SPIN OFF - Carta Para Você escrita por Carol McGarrett


Capítulo 5
Jethro e os momentos de fangirl de Sophie


Notas iniciais do capítulo

Todo mundo já teve o seu momento de fã... não importa se surtou por conta de um grupo, de um cantor, de uma cantora, de um time de futebol, por conta de um filme, ator, atriz... todo mundo é fã de alguém e aqui não poderia ser diferente, Sophie é uma adolescente como todas nós fomos um dia e tem lá os seus favs. E vai levar os pais, principalmente o pai, à loucura.
Sejam bem vindas à Sophie fanática!
Qualquer semelhança com a sua realidade, não é mera coincidência, afinal... você já fez isso, nem que seja na frente da TV!
Oneshot dedicada a todas aquelas que já sofreram (e sofrem!) horrores pelos ídolos, seja por aqueles que sempre dão sinal de vida, ou por aqueles que nunca dão sinal de vida (Tom Hiddleston, tá me escutando??!)
Boa leitura!



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Depois de um ano pra lá de agitado com a chegada de Will e os surtos constantes de Kelly e Henry sobre a saúde do filho, eu posso dizer que sou uma tia muito, mas muito paciente.

Sério! Enquanto Kells vivia ligando nas altas horas da madrugada para perguntar se era normal o filho não chorar de madrugada, eu tentei ser a melhor filha possível. E acho que consegui.

Tirando um ou outro dia em que eu dei um ataque de fã por causa do filme dOs Vingadores, tudo bem, foi por conta do Loki, mas deixa quieto e os dois dias em que mamãe teve que subir até o meu quarto para baixar o volume do último CD da One Direction, eu acho que fiz tudo certo.

Assim, eu mais do que merecia o domingo da véspera do meu aniversário de descanso. Bem, eu sei, não é todo dia que se faz 13 anos... eu já cansei de ouvir isso essa semana, estava virando, oficialmente uma adolescente, não que eu estivesse me sentindo diferente, porém, é o que todos falavam.

Rolei na cama esperando que o meu sono voltasse, eu daria qualquer coisa para voltar a dormir, estava frio e tinham me prometido paz. Em qualquer outra família, quando prometem algo, cumprem, não na minha.

Eu tinha acabado de me virar de lado, cobrir quase a cabeça inteira, estava de frente para o poster da 1D que tenho na parede do meu quarto e olhando atentamente para a carinha bonita do Louis, quando ouvi a minha porta ser aberta.

— Jen, deixa a Ruiva dormir, nós prometemos a ela!

— Mas Jethro! Amanhã nós quase não a vemos! Segunda é o dia mais tumultuado na agenda dela!

Ouvi meus pais sussurrando no corredor.

— Eu estou acordada! – Falei e me virei para a porta, ainda debaixo das cobertas.

Minha mãe, que era quem estava na porta, ainda estava de pijamas, uma cena rara de acontecer, pois ela sempre, sempre, saía do quarto já toda arrumada.

— Por favor, me diga que eu não te acordei! – Ela deu aquele sorriso como se pedisse desculpa.

— Não, acordei sozinha, pensei que poderia voltar a dormir, mas acho que o sono já era...

Mamãe, sem cerimônia, entrou no meu quarto e se deitou do meu lado.

— Chega pra lá. – Pediu ao pegar metade da cama.

Não liguei, eu fazia isso muito com ela, principalmente quando papai trabalhava até altas horas.

— Pode chegar também, Jethro. A cama dela agora é grande! – Ela brincou, se referindo à cama de casal que eu tinha ganhado no ano passado.

Papai só parou na porta, ele sim, já estava arrumado para ficar em casa em um domingo.

— Agora você está feliz, Jen? – Perguntou.

— Jethro, por favor, me deixe aproveitar os últimos momentos da minha filha como criança! Amanhã ela será uma adolescente e será questão de tempo até que ela finja não nos conhecer na rua, comece a revirar os olhos para tudo o que dissermos e deixe de nos abraçar e nos dar um beijo cada vez que nos ver ou se despedir.

Tirei a cabeça debaixo do cobertor e olhei para a minha mãe.

— Tem um roteiro para ser adolescente?

Papai que tinha entrado e se sentado ao pé da cama e acariciava Jet, soltou:

— Não. Isso deve ter sido o que a sua mãe fez. Mas faz tanto tempo que ela deve estar exagerando!

— Jethro! Eu não estou assim tão velha.

— 44 é um número bonitinho. – Comentei e mamãe me deu um tapa na cabeça. – Ou não.

Mamãe se ajeitou no meio dos meus travesseiros e antes que pudesse se deitar, jogou um ursinho no chão.

— Você ainda abraça isso?

— Às vezes ele, outras o travesseiro... depende de quem tá mais perto.

— Achei que você tinha perdido essa mania... – Papai comentou olhando para o ursinho azul, carinhosamente chamado de Timmy.

— Acho que ela é uma das carentes, tem que abraçar algo para dormir... – Mamãe me puxou de lado e me aninhou entre seu ombro e seu pescoço. Não reclamei, estava quentinho e era a minha mãe.

— Assim como você, não é Jen? – Papai deu um puxão no pé dela por cima das cobertas, e ela, em uma atitude muito madura, mostrou a língua para ele. Quem a vê como a Diretora Poderosa do NCIS, pensa que ela deve ser séria e brava fora do prédio também... só pensam mesmo, porque quase sempre tem uma cena dessas acontecendo.

— Vamos dar o presente dela hoje ou só amanhã? – Ela perguntou animada.

— O aniversário oficial é amanhã. – Papai tentou conter o entusiasmo dela.

— Eu disse que não queria presentes. – Falei. Como todo ano, eu prefiro que as pessoas façam doações para instituições de caridade ao invés de comprar coisas para mim. Quase todo mundo aceita isso muito bem, com a exceção de Tony e de, pasmem, papai. Ele sempre tem um presente para me dar, e, geralmente envolve algum doce, principalmente chocolate.

— Eu sei. Você diz isso todo ano. E nós não deixamos de te atender. Só que esse presente... esse você vai gostar! – Ela disse empolgada. – Jethro, por favor, pegue lá no cofre.

Papai fez uma cara de quem não concordava em me dar um presente agora. Ele meio que sempre segue as tradições e aniversários devem ser comemorados no dia em que a pessoa nasceu, mas cedeu ao pedido e ao sorriso de minha mãe.

— A senhora guardou o meu presente no cofre? – Perguntei alarmada.

— Por mais que eu saiba que você sabe a combinação, para caso de emergências, sei também que você não mexe lá à toa. E, a probabilidade de você ver o que era antes da hora era baixíssima.

— Então a senhora comprou isso há um tempo?

— Sim... já deve ter uns cinco ou seis meses que comprei. Mas já adianto, não vai ser um presente que você vai usar imediatamente.

Fiquei com a pulga atrás da orelha. O que eles tinham aprontado agora?

Ouvimos o som dos pés de papai subindo as escadas e sem eu querer, comecei a ficar ansiosa.

Ele apareceu na porta do quarto com um envelope na mão.

— Ainda acho que devemos entregar só amanhã! – Falou estendendo o envelope na minha direção.

Olhei para meu pai, mas a carranca que eu esperava ver em seu rosto por estar recebendo um presente antes da hora não estava ali, ao invés, ele tinha um sorriso.

— Abro hoje ou só amanhã?

— Abra logo, Miniatura! – Mamãe me instou, me cutucando nas costelas. - Ixi, ainda tá magrela!

Tentei me livrar das suas cosquinhas para abrir o envelope branco, consegui o primeiro intento, e como não sabia o que tinha ali dentro, busquei pela minha faca de caça, que fica escondida dentro da gaveta do criado, para rasgar a aba.

— Isso está dormindo aí? – Papai perguntou.

— Era para ficar aqui. – Apontei para debaixo do meu travesseiro onde tinha um soco inglês, mas me incomoda, de qualquer jeito tá na mão.

Meus pais trocaram um olhar cheio de significado, creio que tinha uma história muito interessante – e extremamente editada – que um dia eles me contariam.

