Dinastia 2: A Coroa de Espinhos escrita por Isabelle Soares


Capítulo 20
Capítulo 20




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01 de agosto de 2044

Bella  acordou nesse dia específico com uma sensação diferente. Respirou fundo pela manhã e sentiu uma calma profunda. Era como se já soubesse que algo estava para acontecer, não sabia bem o que era, mas sentia-se preparada. Como se fosse esse o seu destino e não houvesse nada que pudesse ser feito.

Ficava pensando que seu tempo estava correndo como a areia pressa numa ampulheta. Nunca parou para pensar que um dia acordaria com esse pressentimento ou seria um presságio? Não importava muito para ela o que fosse ou como seriam as coisas daqui para frente, mas queria que fosse rápido e que não arrastasse com ela aqueles que a amavam. Os seus bons atos em vida devia contar para alguma coisa. Era confuso para quem entrasse em sua mente agora, mas para ela tudo estava claro como água.

Ela ficou pensando nisso pelo resto do dia, como se fosse uma ideia fixa em sua mente. Só sabia que não se arrependia de nada. Quando se levantou da cama e começou a refletir sobre a sua vida, percebeu que estava feliz, como há muito tempo não ficava. Tinha conquistado tudo que queria e estava satisfeita de todas as decisões que tomara. Quando o destino lhe oferece um sonho muito além de todas as expectativas, é irracional se lamentar quando isso chegava ao fim.

Quando olhou para cada rosto das pessoas que fora visitar em um dos muitos bairros carentes de Belgravia, sentia que de alguma forma, a sua presença ali, justo naquele dia, era uma das últimas missões que precisava cumprir.

Levara Antony consigo e estava verdadeiramente contente por ele ter aceitado. Desde o início, o plano era que Renesme a acompanhasse, mas estranhamente ela não tinha acordado no horário marcado. Bella não quis ir atrás de descobrir o que tinha acontecido. Não culpava a filha, ela trabalhava demais e merecia descanso. Além do que, a duquesa sentia precisava de um tempo de verdade com o seu filho. Uma das poucas coisas que mudaria em sua trajetória era fato de não ter dado mais do seu tempo a Antony quanto dera a Renesme. Precisava que ele soubesse que no coração dela não havia distinção. Amava os dois da mesma forma.

Ela viu Sean Renard acompanhá-los e fazer um esforço enorme para não passar a imagem que tudo havia sido combinado. Ele seguia apresentando a duquesa e ao seu filho o bairro como se fosse um velho morador. Como se, ironicamente, não houvesse nenhuma distinção entre ele e os habitantes de lá. Bella admirava o esforço dele e tentava, sinceramente, não pensar que ele só visava o lado político. Os dois passaram um tempo planejando essa visita com o maior sigilo possível. Era para que todos pensassem que era algo natural. Membros da família real não poderiam ser associados a quaisquer partidos. Para todos os efeitos Sean e Bella apenas estavam se encontrando em um dos muitos compromissos dos dois.

 Ela acabou entrando nessa parceria por que sabia que essa aproximação era importante. Bella tinha ciência que precisava apenas ouvir aquelas pessoas e mostrá-las que elas não estavam esquecidas. A duquesa sentia que era exatamente isso que elas queriam. Entrou em casa em casa. Tocou a mão de muitos e olhava bem pra eles quando falavam com ela. A situação das minas não tinha sido complicada apenas para as cidades próximas a elas. Muitos tinham perdido seus empregos e viviam de auxílios que muitas vezes não supriam as suas necessidades, mesmo na enorme capital, Belgravia, que havia muito mercado de trabalho em vista. Tudo estava ruindo num efeito dominó. Bella só queria poder fazer mais. Porém, se esforçava bastante para gravar todas as reivindicações. Faria Sean prometer, caso fosse reeleito, realizar parte do que foi pedido por essas pessoas. Seria a dívida dele para com ela. Deixaria também por escrito. Edward teria que fazer alguma coisa a respeito.

Quando entrou no carro ao lado do filho, sentia-se satisfeita. Olhou para Antony com um sorriso radiante e tocou o rosto dele.

— Estou orgulhosa de você! Preciso que saiba disso.

Antony sorriu e abaixou a cabeça. Bella não se admirara da desenvoltura do filho em público. Apesar dele ser bastante reservado, era espontâneo. Não havia nada que ele não fizesse que não viesse do coração. Falava o que pensava e agia por instinto. Além da simplicidade inabalável. Era tão diferente de Renesme que chegava a espantar Bella. No fundo, ela ficava feliz por saber que Antony não tinha se deixado dominar pelo sistema da monarquia. Era seu swanzinho.

