Dinastia 2: A Coroa de Espinhos escrita por Isabelle Soares


Capítulo 45
Capítulo 45




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Renesme batia os pés no chão sentindo assim esvaziar um pouco a sua ansiedade enquanto observava William falar com um e com outro no celular. Pela voz dele dava para sentir que haviam informações mais bombásticas do que era capaz de se imaginar. Ela queria chegar até ele e tomar o celular de suas mãos e descobrir por si mesma o que estava acontecendo.

— Por que esse homem está aqui? – A pergunta de Edward ao seu lado lhe despertou de seus pensamentos.

— Ele é confiável. Acredite!

Não foi fácil tirar Edward do palácio em sigilo e com o mínimo de segurança possível. Aro estava sob controle e saberia tudo que o rei fizesse. Mas ela não poderia deixar que ele não fizesse parte desse momento importante. Por mais raiva que sentia dele, sabia que Edward ao menos estava dando o melhor de si para que as investigações seguissem de maneira séria. Sabe lá se não havia sido por isso que pressionaram esse homem a enfim falar alguma coisa sobre o caso de Bella.

— Não me diga que...

— Ele está nos ajudando desde o início. Confio em William completamente.

Edward ficou em silêncio e absorveu tudo. Então, era por conta disso que ele estava trabalhando no palácio? Renesme fizera o jogo inverso de seu amante segurança. Sorriu com a sargastidade da filha.

— Não deixe que Aro desconfie disso, ok?

— Não direi nada. Espero que ele realmente nos ajude.

— Joel me mandou uma mensagem agora. Está subindo. – William falou no fim de mais uma ligação.

O rei viu ele se abaixar e ficar diante dos olhos de Renesme. O viu segurar as duas mãos de sua filha e perguntar a ela se estava tudo bem. Essa intimidade lhe era estranha, mas sentia verdadeiramente que o tal jornalista se preocupava com ela genuinamente e Renesme olhava para ele hipnotizada, como se visse nele um grande apoio.

— O que descobriu? – Ela perguntou.

— Vou contar tudo. Só estou esperando por Joel.

Então a porta do flat abriu e Joel entrou. Renesme e Edward se levantaram ao mesmo tempo ao ver o policial entrar. Ele parecia afoito, como se tivesse a toda prova. Não seria por menos.

— Não tenho muito tempo. Demorei por que eu quis ter uma cópia do depoimento comigo. O caso é sério!

— Imagino! Estão querendo soltar na imprensa. Estou tentando conversar com uns colegas para segurar a notícia. Acho que temos que ser cautelosos agora. Se mataram Tom na cadeia, o mesmo pode acontecer com esse cara.

— Ele está em segurança máxima. Numa sela especial. Não acho que vai acontecer algo, mas realmente é bom nos preocuparmos.

— Por favor, Joel nos conte tudo. – Renesme suplicou.

O policial respirou fundo e pegou o pendrive em sua bolsa. Ligou o notebook e o colocou nele. William observava todo o processo com o máximo de atenção, como se aquilo também fizesse parte do processo de investigação. Renesme só queria acelerar os minutos ao máximo.

— Quero que me explique Joel, por que só agora esse cara resolveu falar? – A princesa perguntou afoita.

— É uma pergunta sem resposta, alteza. Mas há dias a polícia vem pressionando os membros dos “Águias”, isso desde que Tom revelou tudo a respeito deles. Acredita-se que ele resolveu ceder procurando ao menos aliviar a pena. Uma delação premiada.

— Eu acho tudo isso muito esquisito! – comentou ela. – Não que eu não esteja satisfeita com o fato de agora termos mais alguma pista, mas acho que tem mais ai do que sabemos.

— Eu concordo. – falou William. – Porém, existe aquele ditado: “os ratos são os primeiros a pular do navio”.

Renesme balançou a cabeça ainda sem concordar e Joel abriu o vídeo do depoimento. Na tela apareceu um homem jovem, branco, loiro, um esteriotipo exato da raça ariana de Hittler. Joel deixou o vídeo pausado e Edward pensou em como alguém com tão pouca idade, com tanto futuro pela frente, se prestava a fazer coisas tão horríveis.

— Ele se chama Caan Wooley. Tem 23 anos. Novato no “Àguias”. A primeira grande missão dele foi o caso de da duquesa. Acredito que ele estava muito empolgado para se mostrar, mas agora a policia conseguiu acuar ele.

