POV SESSHOUMARU

— Desgraçado, só está fazendo isso para me irritar.  - Ele respira fundo indignado - Mestre?! Sério?!

Eu não consigo conter uma risada. 

— Você que mudou meu modo de pensar sobre essa garota, confesso que vestida desse jeito ela até fica apresentável. - Inuyasha cerra os punhos me encarando - Porque um simples comentário como esse te irrita tanto ? Essa garota é só sua cunhada, não é irmãozinho?

— Fique longe da Kagome ou eu te mato. - Estreito meus olhos o observando.

— Isso vai ser bem interessante. 

Sigo pelo corredor praticamente flutuando, agora que achei um ponto fraco daquele fedelho vou poder me divertir por um longo tempo.

Quando entro no meu escritório Kagome está parada ao lado da mesa com os braços cruzados.

— Você está me usando como um brinquedo para irritar o seu irmão. - Sua voz tem o tom de indignação.

Eu apenas a ignoro dando a volta nela e sentando em minha cadeira.

— Quando estiver na frente do Inuyasha você precisa me chamar de Mestre sempre daqui pra frente, srt. Higurashi. - A garota espalma as mãos na mesa me dando um susto.

— Escuta aqui Sesshoumaru, eu não sou burra como você pensa. Você pode enfiar esse seu contrato bem fundo no seu ... - Eu levanto meu dedo indicador mandando ela calar a boca.

Pego meu celular e ligo para meu advogado.

— Sr. Hashi, preciso que faça um termo de confissão de dívida. - Dou um sorriso descarado para a garota que me olha com ódio - Minha ex funcionária não tem condições de pagar uma dívida de 7 mil dólares. Kaede irá lhe enviar os dados necessários - Ela pega o meu celular em menos de dois segundos.

— Sr. Hashi? Não precisa, tá tudo certo. O meu chefe é um piadista mesmo! - Ela dá uma risada forçada que cessa automaticamente ao desligar a ligação - Você é um ...

— Pense bem antes de falar uma besteira. Eu continuo sendo seu chefe Srt. Higurashi, eu não vou me dar o trabalho de lembrá-la outra vez. Devemos manter o respeito mútuo. - Seus olhos azuis estão cheios de lágrimas que ficam gigantes por conta do óculos.

— Respeito?! Isso é uma humilhação! Como eu posso concordar em trabalhar com você? - Ela murmura para si mesmo quase chorando.

Respiro fundo revirando os olhos de impaciência.

— Você tem um bom salário, vai sair daqui com um currículo muito mais valioso e se for esperta o quanto eu acho que é, vai parar com o drama e tentar aprender o que puder comigo. - Ela engole o choro virando as costas pra mim - Saia.

Kagome se vira abraçando os próprios braços como se ela tivesse apanhado.

— Sim, Sr. Taisho. - Ela parece um cachorrinho maltratado e isso me irrita. Desvio o olhar para meu note querendo que ela saia o mais rápido possível.

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O dia passa e Kaede fica dando instruções a minha nova assistente.

A garota que geralmente é barulhenta e atrapalhada anda atrás de mim muda como uma sombra, não me olha nos olhos e responde tudo da forma mais formal possível.

Isso me irrita ainda mais. Já passa das 19:00 quando ela entra na sala acompanhada do meu irmão.

— Sr. Taisho, se não precisar de mais nada estou de saída. - Seu cabelo está solto e sem os óculos parece mais madura.

Inuyasha fica dois passos atrás dela que fita o chão como se estivesse falando com ele.

— Vá. - Kagome me olha de relance fazendo um incômodo surgir em meu estômago.

Não consigo não acompanhar seus movimentos até passar pela porta a fechando em com um barulho exagerado.

Através do vidro vejo que a mesma virou o salto e meu irmão a segurou como um salvador. 

A morena dá um sorriso sem graça. 

— Argh! Tenho pena da irmã dessa garota, a pobre não sabe que está sendo traída. - Murmuro comigo mesmo apertando para fechar as persianas no controle remoto.