— Obrigado, mãe, de verdade, mas sabe que eu não faço por que é um dever de príncipe. Eu nem gosto disso.

— Eu sei e isso me deixa mais feliz.

— Acho que falta mais isso, sabe? Naturalidade, ações verdadeiras que venham do coração. Detesto fazer as coisas por que me mandam fazer.

Bella pegou a mão do filho com força e a beijou.

— E isso é que vai promover a mudança necessária, querido. Não deve desistir de seu dever como príncipe. Você deve usar esse seu compromisso com o bem comum para fazer grandes coisas. Sua irmã vai precisar muito da sua ajuda.

Antony fez uma careta e olhou para o lado de fora da janela. Detestava esses assuntos.

— Essa vida é meio blé, ás vezes, não é? Temos que admitir.

— É. – respondeu Bella sorrindo. – Mas é assim por que a deixaram dessa forma. Mudanças são sempre bem – vindas.

— Eu queria mesmo era sair por ai sem pensar em nada. Viver de música. Dormir cada dia em um lugar diferente. Fazer um álbum de fotos de cada canto que eu fui. Não seria legal? Por que as coisas não podem ser como queremos?

Bella não pôde evitar sorrir mais uma vez. Antony apesar de ser a cópia física de Edward, era absolutamente o oposto dele e dela própria nessa mesma idade. Como podiam ter feito um filho que saísse tão diferente dos dois?

— Parece divertido.

Antony virou os olhos sem acreditar nas palavras da mãe. Ele sabia que sua mãe não era o tipo de pessoa que vivia sem uma programação fixa. Bella sempre preferiu manter os dois pés no chão.

— Não acredita?

— Como poderia? Eu te conheço bem! Na verdade, essa sua rebelião foi à coisa mais louca que você já fez na sua vida e eu acho isso um máximo!

— É mesmo?

— Claro! Estou com você, mãe, para o que der e vier.

Bella agora sentiu os olhos marejarem e abraçou o filho.

— Eu te amo! Desculpa não ter dito isso mais vezes.

Antony beijou a bochecha de Bella e limpou as lágrimas que começavam a cair. Sabia que ela andava muito sentimental nos últimos tempos e ele queria fazer questão que ela soubesse que teria o apoio dele sempre. De repente, lembrou-se as sua última conversa com Ashley antes de vir para Belgonia. Ele continuava com a mesma opinião. Diante de tudo que vinha acontecendo, Bella era tudo menos louca e ele a ajudaria a provar isso para o mundo, se fosse preciso.

— Tenho que te contar uma coisa...

— O que é?

— Eu estou saindo com uma garota...

— É mesmo? Que bacana! É inglesa?

— É. Ela é modelo. Faz faculdade de moda em Cambridge, nos conhecemos lá.

— Que lindo! Você sabia que eu e seu pai nos conhecemos na faculdade também?

— Que não sabe dessa história, mãe!

— Verdade. Mas me fale mais sobre essa garota.

— Ela é linda! Tem um papo tão legal, mãe, você precisa ouvir! A galera costuma dizer que modelo não tem cabeça, sabe? Mas ela é o oposto de qualquer estereótipo.

— Vejo que você está gostando muito dela.

— Estou gamado! Ele é especial, mãe. Mal posso esperar para que você a conheça.

— Eu também, querido... Eu também.

Bella se permitiu abraçar o filho novamente. A felicidade dele era genuína. Se lembrou de quando era jovem e apaixonada. Agia da mesma forma. O mundo parecia ser tão perfeito, a vida tão mais doce! Só esperava que Ashley soubesse amar o seu filho como ele merecia.

Veio na sua cabeça novamente o mesmo sentimento que lhe abatera pela manhã. Sentia que o relógio continuava batendo acelerado. Respirou fundo. Lamentava não ter mais tempo para conhecer essa garota tão especial para o seu filho.

No palácio, Renesme despertava assustada. Sentia a cabeça pesar e seus olhos não quererem abrir direito, mas ela se esforçou e esticou o braço até o seu celular. Eram quase dez da manhã. “Droga!”, pensou. Tinha perdido o compromisso com sua mãe. Estava abismada. Nunca tinha se dado o luxo de acordar tão tarde e agir como uma irresponsável. Colocou a mão na testa e ouviu dois toques na sua porta.

— Entra. – a princesa se surpreendeu com a sua própria voz.

Tom entrou empurrando um carrinho cheio de comida. Pelo horário já era quase hora do almoço. Ela sentou-se na cama e recebeu o selinho de seu amante secreto. Não sorriu. Estava confusa.