Deixei os dois se olhando para lá e rasguei a aba do envelope, para encontrar....

— EU NÃO ACREDITO! – Dei um pulo da cama e deixei a faca cair dentro da gaveta. Jet, ao meu grito, ficou de pé e começou a rosnar. – EU NÃO ACREDITO!!! – Pulei em cima da cama e aterrissei a centímetros de mamãe para dar um abraço nela e um beijo na bochecha. – Muito, mas muito obrigada! – Voei na direção de papai para agradecê-lo também.

Papai fez aquela cara de mártir, por mais que ele sempre implicasse com o meu gosto musical e ainda mais, implicasse com os meninos da One Direction, eu sabia que, se os ingressos para o show que aconteceria em D.C, no dia 23 de junho estavam na minha mão, é porque ele e mamãe tinham conversado e entrado em consenso de que eu poderia ir!!

— Agora você vai poder gritar o Lewis...

Louis, papai! Louis! – Corrigi meu pai pela milésima vez na vida, ele fazia questão de trocar os nomes dos meninos todas as vezes, mas com Louis Tomlinson, que é o meu favorito e a quem eu jurei proteger de todo mal, era mais do que brincadeira, era implicância.

 - Quem vai comigo? – Perguntei, ao ver que tinha dois ingressos.

— Bem, eu né? – Mamãe falou, mas eu sabia que ela iria se divertir, tinha algumas músicas que nós sempre cantávamos juntas, quando ela tinha a chance de poder dirigir o próprio carro, ou quando estávamos cozinhando algo.

— OBRIGADA!!! – Abracei-a novamente. – AAAAAAAAAAAAAAAAAHHHH! Eu não acredito que vou ver os meninos ao vivo!!! É bom demais para ser verdade!! – Pulei da cama e comecei a pular no chão, Jet veio para o meu lado, abanando a cauda, puxei meu cachorro para que ele ficasse de pé sobre as patas traseiras e comecei a dançar com ele.

— Se eu soubesse que você iria fazer essa festa toda por conta de um par de ingressos, eu teria te dado no Natal, só para que a família te visse assim. – Papai falou.

— Eu jamais daria esse escândalo na frente de todos, papai. Para que fazer isso e virar o motivo de piada do Tony?

— Com coisa que o DiNozzo faz piada com você! – Mamãe retrucou. – Anda, volta para a cama que hoje é domingo e ainda é cedo, não são oito da manhã!

Só que eu estava elétrica demais para conseguir voltar para cama, ou conseguir ficar quieta.

EU IRIA VER A MINHA BANDA FAVORITA, AO VIVO, DENTRO DE TRÊS MESES! É EMOÇÃO DEMAIS!!

E eu precisava mostrar isso para o mundo.

Corri para a cama, procurei debaixo dos travesseiros e achei o meu celular.

— Posso saber o que vai fazer? – Papai me perguntou.

— Eu preciso mostrar o meu presente!! Eu vou postar foto do ingresso na minha conta no Twitter! E vou marcar não só o perfil da banda como o perfil dos meninos!! Vai que alguém curte, né?

— Nem pensar! – Papai falou.

— Por que não? – Perguntei quase ofendida.

— Você não vai dizer onde estará nesse dia!

— Mas pai, meu perfil só tem meu nome! E minha foto é muito pequena, para alguém descobrir que sou eu!! Por favor!

Foi mamãe, a mais surtada com a minha segurança, quem falou.

— Jethro, o show é em três meses. E eu sigo o perfil dela... não tem nada demais e, ela não posta foto pessoais, nem informações. A foto dela tem tanto efeito, que só quem sabe que ela tem o apelido de @LittleRed, vai saber.

— OBRIGADA!! – Gritei de alívio.

Coloquei o ingresso em cima da minha escrivaninha, peguei o celular e tirei a foto, imediatamente abri o aplicativo do Twitter, fiz o login na minha conta, – afinal Tim havia me falado que não era para deixar logado direto. - e fui logo postando:

BEST BIRTHDAY GIFT EVER!!! @OneDirection. Vejo vocês em três meses!! Mal posso esperar. @Liam @Harry_Styles @Louis_Tomlinson @zaynmalik @NiallOfficial

Eu mal abandonei o celular na mesinha e ele começou a emitir o sonzinho de notificações.

— E isso, é o que? – Papai, que não estava nada feliz por eu ter feito isso, me olhou torto.

Lancei uma olhadinha para a tela que brilhava.

— É, bem. Abby, Tim, Breena e até mesmo a Kelly já curtiram a postagem.

Mais um beep.

— Agora foi a Emily. E a Lilly!

Papai revirou os olhos.

E o celular continuou a apitar. Decidi deixá-lo de lado e voltei a andar e pular pelo quarto, deixando o meu cachorro e o meu pai malucos.

— Sophie, volta aqui. - Mamãe me chamou, batendo na cama.

Para cada ataque que eu dava, papai olhava feio para o pôster que eu tinha na parede do meu quarto.

— Eu ainda vou arrancar aquilo lá. - Ele olhou perigosamente para a parede.

— Ah! Não!! Meu pôster não!! - Gemi em desespero.

O sorriso de lado de papai me deu um frio na espinha.

— Não combina com a decoração que você fez tanta questão de ter.

— MAMÃE! - Clamei por ajuda!

— Jethro… um dia isso acaba. E se me lembro bem, Jack me falou que você tinha alguns pôsteres na parede também.

— É mesmo papai? De quem?

Papai olhou feio para mamãe.

— Acho que não vou querer saber… - Murmurei.

— Não mesmo! - Papai soltou.

— Muito parecido com o Tony?

Mamãe caiu na gargalhada.

— Tinha uns de carros também, não é Jethro? De um certo Dodge Hemi... - Minha mãe não resistiu. - E tiraram de lá?

As orelhas de papai ficaram vermelhas, iguais às de Kelly quando ela fica com vergonha!!

— Então, o pôster do One Direction fica na parede dela até que ela o tire de lá. Jethro, acredite em mim, isso passa. Pelo menos os pôsteres na parede… - Ela deu de ombro.

Papai bufou e meu pôster foi salvo, por enquanto, é claro.

Eu e mamãe ficamos vendo filmes até na hora do almoço, afinal, era domingo e ela tinha o direito de descansar.

Era quase meio-dia quando papai apareceu na porta do meu quarto e perguntou se nós não iríamos comer nada.

— Por Deus, Jethro!! - Mamãe reclamou, mas saiu da cama.

— Kelly daqui a pouco está chegando. – Foi a desculpa esfarrapada que ele usou.

Aproveitei a deixa e me levantei também, arrumei a cama e, enquanto mamãe ficava pronta para virar a cozinheira, eu troquei a minha roupa e pude ver as notificações do Twitter.

— OH MEU DEUS!!! - Exclamei!

— O que foi agora, Ruiva?

— O perfil oficial da One Direction curtiu o meu tweet, pai!!! O perfil oficial da banda!! DA MINHA BANDA FAVORITA!!! - Pulei perto dele. - Alguém perto deles me notou!!! Meu dia fica a cada hora melhor!! - Dei um beijo na bochecha dele e sai cantando “Live While Your Are Young

— Jen… me fala que isso passa.

Não sei o que mamãe respondeu, mas pude escutar a risada dela.

Eu estava feliz demais para me preocupar com os ataques de ciúmes de papai!

Estava na cozinha, ajudando mamãe quando escutamos a campainha.

Primeiro Kelly, ela veio carregando Will e logo me entregou um papel.

— A doação, em seu nome, para o Lar dos Veteranos de Washington! Feliz Aniversário!!!

— Obrigada! Pelo menos você ouviu o que eu disse!! - Abracei minha irmã e aproveitei para brincar com o meu sobrinho, e tudo o que fez foi puxar o meu cabelo. - Tudo bem, você gosta do meu cabelo… já entendi!! Agora solta!

Papai logo veio para cumprimentar Kelly e Henry, depois que o neto nasceu, ele bem que tinha passado a aturar Henry um pouco mais. E, assim que ele pegou Will no colo, Kells veio me perturbar.

