O Conto da Fera escrita por Gatita


Capítulo 5
Parte Quatro


Notas iniciais do capítulo

opa, ainda tem alguém aqui? hahahha

boa leitura! ♥



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PARTE 4:

Para a Bela...

 

— Vamos ter um baile! — a voz grave de Itachi anunciou enquanto seus braços grandes se abriam convidativamente.

Todos os funcionários do castelo estavam reunidos na sala do último andar, na qual existia a longa mesa de mogno lustrado. A maioria dos presentes ainda não tinha conhecido a jovem Hyuuga nas duas semanas que ela estava morando no local, fosse porque sentiam vergonha das formas nas quais haviam se transformado, ou fosse por não quererem atrapalhar o trabalho de Itachi em conquistar a paixão dela.

— Um baile? — eles sussurraram de volta. Uns demonstraram tons surpresos, outros alegres, e alguns ainda se mostravam descrentes com a informação.

Mademoiselle Hinata nunca esteve em um baile antes! — Naruto disse, suas mãozinhas chamuscavam fortemente. — Precisamos deixar tudo perfeito para que ela viva a melhor experiência possível!

— Eu estou dentro! — Chouza disse, erguendo o chapéu de cozinheiro.

— Eu também! — Outros aproveitaram o embalo para concordar.

Então um burburinho se iniciou, com cada um dando uma opinião diferente do que poderia ter no baile.

— Muito bem. — Eles pararam de falar e Itachi sorriu. — Vamos começar os preparativos! Lembrem-se de não economizar com absolutamente nada, entenderam? — Balançaram as cabeças positivamente em resposta. — Esse baile é a nossa chave de ouro para conseguirmos voltar às nossas vidas! Tenham isso sempre em mente… Bom, podem ir.

Com a ordem dada, o pequeno grupo se dispersou. Cada um seguiu para um canto diferente, com a intenção de iniciar suas contribuições para o estimado baile. O Uchiha e a matriarca, por outro lado, permaneceram onde estavam até que todos tivessem sumido. Quando Naruto finalmente conseguiu deixar a sala com Shikamaru em seu encalço — por serem pequeninos, seus passos eram infinitamente menores e, dessa forma, demoravam ainda mais para chegar a algum lugar —, ele e Mikoto atravessaram uma porta muito arranhada no canto esquecido da sala.

Logo após a passagem, havia uma cortina vermelha e muito grossa, a qual foi posta de lado por Itachi para que a mãe pudesse adentrar o cômodo primeiro. Era um local escuro, porém aconchegante, e diversos candelabros estavam dispostos na tentativa de suprir a falta de luminosidade. Haviam várias estantes, abarrotadas de livros com capas pretas ou escarlates, dois divãs acolchoados em veludo vermelho sangue e uma mesa de centro, acomodada sobre um tablado circular no chão.

Em cima dessa mesinha redonda existia uma redoma de vidro e, dentro dela, o caule de uma rosa quase sem corola flutuava morbidamente. Existiam apenas três pétalas em seu miolo e uma delas parecia prestes a cair para juntar-se às outras, que encontravam-se murchas e escurecidas na superfície de madeira. Aquele era o símbolo da vida de Itachi, de sua mãe e de todos os outros trabalhadores do castelo.

E a rosa significava que eles estavam morrendo.

Aos poucos.

— Hinata quer uma fotografia minha — começou a dizer, rumando para a única janela que existia na saleta, seus passos soando alto em contato com o assoalho de madeira. A noite lá fora evidenciava apenas o breu; não havia lua, estrelas e muito menos vida naquele céu enuviado. — Ela quer ver como eu era antes de me tornar esse monstro horrendo.

Mikoto praticamente saltitou até o divã mais próximo do filho e subiu no estofado macio.

— Mas isso é bom, não é? — ela falou e começou a lamber uma patinha distraidamente. Ele suspirou, batucando as garras compridas no vidro. O som irritante fez a gatinha parar de se lamber. — Significa que quer saber como você é de fato, como humano. — A Uchiha se sentou, seu rabinho de espanador serpenteando na superfície vermelha.

— Eu… Eu acho que sim... — Itachi hesitou, deixando a janela para trás. — Ainda bem, mamãe, que você escondeu aquela última foto de mim. — Ele circundou a redoma, observando seu conteúdo. — Ou o que seria de nós agora? Hinata não teria uma base para se apaixonar por mim — sussurrou, embora sua voz ainda fosse audível.

Por mais otimista que tentasse ser, a dúvida persistia em sua mente. Hinata seria mesmo capaz de se apaixonar por ele? Enquanto fera? Com aqueles pelos, aquelas presas e garras, as duas pedras obsidianas no lugar dos olhos, as orelhas animalescas… Eram tantos fatos que iam contra qualquer possibilidade de ela começar a amá-lo que Itachi precisava forçar a sua cabeça a pensar positivamente. A acreditar incondicionalmente que seria amado e a maldição se partiria para todos poderem voltar a viver.

