Uzumaki Ahmya Shinden: Livro do Sol Nascente escrita por Hannah


Capítulo 9
O significado da palavra 'honra'


Notas iniciais do capítulo

"Uchiha Obito está morto!"

Uma criança Uchiha foi executada por shinobis da Pedra e Takashi encontra na reação revanchista de seu clã uma oportunidade de ponto final para seus próprios problemas.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/798826/chapter/9

 

A situação estava se complicando na vila da Folha. Não bastasse a guerra em curso, os membros do clã Uchiha estavam cada vez mais insatisfeitos e agitados. 

Desde o dia em que quase perdeu a vida, Takashi cumpria suas missões com exímia precisão. O mesmo valia para os companheiros de sua linhagem. 

Fugaku vinha sendo crucial para o sucesso de  seu país. Mas até a criança órfã de Hatake Sakumo era mencionada como herói de guerra, enquanto os feitos dos Uchiha passavam cada vez mais despercebidos.

Shisui crescia e se desenvolvia a olhos vistos. 

Já estava na academia e em pouco tempo se tornaria genin. Daria bons frutos para o clã e... para a vila. 

Mas que futuro teria? Seria negligenciado e marginalizado pelo preconceito contra os Uchihas que crescia cada dia mais entre os vários clãs da Folha?

Apesar do orgulho que Takashi sentia do filho, as coisas em casa não estavam melhores. 

Desesperada sua esposa, Uchiha Karime, envolveu-se em seu próprio mundo de negação. 

Ela abdicou dos ofícios ninja em favor da maternidade anos atrás. E atualmente, como uma resposta para as angústias cotidianas, fingia não conhecer a verdadeira natureza da guerra, fingia não notar o preconceito contra o clã. 

Mas não era isso o que mais irritava Takashi. 

Até retornar da missão de reconhecimento das bases da Pedra no país da Grama a quase dois meses, Takashi nunca havia tido sentimentos dúbios sobre sua esposa. 

O casal se entendia e se chateava como qualquer outro. Mas depois de seu retorno, o Uchiha sentia que sua esposa lhe irritava mais e mais a cada dia. 

Ele não tinha uma consciência precisa sobre o que se passava com seus sentimentos. 

Mas a verdade era que, durante quase dois anos, ele havia acostumado-se a projetar os sentimentos que não conseguia compreender e, por tanto, dos quais não gostava, sobre outra mulher. 

Quando viajava para suas missões, Takashi nutria secretamente a esperança de que a encontraria mais uma vez. Isso a mantinha viva em suas memórias. 

E como uma memória viva, sem corpo, sem nome, sustentada sobre sensações e impressões, ele poderia construí-la e reconstruí-la em seu imaginário, enquanto descarregava todas as suas projecções naquela imagem. 

Do desejo ao ódio, do impossível ao rancor. 

Mas depois do seu último e definitivo encontro, ele sabia que nunca mais iria vê-la. 

Essa condição tornava seus pensamentos fúteis e banais. Então ele se esquivava, esperando apagá-la de suas memórias. 

Sem um referencial sobre o qual descarregar suas projeções, Takashi as direcionou para sua própria esposa ainda antes de perceber. Ele mirava sua imagem buscando outra mulher. 

Mas ele não queria ser esse tipo de homem. A despeito de todos os erros que cometeu, Karime era uma boa mulher. E tomá-la como esposa não foi um erro. 

Então ele se afastava, não podia subjugá-la dessa forma.

Enquanto esses pensamentos lhe chegavam à mente, as lembranças reprimidas da desconhecida que o salvara, sorrateiramente tentavam contaminá-lo. 

Como último recurso para enterrá-la, ele a culpava por sua própria fraqueza e infelicidade, pelo desprezo com o qual tratava a esposa, por ter implantado em um homem convicto as sementes da desonra, da dúvida e, sobretudo, da frustração. 