— Então… vai no show do One Direction, hein?

— Sim! - Voltei a ficar ansiosa.

— Kelly não começa!! Eu já não aguento mais ouvir isso! - Papai falou da sala.

Kelly deu de ombros e voltou a falar.

— Vi que curtiram o seu post…

Comecei a pular sem sair do lugar.

— Acho que alguém vai entrar em surto de novo. - Ela olhou para o meu estado eufórico.

— Ah… eu vou!!!

Kelly começou a rir.

— Eu não tinha isso quando tinha a idade dela!

Mamãe só falou.

— E eu não tinha nem internet! Parem de reclamar!

Nos três começamos a rir.

A campainha tocou de novo, e Abby, Tim, Ziva e Tony entraram falando alto.

— A Jibblet vai ver o Louis Tomlinson ao vivo!!!!

— Eu vou sim!!!!! - Pulei junto com Abbs.

— Quem vai te levar?

— Mamãe. - Respondi a Tony. - Não achou que seria o papai, né?

— Não sei… do jeito que o Chefe é ciumento…

Tony não teve chance de desviar, logo uma mão voou de encontro na cabeça dele.

— Já estou calando!

Ziva, que tinha pegado o Will no colo só soube rir.

Como se fôssemos uma família italiana, todo mundo se juntou na cozinha e tinha um pitaco sobre como cozinhar.

Claro que o almoço saiu tarde, Tony reclamou tanto que cismou de chamar de “almojantar”, vai entender, ele tem sérios problemas, deve ser devido ao excesso de tapas que ele já tomou na cabeça.

— E se reclamar mais, Tony, vai arrumar a cozinha, sozinho!! - Mamãe avisou.

Foi o que bastou para todo mundo ficar calado e começar a comer.

Era um pouco depois das três da tarde, quando meu celular, que estava no bolso do meu moletom, - o ex moletom dos Marines de papai. -  apitou.

— Quem é agora? - Papai perguntou do outro lado da mesa.

— Jethro, ela está almoçando!! E nem pense em tirar esse celular do bolso, mocinha!

Como eu amo a minha vida, segui o que mamãe tinha dito. E só fui tirar o celular do bolso quando ele tornou a apitar.

Era uma notificação de Emily, um reply dela no meu tweet da manhã. Mas não foi esse tweet que me deixou sem fala. Eu e Emily vivíamos conversando pelo Twitter, foi o tweet anterior, o tweet responsável pelo surto dela.

Eu tive que piscar duas vezes. Fechei o aplicativo, tornei a abrir. E lá estava o mesmo tweet.

O reply que quase me matou. Um Feliz Aniversário que eu nunca esperei ganhar, mas que se tornou o mais importante da minha vida.

O meu tweet, com a foto do ingresso, e as marcações que fiz deram resultado.

Há menos de quinze minutos, Louis Tomlinson tinha me respondido no Twitter. Sim, o meu preferido entre os cinco, tinha… ME DESEJADO UM FELIZ ANIVERSÁRIO E DITO QUE IRIA ME VER NO SHOW.

@Louis_Tomlinson: Happy Birthday, Sophie. See ya there.

Era o que dizia o tweet mais lindo do mundo!!!

É claro que a chance de eu me encontrar com ele era quase nula, mas isso me deixou tão, mas tão feliz… que… eu surtei na frente da família. Eu comecei a chorar, a gritar, a pular, a rodar.

— O que foi agora? - Mamãe me perguntou.

— Ele me respondeu!!! Ele me respondeu!!

— Quem?? - Papai se levantou e veio ver o que tinha na tela do meu celular.

— ELE!! - Eu gritei a apontei para o tweet.

— Seja mais clara, Sophie. - Papai não estava com uma expressão muito boa. Acontece que eu não tinha palavras, não enquanto eu olhava encantada para o reply na minha tela!

— O queridinho dela. Louis… - Mamãe me salvou vendo a foto e o tweet por cima do meu ombro. É isso foi o que bastou para que todos que estavam à mesa tirassem os celulares do bolso e stalkeassem o meu perfil atrás do bendito tweet.

— E ele pode fazer isso? - Uma veia pulsava na testa do meu pai.

— Papai. - Kelly chamou. - Isso acontece a todo tempo agora.

— Mas ele não a conhece! - A cor avermelhada estava ficando cada segundo mais forte.

— Jethro… não estraga a felicidade dela.

— Mas quem ele é? Como ele pode…

— Twitter, Gibbs. Se ela marca a pessoa, a pessoa tem todo o direito de responder. Foi o que ele fez. - Abbs explicou.

Papai não gostou disso. É claro que não!!

— Pode sair desse tal de Twitter!!!! – Ele berrou e estendeu a mão para que eu entregasse o aparelho para ele.

— Pai!! Isso nunca mais vai acontecer!!! Isso é uma raridade. Famosos não conversam com anônimos iguais a mim. Foi sorte. E ele só me desejou feliz aniversário, porque eu comentei que tinha ganhado os ingressos de Aniversário.

Papai não comprou a explicação, mas pelo menos recolheu a mão e não quis tomar o meu celular.

Se eu já estava eufórica com o show, imagina depois desse tweet, e por falar em tweet… eu tinha um plano.

Acabamos de almoçar, ajudei a arrumar a cozinha. Sentamos para ver TV, e foi só depois das seis que a família foi embora.

— Está mais calma agora? - Mamãe me perguntou.

— Ainda não sei!! Foi inesperado, mas foi a melhor surpresa que podia ganhar. Depois dos ingressos que vocês me deram, é lógico!!

Papai suspirou.

— Mas eu vou parar de falar sobre isso.

— Só acredito vendo! - Ele murmurou.

Para encerrar a noite eu só tinha que fazer uma coisinha.

Um pouco antes de dormir, liguei o computador, abri o Twitter e copiei o tweet endereçado a mim. Na verdade, eu imprimi o tweet inteiro e colei na contracapa de todos os meus cadernos. Agora eu poderia ficar vendo o melhor tweet do mundo, quando eu bem entendesse.

E eu sei que eu ficaria vendo esse tweet até o dia do show. Será que esses três meses não poderiam voar não?

——————————

Junho de 2013

— Jethro, será que você poderia vir no meu escritório? - Liguei para ele. Tinha um probleminha que só ele poderia resolver.

Não demorou muito e ele entrava de seu jeito costumeiro na minha sala, eu nem sabia mais como ou porque eu tinha uma porta, já que ele nunca a usava como uma mesmo.

— Jen. – Ele me saudou.

Dei o sorriso mais simpático que eu tinha. E ele logo levantou uma sobrancelha, já conhecendo todas as minhas táticas.

— Qual é a má notícia de hoje, Jen?

Eu sorri, me levantei da minha cadeira e parei na frente, tentando acalmar a fera, que eu sabia, iria explodir a qualquer momento.

— Não tem má notícia, Jethro.

— Nós dois sabemos que você nunca me chama aqui só para me ver.

— Então... – Comecei e o guiei até o meu sofá.

— Jen, diga logo.

— Eu tenho uma conferência para ir na semana do dia 23.

Jethro deu de ombros.

— Você realmente não ligou a informação, ligou?

— Jen, no meio de tanta coisa que está acontecendo, você realmente acha que eu vou me lembrar de tudo o que você me fala?

— Jethro, dia 23. O show. – Falei pausadamente.

— Você não vai estar aqui?

— Eu vou estar aqui, só não vou poder ir ao show.

— E quem vai levar a Ruiva naquilo? – Ele me encarou e eu o olhei de novo, sorrindo.

E ele reviveu cada segundo desde o momento em que entrou na minha sala, ou ousaria dizer, desde o momento em que liguei para ele.

— NÃO. EU NÃO VOU LEVAR A RUIVA NAQUILO.

— Jethro... não tem mais ninguém.

— Kelly.

— Sua primogênita é mãe agora... ela não vai deixar o filho de um ano e meio para levar a irmã em um show de boy band.

— Abbs.

— Não.

— Tony.

Eu só o olhei.

— Ziva?

— Ela vai matar a banda inteira, isso se não matar a plateia inteira. Só tem você, Jethro.