Ele tentava não se deixar pressionar, apesar de todas as expectativas estarem viradas em sua direção. A Hyuuga era a única — e última — chance deles de serem humanos novamente.

— Tudo acontece por uma razão, Itachi — foi o que Mikoto conseguiu responder. Ela soltou um miado preguiçoso em seguida, tentando se espreguiçar no divã e fincar suas garrinhas no estofado a fim de afiá-las.

— Oh, mamãe! No estofado não! — ele ralhou, temendo pela conservação de seu melhor sofá.

— Desculpe, querido. — A gatinha continuou perfurando o tecido aveludado. Para ele, era como se ela estivesse fazendo furinhos em seu coração. — É força do hábito!

 

E a Fera…

 

Mesmo com seus dois metros e dez de altura, Itachi não conseguia alcançar o topo daquele antigo armário, que ficava em um dos quartos inabitados do castelo. Tinha se esticado, dado pulinhos e saltos mais habilidosos, mas, ainda assim, não havia conseguido chegar nem mesmo perto da velha caixa no fundo da superfície empoeirada. Anteriormente, agradecera muito à mãe por ter escondido tão bem a fotografia. Agora, por outro lado, amaldiçoava-a — ah, só mais um pouquinho — por não conseguir pegá-la.

Como Mikoto, uma gatinha minúscula, preta e felpuda, teve a capacidade de deixar aquela caixa ali em cima?!

O Uchiha precisou perder alguns minutos de sua ordinária vida em busca de uma pequena escada. Entretanto, não encontrou nenhuma que pudesse usar. Por isso, precisou contentar-se com um banquinho de madeira que retirou dos fundos da cozinha. Chouza não havia entendido nada, embora também não tivesse contestado a atitude de seu senhor.

Ainda bem, Itachi pensou, que os poucos centímetros daquele assento tivessem sido suficientes para alcançar a caixa empoeirada. Sua aparência era rústica, com entalhes manuais de corujas e formas onduladas, seu toque era frio e pesado. Existiam apenas duas travas de metal escuro que a mantinham fechada, facilitando sua abertura suave com um clique audível. A fera suspirou profundamente, fazendo um barulho muito próximo a um rugido, ao vislumbrar o conteúdo ali escondido.

— Obrigado, mamãe — agradeceu em sussurro.

A velha caixa guardava, além de diversos desenhos feitos por ele e pelo irmão na infância, as cartas enviadas pelos pais quando precisavam viajar para longe e alguns objetos nostálgicos, como os primeiros dentes de leite dele e de Sasuke a caírem. Itachi precisou de mais uma profunda inspiração para tentar segurar as lágrimas, que eram de saudade, insuficiência e tristeza imensa.

Saudades de seu irmão mais novo, do pai, de sua antiga — e perfeita — vida.

Insuficiência por não ter conseguido fazer nada possível de modificar a sequência de acontecimentos que acarretaram no atual presente.

E tristeza imensa… Por uma mistura de tudo aquilo que sentia somado ao fato de restar pouco tempo para a última pétala cair e sua única chance de final feliz ainda não ter demonstrado um mínimo brilho de paixão por ele.

Seria Hinata capaz de amá-lo como ele imaginava a si mesmo amando-a?

Respirou fundo novamente. A resposta para aquela pergunta era impossível de saber, entretanto, ainda podia descobri-la de alguma forma. E o primeiro passo para alcançar aquele futuro imaginado era entregar a sua fotografia para a jovem. Se a Hyuuga visse como ele fora belíssimo, nas palavras de sua querida mãe, com certeza se apaixonaria com o tempo.

Embora o tempo fosse o verdadeiro inimigo deles.

Deixou de lado o que não seria necessário naquele instante e se concentrou em achar a fotografia. Encontrou-a no fundo, embaixo de todas aquelas lembranças; talvez Mikoto a tivesse escondido justamente com a intenção de que Itachi jamais a encontrasse — e a destruísse, como fizera com as outras. Agradeceu-a mais uma vez, mas, desta, em silêncio. O retrato, dobrado em duas partes, era nada mais que uma antiga pintura feita para impressionar os amigos do pai, mostrando o herdeiro de Konoha ao lado de um alazão de pelos pretos e longos.

O Uchiha vestia roupas esportivas para equitação, com um terno para os membros superiores e calça de montaria. Seus cabelos, muito compridos, estavam presos em um rabo-de-cavalo frouxo, que pendia sobre o ombro esquerdo. Ele segurava as rédeas com uma mão, enquanto a outra permanecia para trás do corpo. Mesmo quando ainda humano, Itachi era muito alto, tanto quanto o cavalo que o acompanhava.

