Dinastia 2: A Coroa de Espinhos escrita por Isabelle Soares


Capítulo 43
Capítulo 43




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Hoje seria um grande dia! Renesme colocou esse pensamento como prioritário para começar. Estava totalmente segura de que conseguiria tudo que estava almejando. Tinha traçado todos os parâmetros, analisado tudo que estava acontecendo ao seu redor e decidiu que era hora de agir. Sentia uma força bruta a circundar.

Estava feliz! Tanto que até pôde suportar os beijos de Alec pela manhã. Era um ritual que ele sempre fazia. Acordava, ela já estava de pé e ele então chegava por trás e distribuia alguns beijos em seu pescoço ou testa. Ela sorria amarelo, mas nada dizia. Queria no fundo de seu ser que um sentimento brotasse, mas nada vinha. Por ele só sentia empatia e isso não era algo bom.

— Parece que tudo resolveu acontecer agora. - Alec falou enquanto escovava os dentes.

— Verdade. Espero que tudo se resolva bem.

— Achei ambicioso de seu pai querer mudar uma estrutura que por anos está de pé.

— É mais do que certo, Alec. Vivemos num tempo em que a prudência é necessária. Nenhuma instituição hoje em dia é prioritária. Nada é sólido o suficiente para durar para sempre.

— Isso é bem verdade. Papai também estará presente. Eu nem sei bem se ele está mais nervoso para essa reunião de hoje ou para o resultado do julgamento em Volterra.

Alec se referia à finalização do processo acionado por Edward que visava à redução da família real. O parlamento havia aprovado e agora seu pai resolvera dar uma reunião para acertar todos os detalhes. Momento propício para Renesme anunciar também a sua grande mudança. Tinha combinado com William como seria a vinda dele para dentro do palácio. Ela imaginava que a chegada dele traria alguns chiados, mas ela se manteria firme. Não iria mudar toda a sua equipe no momento, como ela havia planejado anteriormente, a melhor estratégia seria mantê-los para descobrir quem seria o traidor do grupo. Ela tinha total certeza que haviam mais espiãos e que estes estavam infiltrados dentro da equipe que trabalhara para sua mãe e desconfiava até de pessoas no escritório central. Seria uma márfia organizada? Quem estaria por trás disso tudo?

Quanto à decisão do juri em Volterra a cerca de quem teria direito ao trono, ela rezava para que Antonius ganhasse. Só assim manteria Aro sob controle.

Renesme abriu a gaveta de sua escrivaninha e olhou para os seus calmantes. Pensou bem se seria necessário tomá-los. Estava tentando parar. Sabia que estava se viciando... Então pensou em toda a carga de estresse que iria ter e resolveu tomar a dose mínima. Apenas para lhe dar mais confiança e evitar a ansiedade.

— Estou indo para a sala de reuniãos, Alec. Não se atrase.

— Já estou terminando. – O príncipe falou enquanto desligava o chuveiro. – Tenho alguns projetos em mente que eu queria pôr em prática. Será que seu pai irar me ouvir?

— Tenho certeza que sim. Se for para o bem de Belgonia, papai irá levá-los em consideração. Mas apenas espere a hora certa, ok?

— Certo.

A princesa respirou fundo e saiu do quarto. Logo no caminho encontrou com Emily toda afoita, como sempre, lhe dizendo tudo que tinha que fazer durante o dia. Como se ela não soubesse! Mas escutou calmamente. Seguiu apenas ouvindo até o local onde tudo aconteceria. Para sua surpresa, a sua secretária não entrou de imediato e ela teve o desprazer de encontrar Edward sozinho na sala já em sua grande cadeira.

Ela não olhou para ele e nem lhe referiu a palavra. Apenas escolheu um lugar distante para se sentar. Sentiu o clima tenso pesar no ar. Há meses não falava com o seu pai direito. Apenas o necessário. Na verdade, tentava evitá-lo a todo custo. Ainda cortava o coração dela quando pensava na omissão de Edward durante todo o processo de seu casamento com Alec. Ele agira como se não se importasse com o fato que estava jogando a sua filha para os leões. Para uma vida difícil. Para o controle total de Aro Volture.

Tinha dias que Renesme sentia nojo de si mesma também por não ter feito nada mais. Ao mesmo que também se sentia usada por todos que queriam crescer as suas custas enquanto ela era obrigada a viver ao lado de uma pessoa que ela não amava e ter o seu corpo e a sua vida usada e abusada sem a sua permissão. O silêncio dele era como um tapa em sua cara. Um linchamento coletivo.