Joel apertou o play e Renesme imaginou ver um homem completamente frio, um psicopata, mas não. O garoto estava acuado. Como se estivesse com medo. As mãos tremiam e ele suava horrores. Ela ficou imaginando o que teriam dito para que ele ficasse assim daquela forma.

— Como é o seu nome?

— Caan. Caan Wolley.

— Há quanto tempo está no “Águias”?

— Há pouco tempo. Um pouco mais de um ano.

— Por que você resolveu entrar para o grupo?

Nesse momento, o jovem sorriu. Renesme podia ver o orgulho estampado em seus olhos e sentiu nojo.

— Era para ser algo divertido! – Caan riu novamente. – A gente só queria se divertir um pouco.

— Que tipo de divertimento queria ter?

— Você não acha um absurdo esse bando de viadinho andando livre por ai? Eu não acho! Então a gente se reunia para dar umas corças neles. Era legal!

Caan riu novamente. Mas o sorriso se desfez ao olhar para o policial em sua frente. Renesme sentia a engenuidade nele. Parecia um menino levado que achava que podia fazer tudo que lhe desse na telha e quando o pai o olhava feio, se reprimia.

— E você achava divertido espancar e matar pessoas?

— A gente tem a missão de acabar com eles. Você não está entendendo? A gente tem que restaurar a ordem do mundo. Era isso que Deus queria. Lembra a história de Noé?

— Eu não quero saber a história de Noé. Quero saber a sua história. – disse rispidamente o policial que não aparecia na filmagem.

— Eu entrei no “Águias” por que eu queria consertar o mundo.

William se enconlheu enojado. Renesme sentia o mesmo. Viu o jornalista se inclinar diante dela e ela controlou o seu impulso de segurar a mão dele. Tudo aquilo era inacreditável demais para suportar sozinho.

— O que os “Águias” pensavam a cerca da duquesa?

— Aquela vadia? – Caan riu de novo, mas quebrou o sorriso como se tivesse sido reprimido. – Chefe não gostava dela. Ela falava muita besteira. Defendia aquelas bichas.

— E o chefe que mandou matá-la?

— O chefe mandou vigiar ela.

— Por isso Tom Frost se infiltrar no palácio?

Caan ficou em silêncio por alguns minutos como se decidisse se falaria mesmo ou não. Até que ele soltou um longo suspiro e começou a falar novamente.

— Eu não tenho nada a perder. Me colocoram para fora do grupo. Eles descartam as pessoas que não servem mais para eles. Mas se eu contar... Minha pena vai ser menor?

Renesme apertou uma mão na outra. Então era isso que a vida da sua mãe valia? Isso era que era o que se chamava de justiça? Uma delação premiada em busca de descobrir mais sobre um assassinato brutal em troca de impunidade. Ela não podia acreditar.

— Cumprimos a nossa promessa por aqui. Agora desembucha!

— Tom foi colocado lá para vigiar ela e toda a família. Ele conseguia tudo muito fácil! Tom nunca disse como, mas eu acho que ele transava com a princesa. Ela ficava felizinha e contava tudo. Ele devia também escutar muita fofoca nos corredores.

A princesa sentiu o golpe. Era como ser apunhalada novamente. Se recentia tanto por ter se envolvido com Tom e se deixado levar por toda aquela conversa dele. O que ela não podia admitir era que no seu momento de maior dor, ele tinha a abraçado e cuidado dela como se não tivesse participado da morte da mãe dela. Como ele poderia ter sido tão frio daquele jeito? Ela só queria apagá-lo de sua mente para sempre.

William sentia muito por ver a princesa naquele estado. Ele sabia o quanto tudo aquilo a machucava. Ela se encolhia toda e começava a chorar. A vontade que ele tinha era de abraçá-la, mas contentou-se apenas em segurar a mão dela. Renesme olhou para aquele gesto por alguns segundos e depois para o rosto do jornalista e retirou a sua mão debaixo da dele. Ela sentia o calor gostoso vindo de William. Mas ela se sentia suja, usada. Como ela podia deixar-se confiar em alguém de novo?

— Vocês foram espertos. – o policial falou mudando o tom e pareceu dar certo, pois Caan agora sorria. – Ninguém no palácio descobriu que vocês estavam vigiando.