Com certeza não era a sua melhor representação, pois seria bem capaz que o cavalo chamasse muito mais a atenção de quem visse aquele retrato. Contudo, deveria servir, dada a circunstância, a fera não poderia reclamar. Retirou com delicadeza — à sua maneira — o papel pintado e tornou a fechar a caixa, pensando se deveria guardá-la de volta ao topo do armário ou se a levaria consigo para seus aposentos. Escolheu a segunda opção e, depois de manter o objeto seguro em uma das gavetas de sua escrivaninha, tratou de procurar a jovem que não deixava seus pensamentos em paz.

Depois de rodar por toda mansão e não vislumbrar um único sinal de Hinata, Itachi estava prestes a desistir quando escutou sua risada tão leve e descontraída vindo do lado de fora.

O grande dólmã flutuante de seu cozinheiro vibrava em uma risada invisível enquanto a garota sorria tão genuinamente a ponto de seus olhos se tornarem pequenas fendas. Eles estavam no jardim que existia nos fundos da cozinha, ali deveria ser o refúgio dos Uchiha e costumava ser o lugar no qual tomavam café da manhã antes da tragédia. Hinata sentava em uma das cadeiras de ferro moldado, sobre uma almofada macia para evitar o contato gélido e rígido, a sua frente jazia uma mesa de mesmo material abarrotada de comida.

— Posso interrompê-los por um momento? — finalmente perguntou, após longos segundos apenas observando-os às escondidas.

— Mas é claro, Itachi! Venha comer comigo — ela o chamou, apontando com a mão estendida a cadeira oposta à dela. — O senhor Chouza fez rolinhos de canela para mim esta tarde! A cobertura está uma delícia também. — O pseudo-fantasma ergueu seu toque blanche para simbolizar uma reverência ao elogio.

A fera se aproximou da mesa, incerto de que aquelas diminutas cadeiras suportariam seu peso. Mas ver Hinata tão sorridente fazia-o querer sorrir também.

— Deixarei os senhores sozinhos — o cozinheiro disse, rumando para a porta que adentrava a cozinha.

— Eu trouxe uma coisa para você, Hinata — comentou Itachi, estendendo sua grande mão em direção a ela. As sobrancelhas azuladas se ergueram em pequenos arcos por baixo da franja e seus lábios se entreabriram em um círculo. A garota apanhou com cuidado o papel oferecido e o desdobrou delicadamente, com medo de que pudesse se desmanchar em seus dedos.

A Hyuuga já demonstrava surpresa simplesmente por receber algo dele, entretanto, a expressão que tomou seu rosto assim que encarou a pintura de um homem foi de pura perplexidade. Aquele era Itachi quando humano, Hinata não precisava que lhe dissessem isso para concluir sozinha.

Ela arfou e não soube mais como colocar o ar para fora ao ver a beleza daquele homem retratado ao lado de um alazão. Ele era tão bonito! Tinha feições delicadas, apesar do maxilar bem marcado, e longos cabelos escuros. Além de ser alto como o próprio cavalo, o que respondia alguns de seus questionamentos sobre o verdadeiro Uchiha.

— Itachi… — ela sussurrou, engolindo em seco. Hinata agradecia por estar sentada, ou teria desfalecido no chão com aquela fotografia. A fera, por outro lado, colocara as mãos para trás do grande corpo a fim de esconder dela sua tremedeira. Estava nervoso com tudo que a jovem poderia imaginar de si naquele instante. — Muito obrigada, Itachi! — disse após umedecer os lábios com a língua.

— B-bom… — ele hesitou, contorcendo uma mãozorra à outra na base de suas costas.

— Obrigada por enfrentar seus receios e suas emoções para me entregar esse singelo item, e obrigada por confiar em mim suficientemente para isso — Hinata falou, sua voz embargando pelo choro emotivo. Precisava segurá-lo, ou acabaria molhando o único vestígio de Itachi em sua forma verdadeira. — Obrigada.

Os olhos pretos dele encontravam-se marejados e muito brilhosos por causa da iminência das lágrimas, ela não pôde deixar de reparar. Era recíproco, completamente recíproco.

Itachi quis dizer muitas coisas naquele momento. Quis dizer que não era ela quem deveria agradecer e sim ele, pela chance de ouro que estava ganhando. Quis dizer o quão bonita ela se encontrava com aquele vestido azul simples e a trança lateral que caía tão bem por seu ombro direito. Quis dizer que mal via a hora de lhe mostrar como era verdadeiramente, e não por mero retrato… Sim, ele quis dizer muitas coisas…

Entretanto, o Uchiha apenas juntou duas cadeiras — pois daquele jeito seu peso ficaria melhor dividido e ambas não correriam o risco de quebrar. Sentou-se na junção delas e apreciou o delicioso lanche da tarde ao lado de sua companhia preferida.

