Coincidence Of Love ✖ GSR escrita por Fénix Fanfics


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Desfrutem ♥



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Ruth estava no quarto de Elizabeth, terminando de organizar suas roupas. Esse geralmente seria o trabalho de Esther, mas Beth não confiava na nova empregada, ela confiava em Ruth. Ruth sabia como ela gostava das coisas, suas manias, e era quase como uma amiga. Quase, pois Elizabeth aprendeu desde cedo, a ter uma certa distância de seus funcionários, herança de ensinamento de seu pai. Homem forte, autoritário, mas muito justo. Alguém em que ela se espelhava e se parecia, em parte, claro. 

— Ruth. – A Sra. Grissom a chamou quando percebeu que já estava de saída.

— Sim, Sra. Grissom. Posso lhe ajudar em mais alguma coisa?

— Sim, quando descer, poderia pedir para as meninas subirem? Gostaria de conversar com elas.

— A menina Julia Sidle, não consegue subir Sra. Grissom. Devido a doença, ela cansa muito em subir escadas, geralmente a menina Ju quem desce para brincar com ela. 

— Pois a tragam no colo se for necessário. – Ordenou. – E resolveremos isso amanhã. A minha neta já está aqui há semanas e ninguém pensou em uma alternativa para que ela possa circular a casa toda? Ela não é um bicho para ficar restrita no primeiro andar. – Estava indignada.

Carlos quem teve que levar Jujuba no colo, e logo as duas netas da Sra. Grissom, já estavam no quarto. Não sem antes, é claro, Ju lhe dar algumas dicas de como deveria agir perto da avó, para ajudar a irmã.

— Mãozinhas para trás. Sempre chame de senhora. E nunca… Nunca interrompa a vovó. Só fale quando ela perguntar alguma coisa. Ela nunca briga comigo, nunquinha, mas é bom não tirar a vovó do sério.

— Tá bom. – Ela ficou um pouco receosa.

— Qualquer coisa, só me imita.

Ruth olhou as duas meninas, ambas tão parecidas e ao mesmo tempo tão diferentes. Julia Ann Sidle Grissom, conhecida como Julia Sidle, Jujuba ou Julia Dois, tinha olhos azuis como o pai e cabelos loiros como o de Laura, suas bochechas eram rosadas, mas tinha uma espressão mais pálida, provavelmente por conta da doença e parecia mais frágil também.  Julia Laura Sidle Grissom, conhecida como Julia Grissom, Ju ou Julia Um, tinha olhos  e cabelos castanhos, iguais os de Sara, sua mãe biológica, bochechas gordinhas, pele corada e ao mesmo tempo que era delicada, tinha uma força interior muito grande. Pelo pouco que havia convivido com Sara, pôde ver muito dela na menina que até então tinha certeza ser sua neta. Como pode se enganar? Ela não tinha nada dos Grissoms, pelo menos não na aparência.

No entanto, as semelhanças eram assustadoras, ambas tinham a mesma estatura, o mesmo fogo nos olhos, a mesma doçura na expressão. Elas pareciam estar ligadas, conectadas de alguma forma. E por mais que Elizabeth sempre tivesse sido cética para muitas coisas, ela acreditava em destino, e sabia que ambas haviam nascido para serem irmãs. Ambas haviam nascido para serem suas netas. 

E talvez, por isso, mais que tudo, que ela tinha medo. Medo que em algum momento Sara fosse embora, partisse e levasse com ela uma de suas netas, ou as duas. Precisava dar um jeito nisso.

— Olá meninas. A sua velha vó quer falar com vocês. Venham sentem-se aqui na cama. –  Ela as convidou com dois tapinhas sobre o colchão.

Jujuba observou Ju sentar-se antes de copiá-la e fazer igual. Ambas se sentaram e observavam Elizabeth, curiosas para saber o que ela queria com as meninas.

— Eu queria saber o que vocês estão achando de ter a Sara de mãe e o Gilbert de pai?

— Eu acho muito legal. – Ju foi a primeira responder. – Foi meio estranho no começo. Gil é meu papai e não é meu papai, e a Sara é minha mamãe e não a mamãe Laura, que é a mamãe da Julia Dois. – Ela começou a ficar confusa quando foi relatando, o nó votava a sua cabeça. – Eu não sei direito como funciona, mas eu gostei do meu nominho novo e de ter um papai e agora também uma mamãe. E também de ter uma irmãzinha e um maninho a caminho.