‘Já chega!…’ 

Agora Takashi estava em um dos lugares que mais lhe agradavam estar, o encontro mensal do clã Uchiha. 

O lugar onde tudo que se proferia era baseado em certezas, honra e convicção.

“Obito está morto. Uma criança Uchiha foi morta em confronto e seu corpo não foi encontrado. Namikaze Minato encerrou as buscas pelo garoto. O Hokage aceitou um acordo de cessar-fogo por dois dias com a Pedra, para que os inimigos retirem seus mortos e feridos do campo de batalha, sob o pretexto de abrir caminho para negociar a paz. É este o valor dos Uchiha para a Folha?! Um Uchiha foi morto e os assassinos recebem clemência?! Em quarenta e oito horas os inimigos já estarão no conforto de suas casas e nós nunca os pegaremos.” 

A voz firme de Fugaku soava mais implacável que nunca. 

A reunião deste dia começou sem a tradicional oração. Ao iniciar seu discurso o líder abdicou-se até dos cumprimentos aos irmãos que o assistiam.

O chefe da polícia militar da Folha encontrava-se de pé à frente de todos. 

Sério e rígido, Fugaku parecia não mover um único músculo do corpo enquanto falava para uma platéia Uchiha que, sentada à sua à sua frente, o escutava silenciosa e atenta. 

“Mas nós interceptamos os Anbu da Folha que estão cobrindo a área. Sabemos que os assassinos feridos estão sendo levados para um acampamento médico, próximo ao local do crime.”

Sentado entre as primeiras fileiras, Takashi já sabia onde este discurso iria acabar. E isso o agradou, era exatamente o que ele precisava. 

Ele manteve-se sério e atento e não esboçou reação. Mas sentia que o líder de seu clã, talvez fosse aquele que sustentava os sentimentos mais próximos aos seus.

“De acordo com nossas informações o Hokage proibiu a chegada de mais reforços da Pedra sob pena de retaliação imediata. Estamos falando de uma tenda médica com menos de vinte pessoas, sendo a maior parte feridos.” 

À medida que Fugaku falava, sua voz severa e grave abandonava o tom inicial de revolta, tornando-se técnica, revelando uma intenção tática. 

“Os Anbus da Folha que supervisionam o local estão sob o comando de Shimura Danzo e nos darão passagem, isso já está negociado. Mas nós faremos o serviço. Vamos atacar o acampamento da Pedra essa noite.”

Embora estivessem em silêncio desde de que o líder tomou a fala, alguns membros da plateia produziram uma espécie de chiado que, assim como a expressão em seus rostos, revelavam seu espanto. 

Mas ninguém se atreveu a completar uma palavra e Fugaku continuou. Como consequência da reação de seu público, ele mediu sua voz e palavras buscando um tom mais cordial.

“Uchiha Hisashi morreu para salvar a minha vida, a serviço do clã e da vila. Hoje seu filho está morto! E o mínimo que posso fazer por meu amigo é vingar o seu garoto. Vocês estão comigo?!”

“Sim!!!!” responderam todos em uníssono, colocando-se de pé. 

Por um instante, no fundo da mente de Takashi, uma memória antiga em que um companheiro seu gritava a palavra paz no campo de batalha antes de partir o inimigo ao meio projetou-se de forma fugaz. 

Mas ele não era mais o tipo de homem que se deixava abalar por lembranças desse tempo. Ele procurava certezas, procurava o fim de suas angústias. E Fugaku lhe oferecia ambos.

Desde que recebeu a notícia de que a reunião mensal do clã seria adiantada em data e hora em função da morte de Uchiha Obito, Takashi já sabia que aquele não seria um dia qualquer. 

Sua intuição agora indicava que estava certo, que a destruição desse acampamento seria, também, o enterro final dos pensamentos que mais o incomodavam. 

Ele apresentou-se pronto ao líder na saída da reunião.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uzumaki Ahmya Shinden: Livro do Sol Nascente" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.