— Ninguém mesmo! E nem iria até hoje. Foi Tom que andou pra trás. Chegou uma época em que ele ficava dizendo que não iria mais colaborar com a gente. Que tudo aquilo estava acabado. O chefe não ficou nada satisfeito com aquilo e ameaçou a família dele. Então, ele teve que colaborar uma última vez.

— Colaborar como?

— O chefe queria dar uma prensa nela. Só para que ela ficasse quieta, sabe? Igual como ele fez com aquele jornalistazinho de merda. Ele ameaçou a filha dele e ele ficou quieto.

Renesme olhou para William e viu sua expressão de raiva. A mão dele se fechava em punho e foi à vez dela de segurar a mão dele. Ambos estavam em situações parecidas. Eles trocaram olhares, mas a mão dela permaneceu ali.

— Então, a intenção não era matá-la?

— Não. Isso seria problema demais. – Caan riu. – Mas se isso acontecesse seria um grande alívio. Ela dava muito trabalho! Então, Tom ficou na cola dela. A gente queria fazer uma explosão naquele evento que ela foi de manhã. A gente sabia que ela estaria lá com o Sean Renard. Seria pegar dois coelhos com uma cajadada só. Mas acabou que Tom convenceu a gente que não daria certo. Chamaria muita atenção. Então, ele disse que ela estava saindo sozinha para o sítio em Seraf. A gente seguiu.

— Foi por isso que Tom me impediu de ir ao evento. – Renesme falou interrompendo a gravação. Joel pausou o vídeo e ficou atento. – É como eu lhe disse William. Eu fiquei com a sensação de que Tom havia me dopado naquele dia. Ele fez por que estava com medo desses vermes fazerem algo contra mim.

— Mas isso não diminui a culpa dele. – Edward falou revirando os olhos.

— Eu sei. Mas isso explica muita coisa.

Joel assentiu e colocou a gravação para tocar novamente.

— Nós ficamos esperando o dia todo. E ai o Christer teve a ideia de cortarmos os freios dela. – Caan riu novamente, como se aquilo fosse à coisa mais divertida que já fizera. – Nos apressamos. Já era quase fim do dia e ela podia aparecer.

— Vocês não tinham noção que isso poderia estargar o plano do seu chefe. Ela poderia morrer.

— O chefe estava com tanta raiva dela que foi um alívio saber que ela tinha papocado. Eu nunca o vi tão feliz!

— Vocês a seguiram depois que ela saiu do sítio?

— Sim. A gente a pegou numa estradinha de terra que fica antes da principal. Nos demos um baita susto nela. – Caan continuava rindo. – Ela disse: “Eu sabia que vocês estariam aqui.”, “Eu não tenho medo de morrer, mas vocês vão pagar por isso.”. O Christer ficou puto com as coisas que ela dizia. Ele pegou ela pelo pescoço, mas ela conseguiu fugir e voltar pro carro. O Resto você já sabe.

— Quem é o seu chefe?

Caan ficou sério novamente. Os dedos batiam na mesa. Ele tentava se decidir se realmente deveria revelar algo tão importante. Mas de repente a sua expressão ficou temerosa novamente. Renesme tinha certeza que o policial o ameaçava com algo mais. Caan abriu a boca e a princesa tremeu de ansiedade.

— Bengt

Renesme respirou novamente com decepção. Tirou as mãos unidas a William e tocou os cabelos exasperada. Esperava ouvir o nome de Bono Donnalson, mas ele sempre escapava pelos dedos. Mas não podia ser só isso. Não podia!

A gravação chegou ao fim e a tela do notebook ficou preta. Todos permaneceram em silêncio. Renesme achava aquilo tudo muito esquisito. Estava fácil demais! Passaram meses tentando descobrir algo e não tinham muitas pistas e do nada esse cara resolve soltar tudo. Por que só agora? Ela não acreditava que havido apenas a promessa de diminuição da pena que o tinha convencido. Alguém estava por trás de tudo isso.

— Não pode ser só isso. – Ela pôs os pensamentos em voz alta.

— Também acho. – Edward falou. – Tudo isso confirma o que esperávamos. Mas ainda há muito a descobrir.

— Vamos refazer as pistas. – Joel falou. – Agora que temos nomes isso facilita as buscas. O Serviço Secreto só precisava disso para aprofundar as investigações. Eles vão atrás de todos esses que foram citados.