— É realmente confuso. – Beth admitiu. –  E você? – Ela se virou para Julia Ann. – O que acha?

— Eu gosto muito. Ter uma irmã é muito legal, eu sempre quis ter uma. E agora tem esse bebê, que ta na barriga da mamãe e que vai me curar.

— Verdade, tem mais um Grissom a caminho, não é verdade? – Ela sorriu com a lembrança, por alguns momentos  havia esquecido que Sara estava grávida de mais um neto. Logo essa casa teria mais uma criança.

— Sim. E se for menina, a gente quer que se chame Julia também. – Julia Laura sorriu.

— Mas acho que a mamãe e o Gilbert não gostaram muito da nossa ideia. – Jujuba completou.

— Mais uma Julia? – A avó riu. – Isso confundiria ainda mais a cabeça da sua velha vó.

— Por que vovózinha? Não tem erro, se a senhora esquecer, é só chamar Julia e vem as três. – Ju falou travessa, ela se aproveitava as vezes, por saber que a sua vó não tinha coragem de brigar com ela, como tinha com os adultos da casa.

— E o que vocês achariam se o Gilbert e a Sara ficassem juntos. Casassem. Assim vocês poderiam morar todos juntos aqui pra sempre. 

A Sra. Grissom agora tinha um olhar tão travesso quanto as crianças. Um olhar que somente Ju conhecia até então. Elizabeth era conhecida por seu temperamento forte e imponente, assim como seu olhar duro. Somente perto de sua neta, agora perto das duas, ela conseguia ter um olhar mais doce, gentil e as vezes, também, brincalhão. Mal sabiam, os demais, o quanto ela poderia se converter em uma criança, perto das netas.

— Eu queria muito. Tinha combinado com a Julia Dois de a gente fazer alguma coisa para eles casarem. – Ju tinha um olhar acusador para a irmã. – Ela aceitou, mas depois desistiu.

— Por que você desistiu? – Ela perguntou com muita delicadeza a neta.

— Por que a mãe viva triste, desde que eu fiquei doente, mamãe nunca sorria. Ela chorava quando achava que eu tava dormindo. E depois que ela começou a sair com o tio Roberto ela ta feliz, ta muito feliz, e eu gosto de ver ela feliz. Ela gosta muito do tio Roberto.

— Roberto? – Elizabeth ficou espantada. – Roberto, o irmão de Laura. – Ju confirmou com a cabeça. 

Por alguns segundos a avó tentou esconder o desgosto de saber daquela informação. Principalmente após Julia Ann dizer tudo aquilo. Ela entendia a neta, ela só queria ver a mãe dela feliz. E de alguma maneira, ainda que não conseguisse imaginar qual, Roberto a fazia feliz e eles estavam juntos. 

— Mas você não preferia que ela ficasse com Gilbert, o seu pai, e vocês morassem aqui pra sempre? E se ela morar com Roberto e for embora daqui? – Ela tinha que fazer uma última tentativa.

— Eu quero a mãe feliz. Não gosto de ver a mãe triste. E a mãe me disse que vamos morar aqui até eu ficar boa, depois vamos ter duas casas, vou poder vir para cá quando quiser e a Julia Um também vai poder ir para a nossa casa. Ela disse algo sobre guarda compartida.

— Compartilhada. – Corrigiu.

— Eu ainda preferia todo mundo morando junto só aqui. –  Ju disse por fim. – Mas também gosto de ver a Sara feliz. – Admitiu com certa tristeza.

Uau. A Sra. Grissom pensou. Realmente era sério o que Sara e Roberto partilhavam. Ainda sim, acha que o certo e o melhor para as meninas era Grissom e Sara ficarem juntos. Nas curtas conversas de telefone que tinha com o filho, já havia percebido que ele tinha sentimentos por ela, o que jamais imaginou é que não eram recíprocos. 

Haviam três crianças no meio dessa história. Então seu próximo passo era falar com Sara, ter uma conversa franca com ela e colocar seu ponto de vista. Talvez seu relacionamento com Roberto nem fosse algo tão sério. Tinha que tentar e seria bem, realmente bem, enfática.