— Bom dia, filha. – ele a saudou com receio.

Renesme permaneceu silenciosa. As lágrimas queriam lhe escapar e ela segurou. Tinha que demonstrar força e não fraqueza! Por que esse maldito remédio ainda não fizera efeito?

Edward não prolongou a conversa. Aceitou a rejeição em silêncio. O tremor em seu celular parecia para ela mais interessante. Era uma mensagem de William. Do nada, ela sorriu.

Estou aqui fora do palácio. Estava pensando... Devo mesmo participar dessa reunião de hoje? Não podemos fazer isso num encontro privado?

Renesme tratou logo de responder. Queria ele ali e ponto. William tinha a estranha capacidade de deixá-la mais tranquila. Ele lhe passava uma confiança que ela não sabia explicar de onde vinha. Podia entender perfeitamente por que sua mãe confiara nele em meio a grande onda de desconfianças que ela passara naquele momento. Renesme passava pela mesma situação. Queria ele ali perto dela.

Esse é o momento perfeito. Se prepare. Na hora certa você entrará.

Ok!

Ela olhou para a última resposta dele e não pôde evitar de passar os dedos pela tela do celular. Então, decidiu que era hora de já revelar o seu plano. Era melhor que Edward soubesse antes de todos.

— Aproveitando que estamos aqui sozinhos. – ela iniciou. – Quero avisá-lo de algo.

— Sim? – Edward perguntou supreso com o fato de Renesme dirigir a palavra a ele.

— Vou fazer umas mudanças na minha equipe e na ordem de funcionamento das coisas a minha volta.

— Bom... Tem toda a liberdade para isso. Pode fazer o que quizer para o seu conforto e o de Alec.

— Maravilha! Convidei William Lamb para ser o meu conselheiro.

Renesme viu a testa do pai enrugar e seu corpo se afastar como se tivesse recebido um golpe. Ela esperou ele falar em silêncio, mas estava disposta a usar todos os argumentos necessários para defender o que queria. Porém, não queria ter que dizer a ele o real motivo de William estar ali. Era o segredo que queria manter.

— William Lamb? O jornalista William Lamb?

— Sim.

— Não entendo por que ele? Há tantas pessoas que podem lhe dar uma assistência...

— Eu quero William ao meu lado. Ele é um homem de grande experiência. Entende de política e conhece bem o nosso universo. Acredito que ele poderá ser uma grande ajuda para mim.

— Mas ele não é bem neutro quanto às opiniões políticas dele. As pessoas vão falar e isso pode gerar uma série de polêmicas que não queremos no momento.

— Eu sei bem o que estou fazendo e quero que me apoie nisso sem discutir.

Edward abriu a boca para responder, mas todas as pessoas que fariam parte da reunião começaram a adentrar o ambiente, incluindo o pomposo Aro Volturi. Renesme virou a cara. Estava óbvio que o seu sogro sentia que Belgonia agora era sua área de controle, mesmo com a crise que assolava Volterra com relação à ordem sucessória ao trono.

— Como está a minha linda, nora? – Até o sorriso dele parecia um grande desagrado para a princesa.

— Muito bem e parece que você também, pelo visto. O resultado da suprema corte de Volterra está para decidir a respeito do trono de lá e aqui está você muito tranquilo.

— Isso não dará em nada, querida, não se preocupe com isso. Quem tem apoio tem tudo.

Renesme apenas levantou a cabeça e nada disse. Ele deveria dizer: “Quem tinha dinheiro tinha tudo.” Ela até tinha pena do pobre Antonius. Mas enviava para ele todas as energias positivas possíveis. Tudo que queria era ver Aro perder toda aquela pose.

— Então, vamos iniciar? – falou o secretário geral.

— Podemos sim. – Edward autorizou.

— Como já sabem o parlamento aprovou o pedido de vossa majestade em reduzir os membros sêniors da família real. A reunião de hoje será para decidirmos como será daqui para frente o funcionamento da monarquia belgã.

Edward assentiu e seguiu a deixa do secretário para olhar para todos rigidamente.

— Como todos devem estar cientes. Reduzir o número de membros sêniors de nossa família sempre esteve em meus planos. Papai sabia disso e me apoiava em minhas decisões. Em tempos de tantas turbulências como agora é necessário que cortemos gastos, evitemos estravagancias e trabalhemos firmes num único propósito, recuperar o país e manter a fé.