— Como se sente? – perguntou Tom.

— Onde está a minha mãe? Eu devia estar num compromisso com ela.

— Ela foi com o seu irmão. Já devem estar voltando.

— Merda! Eu não sei como dormi tanto. Estou me sentindo um trapo.

— Não lembra o que aconteceu ontem?

Renesme olhou para Tom confusa. O que acontecera ontem? A última coisa que se lembrava era de ter ido ao quarto de Tom. Andava com umas coisas na cabeça e precisava ter uma conversa com ele, mas não conseguia lembrar o que tinha acontecido depois.

— O que você me deu para beber ontem?

— Eu? Está achando que eu dopei você? Por que eu faria isso?

— Me responda!

— Nada, ok? Você veio até mim e disse que precisávamos conversar. Eu disse ok e você me perguntou se não tinha algo para beber. Tomamos umas cervejas e você passou do ponto. Não sabe o trabalho que me deu te trazer aqui sem que as câmeras não nos vissem.

— Eu não sou de passar do ponto.

Tom levantou-se com raiva e fez que iria sair do quarto. Renesme o interrompeu, não queria ficar sem explicações.

— Se quiser dar uma conferida nas latas das cervejas, elas ainda estão na minha lixeira. Eu não sou um canalha para embebedar alguém ou dar um sossega leão em ninguém, especialmente você.

Renesme colocou a mão na testa e pôs a andar para os lados. Estava mesmo nervosa ontem e talvez tenha mesmo pedido algumas bebidas para tentar se acalmar. Tom realmente não tinha nenhum motivo, pelo menos até onde ela sabia, para fazer nada. Ainda mais dentro do palácio, seria arriscado demais para ele.

— Ok, desculpa! Eu só estou um pouco fora de órbita. Falei alguma coisa para você ontem?

— Não. Você me disse que queria conversar comigo e esperei que dissesse algo, mas você apenas dormiu algumas cervejas depois.

A princesa balançou a cabeça em concordância. Quanto aos fatos não havia contradição. Estava nervosa, é claro. Como não estaria? Esses últimos dias tinham sido um verdadeiro inferno. As desconfianças de Bella, a busca desenfreada para encontrar o atirador de Carlisle, a tensão nos corredores do palácio... Talvez precisasse de algumas bebidas mesmo.

— Preciso te perguntar uma coisa.

— Pode perguntar. Você sabe que pode confiar sempre em mim. – Tom pegou as mãos frias da princesa e as beijou. – Estamos nessa juntos.

— Ok... Você andou me falando umas coisas esquisitas... Como se quisesse me avisar de alguma coisa e eu quero saber o que você sabe sobre as suspeitas da minha mãe?

Tom engoliu em seco. Renesme tinha sido direta. Não que ele não esperasse que ela viesse em alguma hora fazer essas perguntas a ele. Mas não deixava de ser um baque, mesmo que já esperasse por isso.

— Eu não tenho nada a ver com as acusações dela. Mas eu andei escutando umas coisas que podem significar que ela está certa.

— Que coisas?

— Um dia desses, eu estava indo para o meu quarto e ouvi duas pessoas conversando. Parei no corredor e fiquei escutando. Eles falavam algo como “a duquesa que se cuide”, “o cerco está fechando para ela aqui”, “vão cuidar dela” e mais outras coisas que eu não pude ouvir direito. Eles foram embora. Acho que estavam desconfiados que alguém poderia estar ouvindo.

— Quem eram essas pessoas?

Tom pensou um pouco e levou alguns segundos para responder. Renesme tentava decidir se ele sabia quem eram as pessoas e não queria entregá-las, ou se não as conhecia muito bem.

— Acho que você não conhece.... São dois seguranças do palácio do turno da noite.

Renesme levantou-se da poltrona num salto. Então era verdade! Sua mãe não estava tendo um surto. Tinha todas as razões para estar desconfiada e ninguém tinha dado crédito a ela. Sua cabeça começou a rodar. Parecia que tudo que ela conhecia, acreditava estava ruindo. Se segurou no móvel mais próximo a ela por que achou que ia cair. Suas pernas tremiam incontrolavelmente. Tom veio até ela e segurou o rosto dela com as duas mãos.

— Pode ser nada, meu amor. As coisas estão mesmo difíceis por aqui.

A princesa balançou a cabeça em discordância.

— Não. Preciso falar com ela. Contar a alguém sobre isso. Não posso deixar que as coisas ruins aconteçam impunemente.

