— Bom dia Sr. Sesshoumaru. -  A velha senhora se curva levemente quando o CEO passa em direção a própria sala. 

— Kaede, quais são meus compromissos essa manhã? - Ele diz sem nem ao menos nos olhar. Ela pega o celular e começa a recitar um por um. O último o faz bufar - Tinha esquecido que hoje é a integração daquele imbecil. - Ele aperta o espaço entre os olhos - Tenho mesmo que ir? 

— Além do senhor ser o CEO, acredito que devia dizer boas vindas ao seu irmão caçula. - Ela não hesita ao falar com ele o que parece ser uma coisa extraordinária pra mim. 

Sesshoumaru Taisho parece ser assustador pra mim. 

— Vá. - Ele senta em sua cadeira e nós retiramos de sua sala. 

Quando saímos eu respiro fundo e solto o ar. 

— Meu Deus, ele nem me enxergou. Não sei se isso é bom ou ruim. - Digo pra sra. Kaede que me olha por cima dos óculos ao se sentar em sua cadeira. 

— Você é só uma estagiária. Sem ofensas. - Ela dá um sorriso sem graça.

Ela parece ser tão doce para trabalhar com um cara tão amargo. 

— Sim, mas não é meu primeiro dia. Eu devia estar lá com ele. Afinal, trabalhar com o Sesshoumaru vai valorizar muito meu currículo! - Digo pensativa - Estou aqui a quase um mês e tudo que eu faço e organizar a papelada.

— Kagome-chan, vou lhe ensinar tudo que eu puder. Espero que seja suficiente. - Ela empurra uma pilha de papéis em minha direção - Comece organizando a agenda dele. Um erro e você está fora. 

Engulo em seco. Talvez ela não seja tão doce assim. 

Puxo uma cadeira e sento, vejo seus compromissos e vou passando a limpo para a agenda oficial depois de confirmá-los um a um. 

Acabei de me formar em design gráfico e as empresa NT GAMES é uma das melhores no ramo. Para conseguir um estágio aqui eu tive que praticamente assinar um termo aceitando virar uma escrava. Acompanhamos o CEO a todas reuniões que geralmente duram em torno de 15 minutos. Alguns dias ele tem de nove a dezesseis reuniões por dia!

Não consigo tirar horário de almoço já que Kaede tem que sair nesse horário pra fazer algum capricho do Sesshoumaru. 

Estou aguardando do lado de fora quando ele sai olhando o celular, ele é realmente alto. O cara é basicamente um Photoshop ambulante, cabelo perfeito, pele perfeita, terno impecável mas aparentemente sem muita sensibilidade. 

— Sr. O seu jardineiro ligou, disse que não conseguiu ir hoje porque sua filha está doente. - Ajeito meus óculos - Gostaria que eu encontrasse outra pessoa para terminar o serviço? 

— Demita-o. - Ele nem mesmo esboça uma reação - Resolva isso se não, está demitida. - Fico boquiaberta. CORREÇÃO, esse cara não tem nenhuma sensibilidade. Ele é humano? - Vai ficar aí parada? Preciso de outra estagiária então. 

— Irei resolver. - Respiro fundo - Agora é o comitê de boas vindas ao novo diretor. Seu próximo compromisso. 

O homem ajeita o terno e sai andando, imagino que vá para lá, e não o acompanho. 

Ligo para Kaede. 

— O que houve? - Ela diz alarmada. 

— Teve um problema com o jardineiro, ele mandou eu resolver ou estou demitida! O que eu faço ? Vou pra casa dele cortar a grama? - Tento segurar a irritação. 

— Arranje outro. De seu jeito, segure as pontas até eu voltar e não seja demitida. - Ela desliga o telefone me deixando ainda mais nervosa. 

— Droga! Ele vai me matar mas preciso ligar... - Disco seu número que tenho apenas na minha própria memória desde que terminamos. 

— Alô! - Digo docemente - Tudo bem? 

— Quem e ? - Ele diz ríspido. 

— Kouga! Não faça isso comigo! - Digo chorona. 

— Kagome, eu falei pra não me procurar ...

— Preciso de ajuda! - Murmuro diretamente.

— Eu sabia! Você só me ligaria se não tivesse saída.  

— Você poderia me fazer um favor ? Eu juro que não te perturbo mais! Eu preciso que arrume o jardim do meu chefe ... - Afasto o celular da orelha porque sei que ele vai gritar. 

— VOCÊ TÁ ME CHAMANDO DE JARDINEIRO SUA - Eu o corto. 

— Opa! Você não é jardineiro, é florista especializado em várias áreas como eventos e paisagismo! 

— Vou te passar um número de um jardineiro. - Ele se acalma um pouco. 

— Não! Eu preciso que seja você. Se acontecer algo de errado ele vai me demitir Kouga, você não quer que isso aconteça porque vou acabar na sua porta com mala e tudo! - É tudo que ele não quer. 