— Isso não significa que nossa família irá ficar menor. – Esme complementou. Ela mais do que qualquer um queria manter os pintinhos perto do ninho. Sempre fora o foco dela e do falecido rei.  – Apenas os membros trabalhadores da Instituição que serão bem definidos. A família Cullen permanecerá unida como sempre foi.

— Exatamente. Quero que todos vocês, chefes de imprensa, expliquem bem isso para a população. Eu não estou renegando os meus irmãos e nem meus sobrinhos. Apenas a firma terá alguns cortes. A família não.

— Como será a ordem de organização daqui para frente? – um funcionário perguntou interessado.

— Os membros sêniors agora incluiram a mim, a rainha mãe, e os três primeiros na linha sucessória ao trono. Ou seja, a princesa herdeira, o meu filho, príncipe Anthony, e a minha irmã, a princesa Alice. Obviamente Alec, como esposo de Renesme, também está incluso nessa equação.

Alice levantou o dedo e Edward concedeu-lhe a palavra.

— Reafirmo aqui o meu interesse em sair da firma. Estou em processo de saida há anos. Como expliquei ao meu pai antes, prefiro exercer a minha profissão de estilista. Já vinha apenas prestando serviços parcialmente, mas sua majestade deve preferir que sejamos completamente comprometidos com a Instituição, já que há menos membros agora. Algo que não posso atender e por isso abdico em nome de meu filho.

— Solicitação atendida. Admiro o compromisso de Pietro e ele possui todas as qualidades que eu aprecio. Vai ser muito bom continuar com ele por aqui. E como disse Alice, agora temos que ter total dedicação a serviço da coroa. Não poderá haver meio membros da realeza. Por isso, quem está dentro estará totalmente focado.

Aro deu um sorrisinho e chamou a atenção de Edward que o olhou com desaprovação.

— Tem algo a dizer Aro?- Edward falou tentando manter a compostura.

— Bom... Acho louvável a sua atitude, majestade. Tenho certeza que meu filho Alec ao lado de Renesme serão os grandes nomes dessa Instituição. Mas me pergunto sobre Antony. Onde ele está no momento?

Aro e sua sarcastidade tinha pego Edward desprevenido. Renesme sabia da habilidade do sogro em ser desagradável. Ele sentia o prazer nisso. O burburinho na sala agora estava mais do que audível. Ela sabia que se fosse pelo seu irmão, ele jamais voltaria para Belgonia. Na verdade, havia cortado relações totalmente com a família.  Renesme se ressentia por ele tê-la incluido na lista de pessoas que ele não queria ter contato. Estava com raiva dela por ter aceitado se casar com Alec. Ele a dissera isso antes dela se casar, que a cerimonia de casamento seria o último dia que ela o veria. Agora só tinha notícias dele através de seu vô, Charlie.

— Meu filho retornará a Belgonia imediatamente. Inclusive, essa manhã ordenei que bloqueassem todas as contas dele e quero que não enviem mais dinheiro a ele. O combinado era que ele permaneceria na Inglaterra apenas no período de conclusão de curso de música e agora que tudo se encerrou, não há motivos para ele permanecer por lá.

Renesme se ajeitou desconfortamente na cadeira e sentiu que deveria defender o irmão. Sabia que Antony tinha uma teimosia absurda e poderia se tornar um verdadeiro tsunami se quisesse. Ninguém poderia batê-lo de frente se não quisesse que as coisas piorassem.

— Aproveitando isso, quero informá-los de um novo projeto que tenho. – Renesme falou. - Acredito que muitas ações realizadas pela família real são muito louváveis, porém, acredito que deveriamos nos direcionar para os focos dos problemas atuais e para isso pensei em criar um programa próprio, desvinculado da “Royal Foundation”.

— Que seria? – Edward perguntou com interesse.

— Seria algo voltado para os jovens, para as minorias, para todos de alguma forma tornam- se “esquecidos” pela sociedade. Quero me unir a Henry e Anthony para aturamos em vários projetos sociais que a família real já trabalha e estender para o público que a gente quer alcançar. Acredito que Antony se interessará em continuar os trabalhos que mamãe vinha desenvolvendo.

— Só que com menos polêmicas, não é querida? – Aro falou com o mesmo tom sarcástico.

— Mamãe não queria despertar interesse para si. Acontece que atos corajosos sempre chamam atenção e precisamos disso para mudarmos um pouco a nossa imagem e a situação em que vivemos.

