Uzumaki Ahmya Shinden: Livro do Sol Nascente escrita por Hannah


Capítulo 6
O coração de um shinobi honrado


Notas iniciais do capítulo

Um ano se passara desde que a vida de Takashi foi salva por uma mulher misteriosa de longos cabelos vermelhos e detentora de um poder quase inacreditável. Aquele dia nunca deixou seus pensamentos e o Uchiha sustentava o desejo secreto de vê-la novamente.



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Já fazia mais de um ano que a vida de Takashi foi salva por uma kunoichi cujo nome ele nunca soube. 

Às vezes ele pensava nas palavras que ouviu naquele dia.

‘Eu ainda não sei ao certo o que significa a palavra honra.’ 

Essas palavras o perturbavam, colocavam em dúvida suas próprias crenças e, quando se é um ninja, a crença de que se está lutando do lado certo é tudo que um homem tem. 

Então ele tentava fugir. Sufocava dentro de si qualquer dúvida que chegasse à mente. 

A guerra, agora já declarada e em curso, lhe foi útil nesse sentido. 

A cada companheiro caído em campo de batalha, Takashi tinha mais certeza de que sua existência nesse mundo servia à proteção de seu clã e de sua vila. 

Depois daquele encontro ele mudou, como homem e como ninja. 

O Uchiha já não deixava sobreviventes de seus ataques nos campos de batalha. A última vez que o fizera cobrou um preço caro. A vida de muitos dos seus compatriotas. 

Os companheiros que não voltaram para casa... ele se culpava por isso. 

Como jounin e Uchiha, Takashi foi enviado ao campo para comandar a situação. O chefe de seu clã confiou o bem de todos a ele, mas ele falhou. 

De certa forma Takashi amaldiçoava aquela mulher por estar vivo. 

Seguir dia após dia assistindo companheiros caírem um após o outro. As conversas triviais de sua esposa à mesa de jantar, como se tentasse se convencer de que não estavam em guerra. O futuro promissor de seu filho, que certamente condenaria Shisui à mesma vida que o pai. 

Talvez uma morte honrada o tivesse poupado das angústias cotidianas que lhe queimavam a alma aos poucos. 

Takashi não gostava de pensar nessas coisas. 

E isso, o fato de começar a ser perturbado por esse tipo de sentimentos a partir do dia em que por um golpe de sorte sobreviveu, o fazia odiar sua salvadora.

Como um refúgio dos pensamentos inadequados que o perseguiam, o shinobi envolveu-se cada vez mais com as questões de seu trabalho como ninja e suas funções no clã. 

Takashi ia a todas as reuniões dos Uchiha. E, com o passar do tempo, começou a posicionar Fugaku como uma figura central em suas decisões. 

Se ele tinha dúvidas, nada mais racional do que seguir alguém que sempre tinha certeza. 

Mas algo em sua rotina ainda era sintomático. E ele fingia não perceber. 

Takashi, aceitava em prontidão todas as missões envolvendo a vila da Pedra. E ele sabia exatamente o porquê. 

Mas nunca admitiria, nem para si mesmo, o que o levava àquelas missões. 

***

 

Era apenas uma missão de reconhecimento. 

Depois que a Pedra havia tentado avançar pela fronteira do País do Fogo, apesar da primeira batalha vitoriosa, foi duramente reprimida pela Folha. 

Em uma manobra astuciosa, conduzida por Shimura Danzo, o Terceiro Hokage assinou uma aliança com o país da Grama. Este não estava nada satisfeito com a expropriação de seu território como campo de batalha de outros países. 

Juntos, Folha e Grama, fizeram a Pedra recuar. 

Mas isso aconteceu há mais de um ano. 

Agora a Folha desconfiava que seu antigo aliado preparava-se para uma traição. 

O país da Grama ocupava um território pequeno e os hectares de terras que seguiam para além de suas fronteiras com o país do Fogo eram bastante prósperos. 

Os homens de Danzo informaram que a Pedra ofereceu um novo acordo ao país vizinho. 

A Grama garantiria a passagem e como recompensa receberia ajuda militar para ocupar as planícies produtivas ao leste, em território do País do Fogo. 

Assim, a missão de Takashi e seu time consistia em fazer o mapeamento dos pontos de instalação da Pedra no país da Grama.