POV INUYASHA

Porque ela parece tão triste?

— Quer parar pra tomar alguma coisa? Foi seu primeiro dia como escrava daquele degenerado. - Me esforço para manter meus olhos na pista, Kagome está com a cabeça encostada no vidro olhando fixamente a rua.

— Obrigada por me trazer Inuyasha. Não precisava. - Ela finalmente me encara com seus olhos azuis acinzentados.

— Eu vou mudar isso Kagome, você não pode ficar com aquele cara. - Estaciono o carro na entrada do templo Higurashi. Me viro para a garota que solta o cinto de segurança e abre a porta sem dizer nada - Ei, Kagome! 

— Eu não preciso ser salva, quantas vezes eu preciso te dizer isso?! - Ela parece tão diferente vestida assim, seu cabelo ondulado e os olhos claros são as únicas coisa que a diferem da minha namorada.

*FLASH BACK ON*

— Ei, Kagome! Vai me ignorar?! Eu já pedi desculpas! - Eu a balanço pelo braço tentando chamar sua atenção - Até quando vai fingir que não estou aqui?!

— Como pode sair com a Kikyou?! Não é um erro sair com a irmã de uma amiga?! - A garota me olha emburrada - Você sempre me disse que eu era feia e sem graça, que nenhum homem olharia pra mim e blá blá blá!

— A Kikyou é linda! Linda, inteligente e ao contrário de você tem um cheiro maravilhoso! 

— VOCÊ É UM IDIOTA! IDIOTA! - Ela sai correndo como uma criança no jardim de infância e eu nunca entendi realmente o porque. Eu sei que o relacionamento delas nunca foi ruim, apenas não tiveram muito contato.

*FLASH BACK OFF*

— Era mentira. - Murmuro baixinho a fazendo virar de lado no banco para me olhar - Eu menti quando falei que não te achava bonita e que detestava seu perfume.

— O que? - Ela fixa seus olhos em mim.

— A verdade era que eu gostava. Eu tinha medo de gostar de você e acabar com a primeira amizade verdadeira que eu já tive. 

— Está dizendo isso porque quer que eu volte a ser sua amiga.

— Não, estou dizendo a verdade e não sei porquê. - Aperto o volante sem conseguir olhá-la diretamente.

— Você não teria visto nem se tivesse uma placa neon em cima da minha cabeça, idiota. - Ela murmura cansada saindo do carro batendo a porta.

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— Inuyasha, você está tão distante hoje, muito trabalho sem uma secretária não é? - Kikyou sorri pra mim colocando um Sushi na minha boca tentando me chamar atenção - Eu posso te indicar alguém ...

— Não, eu já achei uma pessoa, só preciso que ela aceite o trabalho. - Ela dá um gole na taça de vinho balançando a cabeça - Escuta, tem falado com a Kagome?

— Kagome? - A morena diz pensativa - Não, faz muito tempo que não nos falamos ... 

— Ela virou assistente do Sesshoumaru lá na empresa. 

— Então é isso que está ocupando sua cabeça, você detesta o seu irmão e a Kagome é sua amiga.  - Kikyou coloca a mão sobre a minha carinhosamente - Deixe-a, ela sabe se cuidar.

— Rá! Vocês são mais parecidas do que dizem! - Eu reviro os olhos impacientes e a garota ri.

— Somos gêmeas, teríamos que ter alguma coisa em comum. - Ela dá de ombros piscando pra mim - Ei, vamos pra minha casa? Tenho certeza que vou fazer você parar de pensar nisso.

— Vamos. - Eu chamo o garçom pedindo a conta.

Kagome não é a garota que eu preciso cuidar.

POV KAGOME

— Você não gosta do Inuyasha a anos! Só está carente e deprimida. - Digo pra mim mesma tentando fixar esse pensamento na minha mente - É isso. Não confunda as coisas Kagome Higurashi. 