— Aprovado. – Edward unindo as duas mãos. – Precisamos de algumas reformas no nosso modo de caminhar. Precisamos sair da mesmice e acredito que vocês, jovens, farão um excelente trabalho. Mande-me seu projeto para eu analisar pessoalmente, filha.

Renesme assentiu e sentiu o olhar de Aro nela. Ele bem esquecia que ela não era comandada por ele.

— Majestade, e como ficarão os rodízios de compromissos? São muitos para apenas seis pessoas. 

— Bom, o plano de redução não exclue os membros contribuintes da família real. Papai abriu esse leque ao meu irmão e para Rosalie e tudo foi muito vindouro. Acredito que qualquer membro da família que queria representar a instituição com boas intenções serão bem – vindos. Os custos necessários continuarão sendo mantidos pelo fundo real, tais como transporte, segurança e a manutenção de projetos que já estão em vigor.

— O que é necessário que todos saibam é que o momento pede a união de todos nós, não só pelo bem de nossa família, mas também pelo país que nós servimos. – Esme complementou.

— As mudanças deverão acontecer a partir de hoje. Estejam sabendo e se organizem para que tudo transcorra da melhor forma possível.

— Gostaria de resaltar também na importância em mantermos a boa imagem da família real. Fiquei feliz em saber que o novo casal real estar com uma excelente aprovação nas pesquisas de opinião. Devemos investir mais nisso. Renesme e Alec devem estar em mais eventos para que essa mensagem seja fixada. Um casal jovem, apaixonado que representa a solidez e um futuro promissor.- Aro falou com orgulho e Renesme virou o rosto.

— Fico feliz em saber que o casamento está surtindo efeito. Mas não irei focar somente neles para darmos apenas uma fanfic para as pessoas. O nosso foco é o outro. – Edward falou com dureza e Renesme sorriu. O celular dela tremeu novamente. Era outra mensagem de William.

Como está tudo por ai?

Venha agora, por favor.

— Concordo quando diz que mudanças são necessárias. Eu mesma quero fazer algumas.

Edward olhou para a filha com preocupação e Aro com interesse. Ela olhou bem para os dois com confiança.

— Anunciou aqui que contarei a partir de agora com um conselheiro. Embora eu tenha me preparado a minha vida inteira para o cargo que herdarei. Não posso negar que agora sendo a princesa herdeira, tenho algumas dificuldades e essa pessoa será de grande ajuda.

— E quem seria? – Aro perguntou com um misto de curiosidade e receio.

— Ele irá entrar agora. Por favor, peçam para ele se juntar a nós.

As portas se abriram e William entrou. É claro que ele estava ansioso para este momento. Não seria nada fácil enfretar todas aquelas feras. Durante sua vida se acostumara a encontrar dificuldades e aprendeu a lidar com disputas ativas de ego e poder. Mas ali seria um nível bem maior. Todos o olhavam com grande supresa e ele preferiu ficar neutro em suas expressões.

— William Lamb? – Aro perguntou abismado. – Desculpe, querida, mas não poderá ser.

— Por que Aro? Quem é você para opinar em algo por aqui?

— Não seja absurda! Ele é um dos jornalistas mais polêmicos do país. Isso vai minar a nossa imagem. Todos vão dizer que estamos mesmo apoiando o partido liberal.

Renesme apenas sorriu e olhou para William que continuava em silêncio. Ela sentiu a afabilidade em seu olhar e continuou firmimente em seus argumentos:

— Confio em William plenamente. Ele aqui não será o jornalista, mas sim um amigo e um conselheiro. Porém, a sua profissão também irá ser importante para mim. Toda a experiência que ele tem irá me ajudar a me guiar pelas melhores escolhas, melhores relacionamentos, melhores discussos. William também é um nobre e entende como funciona as coisas por aqui.

Aro deu uma gargalhada nervosa. É claro que não esperava que sua nora iria sair do casulo e tomar voos tão ousados. Não queria perder o controle dela. William poderia desvirtuá-la e levá-la para longe dos interesses que ele tinha.

— Se me permitem a palavra, gostaria de dizer que me sinto honrado pelo convite da princesa. Minha conduta será totalmente neutra com relação à política enquanto eu estiver em serviço. Sei o quanto isso é importante para a monarquia. Estou afastado há meses das minhas rotineiras matérias para o The Globe por motivos pessoais e agora aceitei essa nova empreitada apenas por que acredito no potencial da sua alteza real e se ela quer a minha ajuda estarei pronto para ajudá-la. Acredito que ela é uma mulher impressionante e de boas intenções. Servi-la e ao meu país, em nome dela, será o maior privilégio de minha carreira.