 

 

Para a Bela…

 

 

Hinata agradeceu imensamente por Itachi dar-lhe aquele retrato, já que para ele não faria diferença. Contudo, para ela, faria sim — e muita! Guardou-o com carinho dentro de seu primeiro caderno usado para anotar a história da família Uchiha e passou a dar espiadinhas sempre que seu coração pedia por mais daquele belíssimo rosto. Apesar de apreciar aquela pintura, às vezes sentia-se uma perseguidora. Era como se fosse errado — mas, de certa forma, certo — manter a aparência real da fera em sua mente.

Certa noite, três dias após ganhar a fotografia dele com o alazão, sonhara tão vividamente com Itachi que não sabia dizer se era, de fato, uma obra de sua cabeça. Havia sido um sonho simples, eles caminhavam calmamente pelo jardim do castelo em um dia muito ensolarado e com poucas nuvens no céu. Ela não se lembrava do que conversavam, mas sorriam muito abertamente um para o outro.

E vê-lo sorrir daquele jeito fazia seu coração querer galopar através de seu corpo inteiro. Apesar de o sol brilhar atrás da silhueta masculina, cujos cabelos escuros esvoaçavam com a brisa leve e fresca, era muito nítido o brilho alegre nas esferas obsidianas que eram os olhos de Itachi. Mesmo sendo um sonho quase lúcido, Hinata guardaria aquela cena em suas memórias até que pudesse vivenciá-la verdadeiramente.

Era incrível como, no início, quando recém-chegara à mansão Uchiha, a jovem tivera pesadelos constantes e, agora, era contemplada com os mais belos sonhos. Tudo porque conquistara a confiança do homem erroneamente visto como monstro.

Devido às preparações para o baile, ambos tinham cortado temporariamente os encontros — nos quais compartilhavam as histórias sobre os antepassados dele — para ajudar na montagem da decoração. E, quando o dia finalmente chegou, Hinata acordou com uma visita inusitada em seu quarto, mais especificamente, em sua cama: um pequeno espanador branco em formato de pavão fêmea. Ela havia acabado de acordar e ainda estava um pouco sonolenta, por isso imaginou que fosse criação de sua mente.

Bonjour, mademoiselle Hinata — o objeto disse com uma voz feminina. A garota franziu as sobrancelhas e piscou diversas vezes. — Eu sou a Yamanaka Ino, muito prazer em conhecê-la!

— Bom dia, Ino — respondeu, esfregando as pálpebras na tentativa de afastar o sono. A pequenina espanadora aproximou-se, tinha asinhas feitas de penas brancas e uma cauda enorme, além de bastante espessa, na base de madeira. — Mas você pode ter certeza de que o prazer é todo meu em conhecê-la! Por que só nos vimos agora?

— Ah, não entenda mal… Eu estava com medo de mostrar essa minha forma para a senhorita — respondeu polidamente, sua coroinha de pelugem no topo do que seria sua cabeça balançando enquanto falava. — Não estou acostumada a humanos… Bem, nenhum de nós estamos. E essa não é a minha forma mais bonita, sabe? — E passou a ponta das penas por seu corpinho de madeira, como se mostrasse a Hinata que existia algo muito melhor por dentro. — Mas, enfim, não é isso que vim tratar.

— Oh, entendo, Ino — sussurrou. Não sabia exatamente o que dizer naquele instante para não deixar o clima pesado. — Bom, que horas são? Eu estou atrasada para alguma coisa?

— Imagine, Hinata. São apenas sete horas da manhã! — falou enquanto subia no colo da Hyuuga. — Pode me tocar, não tem problema. Eu não vou me sentir ofendida — comentou como se tivesse acabado de ler sua mente.

A jovem queria de fato saber se suas penas eram tão macias quanto parecia, por isso estendeu a mão e tocou com as pontas dos dedos os filamentos das penas. Pareciam tão reais, penas de verdadeiros pavões! Ela soltou um risinho, algo que Hinata não imaginava ser possível, mas, depois de Chouza rir à sua frente, nada mais parecia realmente impossível de acontecer naquele castelo.

— Antes de a senhorita descer para tomar o desjejum, queremos que experimente o vestido que meu pai fez para o baile. É maravilhoso, precisas ver! — a vozinha suave continuava a dizer, balançando as asas como se gesticulasse.

— Vocês fizeram um vestido para mim? — indagou, incrédula. Ela não esperava que os moradores da mansão levariam tão a sério a história de baile, entretanto, pelo visto, bailes eram sempre tratados como grandes eventos.

— Sim! Me acompanhe!