— E assim chegaremos a Bono Donnalson. – Edward completou com convicção.

— Mas não está assim tão fácil. Tenho certeza que esse tal de Bengt Onal não vai abrir a boca assim tão fácil. Vai ser a palavra dele contra a de Caan. Precisamos de evidências mais sérias.

— Mas eu, como soberano, posso pressionar Bóris a abrir uma investigação e assim farei. Bengt Onal é o chefe do “Águias” que é ligado a Bono. Isso já é o suficiente.

— É preciso pressionar os deputados também. Eu posso dar um jeito nisso.

William olhou para Renesme. Ele sabia bem qual seria a moeda de troca e lamentou-se por isso. Queria Aro longe disso.

— Joel e aquela ligação que Bella recebeu? Vocês verificaram o celular dela. Isso não já não serve como prova? – Edward perguntou.

— A ligação não tinha o teor de ameaça. Era mais como um aviso. Não deu bem para reconhecer a voz, mas imaginamos que tenha sido Tom num gesto de arrependimento.

— Eu tenho certeza, majestade, que existe uma pessoa ou várias delas envolvidas no palácio também. – Afirmou William para Edward. – Bella me disse claramente que a vigiavam. Não acredito que tenha sido apenas um delírio. Alguém a fazia acreditar nisso.

— Não teria sido Tom? – questionou Edward.

— Não acredito. Tom era apenas o informante. Todos falam bem disso. Outro fato é o airbag danificado. Em nenhum momento ninguém do “Águias” fala disso. Não acho que eles tenham feito ou que soubessem dessa informação. Tom a essa altura já não colaborava com o movimento. Por que ele teria feito tudo isso?

— Também não acho que tenha sido Tom. – Renesme concordou.

— Confio em meus funcionários. – Edward afirmou com certeza.

— Eu não teria tanta certeza. – Renesme falou. – Temos que ficar atentos lá dentro. Principalmente para que Aro não descubra. Precisamos de seu silêncio, pai.

— Claro! Estarei aberto para qualquer tipo de investigação. Quero que a verdade venha à tona.

— E virá! – Joel falou com ceretza. – Estamos chegando a um caminho agora. Bom, se me derem licença. Preciso voltar.

— Manteremos contato, Joel. – Edward falou por fim e levantando-se junto com o policial, o acompanando até a porta.

Renesme permaneceu sentada com William no sofá ainda remoendo tudo que tinha ouvido. Sua cabeça dava voltas. Ela sentia um tremor frio sair de sua cabeça e estender por todo o seu corpo. Ver alguém falando com tanta naturalidade sobre um crime tão brutal era de lhe dar asco. Como não passou na cabeça dessas pessoas que eles estavam ferindo uma pessoa? Era inacreditável!

Edward pensava o mesmo. Enconstado na porta de entrada sentia vontade de esmurrar quem quer que fosse que tinha feito tanto mal não só a sua Bella, mas toda vida das pessoas que a amavam. A sua própria vida tinha acabado naquele dia, definitivamente. Sabia que nunca se recuperaria. No momento ele era apenas um corpo em piloto automático.

— Nós vamos fazê-los pagar, Renesme. – Ele disse por fim.

— Vamos sim.

A princesa levantou-se e William tocou o seu ombro.

— Não fale com Aro, se é isso que está pensando. Não precisamos dele.

— Eu não vou lhe pedir nada. Vou apenas cobrar o que ele me prometeu.

— Por favor, não.

— Nada vai acontecer.

— Me ligue. Se precisar de alguma coisa... Por favor, em qualquer hora.

— Vai ficar tudo bem, William. Nada aconteceu até agora.

O jornalista assentiu e viu a princesa sair do flat com o seu pai. Os dois permanceram em silêncio por todo o caminho até o palácio. Renesme não conseguia dizer uma palavra se quer com Edward, mas nessa hora podia sentir uma aminiosidade com ele. Era mesma dor, o mesmo anseio, a pessoa em que eles mais amavam tinha partido novamente essa noite.

As luzes do palácio já estavam todas quase que completamente apagadas. Pelo tardar da hora todos já deveriam ter se recolhido. Edward seguiu para o seu ritual de trancar-se no escritório para algumas rodadas de Whisky antes de apagar completamente.