— Ou ela pode não ir! – Ele disse simplesmente.

— Jethro! Você escutou a sua filha nos últimos dois meses e meio?

— Teve como não escutar, Jen?

— Exatamente, Jethro. Sophie está eufórica para esse show. Ela foi a melhor aluna da classe, tirou as maiores notas da escola inteira, continuou no posto de primeira bailarina, isso sem contar nas instituições de caridade que ela anda ajudando. Tudo isso para ir ao show da One Direction!

— Jen, sem condições de eu ir parar naquele show.

— Jethro, só sobrou você. Não faça isso com ela.

Jethro suspirou, me encarou.

— Não tem como você não ir na conferência?

— Com tudo o que aconteceu nos últimos meses dentro dessa Agência, é inviável.

— Que ela sempre seja grata por isso. – Ele virou o restante do café, se levantou e saiu batendo a porta.

E eu esperava realmente por isso. Porque vai ser complicado pelos dois lados.

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— A senhora não vai poder ir comigo no show?! – Perguntei um tanto incrédula. Minha mãe tinha acabado de soltar essa bomba durante o jantar.

— Não, Miniatura. Infelizmente não vou poder. Uma Conferência.

— Conferências não são marcadas com quase seis meses de antecedência?

— Geralmente sim. – Ela me respondeu.

— Mas não essa?

— Não.

— Tem alguma coisa a ver com o Diretor do Mossad ter sido assassinado dentro da casa do Vice-Diretor do NCIS?

— Também.

— Então eu não vou no show?

— Não foi isso que eu disse. – Ela falou séria.

— Mas... não tem mais ninguém para me levar. – Concluí.

— Sua irmã seria a melhor opção.

— Kelly tem um bebê que depende dela. – Emendei.

— Sim, ela está fora de cogitação.

— E ninguém da nossa família gosta da 1D.

— Isso também é verdade. – Mamãe falou.

— Então eu não vou! – Eu tentei manter a sanidade e não começar a chorar, meu presente de aniversário tinha acabado de sair voando pela janela.

— Vai. Seu pai vai te levar.

Eu quase não acreditei e me virei na hora para papai que estava calado desde o começo da conversa.

— O senhor vai me levar? Jura?

Papai deu de ombros. E eu estava tentando imaginar como seria ir ao show com ele do meu lado.

— Obrigada!! Obrigada! – Pulei e dei um beijo na bochecha dele.

Faltavam dez dias para o show.

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Mamãe estava presa na conferência desde sexta-feira. Ela só vinha em casa para dormir, chegava tarde da noite e saía antes mesmo das seis da manhã. Confesso que estava preocupada com ela, nunca era bom quando ela trabalhava nessa intensidade. Ainda mais depois do que aconteceu há cinco anos.

Tia Ziva tinha pedido um tempo do NCIS, disse que precisava voltar para Israel e esfriar a cabeça. E deixou uma bagunça que mamãe estava resolvendo com a devida ajuda de papai.

E, por todas essas coisas, eu estava para desistir do show.

— Papai. – Chamei-o. Ele, como sempre, estava no porão, ainda pensando a saída temporária da Tia Ziva.

— Diga, Ruiva.

— Eu acho...

— Não. Você vai.

— Mas papai.

— Filha. – Ele me chamou para descer a escada. – Esse é o seu presente de aniversário. Você está falando desse show desde o dia em que te demos os ingressos. Você até teve o post ou sei lá o que do Twitter respondido pelo cantor lá.

— Mas parece errado.

— Você não tem que se preocupar com a decisão das outras pessoas.

— Mas é família!

— Sophie, Ziver decidiu voltar para Israel por conta dela, nada disso teve influência de algum de nós. Não podemos mudar a escolha dela, e quando ela estiver pronta, ela vai voltar. E, você não pode parar a sua vida por conta dela. E nós vamos a esse show.

Toda essa conversa foi três dias antes do show.

Agora eu estava parada na porta do hotel, a banda tinha acabado de chegar a D.C. e, Emilly teve a grande ideia de vir para o hotel para tentar a sorte de pedir um autógrafo.

Quem nos trouxe foi o Sr. F. que estava tão emburrado quanto papai, já que Dona Diane mandou que ele levasse Emilly ao show.

— Eles vão demorar muito? – Sr. F. perguntou.

— Papai, pelo que falaram aqui no Twitter, eles desembarcaram há quarenta minutos. Faça as contas do Dulles até aqui.

— Mais uns quinze minutos. – Fornell falou.

— Ou não! – Apontei para a van que chegava.

— SÃO ELES!! – Emily e eu gritamos. O Sr. F. só tampou os ouvidos.

Os meninos começaram a descer da van, os seguranças do hotel saíram para tentar conter todas as fãs. Sim, éramos muitas.

Liam foi o primeiro, e lógico, nós gritamos. Muito. Ele parou para tirar algumas fotos e quando estava chegando perto de nós, os seguranças o puxaram para dentro do hotel.

— Foi quase! – Emilly disse.

Zayn foi outra história, ele não se assustou com a gritaria, e chegou a dar autógrafo para Emilly. Ele é o preferido dela e minha amiga quase infartou. Na verdade, ela começou a chorar.

— Podemos ir embora agora? – Sr. F. perguntou, já tampando os ouvidos com as mãos.

Harry foi o que desceu em seguida. E, novamente, nós gritamos.

Dessa vez nem eu ou Emilly tivemos sorte. Mas conseguimos boas fotos dele, que foi para o outro lado, atender as fãs que estavam lá.

Niall foi o penúltimo, ele tentou atender a todas, mas começaram a empurrar e os seguranças o tiraram de lá.

— Por que tinha que ser o último?! – Murmurei.

E lá veio Louis, a gritaria não tinha diminuído e creio que aumentou, porque eu gritava mais alto.

— Jesus, Mini Diretora do NCIS, grite mais baixo! – Fornell me deu um cutucão nas costas.

Eu bem que tentei, mas não consegui. Eu estava quase frente a frente com o meu cantor preferido. E ele estava vindo na minha direção.

— Eu vou desmaiar! Ele é tão lindo!! – Falei quando o vi.

— Ele tá vindo para cá! – Emilly me deu um tapa no braço.

Eu e Emilly começamos a chamá-lo. E a cada segundo ele ficava mais próximo.

Até que.