— Quando você vai parar de me causar problemas? - Ainda dói escutar isso dele. 

Engulo todo meu orgulho mais uma vez.

— Vou te mandar o endereço. Vou liberar sua entrada com o porteiro. Obrigada. - Desligo telefone. 

Corro até o auditório, se ele precisar de alguma coisa. Tenho que estar lá. 

—

Entro de fininho no auditório que está praticamente com os funcionários da empresa inteira. No palco está o CEO junto com um cara que começa hoje. Seu irmão.  

— Ah meu Deus! - Não podia ser aquele idiota. 

— Sr. Inuyasha, contamos com você para dirigir o Gamers 01. Não nos decepcione - Sesshoumaru diz ainda mais sério que o normal, eles apertam as mãos e tiram uma foto juntos. 

Eles são tão parecidos em tantos aspectos. Irritantes, soberbos, debochados!

Meu chefe desce do palco e passa voando por mim. Eu fico olhando aquele imbecil ganhar a atenção e felicitações de todos. Como ele pode ser irmão do Sesshoumaru? Pelo menos eu não sou secretária dele. Estaria na rua com certeza. 

— Kagome! - Escuto Kaede me chamar - Crise, crise, crise! - Ela parece apavorada - Venha logo! 

—-

Várias bolas de tênis voando contra a janela sendo jogada pelo responsável CEO da empresa, não estou crendo no que estou vendo.

— AQUELE BABACA VAI ESTRAGAR MINHA EMPRESA FAVORITA! – Ele grita e eu escuto o barulho do vidro trincado.

— Sr. Taisho, eu acho que o vidro não vai aguentar mais por muito tempo! – Eu vou até ele e puxo a caixa que está do seu lado. Ele segura meu pulso e me encara irritado – Vai me demitir por isso também?! – Acabo dizendo mais alto do que esperava o surpreendendo.

— Sr. Sesshoumaru, aqui está seu chá. Ficarei de olho em Inuyasha, não se preocupe. Kagome, venha. – Ele ainda está me olhando como se eu o estivesse o desafiando.

— Saia daqui! AGORA! – Ele diz entre dentes me soltando com raiva. Saio com a caixa de bolas na mão quase vazia. 

Escutamos o barulho da janela quebrar e eu olho pra Kaede que suspira balançando a cabeça.

— Ele tem sérios problemas de comportamento Kaede-sama! Quantos anos ele tem? 6? – Pergunto irritada.

— Vá chamar alguém da limpeza. Pode ir por hoje. Antes que ele realmente te demita. – Saio batendo o pé mas agradecida por ir embora.

Quando estou esperando o elevador para ir para o térreo escuto uma voz familiar.

— Não acredito. Kagome?! – DROGA DROGA DROGA! Aperto o botão várias vezes – É típico seu, me ignorar.

— Olha só Inuyasha, eu não estou te ignorando, só não tenho nada pra falar com você. – Quando o elevador abre eu entro voada, mas ele entra bem atrás de mim.

— Não sabia que você trabalhava aqui... – Ele diz bem tranqüilo.

— E você nunca me disse que era o dono do lugar – Olho irritada pra ele – E graças a você posso estar demitida sem conseguir melhorar em nada meu currículo, idiota!

— Eu sempre tive o poder de te irritar. Que nostalgia! – Ele diz rindo – Senti falta disso.

Eu engulo em seco. Parece que o elevador nunca chega.

— O que eu disse antes continua valendo. – O olho de relance – Nunca mais fale comigo. – Eu não posso me permitir sentir sua falta, Inuyasha. 

Saio do elevador sem olhar pra trás. Vou embora.

POV SESSHOUMARU

— Já demitiu ela? – Digo pra velha senhora catando as bolas de tênis espalhadas pela sala.

— Não. Ela está aprendendo Sesshoumaru, não vou demiti-la. – Ela me olha como se eu fosse uma criança mimada.

— Você vai porque estou mandando, ela me desafiou. Você estava presente! – Eu levanto andando de um lado para o outro.

— Eu decido se ela fica ou não. Kagome é uma garota esforçada e aprende rápido. Eu estou velha e cansada e você fica me fazendo catar bolas a essa hora da tarde? – Ela me repreende – Está na hora de crescer. E ela já é a oitava estagiária que você encrenca apenas em um mês. A partir de agora é comigo. – Ela pega o saco com as bolas e joga em cima de mim.

Inuyasha entra sem bater.

— Velha Kaede! – Ele diz dando um sorriso maroto.

— Mais respeito garoto ou vai levar uns tapas – Ela dá um tapinha no braço do Inuyasha.

— O que você quer? – Digo sem rodeios.

— Kagome Higurashi. Sua estagiária. Quero que seja minha secretária. – Ele diz direto me encarando com as mãos no bolso.

— Não.

— Porque não?! Você quer demiti-la. Eu escutei tudo. – Ele dá um sorriso debochado – Eu sou tão dono desse lugar quanto você e quero que ela seja minha secretária.