Algumas horas mais tarde, viu pela janela, as meninas brincando à sombra no pátio. Desceu as escadas e perguntou por Sara, ficou sabendo que estava em seus aposentos. Se direcionou até lá e entrou no quarto de hóspedes sem bater. Sabendo que estava sozinha, era o momento perfeito para conversar. Não viu ninguém no quarto, mas um barulho, como um grunhido, vindo do banheiro e a porta aberta.

Caminhou até lá com passos ligeiros, viu Sara ajoelhada em frente a privada, com a cabeça sobre o vaso, vomitando, ela parecia estar suada e com o rosto molhado. Não parecia ser um enjoo normal, parecia que ela já estava há algum tempo ali.

— Sara. – Beth gritou. – Há quanto tempo está assim.

— Não sei. Muito. – Falou ofegante, mal conseguia recuperar o fôlego. – Eu não tenho mais nada no estômago, mas não para.

Novamente com uma ânsia, ela fez menção, porém nada saiu. Beth saiu gritando o nome de todos os empregados. Gilbert assustado foi o primeiro a aparecer. 

— Chame o médico. E peça para Beth fazer um chá gelado de gengibre com limão.

— O que está acontecendo? – Gilbert perguntou preocupado.

— Sem perguntas Gilbert, só o faça! – Ordenou enraivada.

Ela voltou ao banheiro, pegou uma toalha e molhou com água fria da torneira. Alcançou para que Sara passasse no rosto e logo pegou outra e passou em sua nuca. Aos poucos Sara conseguiu retomar o fôlego, mas ainda não conseguia se levantar.

Não demorou muito, Ruth e Esther chegaram com o chá gelado. Sara ainda encontrava-se na mesma posição. Estava com medo de se mexer e o enjoo voltar. Beth apenas tomou o copo e alcançou para Sara, sem mover ela. 

— Tome Sara, bem devagar, em goles pequenos, e o enjoo vai passar…

— Não. – Resmungou cansada.

— Se você quer que o enjoo passe, tome agora. – Ordenou.

A vertigem parecia ter formado um nó na garganta, tinha certeza que não conseguiria tomar. Mas de alguma forma Beth estava certa, o chá gelado e de gosto forte, mudou seu paladar e escorreu pela sua garganta de modo confortável.

— Somente uns goles Sara, não tome demais, se não seu estômago vai rejeitar. 

Ela fez exatamente como Beth falou, mas sua cabeça ainda girava, provavelmente pela força que estava fazendo até então.

— Ruth, Esther, ajudem-la a se erguer e colocar ela na cama?

— Claro Sra. Grissom. – Ruth respondeu.

Com a ajuda de Esther, que o fez contragosto, elas conseguiram levantar a morena. E com passos lentos, apoiada em Ruth, Sara foi até a cama e se deitou. Beth então lhe alcançou o copo para que tomasse mais alguns goles, bem de vagar e aos poucos.

Não tardou para o médico aparecer, ele verificou os sinais vitais de Sara, que já se encontrava melhor. Ele também havia levado um colega com aparelho de ultrassom portátil, que pode verificar que estava tudo normal com o bebê também. Grissom e Sara ficaram um pouco emocionados ao poder ver a imagem do bebê, e deram as mãos naquele momento, no entanto, suas mãos ficaram unidas até muito depois disso.

— O feto parece estar bem. – Disse o médico responsável pelo exame de imagem.

— Algumas vertigens mais fortes são comuns no início da gestação, principalmente você que tomou vários hormônios e está gerando um bebê onde a genética não é sua, não é seu óvulo. Eu vou receitar uma medicação para enjoo e…

— Medicação? Não vai prejudicar o bebê? – Sara apertou mais firme a mão de Grissom.

— A medicação é totalmente segura para seu bebê Sara. – O médico explicou paciente. – Mal faz você ficar debilitada por causa dos vômitos. Não é saudável para você ou para seu bebê que a situação de hoje se repita. Se isso acontecer, deverá ir ao hospital e faremos exames mais específicos. Você teve pré eclampsia em sua primeira gestação?

— Não, eu acho. – Ela tentava puxar da memória. – Julia estava em posição errada, e eu tive algumas oscilações de pressão durante o parto, mas a parada, me disseram que foi totalmente emocional. Nunca me falaram sobre pré-eclampsia.