Eu gelei. Congelei. Parei onde estava e juro, fiquei até surda. Louis estava bem na minha frente. Eu tive a chance da minha vida, pois ele pegou o meu caderno, me deu um autógrafo. E...

~~~~~~~

Meia hora depois.

— Eu ainda estou surdo, Jethro! E isso foi só uma prévia! – Sr. F. falava com papai na porta de nossa casa. Eu e Emilly estávamos vendo as fotos que tínhamos tirado. – Você não faz ideia de quão alto a sua filha pode gritar!

Dei de ombros.

Sim, eu tinha gritado. Gritei na hora que a van estacionou, na hora que o Liam desceu, que o Zayn apareceu. Xinguei quando arrastaram o Harry a força para dentro do hotel, gritei chamando o Niall e, claro, gritei quando o Louis saiu da van, mas fiquei muda quando ele parou na minha frente, me deu um autógrafo e depois tirou uma foto comigo. Tudo o que eu consegui dizer foi obrigada.

E... bem.... depois que a ficha caiu, que eu realmente entendi o que tinha acontecido, eu comecei a gritar de novo. E dessa vez foi muito alto.

— Eu ainda não acredito que conseguimos tirar fotos com os nossos favs! – Emilly disse.

— Nem eu!

Claro que, devido ao surto momentâneo, cada uma teve que ajudar a outra. Então, quando Zayn parou na frente de Emily, eu estava mais do que pronta para registrar cada segundo daquele momento. Tirei todas as fotos que pude, inclusive a selfie dos dois. Depois ainda filmei ele autografando o pôster dela.

E quando foi a minha vez de ser a sortuda do momento, Emilly fez o mesmo.

E, era o fazíamos agora, uma enviava para a outra as fotos, vídeos e tudo o que tínhamos do momento.

— Jethro, ou damos um jeito, ou nem eu ou você teremos tímpanos no domingo à noite. Acredite em mim.

— Papai está exagerando. Não gritamos tanto assim. – Emilly fez uma careta.

— E, se ele continuar falando isso, te garanto que meu pai rasga os meus ingressos. – Comentei.

— Elas ficaram irreconhecíveis! Eu nunca vi a Emily gritar e pular tanto!

Os dois agora olhavam para nós e só demos um tchauzinho em resposta, o que os levou para mais longe.

— Acha que eles vão aprontar e desistir de nos levar? – Emilly tentava ler a expressão corporal do pai.

— Não sei... eu ainda tenho as minhas dúvidas de que papai vai me levar...

— Ele não faria isso, faria?

— Ele é Leroy Jethro Gibbs, Emilly. Pode fazer qualquer coisa, a qualquer momento.

— EMILLY! VAMOS! – Fornell gritou. – Se é que você ainda é minha filha.

Nós duas nos levantamos e caminhamos até onde nossos pais estavam.

— Então, até amanhã no show!! – Emily começou a pular.

— Até amanhã!

— Como vamos nos encontrar?

— A gente dá um jeito! – Afirmei.

— Viu, Jethro. Não são as mesmas garotas! Algo aconteceu com elas! – Sr. F falou ao fechar a porta. Emilly dava tchauzinho para nós.

— Tchau Tio Gibbs!! Até amanhã! – Ela gritou quando o pai dela arrancou o carro.

— Então... como foi na porta do Hotel?

— Melhor do que no meu aniversário!!! – Comecei a pular do lado do meu pai!! – Foi emocionante!! Agora eu sei que eles realmente existem!

— Você já sabia disso, filha!

— Mas eles são reais, pai! – Tentei explicar o que eu sentia.

— Com quem você tirou foto?

— Com o Louis!

— O mesmo que te respondeu no facegram?

Twitter, papai. Mas sim, ele.

— Posso ver a foto?

— Mostrei com orgulho a tela de bloqueio do meu celular.

— Não éramos nós aí? - Por nós, ele queria dizer, a foto dele, mamãe, Kells e Henry no casamento de Kelly.

— Sim...

— E fomos trocados por ele?

— Temporariamente!

Ele não gostou da notícia.

— Mas logo eu volto para a foto que era. Essa aqui é porque... – Me embolei para explicar.

Papai balançou a cabeça e me guiou porta adentro.

Seria uma longa noite essa e se eu conseguisse dormir, já seria um triunfo.

—-------------------------------

— Você está pronto para hoje à noite, Jethro?

Meu marido só me deu um sorriso de lado.

— Espero que você e Fornell não estraguem o show das meninas.

— Ele me disse que as duas nunca gritaram tanto.

— É mesmo?

— E eu não faço ideia do que esperar, Jen. Tobias disse que Sophie simplesmente surtou depois que conseguiu a foto.

— Ela só ficou animada, Jethro. Pense como ela, por favor.

Jethro fez uma careta.

— Não consigo acompanhar o que se passa na cabeça dela.

— Então, nem tente.

— Tem horário para chegar hoje? – Ele me perguntou quando me levantei da mesa de café.

— Não, mas tenho a esperança de chegar em casa antes de vocês.

— O show está marcado para começar às 19:30.

— Então vocês devem chegar cedo, isso se não houver atrasos, coisa que sempre acontece. – Falei e passei atrás dele, com o claro intuito de roubar um beijo. – E isso aqui, é para você! – Coloquei uma caixinha com tampões de ouvido na mão dele. – Nunca se sabe a verdadeira altura que sua filha pode gritar, até que ela esteja frente a frente com os queridinhos dela. Pode me agradecer depois. – Roubei outro beijo.

— E vai fazer o que agora?

— Acordar a dorminhoca.

— Deixa ela dormindo, quanto mais tempo ela passar assim, menos serei obrigado a escutar as músicas que ouvirei hoje.

Eu ri, não só da situação futura que Jethro iria enfrentar, como das cenas que estavam acontecendo nessa casa, nessa última semana. Pensar que o Marine durão estava aterrorizado com um show de uma banda que arrastava adolescentes.

— E não faça essa cara, Jethro. É só um show. Você não está indo para a guerra.

— Talvez a guerra desse menos trabalho. – Ele murmurou e foi atrás de mais uma xícara de café.

Eu estava em cima da hora, mas não podia deixar de mexer com a minha filha, ainda mais na data de hoje.

— Filha... bom dia! – Acordei a descabelada ruiva.

— Mamãe? E as reuniões? – Ela perguntou depois de bocejar. - Bom dia!

— Eu estou um pouquinho atrasada, mas só queria conversar com você um pouquinho.

— Sobre?

— Tente não falar muito sobre o show hoje.

E foi só mencionar o show que vi que os olhinhos dela começaram a brilhar.

— Para poupar o seu pai até a hora em que os meninos subirem no palco.

— Claro. Eu vou tentar. Não sei se vou conseguir.

— Tente o máximo que puder. – Pedi.

— Tudo bem.

— E, pelo visto, você já separou até a sua roupa... – Comentei.

Sophie abriu um enorme sorriso.

— Sim...

Me levantei da cama e fui ver com o que ela iria vestida, só para garantir que Jethro não desse um ataque. Short, converse branco com lantejoulas, blusa da banda – uma delas, Sophie tem umas 10. Nada que pudesse causar um ataque cardíaco no paizão.

— Acha que papai vai falar algo?

— Diz por conta do short?

— Sim.

— Não. Ele não vai. Mas se falar, venha e troque, não é dia para brigar, lembre-se você precisa dele.

— Eu sei, mamãe. E também sei que é um tremendo de um sacrifício para ele ir. Ele não é lá muito chegado nisso.

— Não, ele não é. E isso só mostra o tanto que ele gosta de você.

Minha filha assentiu.

— Tenho que ir, Sophie. E se comporte nesse show. E durante o dia.

— Eu vou mamãe! – Ela se levantou. - Tenha um bom dia no trabalho.

— Se eu conseguir resolver a situação da Ziva hoje, vou me considerar uma vencedora! – Murmurei ao beijar a testa da minha menina.

Sophie desceu a escada comigo e foi até a porta.

— Se divirta, tire fotos, se não estiver tremendo demais. E depois a senhorita vai me contar, em detalhes, como foi ontem no hotel.

— Pode deixar, mamãe!

Jethro apareceu atrás de nós, para se despedir de mim.

Esperava, do fundo do meu coração, que os dois não entrassem em rota de colisão hoje.

—--------------------------

E tinha chegado a hora, falei com a Ruiva que nós íamos sair faltando duas horas para o show, e que se ela não estivesse pronta às 17:30, poderia esquecer o concerto.

