Pov. Uraraka Ochaco.

Hoje finalmente poderia entender o porquê de estar ligada a profecia, o espírito Hagakure me pede para sentar e me encostando numa pedra ouço o que ela tem a dizer:

— Princesa, você já se perguntou o porquê de ser a única dos humanos a nos ouvir? — Toru pergunta e assento. — Além de você, poucos seres mitológicos podem nos ver e escutar, como a fada Nejire por exemplo. Acontece que nós escolhemos aqueles que são dignos para cumprir o seu destino. Mas, no seu caso... — Hagakure suspira. — Você já deve ter ouvido uma história em que a cinco mil anos atrás um jovem casal foi escolhido para manter o equilíbrio do reino, certo? — Assento de novo e ela continua. — A menina que se apaixonou pelo ser mitológico era um espirito elementar, o quinto elemento espiritual do vácuo mais precisamente. — Fico surpresa, não sabia que existia um quinto elemento. — Dentre todos os elementos, o vácuo era o mais forte. Ela foi a primeira a surgir na imensidão do espaço antes de todos nós existirmos. Mas tudo desandou quando ela quebrou uma das regras mais importantes para nós, os espíritos.

Curiosa pergunto:

— Que regra seria essa?

— Nós não podemos nos apaixonar por seres materiais, pois se isso acontecer deixamos de ser quem somos e nos tornamos humanos, foi isso o que aconteceu com ela. O vácuo se apaixonou e perdeu sua memória, mas ainda podia nos ouvir. Como ela era fundamental para o equilíbrio do reino, conseguimos achar um meio de o vácuo realizar sua tarefa sem que precisasse deixar de amar. A reencarnação, claro que seus dons se limitaram após se tornar uma mortal, mas no momento era tudo o que podíamos fazer para ajudá-la.

— Sinto muito, que história triste. — Digo a Hagakure. — E vocês esperam que eu a encontre?

— Ochaco, você não se lembra de mim? — Toru pergunta tristemente me deixando confusa.

— Como assim não me lembro? — Pergunto. — Já lhe conheci antes? E o que esse fato tem a ver com a sua história? Hagakure, não entendo onde quer chegar. — Ela respira fundo e prossegue.

— Princesa, você é o quinto elemento. — Diz Hagakure me deixando em choque. Arregalo os olhos e sinto meu coração acelerar com essa informação, como assim sou o quinto elemento? Logo a minha visão embaça e sinto uma dor forte surgir em minha cabeça. Grito de dor e vejo minha visão escurecer, a última coisa que vejo é um ser de asas azuis pousar em minha frente.

Sonho on.

“Acordo deitada em cima de um cogumelo gigante e me espreguiço. Observo a natureza a minha volta sorrindo e caminho a procura de meus irmãos elementares. Hoje era o dia em que nós começaríamos a ensinar os primeiros humanos da terra algumas propriedades em que os elementos naturais poderiam os servir. Como sabia que o meu elemento ainda era muito complexo para eles o utilizarem, ficaria observando o progresso de meus irmãos e auxiliaria no que precisassem. Hagakure explicava a uns novatos sobre a importância de manter o ar limpo enquanto Mirio ensinava outros a plantar e colher verduras, frutas e etc...

Estava ajudando o Togata quando de relance vejo o espírito do fogo literalmente em chamas, os humanos curiosos tentaram o tocar, mas antes que o fizessem, o elemento da água apareceu em sua forma aquática se jogando em cima do fogo e o apagando antes que algum acidente ocorresse. Corro na direção deles e falo:

— Shoto, tome mais cuidado e não se transforme perto deles, os humanos tem uma pele sensível ao fogo e podem se ferir. — Repreendo o meu irmão.

— Desculpe Ochaco. — Ele me pede desculpa e o perdoo.

— Certo, se você quer os impressionar invente algo menos perigoso, hum. — Falo e penso numa ideia. — Já sei, por quê não cria uma fonte de luz pequena com o fogo para eles? Agora temos que pensar em como mantê-lo aceso.

Mirio se aproxima de nós dois e depois de alguns minutos inventamos uma forma mais segura para eles. Tivemos que explicar tudo detalhadamente e avisar que não podiam tocar no fogo, aproveitei que um dos meus dons era a cura e ensinei eles a cicatrizar ferimentos leves com o auxílio de algumas plantas que tinham na floresta. Depois de um dia inteiro em função dos humanos, voltamos ao nosso lar que era uma casa na árvore. Estava caminhando pelo corredor quando vejo Nejire voar em minha direção e me chacoalhar.

— Ochaco, acorda princesa.”

Sonho end.

— Princesa, finalmente está acordando. — Ouço uma voz familiar e abro os olhos logo os fechando novamente devido a claridade do sol cegar a minha vista. Coloco a mão direita de frente ao meu rosto e percebo que Nejire estava ao meu lado. — Menina, você deixou a Hagakure assustada e olha que ela é um fantasma.

— Só porque sou um fantasma, não posso ter medo? — Hagakure pergunta. — Só que me falta.

Rio de sua fala, porém, lembro-me do sonho que tive logo desfazendo o sorriso do rosto. As meninas ao perceberem o meu incomodo me perguntam:

— Princesa, está tudo bem contigo? — A fada azul pergunta e nego observando uma flor rosa que tinha variações de tons verdes e azuis em seu caule. Respiro fundo e decido perguntar.

— Toru, eu me lembrei do dia em que ensinamos os primeiros humanos sobre os elementos e o espírito do fogo se incendiou. — Toru e Nejire arregalam os olhos surpresas. — Não consegui ver como era o elemento da água, mas agora percebo que o fato de ser o quinto elemento é verdadeiro.

Toru me pergunta:

— Como conseguiu se lembrar? Você é humana, não devia ter as lembranças do passado.

— Eu não faço ideia de como a recuperei. — Digo confusa. — Mas, não consigo lembrar de mais nada do passado. Agora fiquei curiosa quanto ao espírito da água, pode me dizer ao menos o seu nome?

Toru suspira e relutante em contar muitas informações de uma vez só para não sobrecarregar a mim, espalha algumas folhas ao vento girando-as ao meu redor e diz:

— Tudo bem. Você teve emoções demais por hoje, mas só lhe direi mais o nome dela e então conversaremos outra hora. — Toru afirma. — Mesmo sendo o quinto elemento, você ainda é a princesa e deve ter um monte de responsabilidades para cuidar no reino, não? O nome do espírito da água é Tsuyu Asui. Outro dia te levo para conhecê-los pessoalmente.

Nos despedimos de Toru e a fada Nejire me acompanha até o castelo.

Continua...