Graveyard of Flowers — Gardenia escrita por crowhime


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Desde que comecei a outra história, eu queria fazer uma continuação e aqui está!
Espero que gostem. Vou apenas pedir um pouco de paciência: ao contrário do que geralmente faço, que é escrever bastante antes de começar a postar, essa eu mal comecei, mas vou me esforçar para trazer atualizações semanais ou ao menos quinzenais.
Vou dar meu melhor e espero que gostem! Boa leitura!



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Aquelas férias de inverno foram as mais agonizantes que já tive na vida.

Era para ser bom. Iríamos passar todos os quatro juntos. Apesar de algumas ressalvas especialmente mediante ao comportamento de Sirius, eram meus amigos queridos, e via a chance de passarmos o Natal juntos como uma oportunidade de quem sabe voltar tudo a como era antes.

Rancoroso? Talvez sim, um pouco. Eu ainda me ressentia um pouco de Sirius – se não fosse James salvar Severus, eu teria me tornado tudo que mais temi na vida. Um assassino. Ele parecia não ter ideia do que é isso. E o comportamento posterior de Sirius também não ajudava muito.

Se eu sou cabeça dura, Sirius Black tem a cabeça feita de metal. Pode ser só ingenuidade minha: eu gosto de pensar que ele entendeu o meu ponto, mas Sirius piamente acredita que Ranhoso merecia aquilo – e até mais – e não se arrepende. E, mesmo entendendo o mal que me fez, ele tem uma enorme dificuldade de admitir erros e pedir desculpas.

Acho que agora posso entender a mágoa de Regulus que por vezes transparecia através de comentários pontuais, assim como entendo o processo de pensamento de Sirius: “se eu agir de forma legal, ele vai me perdoar, e não vou precisar engolir o orgulho e me desculpar”. Algo parecido. Sempre foi simples desse jeito, por minha culpa. Mas dessa vez, não podia ser assim. Podia? Eu me sentia traído: muito mais do que por vê-lo pelos cantos com garotas quando resolvemos tentar embarcar em um relacionamento mais-que-amigos.

Antes isso fosse o que estivesse me incomodando. Acreditava em renovar meu espírito no Natal e iniciar o Ano Novo deixando as mágoas para trás. Eu queria ser uma pessoa melhor – e Sirius era uma das pessoas mais importantes para mim. Isso nunca iria mudar, independente do que ocorresse. Eu era grato aos Marotos. Eles fizeram por mim algo que nunca imaginei receber: e me deram um lugar ao qual pertencer.

Mas o sentimento que me assolava era de aflição. Chegava a ser pior do que passar noites acorrentado no porão (e eu de fato sei como é isso, acredite), simplesmente porque eu sabia o motivo de estar acorrentado. Agora, eu estava no escuro. Eu não fazia a menor ideia do que acontecia. Regulus estava mal: tão mal que foi tirado da escola por seus pais antes das provas de fim de ano. Isso aconteceu debaixo do meu nariz e eu não percebi.

Quão idiota eu poderia ser? Não tinha qualquer direito de criticar James ou Sirius. Regulus andava estranho, me evitando. Eu deveria ter insistido em saber. Eu deveria ter o questionado mais. Eu deveria ter o ajudado. O que ele tinha? Há quanto tempo ele estava mal assim?

Será que...

...

Era...

Minha culpa?

A ideia parecia absurda. Mas eu sentia como se fosse.

Muitos questionamentos em minha cabeça: tornava difícil ter o clima certo para festas.

Sirius também estava ansioso. Ele fingia indiferença ao irmão mais novo, mal se falaram desde que ele fugiu de casa, mas era claro como água como ele se importava. Estava aflito e, durante aquele tempo, tentou arrancar algo até mesmo do diretor da Sonserina, nosso professor de Poções, mas foi em vão.

James e Peter não eram tão ligados à questão, porém também se solidarizavam.  Até tentamos invadir a sala do diretor com a capa da invisibilidade em busca de algo, mas não achamos nada. Não havia o que fazer além de esperar Regulus voltar.

O que demorou tanto que parecia uma tortura. Só aconteceu aproximadamente depois de uma semana completa de aulas (as quais eu tinha certeza que Reg estava odiando perder). Peter ouviu alguns alunos da Sonserina cochichando que ele iria retornar – aparentemente Slughorn fez um anúncio para os colegas dele – e nos contou. O resto de Hogwarts parecia ter esquecido a fofoca e toda semana de especulação que se seguiu quanto à saúde do herdeiro Black, mas ele era a estrela da Sonserina. Fazia sentido eles comentarem o assunto.

Sirius e James não demoraram a tirar a informação completa de um desses alunos mais novos e, descobrindo o dia, nos colocamos a aguardar por ele no corredor que levava às masmorras.

Foi um encontro... estranho.

Não a parte de Regulus ignorar a preocupação de Sirius – normal, a relação deles não estava boa –, mas ele sequer... me olhou.

Isso me chateou, mais do que eu gostaria de admitir.

Mas o mais estranho aconteceu depois.