E ela saltou do colo da jovem, rumando em direção ao grande guarda-roupas que existia na parede ao lado da cama. Hinata a seguiu ainda um pouco cambaleante e com os cabelos azulados completamente desgrenhados. As portas de madeira abriram-se sozinhas, exibindo um único e belíssimo vestido de festa. O queixo da menina caiu, fazendo-a abrir a boca tamanho era o seu deslumbre com o que via — além do fato de estar chocada, pois ela tinha certeza de que não existia roupa nenhuma ali dentro até a noite anterior!

A peça era azul-turquesa e possuía mangas curtas feitas de um tule na mesma cor, porém cintilante. O mesmo material cobria o decote enviesado e era usado como faixa na cintura para modelá-la e marcá-la perfeitamente. A saia comprida tinha uma renda delicada, bem trabalhada e que brilhava com a menor exposição à luz. Hinata tinha certeza de que aquele era o vestido mais bonito que já vira em toda sua vida.

— Posso experimentá-lo agora? — quis saber, juntando as mãos em frente ao peito. Repentinamente, as batidas de seu coração aceleraram de forma estranha, pois queria vesti-lo e poder imaginar qualquer reação que causaria em Itachi.

— Mas é claro, senhorita — Ino respondeu prontamente. — Eu vim com essa intenção, querida. Estou louca de vontade para ver como vai ficar! Ainda mais que, se precisarmos fazer algum ajuste, a hora de sabermos é agora! — ela continuou dizendo ao flutuar em volta da Hyuuga, que abriu um pequeno sorriso de animação.

A jovem não soube como nem por quem, mas suas roupas de dormir foram retiradas delicadamente de seu corpo, deixando-a apenas com as íntimas. Em seguida, o vestido flutuou em sua direção, abrindo-se sozinho para poder acomodá-la dentro dele. Vestiu-o sem maiores dificuldades, ansiando o momento de ver-se no único espelho que existia no quarto. A pior parte fora prender a respiração para que as fitas do espartilho fossem puxadas e, assim, sua cintura se moldasse com perfeição àquela peça.

Apesar de seus seios terem praticamente duplicado de tamanho, o vestido servira-lhe muito bem e parecia feito sob medida — algo de certa forma estranho, já que ninguém havia aferido seu tamanho. Antes que pudesse virar para ver o resultado, Ino voou até seus ombros e arrumou os fios azuis como pôde com suas asinhas delicadas.

— Agora pode olhar! — anunciou a pequena espanadora, sua voz soando deveras animada.

Hinata se virou e a voz sumiu. Ela não somente sentia o vestido perfeitamente acomodado ao próprio corpo como também via que ele estava igualmente ajustado. Era incrivelmente lindo! Valorizava suas curvas, destacava seus olhos e cabelos, além da pele clarinha; embora os seios estivessem parecendo bolas de hipismo, não estavam nem um pouco vulgares. Não existia outra palavra para defini-lo senão perfeito.

— Incrivelmente perfeito, Ino! — cantarolou, dando voltinhas para observar melhor as laterais. A menorzinha colocara as asas na parte de seu corpinho equivalente à cintura e balançava a cabeça positivamente, concordando consigo e com Hinata. — Não existe um ponto que não esteja tão bem encaixado!

— Excelente, excelente! — a Yamanaka comemorou, pulando de um ombro ao outro até sossegar no esquerdo. Ela levou as peninhas aos cabelos presos da outra e a encarou através do espelho. — E o penteado? Quer o cabelo preso mesmo? — A Hyuuga confirmou com a cabeça. A verdade era que não se importava se seu cabelo ficasse preso ou solto, somente aquele vestido já faria seu ego chegar às alturas. — Ótimo, senhorita Hinata! Muito obrigada por ser tão gentil e me permitir ver essa lindeza de vestido no seu corpinho.

— Não foi nada, Ino. Eu que agradeço, uma peça bonita como essa… Eu nunca tinha visto um vestido tão bonito! — A pequena, se tivesse sobrancelhas visíveis, as teria levantado em surpresa. — Digo a verdade! Nunca estive presente em um baile antes, no centro de Konoha não existem lojas ou alfaiates que façam vestidos nesse nível.

— Ora, que absurdo! — indignou-se a pavoa, colocando novamente as asas na cintura. — Todos deveriam ter oportunidade de usar um vestido desses ao menos uma vez na vida!

— Ah… A vida dos reles aldeões é muito diferente do que vocês conhecem aqui, Ino — Hinata sussurrou, ainda olhando-a pelo espelho. — É uma realidade difícil e árdua. — A Yamanaka ficou sem palavras, pois, mesmo sendo estilista junto ao pai no castelo, ela ainda vivera em condições muito melhores que qualquer outro ser humano de Konoha. E o pior era que ela tinha total consciência disso. — Enfim, muito obrigada por me presentear com essa peça única!

