncio a acalmando, os olhos da garota começaram a se fechar e sem perceber já estava dormindo.


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