— Muitos anos de vida! – Todo mundo cantarolou.

Como os anos passam rápido! Algumas situações, pelo menos, confortavelmente não mudam. Como em todos os anos, Ravi me abraçava forte.

Laura não pôde vir para o meu aniversário, sua filhinha tinha nascido há poucas semanas, uma gracinha! Lipe tinha vindo, me entregou um lindo relógio quebrado (eu estou sempre atrasada e ele sempre debochado/me esperando) com uma mensagem atrás, só que também não ficou a noite inteira.

Os parabéns terminaram com muitos rostos conhecidos me aplaudindo – e que bom, era meu aniversário, afinal – mas todos eram amigos de Ravi. Todos, sem exceção. Ninguém reparou no rompimento da minha tradição do primeiro pedaço de bolo, não fazia sentido entregar para ninguém que não fosse minha mãezinha, que também preferiu não vir. Não se sentia bem no apartamento de Ravi. Eu já tinha explicado que agora morava ali também, só que ela não acreditava, ou talvez acreditasse, apenas não aceitava. Paciência...

Fui dormir mais cedo naquela noite. Nem mesmo Ravi sentiu minha falta. O dia seguinte seria um novo dia! O que é o aniversário, afinal, além de mais uma data qualquer? Uma construção social?