Renesme tentaria fazer o seu próprio ritual também. Mas quando já estava subindo pelas escadas sentiu alguém pegar em sua mão com uma força desnecessária. Ela não se surpreendeu ao ver Aro ali. Ele era seu carcereiro.

— Me deixe em paz!

— Tem de me agradecer pelo depoimento do garoto. Você diz que eu não cumpro minhas promessas, mas não é verdade.

Renesme apenas sentiu um estalo em sua mente. Sua cabeça agora começava a dar voltas.

— Tem que cumprir a sua agora. Não é de bom tom ficar andando com um homem como William Lamb sozinha. O que vão dizer? Além do que, espera-se de uma mulher que ela seja recatada e dedicada a seu marido.

— Eu não tenho nada com William. – foi apenas o que conseguiu dizer.

— Espero que não. Estou de virgília. Sempre! Agora mesmo quero que faça o que combinamos.

— Pensa que lhe devo algo? Estou casada com o seu filho, não estou? Aturo você e sua ambição ridícula, não é? Acha que fez muito hoje, mas ainda não fez nada. Quero que os deputados todos apoiem a investigação que vai ocorrer em breve. Depois conversaremos.

Renesme soltou o seu braço das mãos duras de seu sogro e subiu o restante das escadas até o seu antigo apartamento no último andar. Essa noite não aguentaria dormir com Alec ao lado. Não podia.

Ela tentou subir o mais rápido que podia. Temia que Aro tivesse em suas costas. Sentia o que sua mãe sentiu. Temia estar sendo perseguida. Vigiada e controlada ela já tinha certeza que estava. Era uma sensação elouquecedora.

A princesa trancou todas as portas e seguiu para o seu antigo quarto de infância e trancou-se lá dentro. Deixou-se cai na porta, já perdendo as forças das pernas. Acariciou a marca vermelha que havia ficado em seu braço e começou a chorar com sua mente em palvorosa. As palavras de Aro iam e voltavam em sua mente. Será? Ela balançou a cabeça e o seu primeiro ato foi ligar para William. Esperou ouvir a respiração dele do outro lado da linha e sentiu uma calma boa.

— William...

— Renesme. O que houve?

Ele esperou alguns minutos para poder falar. Esperava organizar os seus pensamentos.

— Foi ele... Aro... Ele convenceu Caan a dar o depoimento de hoje. Deve ter pago a ele, lhe prometido algo, não sei?

— Como você sabe disso?

— Ele me disse. Me encurralou e disse que tinha pago a promessa que ele tinha me feito com o depoimento de hoje.

Agora foi a vez de William ficar em silêncio. Seria possível que Aro tivesse tentando encerrar o caso como fosse? Mas por que ele queria achar logo o culpado? Teria ele envolvimento nisso e queria jogar nas mãos de outro? Isso dava um todo outro caminho ao caso.

— Desconfio que ele pode ter pago para esse cara falar tudo aquilo? Mas por quê? Ai William! Quanto mais chegamos perto, mas estamos longe de solucionar tudo isso. Estou tão cansada!

— Eu imagino! Mas olhe! Vamos averiguar. Nomes foram ditos e eles vão ter que dar as suas versões do caso. Nada foi completamente em vão.

— Espero que não. William... Ele está com ódio de você. Não quer ver você junto comigo. Não acredita que somos apenas amigos. Por favor, cuidado!

William pensou que queria tanto que as desconfianças de Aro fossem verdadeiras. Queria Renesme perto dele. Queria abraçá-la e protegê-la. Mas não podia e isso mais do que o preocupava.

— Não ligue pra isso. Eu não vou sair de perto de você. Estamos juntos nisso.

— Obrigada William. Você é um bom amigo.

— Papai, você ainda está acordado? – Renesme ouviu uma voz infantil ao fundo da linha e atribuiu a filha de William. Ele teria que cuidar de sua própria família também.

— William vá. Sua filha precisa de você.

— Ficarei com o celular ligado. Se precisar ligue novamente. Amanhã estarei bem cedo ai.

— Certo. Boa noite!

— Boa noite! Durma bem.

Agora ela iria, pensou. Renesme tirou os sapatos e deitou-se em sua cama de solteira e fechou os olhos. Mas colocou o celular em seu peito em um gesto de acolhimento. COMEMTEM BASTANTE!


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