O CONTO DA FERA
       que tinha um imenso coração

PRÓLOGO

Sentimentos são

Fáceis de mudar...

Como vamos começar?

Era uma vez… É muito comum, não? Então, que tal… Em uma cidadela muito distante do que podemos enxergar… Droga, assim não fica bom. Em um dia ensolarado… Não, não era um dia de sol.

Vamos lá, então.

Há muito tempo, quando as histórias contadas de mãe para filho ainda estavam sendo forjadas, existia um vilarejo chamado Konoha. E nele vivia uma jovem de cabelos azulados e olhos cor-de-lua que era muito diferente das outras moçoilas desse condado. Chamava-se Hyuuga Hinata, filha de Hyuuga Hiashi, um homem viúvo que cuidava sozinho de suas duas filhas e sobrinho como podia.

Ela tinha uma irmã chamada Hanabi e o primo, Neji, que fora morar com eles anos antes, quando seus pais faleceram em decorrência de uma doença. Não poderia esquecer de citar o Byakugan, um cachorro vira-lata de porte grande e pelos compridos da cor da noite – o fiel escudeiro de nossa protagonista.

Hinata perdera a mãe ainda quando criança e precisou amadurecer tão rápido quanto pudera para ajudar o pai, já que Hanabi ainda era um pequeno bebê. Neji chegou pouco depois e todos aprenderam a viver com seus corações remendados, um ajudando o outro a se reerguer e a superar os traumas.

Hiashi trabalhava no campo juntamente a Neji, plantando milho e algodão, com tarefas que pediam muito trabalho braçal. Enquanto Hinata e Hanabi cuidavam da horta e das duas vaquinhas que tinham: a Amaterasu e a Kaguya, a fim de vender leite e legumes na feira. Aquele era o sustento da família Hyuuga e embora não fosse tão lucrativo, conseguiam sobreviver bem.

Era desde a infância que Hinata ouvia falar d’O Conto da Fera. Alguns diziam ser uma lenda, outros, um boato… Bom, fosse o que fosse, dizia respeito à vida de um jovem nobre de grande prepotência e altivez. Itachi era seu nome e ele carregava o peso do legado Uchiha, uma família riquíssima, dona de quase todas as terras de Konoha e que tinha o velho costume de cobrar caro pelos impostos.

Existiam inúmeras versões de uma mesma história, entretanto, a maioria dos rumores concordavam em transmitir a mais triste de todas: Itachi, sendo dono de tamanha beleza e de um tremendo orgulho devido a isso, envolvera-se com a filha de uma bruxa. Se ele sabia disso? Certamente não, pois lhe faltara receios quando decidiu quebrar o coração da jovem dama, a quem fizera juras de amor e promessas de um futuro inexistente.

Como vingança, a bruxa invadiu a propriedade dos Uchiha em uma noite fria de inverno, quando ocorrera a pior nevasca de todos os tempos já presenciada pelos moradores de Konoha. Sem que ninguém ao menos suspeitasse da invasão, ela adentrou o enorme castelo no qual a nobre família vivia e lançou em todos um feitiço irreversível.

Mesmo entre quem

Não vê que alguém…

Hinata certamente se lembrava daquela noite, porque em seus curtos oito anos nunca sentira tanto frio; além de, mais tarde, perderem algumas galinhas para a hipotermia. Recordava-se, também, nitidamente da sensação pesada que tomou seu coração, só não imaginava que havia um motivo tão grande por trás.

Como reza a lenda, cada pessoa e cada ser que vivia naquele lugar tiveram seus corpos transformados em objetos personificados devido à maldição imposta pela bruxa. Alguns ainda podiam falar e se mexer de forma ligeira, mas não comiam, nem bebiam, não sentiam… Eles apenas passaram a existir. Contudo, havia a exceção de Itachi, o jovem traidor havia sido transformado em um gigantesco monstro com direito a dentes grandes, afiados e longas garras pontiagudas. A descrição da fera variava de boato para boato, coincidindo apenas sobre os pelos longos e negros, como os de Byakugan, no andar bípede e no olhar de brilho triste.

A bruxa, amargurada que a filha tivera seu pobre coração dilacerado, deu uma condição para que todos pudessem voltar a ser quem já foram um dia: Itachi deveria ser verdadeiramente amado enquanto monstro. E, a contar daquela noite, ele teria apenas quinze anos para ser merecedor do amor de alguém, tendo uma bela rosa vermelha como método de contagem. Quando a última pétala murchasse e se desprendesse do caule, todos sucumbiriam à maldição, tornando-se objetos inanimados e, assim, jamais retornariam às vidas humanas.

Diziam que havia muitos anos desde a última vez em que se fora visto alguém saindo da propriedade dos Uchiha – datando desde a última noite conhecida – e não existia uma única alma viva que possuísse a coragem de adentrar naquele castelo. Sendo assim explicada a maior desolação da lenda: o fato de que a fera jamais conquistara o amor de ninguém.

Hinata crescera fascinada pela história do jovem Itachi – passou anos alimentando a curiosidade de um dia conhecê-lo e, assim, desvendar a verdade por trás de tudo. Ou até mesmo entender o motivo de tanto ódio sentido pelo povo com mera alusão ao conto. Entretanto, contrariando tudo e todos, a Hyuuga só conseguia pensar na solidão em que a família Uchiha estivera imersa durante todos aqueles anos, pois quatorze haviam passado...

E o tempo de Itachi estava acabando.

Pode ser seu par…