Para otimizar o trabalho e evitar serem reconhecidos, o esquadrão de trinta pessoas dividiu-se em times de dois. 

O país da Grama possuía várias rotas de comércio e peregrinação, essa era sua maior fonte de renda. Mas fazia com que esse país não fosse um lugar difícil de se infiltrar. 

Qualquer homem trajado como comerciante ou peregrino e portando documentos, seja falsos ou verdadeiros, caminharia livremente por seu território. 

Em tempos de guerra, sobretudo nos países pequenos, dinheiro estrangeiro era algo que não se podia recusar.

O problema maior eram os ninjas da Pedra. 

Para aumentar as chances de sucesso da missão, cada time deveria cobrir uma área delimitada e ter como integrante ao menos um membro do clã Hyuuga ou Uchiha. 

Dois viajantes a mais em pontos dispersos não chamariam a atenção. Além disso, os Byakugans e Sharingans disponíveis permitiriam o reconhecimento de cada acampamento a uma distância segura. 

Mas, o mais importante, todos os times deveriam estar sincronizados. 

Se agissem todos no mesmo instante não haveria tempo para a comunicação entre as instalações da Pedra e isso reduziria a desconfiança ou a potência de um possível contra ataque.

Essa foi a missão mais fácil que Takashi executou em muito tempo. 

Ele caminhava junto a Kanji Aburame, seu colega de time. O mesmo garoto de quem havia salvado algum tempo atrás. 

Os insetos do jovem talvez tenham sido ainda mais úteis que seu próprio Sharingan. 

Bastou alguns besouros rastejando pela grama sobre a qual se estendiam as tendas da Pedra e eles tinham informações precisas e detalhadas sobre a área interna do acampamento. 

Agora eles moviam-se devagar para não chamar a atenção. 

O sol já se punha, mas a dupla tinha até o amanhecer para atravessarem a fronteira do país do Fogo e encontrar-se com o restante do esquadrão.

Depois de afastarem-se alguns quilômetros do ponto de reconhecimento, o jovem Aburame solicitou uma pausa. Era preciso preencher o pergaminho com as informações coletadas. 

Fazer tal coisa muito próximo do acampamento chamaria a atenção. Esperar para registrar as informações depois que voltassem seria contar com a sorte. 

Eles ainda estavam em território inimigo, se algo inesperado acontecesse o pergaminho selado poderia retornar à Folha com ajuda dos insetos. 

Esse procedimento já estava combinado. 

Kanji sentou-se atrás de um rochedo para fazer a transcrição. Cabia à Takashi a segurança do perímetro.

O Uchiha caminhou alguns metros e pulou para o galho alto de uma árvore. Dali ele tinha uma visão ampla de toda a área que cercava seu companheiro. 

Neste momento ele preparava-se para ativar seu Sharingan, mas foi abruptamente surpreendido.

“Você não deveria estar aqui” era a kunoichi que ele conheceu um ano antes. 

Com os braços cruzados e sobre um galho espaço, ela apoiava confortavelmente suas costas no tronco da árvore. 

Sua voz era doce e um tanto brincalhona. 

Takashi ainda não sabia o nome dela, mas não se esqueceu daquele rosto por um único dia desde seu primeiro encontro. 

“Ops. Seu  parceiro nos descobriu” o tom ainda era de brincadeira, mas quando terminou a frase a mulher já estava no modo sábio e, com um passo, atirou-se ao ar para atingir o chão. 

‘Como ela evoluiu nesses últimos meses…’

Quando chegou ao chão, o Uchiha posou ao lado de Kanji. 

Já com sharingan ativado, Takashi encontrou a kunoichi e o Aburame encarando-se com cerca de dois metros de distância entre si. Ambos em posição de ataque. 

Ele com incontáveis insetos que esgueiravam-se para fora das longas mangas de seu casaco de viajante. 

Ela com suas manchas verdes em torno dos olhos e joelhos semi-flexionados. 

Seus cabelos vermelhos projetavam-se para trás em movimento leve de ondas, como resposta ao intenso fluxo de chakra que a envolvia.

“Kanji vá para o local determinado, eu resolvo isso” dando um passo a frente sem olhar para o parceiro, Takashi falava sério e autoritário, quase prepotente. 

Isso causou um espanto curioso que pareceu divertir a mulher.