Tom segurou o braço dela a impedindo de seguir em frente e pela primeira vez olhou bem para os olhos dela.

— Melhor não fazer isso. Quem acreditaria em você? Ninguém acreditou na sua mãe até agora. Depois, como você provaria que isso que está falando a eles é verdadeiro?

Verdade. Isso colocava um freio nela. Podia ser ruim para Tom também. A princesa olhou bem para o seu amante novamente. Ele estava sereno apesar de tudo. Enquanto contava a história ele olhava para o vazio e parecia mesmo estar mergulhado em suas lembranças, o que deu uma certa veracidade na opinião de Renesme. Mesmo agora, ele parecia estar sendo sincero.

— Vamos manter a calma, ok? Se ficarmos neuróticos agora tudo vai ficar pior.

A princesa assentiu e deixou-se ser abraçada pelo seu amante e segurança.

Edward tinha visto pela TV a proeza de Bella e Antony nessa manhã. Estava surpreso, não sabia que a esposa intencionava visitar os bairros carentes de Belgravia e falar sobre a crise das minas tão abertamente. Ele se sentia traído, de certa forma, pelo fato de ela não confiar nele um compromisso tão importante e ao mesmo tempo tão perigoso como aquele. Na verdade, Bella não confiava nele faz tempo e isso o deixava arrasado e irritado. Por isso não hesitou em correr para onde ela estava para ter uma conversa definitiva com ela. Estava cansado desse abismo entre os dois e de todo esse “disse me disse” chato entre os corredores do palácio.

Não precisou procurar muito. Bella estava no quarto dos dois. Estava de costas para a porta, olhando para o espelho enquanto tirava a maquiagem. Edward não anunciou a sua chegada, apenas se encostou na porta. Antigamente eles não precisavam de qualquer cerimônia. Ambos pareciam sentir quando o outro estava perto.

— Eu sei que está ai. – Bella falou. Edward não sorriu, mas ficou feliz em saber que estava certo e que ainda existia essa ligação entre eles em algum lugar no meio dessa loucura.

— Sua aparição hoje... Certamente chamou muita atenção.

Bella virou-se para ele e deu um pequeno sorriso. Ele viu o quanto ela estava relaxada. Parecia aquela velha e boa garota que tinha conhecido há mais de trinta anos. Edward não lembrava de vê-la assim por um bom tempo.

— É o que parece, não é.

— Eu não sabia.

— Muito me impressiona. Não se sabe tudo dentro desse palácio? – E lá estava aquela ironia que ela vinha usando nos últimos tempos.

— E Sean Renard? Ele sabia que estaria lá?

— Não. Também foi uma coincidência feliz. Pedi a Emily que colocasse a minha visita na agenda ontem à noite. Não queria causar alardes. Acho que não deu tempo ele ver que eu estaria lá também.

— Por que não me consultou?

— Preciso disso? Achei que não tinha nada demais. Precisava me conectar com essas pessoas que estão lá fora sofrendo por causa dessa crise terrível. Pensei que ficaria orgulhoso de mim.

— Você poderia ter piorado as coisas, Bella. O que essas pessoas podiam pensar? Que estava ali com o possível candidato a prefeito pedindo votos para ele. Percebe o quanto isso é perigoso?

— Mas não foi nada disso, não foi?

— Como vou saber?

— Por que alguma vez na vida você não pode ao menos me agradecer?

— Como vou agradecer quando você faz as coisas sem planejar, sem consultar ninguém, a ponto de colocar tudo a perder?

Edward sentiu a situação toda mudar. Agora era a Bella de todos os dias em sua frente. A mulher paranoica, insegura e temerosa. Ela tentava se segurar, mas pôde ver os olhos dela marejarem. Voltou a ser a bomba relógio que ela se transformara e isso chegou a doer nele. Pensou em se aproximar dela e abraçá-la, mas ele também estava chateado e preferiu ficar onde estava.

— Eu não sei onde deixamos aquela Bella e Edward que existiram naquele campus na Universidade. Acho que aquele casal apaixonado e inocente ficou soterrado em algum lugar diante de todo esse jogo de poder. Eu lamento muito por isso! Se eu soubesse que nos transformaríamos no que somos hoje... Eu não teria dito sim para você naquela bela tarde de setembro.

Aquilo foi como uma facada no peito de Edward. Ele abriu a boca para responder, mas nada dela saiu. Tinha certeza absoluta dos sentimentos estrondosos que sentia por Bella e isso nunca mudou. Queria dizer isso, porém não conseguia. Talvez ela tivesse mesmo razão. O casal que eles foram ficou perdido em algum lugar.

