Grogu tinha sido capturado.

Din mal conseguia respirar, como se seu peito estivesse em chamas, e seus pulmões estavam afogando em ansiedade porque Grogu tinha sido capturado e não sabia onde ele estava—

— Mando, — A voz de Cara Dune lhe chamou a atenção, e Din inconscientemente soltou sua respiração. Suas mãos estavam cerradas em punhos.

Ela o observou atentamente. Estavam dentro da Slave I, Bobba Fett e Fennec dispostos a ajudá-lo a recuperar o pequeno, e agora que estavam tão perto da nave de Moff Gideon, Din não conseguia desviar seus pensamentos de Grogu.

— Nós vamos encontrá-lo. — Ela tentou confortá-lo. Tinha percebido que ele estava fora de si quando voltou para a nave depois de ter conseguido as coordenadas de Moff Gideon com Mayfield.

— Dune, eu... — Din tentou, e pigarreou quando sua voz rouca transpareceu sua tempestade de emoções por dentro. — Eu quebrei meu código.

Ela o encarou, confusa.

— O que quer dizer?

Alguns segundos se passaram enquanto ele procurava a coragem para dizer.

— Meu código de Mandaloriano. Meu... capacete, — Ainda conseguia sentir os olhos curiosos dos comandantes imperiais mapeando suas feições como vibro-facas, apunhalando toda a dignidade e honra que ainda lhe restava. — Eu tirei meu capacete. Na base imperial—

— Ah, merda -- —Dune arfou, seus olhos arregalados em surpresa, e Din ficou um pouco surpreso com a reação. — E alguma pessoa te viu?

— ...Sim. Várias.

— Ah, merda, — xingou novamente por entre dentes cerrados. — Mando... Você... E agora?

— "E agora"? — repetiu, perplexo.

— Você ainda pode ser um Mandaloriano? Isso é permitido? — Ela franziu as sobrancelhas, pensativa. — Ou vai poder continuar com o código...?

Din suspirou, cabisbaixo. Buscou em seu bolso a pequena esfera da alavanca do painel de controle da Razor Crest, o brinquedo favorito e inconveniente de Grogu, e rolou o objeto em seus dedos, o movimento trazendo o mínimo de conforto que conseguia naquele momento.

— Eu não sei.

—

Din sentia seu sangue ferver enquanto se dirigia à cabine a passos apressados, suas mãos trêmulas, e ele não sabia se era por causa da adrenalina de ter acabado de lutar com um darktrooper ou pela ansiedade em finalmente encontrar Grogu. O interior da nave de Moff Gideon era quase um labirinto, corredores repetidos, frios e extensos, apenas adiando o inevitável, pois ele iria resgatar Grogru, custe o que custar. Era o que se repetia em sua mente até conseguir abrir as portas metálicas e ver Grogu o encarando com medo nos olhos e algemas em seus pulsos.

Moff Gideon quase sorriu ao vê-lo, segurando um sabre de luz negro perigosamente perto da cabeça do pequeno, que apenas choramingou baixinho. Din se viu sem fôlego, sua garganta bloqueando qualquer palavra ou exalar.

— Dê mais um passo e arranco a cabeça dele. — O comandante ameaçou, balançando gentilmente o sabre ainda mais perto do bebê.

E foi aí que Din decidiu que Moff Gideon não iria sair daquela nave com vida.

— Solte sua pistola. — Moff continuou ao assentir para a as mãos de Din, que derrubou a arma sem hesitação.

O sabre de luz afastou-se de Grogu, a lâmina agora escondida na bainha, e o Mandaloriano voltou a respirar novamente.

— Eis o que vai acontecer, — O comandante prosseguiu — Você vai me deixar ir e em troca eu deixo você libertar a criança. — E com isso se afastou, encarando o outro intensamente.

Din assentiu e se aproximou, quase desesperado para tirar as algemas metálicas dos braços do pequeno, que estremecia em ansiedade. Não perdeu tempo e puxou rapidamente as algemas para libertá-lo, e algo apertado em seu peito se desfez ao ver o começo de um sorriso no rosto do pequeno.

Estava quase o pegando em seus braços quando o som do sabre de luz zumbindo ao seu lado o fez virar e assistir Moff Gideon avançando em sua direção com uma expressão ameaçadora no rosto.

E por um momento Din pensou que aquele era seu momento final, seus últimos segundos, e seu coração errou algumas rápidas batidas.

E em seguida tudo pareceu congelar no tempo, a tensão do ar quase eletrizante, e Moff Gideon arregalou os olhos antes de ser jogado fortemente contra a parede. Em um movimento rápido e instintivo, Din pegou a lança de beskar em suas costas e se preparou para o possível combate, mas foi em vão.

Moff tentou se levantar e foi novamente lançado contra a parede, dessa vez com mais intensidade, e Din podia jurar que viu a placa de metal afundar com a força, e seus pensamentos foram bruscamente freados quando viu o responsável por tudo aquilo.

Grogu estendia uma de suas mãos na direção de Moff Gideon, seus olhos fechados e suor escorrendo em sua testa. Seu corpo inteiro estava trêmulo, estremecendo com a força de seus poderes, e Din sabia que ele estava transbordando ansiedade e aflição, pois conseguia sentir no ar, no jeito que seus dedos tremiam ao fechá-los em punho como se estivesse sufocando Gideon com a Força.

O que fizeram com você enquanto estava preso aqui, garoto? Din pensou, uma onda de terror passando em seu peito quando percebeu que havia ódio nas ações de Grogu. Ódio contido. Vingança.

— Grogu. — chamou seu nome sem perceber, e o bebê imediatamente abaixou sua mão e olhou para ele.

Moff Gideon arfou pesadamente, uma mão em seu próprio pescoço e olhos arregalados com pânico, e antes que pudesse se levantar, Din o nocauteou com a ponta cega de sua lança até ele cair no chão, inconsciente.

— Ad'ika. — Limitando um suspiro aliviado, o Mandaloriano pegou o pequeno no colo. Ainda tinham muito que fazer. Precisavam ir até Bo-Katan, sair daquela maldita nave imperial, e encontrar um Jedi para cuidar do bebê.

 Mas por enquanto, naquele solitário momento só com os dois, Grogu estava a salvo, abraçando Din enquanto este delicadamente tirou seu capacete de metal e observou o garoto pela primeira vez sem o filtro do modulador do capacete.

— Papa. — Grogu murmurou ao erguer uma mão e tocar o queixo dele, pois estava fascinado com o pequeno sorriso que Din lhe presenteava.