— Certo. Eu tenho contato direto com a obstetra que está acompanhando a sua gestação, vou comentar com ela sobre o ocorrido hoje, e sugerir uns exames extras para quando for na próxima consulta do pré-natal. Só para evitarmos mais sustos e podermos levar com mais tranquilidade.

— Obrigada. – Sara sorriu agradecida.

— Cuide-se. – Ele salientou. – Coma bem, descanse bem, evite estresse e lembre-se: Seu bebê estará saudável se você estiver saudável.

Ruth acompanhou o médico para saída. Grissom ainda segurava a mão de Sara, porém sentou-se na cama, ficando de frente para ela. Ele, com a mão livre, acariciou a mão de Sara. Por um momento os dois esqueceram que Elizabeth estava ali, ela se mantinha quieta, apenas observando. A voz de Grissom embargou um pouco, ele não acreditava que estava a ponto de fazer aquilo. Respirou fundo antes de falar.

— Sara, quer que eu ligue para o Roberto? E conte o que aconteceu?

— Não. – Ela negou também com a cabeça. – Não quero preocupar ele em vão. E se ele souber, vai largar o que estiver fazendo para vir para cá, mesmo que eu diga que já estou bem. 

— Tudo bem então. – Ele não queria admitir, mas no fundo estava aliviado. 

Havia ficado tão preocupado com ela, que pôde sentir seu coração chegar a boca várias vezes. E em certo momento percebeu que estava mais preocupado com ela, enquanto a preocupação dela era única e exclusivamente com o bebê. Ele ficava fascinado em quão incrível, forte e ao mesmo tempo doce era Sara, e eu coração ficava aquecido e dolorido ao mesmo tempo quando estava com ela. Ao mesmo tempo que ele tinha tomado a decisão de respeitar a escolha de Sara, ele ainda tinha a certeza – ou talvez esperança –  de que a história dos dois não pararia ali.

— Obrigada Gil. – Ela disse por fim, segurando a mão dele firme.

— Pelo que?

— Por ter estado comigo, apesar de tudo.

— Eu posso parecer distante Sara, mas eu sempre vou estar aqui para você. Sempre.

Ele se inclinou, e pode perceber que Sara ficou tensa por alguns segundos. Imaginou que ele a beijaria de novo, e ia, mas na testa, deu um beijo carinhoso em sua testa e logo depois ele saiu. Talvez ainda mais dolorido agora, por perceber a tensão que havia ficado por achar que ele iria beijá-la.

Somente quando ele foi embora do quarto é que Sara se deu conta que havia mais uma expectadora. Elizabeth. Intimidadora como sempre, a deixou tensa somente de perceber seus olhos sobre ela. Ainda sim, a senhora via que ela não se rebaixava, não demonstrava a tensão que sabia que tinha. Era uma mulher forte e determinada.

— Obrigada pela ajuda hoje Elizabeth.

— Eu prefiro quando me chamam de Sra. Grissom. – Falou com indiferença ao agradecimento.

— Oh, claro. Sra. Grissom. – Saiu um pouco mais sarcástico do que gostaria. – Agradeço novamente pela ajuda, se não tivesse vindo aqui, com certeza ainda estaria ajoelhada no banheiro. No entanto, a senhora não veio aqui apenas me socorrer, certo? – Falou com bastante perspicácia. – O que queria comigo? Sra. Grissom. – Repetiu.


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Notas finais do capítulo

Quem aí acertou que a Elizabeth ia tentar confabular com as netas? Mas pelo visto a Jujuba não quis, vocês acham que ela tá certa ou errada, do ponto de vista dela, infantil, é claro.

Hoje o quiz vai ser duplo, então vamos lá:
1 - Essa conversa com a Sara, será que vai render? O que acham que vai acontecer nessa conversa?

A) Elas vão brigar feio
B) Elas vão discutir e Sara vai se sentir intimidada por Beth
C) Elas vão discutir, porém Sara não se intimidará por Beth

2 - E essa distância do Roberto? Vocês perceberam que ela não quis chamar ele? O que acham?
A) Sara vai sentir ele distante e vai começar a se questionar quanto ao relacionamento
B) Roberto a chamará para sair e irá se explicar

E aí? O que acham? Até o próximo capítulo...



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