Encarei meu reflexo no espelho e sinto vontade de chorar. Chorar porque essa não sou eu, porque me sinto tão claustrofóbica que quero gritar desesperadamente.

— Mana! O que houve com você? - Sota aparece na porta do meu quarto me dando um susto.

— Vê se aproveita e aprende que a vida de adulto é praticamente um circo! Sou a nova palhaça da empresa NT GAMES! - Digo revirando os olhos e o garoto ri.

— Eu fiz o seu jantar favorito, desça logo palhacita! - Ele pisca pra mim e eu sorrio levemente.

Meu irmão cresceu tanto desde que mamãe nos deixou.

Ela ficaria orgulhosa do nosso pequeno Sota que agora já tem 16 anos. Meus olhos enchem de lágrimas instantaneamente, a saudade é absurda não importa o tempo que passe.

Tiro a maquiagem do rosto e chuto os saltos para longe, vou jantar com a minha família e tentar esquecer o dia pesado.

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Acordo cedo e tomo um banho demorado. Faço uma maquiagem básica, nada de batom vermelho. Coloco uma calça jeans e um cropped branco rendado e um allstar amarelo. Acabou que ontem na correria eu não peguei nada das roupas "exigidas" para o trabalho e ninguém veio trazer.

Vou me certificar que entreguem hoje.

Chego na empresa antes mesmo que a Kaede. Entro na sala do Sesshoumaru e começo a arrumá-la. Ele estava aqui com alguém ontem, dois copos de Whisky sujos, sendo um manchado de batom.

— Credo! Quem ficaria com um monstro como ele?! - Murmuro sozinha.

— Quem você está chamando de monstro Higurashi? - Sua voz mal humorada me dá um banho de água fria. Demoro um momento para virar de frente pra ele.

— Bom dia, Sr. Taisho. - A frase sai pausada e eu mordo meu lábio inferior de nervosismo - Não é o senhor ... Certamente.

Ele me olha de baixo pra cima e lembro que estou vestida como uma adolescente.

— Com licença. - Digo dando passinhos laterais até a salinha escondida onde as roupas estão.

— EU PRECISO DE ASPIRINA URGENTEMENTE! SUA VIDA DEPENDE DISSO HIGURASHI! - Ele grita para eu escutar de dentro da pequena sala.

Pego a primeira sacola que vejo e coloco mais um vestido tubinho, só que esse é azul marinho. Cato um par de saltos nude e coloco também. Meu cabelo ainda está molhado então o deixo solto.

Saio da sala dando um encontrão com o meu chefe irritado, de salto minha cabeça bate direto na sua boca.

— PUTA QUE PARIU! - Ele grita e eu vejo que a cabeçada fez seu lábio sangrar. Seguro um riso de satisfação totalmente errado - Você não vai nem mesmo se desculpar ...

— Eu vou buscar sua aspirina. - Digo dando um sorriso sem jeito. Tento ir para um lado e ele vai também, tento ir para o outro e nos encontramos de novo. Suspiro já impaciente.

Antes que eu fale alguma coisa ele me puxa com toda força pelo pulso me jogando praticamente do outro lado da sala.

— Onde eu estava com a cabeça?! - Ele sai murmurando irritado, gesticulando com as mãos - Aturar você não vale a pena! Saia daqui.

Respiro fundo saindo da sala calmamente. Vou até a enfermaria do prédio e pego um remédio para dor de cabeça.

Um vidrinho pequeno e escuro me chama atenção. 

— Hmm - Um sorriso travesso surge em meus lábios.

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Preparo o chá do Sesshoumaru com um um ingrediente a mais essa manhã. Uma colherzinha bem cheia de óleo de rícino pra vê se ele se acalma um pouquinho.

Quando estou passando com a bandeja em direção a sua sala Kaede-san chega me fazendo pensar no que estou tentando fazer.

— Bom dia Kagome-chan, tudo bem? - A velha senhora sorri pra mim enquanto coloca seu casaco sobre a sua cadeira - Vejo que já está servindo o Sr. Taisho, muito bem!