— Não posso ler a sua mente, mas o senhor é um homem e ela uma jovem mulher impressionável.

— Por favor, Aro, me sinto insultada por esse comentário. Eu sou casada com o seu filho e prometi a ele e a Deus que seria fiel e assim serei. A minha relação com William Lamb será puramente profissional. Por favor, não comece a falar bobagens.

— Assim também é meu interesse. Respeitarei a princesa como ela merece. Aceitei o convite por que ela me falou que irá desenvolver projetos sociais muito importantes, muitos que sua mãe havia iniciado e achei louvável. Se me permitem dizer, a duquesa era uma mulher de grandes valores e eu era um grande fã seu. Na situação em que vivemos, talvez muitos interpretem as boas ações como um risco a seus interesses e a princesa, assim como todos vocês, devem saber como agir.

— Pois, eu acredito que você, William, será de grande valor. – Edward falou surpreendendo a todos e Renesme sorriu para ele aliviada. – Como eu disse anteriormente, todos que vierem a contribuir com boas intenções serão bem – vindos. Mas o senhor irá ter que atender alguns de nossos pedidos, William. Seu passado é maior do que você mesmo e precisamos proteger-nos de qualquer falatório.

— Farei o que pedirem, majestade.

— Assim ótimo! Iremos acertar isso com calma e faremos um contrato com todas as cláusulas importantes a cerca disso. Agora, se me permitem, declaro a reunião encerrada. Tenho um encontro com o primeiro ministro agora. Enviarei os planos que fiz para todos no email. Espero que a partir de agora possamos trabalhar firme nos nossos novos propósitos.

Edward levantou sem olhar para todos os presentes e os mesmos o seguiram. Renesme esperava sair juntamente com William. Queria conversar com ele e lhe mostrar todo o palácio e as engrenagens do sistema, mas Aro foi mais rápido. Esperou que todos tivessem saído para segurar a princesa pelo braço. Não era apenas um gesto que a impediria de sair, era uma demonstração de força. Renesme olhou para o sogro e sentiu a raiva dele. Pela primeira vez sentiu medo também, mas não deixou-se abater.

— Não vai contratar esse jornalista e ponto.

— Acho que me entendeu mal. Eu não acato ordens suas.

— Você e toda a sua família estão por um fio. Precisam de alguém como eu para guiá-los para o certo. Eu sou o seu conselheiro. Faz ideia do risco que está correndo?

— Eu não sou nenhuma menina. Sei bem qual é o meu dever. Eu não sou uma ignorante e nem uma marionete em suas mãos.

— Mas vai se tornar uma marionete dele!

— Eu não vou me tornar marionete de ninguém. Eu não preciso que ninguém me comande. Eu escolho quem pode ou não me ajudar em meu trabalho e não você.

— Eu não admito isso.

— Não tem que admitir nada!

— Há algo de errado? – William os interrompeu com a cabeça de leve para dentro da sala de reunião. Renesme sentiu um enorme alívio.

— Não há, William. Obrigada pela sua preocupação. Já estava de saída. Por favor, siga-me. Irei apresentar os meus planos de trabalho.

Renesme lançou um olhar duro para Aro, que continuava a olhá-la fixamente com as veias da testa dilatadas, e saiu em direção a William tão rapidamente como se encontrasse uma saída em meio a um labirito. Saiu na frente até o seu escritório sabendo que o jornalista a seguia. Agora ela estava em ponto de embulição. Não tinha mais controle de si mesma. Encostou-se na mesa e segurou fundo na quina, sentindo os braços tremerem. Uma mão macia encostar de leve em seu braço. Isso aliviou a pressão.

— Está tudo bem, Renesme?

— Não está. – Ela falou já com a voz rouca e com lágrimas nos olhos. – Estou tão cansada de tudo! Tão cansada!

— Desculpe-me pela intromissão, mas não pude deixar de ouvir a discussão de você com Aro. Renesme, não pode deixar que ele fale daquela forma com você.

— Eu não quero que ele se intrometa na minha vida! – Renesme virou-se e William pôde ver o seu estado. – Mas é isso que todos fazem, não é? Desde o princípio. Todos mandaram em mim como se fossem os meus donos...

— Ninguém é seu dono, Renesme.

— Eu sei. – Ela falou limpando as lágrimas. – Você tem razão. Me casar com Alec foi a pior decisão que tomei em minha vida.