— Bella...

O som do celular dela o interrompeu. Era meio que um alívio, pois ele não sabia o que dizer e tinha medo de tornar tudo pior. Bella virou-se e pegou o celular, sorriu e levantou-se rapidamente.

— É Jacob. Papai está na fazenda com ele em Seraf. Acho que seria uma boa para mim que eu esteja lá.

— Sim.

Edward observou ela se ajeitar, pôr o casaco, pegar a chave do carro dela pessoal e passar por ele pela porta sem nada dizer. Observá-la sair aos poucos do apartamento deu aperto no peito dele. Queria correr até ela e pedir para que ficasse, que o perdoasse por todas as bobagens que ele fez. Ele a amava e ela não podia duvidar disso nem por um segundo e que se pudesse, voltaria no tempo e consertava tudo. Mas ele ficou ali parado, engessado com os pés no chão. Se sentia um idiota, o pior dos homens por deixá-la ir assim. Mas talvez essa visita ao pai dela e a Jacab não pudesse mudar tudo? Quem sabe eles poderiam acertar os ponteiros depois que ela voltasse e tivesse mais descansada? Ele assim esperava. Saiu do apartamento e voltou ao escritório. Tinha muito a ser feito.

Renesme contava as horas do relógio com expectativa. Era incrível como elas passavam devagar quando queria que o tempo passasse mais rápido. Desde que conversou com Tom e descobriu que realmente havia muitas coisas suspeitas no palácio, e fora dele também, sentia na necessidade de falar com sua mãe sobre isso. Ficou pensando várias vezes no assunto e se realmente valeria a pena falar com Bella a respeito. Podia ela ficar ainda pior e isso era a última coisa que Renesme queria.

Porém, a cada minuto que se passava e cada vez que pensava sobre isso, tomava a decisão de que sim, tinha que conversar com a mãe e dizê-la tudo que não tinha dito nesses últimos meses. Que a apoiava totalmente e tinha sido cega demais para não ver o que estava óbvio. Por isso, tentou uma ligação. Bella atendera, mas o sinal estava ruim.

— “Mae”.

— “Oi, Ness” – Renesme só podia ouvir mais do que um ruído do outro lado.

— “Mãe, está tudo bem?”.

— “Está, querida”.

Eu te amo!”, Renesme disse, mas Bella não ouviu do outro lado. A ligação caíra. O tempo passara arrastado, já era noite e nada dela. A princesa sabia que a mãe odiava dirigir no escuro e começou a se preocupar. “Talvez o padrinho tenha a convencido a dormir na fazenda”, pensou.

Preferiu desviar a atenção um pouco. Sentia uma angústia chata e já estava ficando neurótica. Olhou para o seu pai ao lado e ele também parecia preocupado. Antony falava para todos nós sobre a sua vida na Inglaterra. Renesme sabia que Edward estava longe demais para ouvir o filho falar.

De repente, as portas se abriram. A princesa deu um pulo pensando que era a mãe que havia chegado. Mas quem entrou foi o seu avô e o diretor de imprensa do palácio, Abendsen.

— Majestade, altezas... – iniciou Abendsen.

— Pode deixar, Abendsen. – interrompeu Carlisle.

A expressão deles não era nada boa. Renesme estremeceu, não precisava que eles dissessem nada. Já tinha entendido tudo!

— A polícia acabou de nos avisar que houve um acidente na fronteira de Genove e Belgravia. Foi um acidente bem sério...

— E mamãe estava dentro do carro. – completou Renesme quase sem voz.

— Sim, querida. – Carlisle continuava com a sua voz calma e isso a irritava por que ela queria gritar, mas não saia nada da sua boca.

Renesme se segurou firme na cadeira. Olhou para o lado e a viu. Estava tão linda! Sorria pra ela e depois sumiu. A princesa não sabia se tinha sido sua mente nervosa ou realmente ela tinha vindo se despedir.

— Ela já foi embora. – falou com a voz estrangulada.

Edward olhou para ela com uma expressão anestesiada. Antony estava estagnado em seu lugar, assim como sua avó.

— Não, meu bem, ela foi levada para o hospital com vida.

— Não, ela já foi embora...

O telefone tocou mais uma vez em outro cômodo próximo. Ninguém precisou dizer mais nada.


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Notas finais do capítulo

Chegamos a uma fase importante da história. Tudo vai mudar a partir aqui. Espero que não me odeiem, foi necessário! Comentários sempre são bem - vindos! Na verdade é que eu mais sinto falta da parte de vocês.