— Não há de quê, querida — garantiu, com a vozinha quase falhando pelo repentino nervosismo. — Nos vemos mais tarde para a sua arrumação! Deve ficar impecável para este baile, todos estão ansiosos para se revelarem a você, mademoiselle!

— Todos? — a Hyuuga indagou. — Existem muitos outros?

— Oh, sim… — Desceu os ombros da maior pelos braços e flutuou até o chão em seguida. — Alguns não se movimentam mais, é verdade… Mas ainda somos muitos.

Com aquela fala, Ino fez uma sutil reverência e se retirou. O vestido começou a desfazer os laços do espartilho sozinho e, do mesmo modo que viera para ser colocado, ele seguiu de volta ao guarda-roupas, cujas portas se fecharam em um baque surdo. Hinata permaneceu parada, utilizando apenas as vestes íntimas, e de coração partido. Existiam tantas pessoas que não estavam mais entre eles…

Ela queria tanto fazer alguma coisa para mudar aquelas condições. Entretanto, infelizmente, Itachi e Mikoto permaneciam irredutíveis quanto a contar para ela a verdadeira solução que quebrava a maldição.

Aquilo a deixava brava e triste, embora não pudesse fazer nada para afastar aqueles sentimentos.

 

E a Fera…

 

Algumas horas depois e no outro lado do castelo, Uchiha Itachi zanzava quase como um peru tonto pelo próprio quarto. Estava tão ansioso como nunca sentira-se em sua vida. O que era aquilo? Não faria nada além de um baile! Mais um baile dentre tantos outros que já havia dado com a família, com muitas pessoas de verdade participando. Por que, então, encontrava-se daquele modo justamente neste dia? Não fazia o menor sentido!

Experimentara, ou melhor, tentara experimentar todos os ternos que haviam sido deixados às traças em seus inúmeros guarda-roupas. Nenhum deles coubera em sua grande e monstruosa estatura, como esperado. Estaria tudo perdido se Inoichi não tivesse aparecido com todas aquelas plumas de seu corpinho e apresentado-lhe um terno feito perfeitamente sob sua medida atual! Se fosse mais delicado, teria pegado o projeto de espanador em formato de pavão macho e o beijaria mil vezes em agradecimento.

Entretanto, como era uma fera desengonçada, deixou a ideia de lado com medo de acabar machucando seu velho amigo.

— Coube perfeitamente e você, Itachi! — o Yamanaka comentou, olhando a imagem de seu lorde pelo espelho. Ele era tão pequeno em comparação à enorme fera em que Itachi havia sido transformado, mal chegava à altura de metade de suas canelas.

— Ora, Inoichi! — O Uchiha gargalhou e passou a olhá-lo de esguelha. — Não seja modesto… Sei que você pegou minhas medidas com a cama, afinal, de que outro modo as conseguiria, hein? — perguntou retoricamente, dando algumas voltinhas para ver como o terno a rigor havia ficado em suas costas.

O paletó era de um tom azul-escuro, quase marinho, cujas barras e mangas tinham tons dourados, assim como os botões e amarrações; caía com uma cauda dupla no fim de suas costas e sustentava-se por cima de uma blusa branca de linho. Em vez de gravata, existiam babados bufantes, dando-lhe ar de estar sempre com o peito estufado. A calça lhe servia muito bem, além de ficar ligeiramente folgada como gostava, e possuía a mesma tonalidade que a peça de cima.

— O senhor descobriu meu segredo… — Inoichi fingiu mágoa, pousando suas asas no local de seu corpo correspondente ao peitoral. Entretanto, soltou uma risada contagiante em seguida. — Sabes como seria dificílimo averiguar suas medidas para mim, neste tamanho.

— Oh, sim… — ele sussurrou com pesar. — Você fez um trabalho esplêndido, Inoichi. Estou extremamente agradecido.

— Faço tudo para ver a sua felicidade, Itachi — disse com sinceridade, rodeando o maior para vislumbrar sua obra-prima. — Nós sabemos que, quanto mais bonito o senhor ficar, mais fácil será para a senhorita Hyuuga se apaixonar por você.

Aquela afirmação, para o Uchiha, na verdade ainda era um grande e incômodo questionamento. Era estranho demais que uma jovem tão bela quando ela pudesse se apaixonar por ele enquanto naquela forma horrenda. Entretanto, tinha esperanças de que o retrato mudasse qualquer concepção preestabelecida.

Bom, agora que tinha uma boa roupa para recepcionar Hinata, tudo parecia correr em perfeitas condições. À tardinha, duas horas depois de almoçar com apenas Mikoto — porque Ino tinha proibido a garota de sair do quarto antes que estivesse perfeita para o dia —, Itachi desceu para o local do baile a fim de averiguar como estava seu andamento e sua preparação. Não havia como negar: tudo parecia perfeito! Sua equipe nunca o decepcionava.