— E por que casou-se com ele?

— Por que eu acreditava que Aro podia me ajudar contra Bono. Com a influência dele podiamos pressionar o parlamento e... Mas não tenho conseguido isso ainda. Ao invés disso, ele só me controla, abusa de mim de todas formas...

William sentou-se próximo a princesa e pôs-se a observá-la de perto.

— Está me dizendo que Alec... Ele te... – nem conseguia dizer as palavras.

Renesme entendia. Não havia força o suficiente para uma palavra tão forte sair da boca. Ela nem ao menos podia afirmar com certeza se era estrupada. Ela não queria que Alec a tocasse, mas consetia em todas às vezes e se sentia extremamente suja depois que tudo terminava.

— Ele é meu marido, não é?

— Meu Deus! É pior do que eu imaginei! – William exclamou abismado com tudo que estava ouvindo. Esperava que Renesme estivesse com Alec com conveniência. Isso era bem normal dentro da aristocracia, mas não esperava que ela tivesse sendo tratada dessa forma. Sendo abusada e controlada por esses abutres.

Agora ele tremia de raiva. Andava de um lado para o outro como se quisesse apagar isso da mente, mas não conseguia. Ver a mulher que ele amava ou qualquer outra passar por isso era pior do que levar uma surra. Era doloroso e indignante.

Renesme agora chorava ainda mais. Ele a estava assustando e não podia deixá-la pensar dessa forma. Aproximou-se dela e colocou as duas mãos em seu rosto.

— Você não precisa enfrentar nada sozinha, Renesme. Eu vou ajudá-la. Estou aqui por você. Sempre!

E de repente ele a sente em seus braços. Ele a apertou com cuidado, sentindo as lágrimas dela molherem a sua camisa.

— Obrigada... Eu confio em você, William.

— Escute. Nós vamos não só descobrir o que aconteceu com a sua mãe, mas nós também vamos mandar Aro à merda, entendeu?

— É exatamente isso que eu quero. É por isso que eu o chamei aqui.

— Farei tudo que puder.

— Precisamos pressioná-lo a me ajudar. Eu espero que com a decisão do julgamento de sucessão do trono de Volterra possa vir a calhar. Quero que escreva uma matéria sobre Donnalson para que possamos publicar anonimamente através de Aro.

— Farei isso. Renesme... O que Aro sabe sobre o caso de sua mãe?

A princesa saiu dos braços do jornalista e sentou-se na poltrona mais próxima tentando recuperar-se.

— Ele sabe que papai está em contato direto com o Serviço Secreto, mas não sei até onde ele sabe sobre o caminhar das investigações.

— Aro não tinha nenhum envolvimento por aqui antes do falecimento de sua mãe, tinha?

— Não. Acho que nem era de interesse dele atentar contra ela.

— Mesmo se ela fosse um impecilho para o seu casamento com Alec?

 Renesme pôs a pensar. Sua mãe jamais permitiria que o casamento fosse realizado, porém Aro pintou tudo de uma forma tão articulada que nem mesmo Bella iria poder fazer algo a respeito. Além do mais, ela tinha total certeza que Bono Donnalson era o único culpado pela morte de sua mãe.

— Aro é uma verdadeira força da natureza, nem mesmo ela iria impedi-lo.

— Bom, isso pode ser, mas não podemos descartar nada. Tom disse muito claramente que haviam vários interessados em silenciá-la. Temos que ficar ligados a tudo.

— Com certeza! Não vamos vacilar dessa vez. Não podemos.

— Não vamos. Ouça Renesme, eu sei que você está assustada, mas Aro ou Bono ou quem quer que seja, são apenas homens. Não mais do que isso. Eles não são mais do que você. Acredite que pode ser e fazer tudo que você quiser. É meio clichê, mas é verdade.

Renesme sorriu e abaixou a cabeça. Aquele gesto tímido que ele já conhecia tão bem. William lamentou-se e sentiu ódio por todos aqueles que a deixaram acreditar que ela era frágil, de todos que quiseram dominá-la, de todos que a abusaram de alguma forma. Mas não mais deixaria que isso acontecesse. Era a sua missão agora. Ele sentiu a mão dela tocar a sua e ele sentiu a confirmação disso. Tocou a mão dela de volta e jurou que nunca a deixaria sozinha. SOMENTE COM O COMENTÁRIO DE VOCÊS SABEREI COMO CONDUZIR A HISTÓRIA. COMENTEM!


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