Às 17:10, ela estava prontinha, parada na porta da sala de televisão, pulando ansiosa. Eu tinha que dar crédito para a minha filha, por mais nervosa que ela poderia estar, Sophie ficou o dia inteiro sem comentar do show comigo. Não sei se foi ordens de Jen, ou se ela queria me poupar para mais tarde, só sei que ela se segurou o quanto pode. Mas, enquanto ficou calada ao meu lado, vi que seus dedos voavam pela tela do celular sempre que este apitava.

Ele não conversou comigo, mas conversou com as amigas.

— Está pronta? – Perguntei para a ruivinha que quicava de nervosismo.

— S..Sim!

— Ingresso? – Comecei a conferir.

— Aqui! – Ela os tirou do bolso do short.

— Identidade?

— Aqui.

— Me dê os dois antes que você os perca.

— Pode guardar meu celular para mim também, papai? – Ela fez aquela carinha de cachorro pidão.

— Me dê aqui. – Estendi a mão. – Tudo arrumado para Jet?

— Sim. Água e ração nas vasilhas, ele foi passear hoje, tudo certo. – Ela falou e acariciou a cabeça do pastor alemão.

— Então vamos.

Não tinha fechado a boca e ela já tinha saído correndo para a garagem.

— É Marine. Ele tem alguém de quem gosta mais do que nós dois juntos. – Comentei com o cachorro que ainda olhava para a porta por onde a dona tinha desaparecido.

— Qual carro?  - Ela gritou.

— Adivinha.

Ouvi a porta sendo fechada e o ronco do motor V8 soar alto.

Quando entrei na garagem, minha filha já tinha aberto o portão e tirado o carro.

— Eu não deveria ter te ensinado a manobrar os carros. – Falei depois que entrei.

—  Só estava adiantando as coisas. – Foi a desculpa que ela deu.

— Sei.

Ela me sorriu, o mesmo sorriso da mãe quando sabia que tinha ganhado algo que queria muito.

Por todo o caminho, Sophie bateu os pés no assoalho do carro, o que imediatamente me lembrou de Kelly no dia do casamento dela.

— Você está indo para um show. – Falei para agitada menina ao meu lado.

— Eu sei.

— Por que esse nervosismo todo?

— Não sei! Tô assim o dia inteiro.

— Isso eu percebi, Kelly.

— Sophie.

— Não, você está agindo da mesma maneira que Kelly, no dia do casamento dela.

Sophie me encarou, como se comparar o casamento da irmã e o show da banda que ela gostava fosse uma blasfêmia.

— O que você combinou com a Emily?

— Vamos nos encontrar lá dentro. A fila para entrar deve estar imensa. – Ela falou.

— Lugar marcado?

— Pista VIP não tem lugar marcado, papai. Todo mundo fica de pé.

Isso Jenny não tinha em dito.

— Por isso está de tênis?

— Sim. Por isso os tênis. – Ela balançou o pé e o sol fez o sapato brilhar.

— Você não tem um sapato que não seja chamativo, tem? – Perguntei para ela.

Sophie deu uma gargalhada.

— Por sapato que não seja chamativo o senhor quer dizer, tênis preto, sem nada ou só uma sapatilha nude?

— Qualquer coisa que não seja colorida e/ou brilhante, filha.

Minha filha pensou.

— Bem... tenho uma sapatilha da cor da pele e um sapato todo preto. Acho que são os únicos que são neutros. – Me respondeu por fim.

E ela começou a tagarelar, Sophie nervosa significava que a falação era garantida e, quando ela viu que nos aproximávamos da Arena onde seria o show, começou a falar em uma velocidade tal que eu tive que intervir.

— Sophie, filha. Respira. Ou você não vai ver esse show.

Ela tinha os olhos arregalados quando se virou na minha direção.

— Tá bom. – Disse e começou a respirar devagar, contando as respirações.

Estacionamos o carro e depois ela começou a procurar onde seria a nossa fila.

— Aqui, papai. – Falou.

— Já achou a Emilly?

— Não.

Foi eu falar e escutamos um grito.

— SOPHIE!!!!!

— EMILLY!!!

E lá vinham Fornell e Emilly, que estava praticamente vestida igual à minha filha.

— Gibbs. – Tobias me cumprimentou. – Preparado para ficar surdo?

— Tenho meus truques, Tobias.

Foram quarenta minutos de fila, as duas meninas ruivas falaram o tempo inteiro, ora sobre os meninos da banda, ora sobre a música nova que, segundo um perfil de fofocas no Twitter, eles lançariam no show de hoje.

Os portões foram abertos e logo Sophie puxou o meu braço.

— Anda pai, não temos lugar marcado, então temos que correr se eu quiser ver alguma coisa do palco.

Emilly fez a mesma coisa com Tobias, que se deixou ser carregado pela filha, pouco se importando em ajudá-la.

— Aqui? – Emilly perguntou.

— Não. Ali! – Sophie indicou um lugar próximo ao palco e a uma pequena passarela. - Se dermos sorte, podemos tirar muitas fotos aqui!

— Sua filha tem o mesmo gene mandão da mãe.

— Não sei se isso é bom ou ruim, Tobias.

As Ruivas, estavam tão elétricas que não paravam de pular, se virar, conversar, tirar fotos, sobrando até para mim, ser o responsável para tirar uma foto das duas juntas segurando o cartaz que Emilly havia feito.

— A noite vai ser longa, Jethro.

E seria mesmo.

Duas horas depois dos portões serem abertos, eu já estava com dor de cabeça e cansado de ficar de pé, Sophie parecia ser imune ao cansaço, mesmo tendo acordado cedo. Ao meu redor eu só via adolescentes e seus pais, algumas vinham com as irmãs mais velhas, ou tios, mas a grande maioria eram as mães quem trouxeram. Os poucos pais que estavam ali, creio que tinham a mesma expressão perdida que eu e a mesma pergunta na cabeça.

— O que raios eu estava fazendo aqui em uma noite de domingo?

Me virei para procurar a minha filha que tinha feito amizade com outras meninas que estavam perto de nós, agora eram um quinteto e pelo que entendi, cada uma tinha um favorito na banda. E, como se fosse vindo do nada, as luzes se abaixaram e a gritaria começou.

Alta, histérica, estridente, vinda de todos os lugares, principalmente da ruiva que estava na minha frente.

O palco se acendeu e logo os cinco rapazes estavam começando a cantar a primeira música, que eu já tinha ouvido, é claro, pois Sophie tinha se encarregado dessa parte.

Falando em Sophie, o grupo mal tinha subido no palco e ela começou a gritar, a pular e a cantar ao mesmo tempo. E como Tobias havia dito, eu não reconhecia a minha filha. Aquela ali não era a minha Sophie que, apesar de ter aprontado muito quando criança, era uma adolescente bem calma.

— O que fizeram com elas? – Perguntei para Fornell que tampava os ouvidos.

Eu fiz o mesmo, estava impossível ali dentro. Até que me lembrei do presentinho de Jen.

Procurei no bolso do jeans e achei a caixinha. Se aquilo podia abafar o som de tiro de rifle, deveria ser capaz de abafar a gritaria histérica de vinte mil adolescentes.

Coloquei os tampões e foi um alívio, pude, enfim, observar o comportamento da minha filha. Não era tão diferente assim das demais meninas, mas, era novidade para mim.

Sophie cantou, dançou, chorou, pulou, gritou, tirou fotos, gravou vídeo, levantou o celular com a lanterna acessa quando pediram, dançou mais um pouco até que algo aconteceu...

Ela tinha escolhido o lugar à dedo, sabendo que ali teria uma chance maior de poder ver os cantores. E, a cada momento, um vinha até a ponta e se abaixava e entregava não sei se era uma foto, um pôster, uma porcaria qualquer que fazia a alegria da fã que conseguia pegá-lo. Emilly perdeu o favorito dela por conta da altura.

Já minha filha...

Tinham acabado de anunciar que cantariam uma nova música, chamada Steal My Girl. Desnecessário dizer que a euforia dos fãs aumentou, era a tal música inédita que Emilly e Sophie comentavam na fila. E, ao ouvir isso e notar que o tal do Lewis - ou seria Louis? - tanto faz, começou a andar até o local onde ela tinha escolhido, Sophie, rapidamente correu para a grade e cantando o refrão chiclete da música, subiu ali e estendeu a mão.

Não deu outra, ela estava mais alta que as outras meninas, como se ela já não fosse, e ainda em um local mais alto, quando o Lewis abaixou para entregar o papel, encontrou direto a mão dela.

E foi bem na hora que o refrão da música ecoou na minha cabeça.

