Pov. Uraraka Ochaco

Quando pequena, certa vez tive um sonho onde me encontrava de frente a barreira mágica da floresta negra. A mata por ser bem fechada continha densas e úmidas árvores cujo os galhos gigantes e retorcidos bloqueavam a luz do sol, deixando apenas pequenas frestas de luzes clarearem o local escuro.

Antigamente a floresta negra já havia sido um ambiente normal onde o rio era cristalino, as plantas eram mais vivas e dava para ver o céu azul, mas, tudo mudou quando o espírito da terra foi corrompido por uma bruxa que queria acabar com a paz do reino. Lembro-me de ouvir no sonho as vozes dos espíritos que viviam lá me chamando.

— Princesa cuja aura é guerreira, enxergue com o coração e cuidado com aquele de falsa intenção.

Naquela noite acordei assustada e contei aos meus pais a visão que tive. Eles imediatamente convocaram a fada Nejire Hado, a guardiã entre os dois lados, humanos e dos seres mitológicos. Então, a fada azul nos contou sobre uma história que ocorrera a cinco mil anos atrás onde a cada mil anos um jovem casal quando se apaixonavam, eram destinados a manter o equilíbrio entre o reino e a floresta no lugar do espirito da terra, mas por causa de um homem, eles tiveram um final triste.

Diz a lenda do reino de Musutafu que há uma profecia envolvendo uma princesa e um ser da floresta negra, ela dizia o seguinte:

“Duas almas gêmeas transcendendo eras para se encontrar.

Um coração partido cuja a flecha atingirá.

Quatro itens são necessários para deter aquele de falsa intenção.

A capa das fadas lhe dará proteção.

Procure o fauno cujo esconde o tesouro perdido.

A gota de cura onde os humanos não podem entrar.

E o colar de Sakura cuja a verdade revelará.”  

Depois daquele dia, meus pais, os reis de Musutafu e a Nejire tentaram desvendar os mistérios dessa profecia e claro que eles pensaram na hipótese de que um ser mitológico iria querer me atingir para impedir a mim de governar o reino. Nejire acreditou que poderia ser esse o significado da profecia, pois na floresta negra vivem os seres da luz e também os das sombras. 

Acordei com os raios solares refletindo em meu rosto. Logo ouço batidas na porta e uma das empregadas fala:

— Princesa, hora de acordar. Precisamos ver qual vestido irá usar para o seu baile de aniversário.

— Hai, estou acordada Hatsume-chan. — Me levanto da cama e pergunto baixinho a ela. — O arco novo que te pedi para fazer está pronto? — Hatsume assente e tira do meio dos vestidos que carregava numa cesta um arco e flecha de madeira, sua aljava recém concertada tinha o brasão de seu reino que era um circulo dourado com o desenho de uma coroa em tons de prata em cima do mesmo, duas espadas cruzadas ao redor dele e de dentro do círculo a letra M também em dourado.

Peguei o arco posicionando-o em minhas mãos para testar a elasticidade da corda e o guardei de volta na aljava. Após provarmos as roupas, optei por usar um vestido tomara que caia longo branco com babadinhos em vertical nas laterais do mesmo no baile de aniversário. A saia do vestido tinha uma cauda que passava um pouco do chão e remendado a ela pequenas flores de tons beges e rosa claro. Depois de me trocar novamente vestindo uma blusa de manga comprida rosa e uma saia longa da mesma cor só que em tom escuro, coloco as minhas botas tradicionais de treino matinal e sigo para a sala de janta. Os guardas como sempre, abrem as portas grandes da sala e entro nela vendo o meu irmão Kaminari Denki acompanhado de três meninas que se sentavam ao seu lado. Uma era morena de cabelos encaracolados, enquanto as outras duas eram gêmeas ruivas. Sento-me na cadeira ficando de frente para com meu irmão e o cumprimento. 

— Bom dia Denki nii-san.

— Bom dia maninha. — Ele me responde. — Hoje nossos pais tiveram que sair mais cedo, a reunião diplomática com o país vizinho foi adiantada devido a declaração de guerra com os seres das sombras.

Suspiro e comento:

— Parece que o reino de Hosu não facilitará o acordo de paz entre ambas as duas espécies da floresta negra. O que será que a Nejire-chan deve estar pensando? 

— Tenho certeza que ela deve estar surtando a ponto de pedir ao Tamaki uma poção de obediência para jogar neles. — Meu irmão fala. Dou uma risada e termino de comer. Após o café da manhã, despisto os guardas que me seguiam confundindo-os ao correr em diversas direções. Em certo momento me escondo num beco escuro e vejo os mesmos passarem direto por mim. Alguns minutos depois vejo se a barra estava limpa e caminho entre as pessoas na rua. Sigo para o vilarejo e entro numa rua que leva para próximo a floresta onde a mata ainda não havia sido destruída por Mirio Togata o espírito da terra. 

Me aproximando do local, vejo se todos os alvos estavam intactos. Tirando o arco e flecha da aljava fecho os olhos e tento acertar as cegas. Quando abro as pálpebras, vejo que acertara cinco dos dezoito alvos espalhados. Pelo visto terei que treinar mais. Enquanto recolhia as flechas, ouço uma voz sussurrando:

— Encare o seu destino. — Me assusto derrubando as flechas da mão e posiciono o arco em modo de defesa.

— Quem... Quem está aí? — Pergunto olhando para o breu da floresta. Sinto algo tocar meus ombros e dou um grito chutando o que quer que estivesse atrás de mim até que ouço uma voz reconhecida.

— A-Ai. Doeu Ochaco. — Vejo o meu amigo elfo esfregando as mãos no ombro. Suspiro e deito-me na grama, Tamaki faz o mesmo ficando ao meu lado e vira o seu rosto me encarando por alguns segundos até falar. — Fui lhe procurar no castelo e seu irmão me disse que iria treinar, como fugiu dos guardas?

Respondo o elfo:

— Os despistei, corri em círculos pela vila até que me escondi e cheguei aqui. — Conversamos sobre assuntos aleatórios e falei a ele sobre a voz. Tamaki ficou surpreso e disse que era melhor não me aproximar da floresta, pois ouvira que havia um lobo mau faminto e assustador lá. Assento e continuamos a conversa.

Continua...