Todo adornamento do grande salão encontrava-se impecável, e não existia nem um ponto da decoração fora do lugar ou que não estivesse em perfeita harmonia com o resto. Os músicos, transformados há anos em seus instrumentos mais queridos, estavam devidamente posicionados para a valsa inicial. E o mais importante: o banquete foi concluído faltando poucos minutos para o começo do baile e era grande o suficiente para que ele, a jovem Hyuuga e sua mãe pudessem comer satisfatoriamente

Só faltava, portanto, Hinata.

— Olhe para lá, Itachi — Mikoto, que usava um pequeno vestidinho vermelho com babados, disse enquanto apontava para o topo da escada com o rabinho felpudo.

Era ela.

O Uchiha achava que fosse impossível Hinata ficar mais bonita do que já era costumeiramente. Mas estava enganado, impressionantemente enganado. Pois lá estava a jovem, na entrada do salão, prestes a descer os degraus, contrariando todos os seus achismos. Ela estava com um vestido azul-turquesa que brilhava com a mínima incidência de luz, babados em renda que envolviam o comprimento da saia em cascatas até a barra. A cintura encontrava-se perfeitamente demarcada pelo espartilho, que também valorizava seus seios.

Apesar de já ter a forma de um monstro, Itachi, agora, sentia-se realmente como um por desejá-la tanto.

A Hyuuga desceu em silêncio — os músicos estavam demasiadamente embasbacados com a beleza dela para tocarem ao menos uma entrada triunfal — e caminhou com leveza até onde o Uchiha estava com Mikoto. Era ela quem usava um espartilho, mas, com certeza, era Itachi quem não conseguia respirar direito naquele recinto, de tanto que estava arrebatado. Hinata o cumprimentou, puxando levemente o vestido pelas laterais e curvando-se em uma mesura ligeira.

— Boa noite, Itachi e senhora Mikoto — disse, abrindo o sorriso mais iluminado que conseguia.

— Boa noite, querida — a matriarca saudou, abaixando a cabeça em imitação a uma mesura.

— Boa noite, Hinata. — A voz grave do maior se destacou no ambiente vasto e espaçoso. Ela mordeu o lábio inferior no momento em que os músicos pareceram, finalmente, sair do transe e começaram a tocar o início de uma valsa. Aproveitando o sinal, Itachi pigarreou. — Você me concede, desta vez adequadamente, esta dança? — perguntou, estendendo sua mãozorra em direção à garota. Ela sorriu, aceitando a mão oferecida com a sua pequenina e coberta por uma luva de cetim da mesma cor do vestido.

— Com muitíssimo prazer, Itachi — respondeu, erguendo seu olhar das mãos unidas para o par de ônix brilhosas que a encaravam. — Desta vez nós temos o conjunto da obra! Não poderia ser mais perfeito.

— Sem sombra de dúvidas — ele concordou.

O Uchiha a conduziu delicadamente até o centro do salão, onde se posicionaram e aguardaram o prelúdio acabar e a verdadeira melodia se iniciar. Ele pousou uma mão com cuidado na cintura feminina, sentindo a fragilidade do vestido em sua palma enorme; enquanto a outra encontrava a dela em um ponto no ar. Hinata deslizou os dedos livres pelo paletó, analisando a suavidade do tecido utilizado ali, até repousar no ponto mais alto que alcançava — o peitoral masculino.

A tenuidade do violino começou a soar, sendo seguida pelo dedilhado ameno do piano, e o casal iniciou a dança. A mesma dificuldade da diferença de alturas ainda os assolava, bem como o mesmo medo que Itachi sentia de pisar sem querer nos pés minúsculos que eram os da jovem. Entretanto, apesar das desarmonias, a música estava presente para conduzi-los com maestria e evitar que errassem o passo. Dessa forma, seguiram calmamente o ritmo melodioso, girando com suavidade e desbravando o salão.

Mikoto, que observava de longe — ao lado de Naruto, Shikamaru, Ino, Inoichi e Chouza —, precisou segurar suas lágrimas felinas de felicidade. Felicidade em ver o filho tão leve e alegre em contato com Hinata. Felicidade pelo olhar terno e unicamente direcionado a Itachi que a menina tinha. Felicidade por, finalmente, ter uma chance de todos voltarem a ser quem eram.

— Você está belíssima esta noite — ele falou em um momento que não precisava concentrar toda a atenção em seus passos pesados. No segundo seguinte à fala, amaldiçoou-se por ser tão indelicado. — N-não que você não esteja bonita sempre… — Apressou-se em corrigir seus dizeres, pigarreando em seguida a fim de disfarçar seu nervosismo.