Crouch Jr. acompanhava Regulus. Normal também, eles andavam grudados – e eu pensava que ele ter se afastado apenas se dava ao namoro recém iniciado. Reg nunca havia me dito nada diretamente (o que me deixava um pouco triste, mas entendia que ele era reservado, quase tímido), mas ouvia algumas fofocas e... bem, eles andavam grudados.

Bartemius, sinceramente, não me parecia uma pessoa exatamente ruim, apesar de tudo. Sirius me chamava de idiota, que ele era só um fingido, mas eu gostava de acreditar que nem tudo era preto no branco. Crouch tinha um sorriso brilhante, bonitos cabelos cor de palha, extremamente inteligente e habilidoso e tinha um carisma peculiar. Mas, em relação à Sirius, sua hostilidade era palpável.

Ele nunca gostou do irmão mais velho de Regulus. O que eu podia entender: James, Peter e eu também não éramos os maiores fãs de Regulus Black e o restante da família, por pura influência do que Sirius falava. Até hoje Peter ainda parece ter algum nível medo do mais novo, embora fique quieto porque Sirius ou briga ou tira sarro dele se comenta sobre, e James tem se esforçado para melhorar – embora a rixa com Snape continue. Eu imagino que as histórias que Regulus conte do irmão tenha dado a Barty uma visão ruim sobre ele, especialmente após Sirius fugir de casa.

Rivalidade de irmãos. Normal? Não sei dizer, julgo que sim. Lilian também não parece ter bons termos com a irmã pelo pouco que ela já me contou, uma vez que nos aproximamos quando viramos monitores.

No entanto, se antes Crouch nos odiava por tabela – andamos com Sirius, logo, alvo da raiva dele – agora parecia pessoal.

Especificamente, contra mim.

Era só uma desconfiança até então.

Quando Regulus saiu correndo, Sirius tentou questionar Barty:

— O que houve com meu irmão? Eu tenho certeza que você sabe-

Mas Crouch o ignorou. Ele atravessou o caminho de Sirius e se aproximou de mim. Mesmo alguns centímetros mais baixo que eu, ele não hesitou em encarar-me nos olhos, os seus escuros de raiva. Mal conseguia distinguir o castanho de suas íris que pareciam queimar.

— Fique longe do meu caminho, Lupin. Fique longe do Regulus. Se você se preocupa com ele, nunca mais se atreva a se aproximar. Você já fez estragos demais. Esse é seu único aviso.

Ele sibilou, olhando-me com desprezo por cima do ombro uma última vez antes de se afastar.

Definitivamente era pessoal.

Sirius ainda tentou me defender e ir atrás de Crouch para exigir explicações, mas Peter – que havia pulado para se esconder atrás dele – acabou por atrasá-lo, e ele desapareceu na escuridão das masmorras.

— Calma, Six. Depois falamos com esse idiota.

James tentou tranquilizar Sirius, sendo a pessoa que ele mais ouvia. Mas Sirius bufou, encarando o corredor antes de me olhar com desconfiança.

— O que você fez?

—... Quê?! — após alguns segundos até me dar conta de que ele falava comigo, foi minha primeira reação: indignação. — Eu não fiz nada!

Fui rápido em me defender.

Eu não tinha feito nada.

... Tinha?

Desconfiava que sim. E, apesar da aberta ameaça de Crouch, eu precisava falar com Regulus. Tirar a limpo a história. E, se tinha feito algo, queria me desculpar. Eu queria mudar também.

— Vamos, vamos. O importante é que o irmãozinho está bem, né? — Peter comentou, tentando elevar os ânimos, com um sorriso trêmulo. — Agora, podemos sair daqui? Esse lugar me dá arrepios.

Sirius concordou com um muxoxo. A saúde de Regulus era o mais importante, mas eu agora sentia necessidade de falar com ele. Precisei de alguns dias até achar a melhor brecha no horário dele para interceptá-lo, já que costumeiramente ele andava com Bartemius e eu não tinha muita chance de falar com ele a sós, o que fazia a dor no meu peito crescer.

Não é como se eu fosse um stalker. Eu só acontecia de saber que Regulus equilibrava atividades de monitoria, com treinos de quadribol e o Clube do Slug por precisarmos fazer escalas e dividir tarefas. Mas não. Eu não era um stalker.

E foi... decepcionante.

Eu não queria ser pretensioso. Eu não iria me meter entre Regulus e Barty. Mas, mesmo que por um ínfimo instante, eu acreditei que ele olhava para de mim de modo diferente.

Não que eu entendesse o motivo. Se Sirius já parecia uma realidade distante, Regulus era uma estrela muito mais impossível de alcançar.

Mas ele estava lá. Era uma realidade.

E quando vi aquela rosa vermelha abandonada na porta da sala, na noite em que me entendi com Sirius, senti uma pontada de tristeza e de quase arrependimento.

Antes mesmo de confirmar que ele sabia quais meu tipo de flor favoritas, eu já desconfiava que vinha dele.

Agora... Não havia a atenção ou o carinho costumeiro. Sequer desprezo, o que poderia muito bem ter sido causado por alguma lavagem cerebral pelo tempo que passou com os pais (Sirius contava essas coisas, ao menos).

Quando ele me olhou, não havia... nada.

Seus olhos estavam vazios e distantes, como uma estrela inalcançável.


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