Eu ignoro esse anjinho no meu ombro me dizendo para não lhe dar esse chá. Meu braço ainda está vermelho pelo puxão de alguns minutos atrás.

Entro na sala sorrindo de um canto a outro. Coloco a bandeja em sua frente já servindo o creme batizado no chá.

— Aqui mestre, seu chá favorito com creme extra e uma aspirina como havia solicitado. - Ele me olha um tanto confuso. 

Dou a volta na mesa e começo a organizar a sala que está completamente revirada.

— Hmm, que gosto estranho é esse? Um tanto amargo. 

— Eu pedi para que batessem o chantilly com gengibre. Faz bem a sua saúde.  - Mantenho meu sorriso como uma aeromoça - Se precisar estarei lá fora com Kaede-sama.

Esse idiota vai aprender a não mexer comigo.

— Srt. Higurashi. - Ele me chama quando me viro em direção a porta - Me desculpe pelo puxão. - Sesshoumaru parece desconfortável ao ver o meu braço ainda vermelho - Isso é abuso de poder. 

— Tudo bem. Não vai mais acontecer certo? - Ele dá um sorriso mínimo encarando sua xícara de chá.

— Sim. Vou me certificar disso. 

Saio da sala com uma bola na garganta. O que eu fiz? De repente não acontece nada. Esse cara parece ser feito de gelo, não deve ter um aparelho digestivo.

Dou de ombros sentando em minha cadeira prendendo meu cabelo em um coque improvisado com uma caneta.

— Okaay, vou me concentrar! - Kaede me olha rindo.

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— Kagome, vá avisar ao Sesshoumaru que ele tem uma reunião em 15 minutos com o representante francês do novo jogo. - Olho o relógio e vejo que Sesshoumaru passou quase a manhã toda em silêncio.

— Certo. - Me levanto indo devagarinho até a porta - Sr. Taisho ... - Pergunto já sabendo que deve estar no banheiro.

Tomo um susto ao encontrá-lo desmaiado no chão ainda mais branco que o costume. 

— Sra. Kaede! - Grito por ajuda correndo até ele - Sesshoumaru, acorde! Acorde! - Me abaixo para segura-lo e vejo que está ardendo em febre - Por favor, acorde! 

Começo a chorar sem saber o que fazer.

— Meu Deus! - Kaede arregala os olhos ao me ver tentando reanimá-lo e sai da sala correndo como entrou.

— Sesshoumaru, acorde. Eu prometo que vou ser boa pra você, mas não morra por favor! - Eu tiro seu cabelo encharcado do rosto - Acorde!

— Kagome ... O remédio ... - Ele sussurra pausadamente apontando para a gaveta onde eu puxo e vejo uma seringa. 

Ele acha que é alergia?!

— Sesshoumaru ... O que faço com isso? O que ... - Pego a seringa já a destampando - Me desculpe ... - Enfio a seringa na perna dele e aperto de uma vez.

POV INUYASHA

— Você sabe que quando ela decide uma coisa, realmente decide Inuyasha. O que acha que posso fazer? - Sango diz dando de ombros - Eu não posso dizer que ela não está certa.

— Será que ela está interessada no Sesshoumaru? Ela o chama de mestre ... - Digo pensativo e um pouco enojado - Kagome merece mais que isso ...

— Você é muito idiota ... - Minha amiga suspira dando um sorriso sem jeito.

Escutamos a voz da Kagome vindo do corredor.

— Tomem cuidado por favor! - Dou um pulo pra fora do escritório tomando um susto ao ver meu irmão passar em uma maca.

Kagome passa chorando por mim indo atrás dos enfermeiros.

— Aquele é o seu irmão? - Ela diz atrás de mim.

— Isso.

— Talvez você esteja certo. - Ela me olha surpresa - Pensa pelo lado bom, vocês poderão sair em encontros duplos. 

Sua risada me deixa ainda mais irritado.

— Sango! 

— Vamos logo para não perdê-los de vista. - Ela me puxa para fora da sala.