I know, I know, I know for sure

Everybody wanna steal my girl
Everybody wanna take her heart away
Couple billion in the whole wide world
Find another one 'cause she belongs to me

E eu não gostei da forma como a minha filha olhava para o cantor, eu sei que era inofensivo, ainda era, ela sabia disso também. Mas um dia não seria. Um dia alguém roubaria a minha menina. Pois ela não era mais a garotinha de cinco anos que eu tirei de dentro de um buraco. Hoje ela tinha treze e estava “apaixonada” por um grupo formado só por meninos, amanhã ela teria 16, 18, 22 e encontraria o cara.

E tudo o que eu conseguia pensar era que, por mais que a letra da música não fosse sobre um pai e uma filha, um dia alguém roubaria a minha menina de mim, assim como já tinham levado Kelly.

Voltei a prestar atenção no que acontecia ao redor de Sophie, ela, finalmente tinha conseguido pegar a foto da mão do tal de Lewis e parecia que ele a tinha reconhecido.

— Te vi ontem, não te vi? – Ele falou no microfone.

Ela quase caiu da grade.

— Sim! – Vi que ela balançava a cabeça eufórica.

E ele estendeu a mão na direção dela e ela foi convidada para ir ao palco.

— Jethro, tira a sua filha de lá. – Fornell falou.

Mas já era tarde, foi um piscar de olhos e Sophie já tinha sido autorizada a subir no palco e estava ao lado do tal de Lewis, cantando e dançando a outra música que tinha começado. A mesma música que ela saiu cantando no dia em que demos os ingressos.

E eu não sabia como reagir quando, ao final da canção, ela saiu abraçando cada um dos componentes do grupo com um enorme sorriso no rosto.

Não demorou e ela voltou para o lugar onde eu estava, olhos grandes e brilhantes, o rosto ainda vermelho de vergonha e de tanto pular.

— Papai! Papai! O senhor viu? – Ela disse pulando na minha frente, esquecendo o show um pouco.

Só balancei a cabeça. Era inútil tentar ouvir o que ela falava agora.

Ela se virou para o palco mais uma vez no momento em que anunciaram a última música. E, se eu achei que o momento em que ela subiu no palco foi demais, eu deveria ter me preparado para o grand finale, porque assim que a música acabou, que os cinco rapazes se despediram da plateia, prometendo voltar na próxima turnê, Sophie caiu sentada no chão e começou a chorar.

— Filha? – Chamei.

E ela chorava convulsivamente.

— Ruiva? - Tornei a falar.

Ela abraçava o presente que ela tinha ganhado no momento mais insano da vida dela até então e murmurava algo.

Me agachei para ver se tudo estava bem, até que ela olhou para mim.

Ela não estava chateada, longe disso. Sophie estava chorando de felicidade e falava algo comigo.

Algo que eu não escutei porque...

Ela estendeu a mão até a minha orelha e tirou o tampão de lá.

— Sério papai?

— Sua mãe me deu. – Respondi.

— O senhor não me ouviu cantar?!

— Um tanto impossível, estávamos perto das caixas de som, é claro que ouvi. – Falei e estendi a mão. – Posso saber o motivo do choro?

— Essa foi a melhor noite da minha vida! Duvido que algo a supere!

Me lembrei do momento em que ela estava na grade e do refrão da música. Eu poderia até aturar cinco ingleses que já deveriam estar a caminho do próximo show... se fosse para essa ser a melhor noite da vida de minha filha... mas não poderia aturar se a tirassem de mim, porque, por quem mais eu pararia em um show em plena noite de domingo quando tudo no NCIS estava virado de ponta cabeça?

Somente por Sophie e por mais ninguém.

—------------------------

— Mamãe! Mãe! Mamãe!! – Gritei da porta. Eu sabia que ela estava em casa porque eu vi a luz da tv pela janela.

 - Aqui dentro! – Ela me respondeu.

Eu estava morta de sede, com os pés doendo de pular e dançar, um tanto rouca também, mas corri direto para os braços de minha mãe que tinha se levantado para me receber.

— ESSE FOI O MELHOR DIA DA MINHA VIDA TODINHA!! – Falei ao abraçá-la, eu deveria ter maneirado na força, pois quando fiz isso, joguei nos duas no sofá.

— Foi é? Então me conte... – Ela pediu quando finalmente conseguimos nos sentar, um pouco atrás vinha papai, já com uma xícara de café na mão, ele, literalmente, se jogou no sofá e morreu por ali. – Mas primeiro me explique, por que choras?

E eu comecei a chorar de novo.

— Jen... não peça detalhes, sua filha está dando pane atrás de pane, não está falando nada coerente.

Fiz uma careta, isso era verdade.

— Eu vou resumir para você, Jen. Essa aí parou até em cima do palco, para cantar com os cinco.

Dei um pulo para trás e comecei a pular na frente dos dois.

— Você subiu no palco? – Mamãe me perguntou.

Balancei a cabeça, o momento ainda era surreal para mim.

— E você deixou? – Ela se virou para papai.

— Não pude fazer muita coisa. Sua filha ficou irreconhecível. E quando vi... Alguém estava roubando a minha filha de mim.

— Qual deles?

Eu não precisei responder. Só pelo meu sorriso mamãe já sabia quem foi.

— De novo? Louis Tomlinson de novo?

— Eu sei escolher os meus favoritos! – Falei. – E a senhora não sabe da melhor.

Papai se ajeitou no sofá.

— Não, não sei.

— Ele me reconheceu!!!

— Não me diga!

— SIM!! Ele se lembrou de mim, de ontem à tarde!! Dá para acreditar?

Mamãe quis saber tudo sobre o show, tudo. E eu contei tudo o que eu me lembrei, nós duas ficamos conversando até tarde, e foi preciso duas xícaras de chá para que eu acalmasse a ponto de conseguir dormir. Mas, antes de ir para cama, tive que fazer uma coisinha.

Papai tinha se jogado no sofá e ficado por lá, jurava que estava com dor de cabeça, mas não pude me deitar sem agradecê-lo.

— Obrigada pela melhor noite da minha vida, papai!! Muito obrigada!! E pelo melhor presente de aniversário! – Dei um abraço apertado nele e um beijo na sua bochecha. – Sei que isso não compensa toda a dor de cabeça e a dor nas costas, mas saiba que eu vou sempre me lembrar que foi o senhor quem me levou para o meu primeiro show!

Papai só me deu um beijo na minha testa.

— Vai lá acabar de contar o show para a sua mãe! – Ele falou e eu subi correndo até o meu quarto.

Mamãe se deitou na minha cama, enquanto eu contava o setlist, como foi o show e o melhor momento, pela milionésima vez.

—-----------------------

— E ela dormiu. – Anunciei quando desci a escada. – Como você está? – Parei atrás de Jethro e dei um beijo na cabeça dele.

— Surdo, com dor nas costas, dor de cabeça, e tentando entender como cinco garotos com sotaque inglês podem atrair tantas adolescentes.

Eu ri.

— Eles são charmosos, Jethro.

— Até você, Jen?

— Me diga uma mulher que não tenha uma queda por um sotaque inglês, Jethro. – Brinquei com ele. – Mas, eles têm tudo o que as adolescentes gostam, o grupo foi criado com essa finalidade. – Dei a volta e me sentei do lado dele. – Foi tão ruim assim?

— Vinte mil adolescentes gritando Jen? Não. Ver a sua filha subir no palco sendo segurada pelo braço pelo rapaz de quem ela não para de falar? Eu quase a puxei daquele palco, Jen!

— Sorte a dela que não o fez. – Falei. – Pois ela está eufórica e vai falar disso por muito tempo.

— Mas deveria ter feito. – Ele murmurou infeliz.

— Jethro... ela nunca mais vai encontrar com eles.

— Ela abraçou cada um deles.

— Sortuda ela. Tem um monte de garotas que queriam trocar de lugar com ela nesse momento.

Eu sabia que isso não estava ajudando em nada, mas era divertido ver o ciúme dele.

— Tudo bem, eu não vou falar isso novamente, você venceu. O que te deixou com a mesma cara que você estava no dia em que Kelly se casou?

— Um dia alguém vai levar a Ruiva de verdade, Jen.

— De onde você tirou isso?!

— Do momento em que ela subiu no palco.

— Não foi só desse momento... – Olhei para ele, tinha mais ali.

— E da letra da música que tocava quando ela ganhou aqueles brindes.