— Porque essa repentina vontade de "salvá-la"? – Digo pensativo enfatizando com aspas de dedos com o intuito de irritá-lo - Nossos empregados não são objetos, Inuyasha.

— Ela estudou comigo, Kagome se formou como uma das primeiras da classe, é muito criativa e principalmente prestativa. 

Pego uma das bolas e aperto andando de um lado para o outro da sala.

— Não. Se envolver com a secretaria irá fazer uma bagunça imensa e não trabalhamos assim por aqui. Relacionamentos entre funcionários é extremamente proibido.

— Ela é irmã da minha namorada. – Ele se controla para não gritar.

— Conflito de interesses. – Digo pensativo – Também não posso permitir Inuyasha, lamento.

— Sesshoumaru! Elas nem se falam! Você só está fazendo isso pra me irritar! – Ele perde todo auto controle – Você continua sendo um idiota mimado ...

— Que aqui dentro é seu superior. Vai ter que dançar conforme a música se quiser ficar aqui Inuyasha. – Digo tranquilamente me aproximando dele – Você não vai ter a garota. Terá que escolher outra.

— Vamos ver. Ela vai participar por vontade própria da seleção e vai passar porque vai ser a mais capaz para o cargo e aí caro irmão, você não poderá dizer nada. – Ele sai pisando forte e eu jogo a bola com força na porta fazendo a Kaede aparecer com os olhos arregalados.

— Meu Deus! O que você tem hoje?! – Ela coloca as mãos no quadril como se fosse uma mãe indignada.

— Mudança de planos. A estagiária, vai virar minha assistente pessoal.

— O que?! – Ela diz confusa – Você queria demiti-la a 10 minutos atrás.

— Pois é, mas você está velha e lenta e eu preciso lhe poupar se a quero aqui por muitos e muitos anos. – A senhora de cabelos grisalhos respira fundo – Agora a garota vai catar as bolas pela sala. – Dou de ombros.

— Vou bater o contrato. Por quanto tempo? 1 ou 2 meses? – Ela diz já pegando sua agenda para anotar.

— Um ano. – Ela me olha incrédula – E não precisa bater, esse contrato irá ter cláusulas especiais. Eu vou formulá-lo pessoalmente. – Dou um sorriso impecável para minha secretária que suspirou pesarosamente – Mande-a vir agora ao escritório. – Olho no relógio e vejo que passa das cinco.

— Kagome já foi. Só amanhã agora.

Vou até Kaede e pego o celular dela, procuro o número da Kagome e ligo entregando de volta o celular pra ela. Que revira os olhos bufando.

— Kagome? Pode voltar ao escritório, preciso falar com você. – Corro para minha mesa e começo a bater o contrato.

Inuyasha, se eu estou certo, isso vai perturbar muito você.

POV KAGOME

— Sra Kaede? – Digo a chamando mas não tem ninguém. A porta do escritório do Sesshoumaru está aberta então entro pra ver se ela está lá dentro, mas apenas ele está sentado em sua mesa.

— Srt. Higurashi. Feche a porta e sente-se. – Ele diz sério.

PQP, vai me demitir.

Entro devagarzinho e vou ate sua mesa como se fosse uma lesma.

— Tudo bem, pode falar. – Digo engolindo seco. Ele suspira impaciente - Aqui estou mais perto da porta de qualquer forma.

— Seja rápida e sente-se ou vou mudar de ideia. – Ele diz irritado.

Me sento de frente pra ele que empurra um papel em minha direção. Quando olho está escrito contrato.

— Quer que eu seja sua secretária particular? – Digo surpresa.

— Pois é, também é uma surpresa pra mim. – Ele mantém seus olhos no notebook em cima da mesa. Continuo lendo e vejo que é pelo período de um ano.

— UM ANO?!

— Assine logo e rubrique todas as páginas. Tem dez segundos pra assinar ou retiro a proposta. – Sesshoumaru diz friamente.

— Mas tem umas 10 páginas aqui, como posso assinar essa coisa sem saber o que é? – Ele apenas empurra a caneta em minha direção contando.

— Um, dois, três, quatro – Qualquer empresa vai me aceitar se eu tiver isso no currículo – Sete, oito ... – O que poderia ter demais aqui né? Pergunto pra mim mesma – Dez.

Antes que ele puxe o contrato eu assino e rubrico as páginas. Ele me entrega uma via.

— Ótimo, Kaede já providenciou um novo guarda roupa pra você usar. Não posso ser visto com alguém vestida dessa forma. – Magoou, eu to vestida bem normal, jeans e camiseta – Chegue uma hora mais cedo que ela irá trazer suas roupas e lhe explicará as recomendações do contrato de modo que deve seguir-las a risca – Ele finalmente levanta o olhar de gelo – Agora saia.

Pego a minha via do contrato e vou pra casa, ver em qual enrascada eu entrei.