A Hyuuga sorriu singelamente e inclinou a cabeça para o lado.

— Muito obrigada, Itachi — comentou, arqueando as sobrancelhas sugestivamente para ele. — Você também está deslumbrante, devo pontuar. Esse conjunto a rigor está perfeito em você — completou a fala, deslizando os dedos pelo tecido macio do blazer.

Se pudesse corar, ele estaria com as bochechas em chamas! Entretanto, apenas sentia a quentura em seu rosto, e agradecia por Hinata não poder ver aquilo devido a camada de pelos.

Em um momento mais enérgico da música, o Uchiha estendeu a mão para que a jovem se distanciasse dele, mas não desprendesse de seu contato. Logo puxou-a de volta, colando seus corpos e repetindo o movimento; desta vez, Hinata girou, como se estivesse se desenrolando como uma corda; para, então, voltar do mesmo jeito aos braços da fera. De volta aos braços quentes e acolhedores.

A melodia perdeu o ritmo mais animado, entretanto, sem deixar de ser bonita de escutar ou dançar. Eles mudaram a posição: Itachi, agora, tentava manter as duas enormes mãos na cintura tão pequena da garota; enquanto ela espalmou as dela no peitoral dele, no ponto mais alto que alcançava. Era incrível como ambos os corações batiam tão sincronizados, sem necessariamente saberem disso. Ainda mais no modo como essa aceleração refletia em um brilho incrível em seus olhos.

— Obrigada, Itachi… Por tudo — Hinata começou a dizer, não sabendo exatamente quais palavras usar para externar sua gratidão. — Obrigada por me acolher, por me dizer a verdade por trás da sua maldição, pela oportunidade de contar ao mundo que nem tudo o que escutamos é verídico… Por me deixar cada dia mais tranquila e confortável em sua presença… Ah, existem tantas outras coisas pelas quais gostaria de agradecer, mas não consigo mensurá-las em poucas palavras. — Ela riu um pouco sem graça, mas não desviou o olhar das obsidianas. Ele abriu a boca para responder, entretanto, a Hyuuga balançou a cabeça para impedi-lo. — Tudo ficou tão lindo… Sei que ajudei em algumas partes, mas você fez o resto com muito zelo. E consigo ver cada pedacinho de você na decoração. Tudo ficou perfeito, e sei que ficou porque foi você que se dedicou a cada segundo do seu tempo. Então, muito obrigada por me proporcionar os melhores momentos neste castelo! — finalizou, fungando suavemente para impedir-se de chorar.

Completamente em vão, pois as lágrimas se concentraram nos cantos de seus olhos. Ela precisou passar os indicadores nos cílios inferiores para retirá-las dali antes que borrassem a maquiagem tão cuidadosa que Ino fizera. Itachi, por outro lado, encontrava-se embasbacado. Nunca, em toda sua vida, alguém havia proferido palavras com significado tão bonito especialmente para ele. Precisou engolir em seco, estava nervoso e não sabia como respondê-la.

— B-bom… — Pigarregou, apertando delicadamente a cintura feminina. — Hinata, eu… Verdadeiramente, eu só quero ver o seu rosto brilhar com um sorriso tão genuíno como esse de agora. — Apontou com o nariz peludo para a boca dela. — Tudo que fiz foi pensando na sua felicidade, em poder proporcionar a melhor experiência, já que sei que você nunca presenciou nada disso antes… Quero que cada minuto seja verdadeiro, singelo, natural. Até que você termine o que precisa fazer... — disse, omitindo o fato de que queria imensamente impressioná-la. — Gosto muito de sua companhia… Vai ser muito difícil vê-la partir quando terminarmos a história de minha família. Ah, eu só queria poder guardar o seu sorriso de alegria na memória.

Se fosse capaz de abrir ainda mais seu sorriso, Hinata faria. As palavras de Itachi transmitiam tanta sinceridade que lhe dava vontade de abraçá-lo tão apertado quanto fosse possível. E foi o que fez: deslizou as mãos do peitoral para a lateral do grande corpo e apoiou a cabeça no alto da barriga dele. Surpreendido pelo ato repentino, ele apenas envolveu a pequena cintura com um dos braços, não querendo sufocá-la com sua força.

Os espectadores não sabiam o que estava acontecendo no meio da pista de dança, apenas viram quando a Hyuuga escondeu o rosto no meio da roupa de Itachi e seu corpo pequeno tremelicava por causa dos soluços. Torciam para que ela não estivesse chorando, o que era exatamente o caso; mas que, se realmente estivesse, que fosse por algum motivo bom…

O que era exatamente o caso.


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Notas finais do capítulo

espero que estejam gostando ♥
me contem tudo o que acharam e o que mais gostaram no capítulo! :3



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