— Você está dando um ataque por conta da letra de uma música de um grupo formado por cinco rapazes que mal entraram nos vinte anos? Jethro, você já foi muito melhor que isso!! – Eu comecei a rir.

Ele ficou calado. Acho que eu tinha exagerado em brincar com o ciúme dele.

— Tudo bem, mudando de assunto. Ela deu trabalho lá?

— Você viu as fotos?

— Vi. – Afirmei.

— Não deu para acompanhá-la. Ela não para.

— Alguém está ficando velho... – Brinquei com ele acariciando os cabelos quase brancos dele.

— É Jen, eu estou. E 75% desses cabelos brancos foram causados por duas meninas.

— Creio que Kelly tem a maior parte da culpa.

— Talvez. Mas daqui para frente todos serão culpa da Ruiva.

— Tadinha da minha Miniatura! – Defendi a minha pequena.

— Depois de hoje, Jen. Sim, ela será! – Ele afirmou. – E eu travei na hora que ela deu a mão para o tal de Lewis. – Confessou.

— Calma, Jethro. Por enquanto, ninguém vai levar a sua menina embora.

— Era exatamente isso que a música falava. – Ele recostou a cabeça no encosto do sofá.

— Mas ela vai continuar dando os ataques dela dia sim e outro também. – Dei de ombros e imitei o gesto dele, só que usando-o de travesseiro.

— Até quando? – Ele quis saber.

— Até que alguém definitivamente apareça e a roube de você!

—----------------------

Não podia acreditar que finalmente o dia do show tinha chegado. Hoje eu iria ver os meninos! Era o primeiro show que eu ia na vida, já tinha ido ao teatro, balés, apresentação de orquestra, mas nunca em um concerto.

Antes mesmo de me levantar, peguei meu celular para conferir o Twitter, não queria perder um segundo que fosse.

Até que vi as notificações. Eu tinha mais de 100 notificações.

— O que aconteceu? – Murmurei.

Abri o aplicativo direto para ver o que estava acontecendo e...

EU TINHA ACONTECIDO.

Aquilo não tinha sido um sonho muito bem conjurado pela minha mente ansiosa!!

Eu realmente tinha ido ao show. Eu realmente tinha visto os cinco cantarem ao vivo. Eu realmente tinha conseguido o brinde que eles estavam entregando das mãos do Louis. E, definitivamente, aquela garota ruiva que estava entre o Louis e o Zayn na foto era eu.

Eu tinha subido no palco!

Eu tinha subido no palco ao lado da minha banda favorita e cantando Live While You Are Young com eles.

— MEU DEUS NÃO FOI UM SONHO!!! – Minha ficha caiu ao ver as fotos tanto na página da Arena quanto no meu celular.

— O que foi agora?! – Papai abriu a porta do meu quarto.

— Aquilo realmente aconteceu!!

— Sophie, do que você está falando? – Mamãe apareceu na porta ao lado do papai.

— Eu fui ao show! Eu os vi! Eu cantei com eles no palco! Foi real!! Não foi um sonho!!! – Pulei da cama. - Eu ganhei.... isso! – Mostrei. O kit de camiseta, poster e um ingresso comemorativo, devidamente autografado e dedicado a mim!

Papai suspirou.

— E lá vamos nós para o surto pós show. – Mamãe murmurou e me deixou pulando no quarto.

— Jet!! Jet!! – Chamei por meu cachorro. – Você tem sorte, porque se você chegasse nessa casa hoje, pode apostar que seu nome seria Louis!

— SOPHIE!! – Papai chamou a minha atenção.

Ainda de pijamas, desci a escada, pulando e cantando aquela que seria a música da minha vida.

— Jen, faça ela parar.

Eu parei de cantar sem que mamãe me mandasse. Mas era alegria demais para que eu ficasse quieta e logo eu estava cantando de novo, contudo, para não tomar aquele xingo logo na segunda cedo, subi para o meu quarto.

Eu precisava desabafar a minha felicidade no Twitter.

Ao abrir o app de foto, vi a bendita foto novamente. A vontade de colocá-la como meu header no lugar do Jet foi muito grande, porém me lembrei que eu só podia ter a minha foto de perfil por razões de segurança, a menos que eu tornasse o perfil como privado.

 Ao invés de mudar a minha header, troquei a minha bio.

De: Ruiva. Dona de um Marine. Fã apaixonada da 1D e da Marvel.

Passou para: Ruiva. Dona de um Marine. A sortuda que pôde cantar com a 1D e ainda não acredita que isso aconteceu!

É, eu ainda não acreditava mesmo. Todo o momento desde que eu fiquei de pé na grade até que desci do palco parecia um sonho. Eu deveria estar sonhando acordada quando tudo isso aconteceu.

Mas as provas me diziam que não. Foi real.

— EU ACHO QUE EU VOU MORRER!! ALGUÉM CHAMA A EMERGÊNCIA!!!

—-------------------------

 Sophie tinha subido para o quarto cantarolando as benditas músicas que foram tocadas no show da noite anterior. Jethro não queria nem escutar um acorde murmurado por ela.

— E a cabeça? – Perguntei para desviar a atenção dele da cantoria da filha.

— Se ela continuar gritando desse jeito, Jen. Vai voltar a doer.

Escutamos Sophie pular no andar de cima, aliás, ela pulava para cima e para baixo, desceu até a escada pulando, coisa que ela não fazia há tempos!

— Antes essa pulação do que a cantoria. – Jethro olhou para o teto.

— Desde que ela não quebre a cama. Ela deveria gastar essa energia acumulada na cama elástica. – Falei.

— Diz isso para ela.

— Não vou dizer, vou dar a ideia, Jethro.

E, com o fim dos pulos, pudemos terminar o café em paz. Ou assim pensamos, pois nem dois minutos de completo silêncio, eis que:

— EU ACHO QUE EU VOU MORRER!! ALGUÉM CHAMA A EMERGÊNCIA!!! – Ela gritou.

Largamos as canecas olhamos para teto. Sophie gritou e começou a pular novamente.

— Quando é que isso termina mesmo, Jen?

— Só Deus sabe! – Falei enquanto ela recomeçava a cantoria.

— Jen, faça ela parar!

— Bem que eu queria. Para isso acabar, só quando ela crescer, e olhe lá!

— Vamos ter que aguentar isso...

— Até que ela faça 18 anos e vá para faculdade. – Disse finalista.

— Uma nota. – Jethro falou. – Nunca mais daremos ingressos para ela. Nem para concertos e muito menos para o cinema.

— Quanto tempo durou o surto pelo filme d’Os Vingadores? – Eu quis saber.

— Muito tempo, Jen. Muito tempo. Eu ouvi tudo sobre o tal do Loki por mais tempo que seria saudável.

E a garota que pulava e cantava sem parar no andar de cima era a versão 2.0 da Sophie fanática e passional. E só Deus sabe por quanto tempo ela ficará assim e até lá, haja café para fazer o Marine Mal-Humorado aturar a filha e sua cantoria, porque, a Ruiva do andar de cima estava começando a terceira rodada.

— Eu odeio aqueles cinco ingleses!!! – Jethro murmurou.

E, neste exato momento, eu sentia o mesmo.

— EU AMO OS MEUS CINCO INGLESES!!!

Pelo visto, ninguém estava mais na mesma página por aqui!


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Notas finais do capítulo

Tobias e Emily Fornell fizeram participação especial, porque surtar sozinha pelos ídilos não tem graça! E, se na vida real é muito difícil conseguir um abraço e um pouco de atenção de um famoso, pelo menos na ficção não é, e Sophie foi a sortuda que conseguiu isso.
Me digam que pai (e mãe também!) nuca trocou o nome do queridinho da filha de propósito? O meu vivia fazendo isso.... e, claro que com Gibbs não seria diferente.. Pobre Louis Tomlinson!
A escolha da One Direction foi proposital, porque em 2013 eles eram (e ainda são, mesmo que a banda tenha acabado ou está em hiatus, vai saber) a febre adolescente do momento!
E muito obrigada a Ana, lá do Twitter, ou a escritora Isa Caan aqui do Nyah, que é fã da banda e me ajudou com as músicas e quem poderia ser o fav da Sophie!
Quanto ao arco da Ziva, porque eu sei que tem gente que é fã dela aqui (né Andrea?)... calma, eu vou explicar! Lembrem-se que aqui eu estou seguindo as temporadas da série, e, pela idade de Sophie, seria a 11ª quando Ziva sai... tudo isso será explicado em um capítulo especial de Tiva, não chorem!
Espero que tenham gostado.
Até na próxima semana!
xoxo



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