“Mas, capitão…” o jovem receoso nunca havia vislumbrado um usuário da energia da natureza ao vivo. Ele temia pela vida de ambos e... pelo sucesso da missão.

Takashi o interrompeu ainda sem olhar para trás, seus olhos fixos na mulher à sua frente, o mesmo tom inabalável de autoridade. 

“Kanji, você conhece a prioridade da missão. Vá para o local combinado e cumpra o seu dever”.

“Sim” o jovem respondeu com determinação e sumiu em um salto. 

Enquanto corria por entre as árvores da floresta fechada, o Aburame sentia pesar por deixar seu companheiro. Mas também estava agradecido pelo veterano assumir a responsabilidade do sucesso da missão. 

Afinal ele era Uchiha Takashi, o homem que arriscou a vida para salvá-lo e ainda escapou ileso da batalha contra a Pedra. Não seria uma mulher que iria pará-lo.

 

*** 

 

“Você pretende mesmo tentar me matar?” a kunoichi sorriu docemente, ainda na mesma posição de ataque. 

Aquilo irritou Takashi profundamente. Ele esforçou-se ao máximo para não transparecer uma única reação na expressão de seu rosto. 

‘O que aquela mulher quer?!’ 

Ela tinha salvado sua vida. Mas ele tinha uma missão. Aquele sorriso e as palavras o chegaram como deboche. E Takashi só conhecia uma forma de responder a algo assim, com desprezo e autoridade. 

“Está com medo de morrer antes de descobrir o verdadeiro significado da honra?” a voz do homem era severa, com uma leve entonação de sarcasmo. 

Takashi investiu todo o rancor que sentia de sua vida e projetava nessa mulher durante os últimos longos meses. 

Mas ele imediatamente se arrependeu da resposta à provocação. 

Por que havia se permitido participar desse tipo de jogo mental? Por que não se movia e atacava de uma vez?! 

Eles estavam parados, de frente um para o outro. Ambos prontos para agir. Mas ninguém se movia.

“Você está certo, eu ainda tenho medo de nunca descobrir o que significa a palavra ‘honra’. Mas não de morrer…” 

Antes de completar a frase a kunoichi desapareceu mais rápido do que o poder visual de Takashi era capaz de acompanhar. 

“Não para você.” o som das palavras foi acompanhado de uma forte pressão nas costas do Uchiha. 

Ele foi impulsionado para a frente e colidiu com uma árvore. O impacto deixou o tronco rachado e o jounin caído entre os destroços.

Em menos de um segundo a mulher percorreu os dois metros de distância que os separavam, apareceu repentinamente por trás de seu oponente e, equilibrando-se sobre uma perna, esticou a outra, acertando as costas do outro com a sola de sua bota. 

Aquilo deixou Takashi furioso. Não importava mais se ela tinha salvado a sua vida. Nem mesmo as aparências importavam mais. 

Enquanto se levantava, voltando-se para a direção da kunoichi, o rosto do Uchiha retorcia-se de rancor e vontade de retaliação.

Desde o momento em que o ele pousou no chão, ao lado de Kanji, a kunoichi lutava com os olhos fechados. 

Enquanto o ninja colocava-se de pé, a kunoichi caminhava em sua direção. O impacto do golpe havia o lançado a quase dez metros de distância.

“Me desculpe por isso...” 

A voz da mulher era doce, mas para Takashi não passava de dissimulação. 

“...Desde que nos conhecemos tenho treinado técnicas especiais com o propósito de enfrentar você. Ainda assim, eu não pretendo matá-lo, sabe?” 

A apenas um metro e meio de distância de seu oponente, a kunoichi desfez-se de seu modo sábio. 

Quando a distância entre os dois foi reduzida para poucos centímetros, ela abriu seus olhos “o mesmo vale para você?”

Os olhos do homem mudaram de forma, compondo um desenho sombrio sobre a superfície rubra. Duas linhas de sangue escorreram por suas bochechas rígidas.

Mangekyou Sharingan: Kotoamatsukami. [1]


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Notas finais do capítulo

Kotoamatsukami (deuses celestiais divinos) é um poder ocular do Mangekyou Sharingan que permite ao usuário entrar na mente de outra pessoa e a manipular para seguir ordens, a fazendo acreditar que age por vontade própria. Na obra original de Naruto esse genjutsu é usado por Uchiha Shisui.



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