Ceci e Lipe escrita por Nami Buvelle


Capítulo 2
20.




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— Nesta data querida... – Bati palmas timidamente e sorri.

Sabe, nunca entendi o que temos que fazer enquanto cantam parabéns para a gente. Cantar junto? Parece estranho. Bater palmas? Para si mesmo? Esquisito. Não fazer nada? Ignorante. Meu Deus! O que é que eu tenho que fazer?

Desde criancinha sempre tive dificuldade de lidar com a famosa hora do bolo. Não pelo bolo exatamente. Eu amo bolo! De chocolate com morango, então... Ele é o verdadeiro dono do meu coração.

Mas, quando criancinha, a hora do bolo significava que logo depois todo mundo ia embora. E que criança quer que seu aniversário acabe, não é mesmo? Minha mãe sempre me chamava com todo o carinho, acendia a vela, tirava fotos do meu ladinho e cantávamos juntas. Eu saía correndo por aí logo depois. Além de sempre estar explodindo de felicidade, era, de certa maneira – e eu não admitia isso - uma forma de atrasar a saída de todos.

Com o passar dos anos, reparei que a hora do bolo na verdade se transformou no meio da festa. Silvia sempre me diz que isso é coisa da adolescência: jovens amam qualquer desculpa para dormirem tarde! Por mim, tudo bem. Eu amo meu aniversário. Se quiserem continuar acordados e me parabenizar por isso, que continuem.

Só que, ao passo que relaxei com a hora da despedida pós-bolo, me descobri uma pessoa tensa sobre o que fazer no exato momento dos parabéns. É tão difícil saber!

Sorri meio torto para todo mundo. Minha mãe não estava ao meu lado. Pedi para que ficasse junto da galera, afinal, mãe rondando a hora dos parabéns é mico, não é? Mas, sei lá, ela sempre me acalmava nesses momentos.

Olhei para a Laurinha e para o Lipe. Laurinha praticamente pulava enquanto cantava, o que encheu meu coração de alegria. E o Lipe, velho conhecedor das minhas neuras, fazia discretamente – tão discretamente quanto dava para ser no meio de um grupo de jovens cantantes – palhaçadas para me distrair. Foi ele comemorar que conseguiu lamber o nariz que eu comecei a rir.

A música acabou. Respirei fundo e suspirei. O primeiro pedaço foi para minha mãe, é claro. Até porque nada daquilo estaria acontecendo se não fosse por ela. E falo, aqui, do meu aniversário e do meu nascimento. Nada mais justo do que receber todos os primeiros pedaços de bolo possíveis.

— Eu te amo, mãe. – A abracei e entreguei o pedaço de bolo.

Ela, já torta de embriagada, me abraçou e chorou no meu ombro.

— Eu que te amo muito, Ceci.

Passada as cerimônias, a música, nas alturas de novo, e mamãe foi para casa dormir, estava cansada. Segurei a corda vermelha, que enlaçava meu pulso. Antes de todo parabéns, Lipe me dava um presente único e especial. O daquele ano representava o fio vermelho do destino, Akai Ito. Ele tinha uma pulseira igual e, com o tempo, nossas cordas podiam se embaraçarem, se desembaraçarem, se enrolarem, se desenrolarem, só que elas sempre se encontrariam. Como a gente. Amigos para sempre, essa era promessa.

— Para sempre! – Lipe repetiu enquanto me abraçava, logo depois de me entregar a pulseirinha.

 


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