Uzumaki Ahmya Shinden: Livro do Sol Nascente escrita por Hannah


Capítulo 29
Bênção e maldição


Notas iniciais do capítulo

Sete anos. Ahmya estava crescendo. A cada dia seu sonho tornava-se maior e seu último e único laço com outra pessoa mais intenso e profundo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/798826/chapter/29

 

Ahmya repetiu os mesmos movimentos do irmão. Mas seu animal de invocação era um louva-deus, igualmente grande. 

Os irmãos montaram suas respectivas invocações e Shisui saiu na frente. Do meio do bosque na fronteira do país da Chuva, os animais cortaram o céu.

Este era o dia em que Ahmya completaria sete anos. E, como comemoração, Shisui a levou para um passeio. 

A irmã mais nova quase não saía da região de sua vila e estava entusiasmada.

Eles passaram pelo país das Fontes Termais, aproveitaram o dia em uma casa de banho. 

Apesar de relutante, Shisui até aceitou que os dois tirassem uma fotografia juntos para registrar o momento.

Ao final do dia, quando retornavam do passeio, o mais velho decidiu fazer uma última parada. 

Desviando-se, um pouco da rota aérea para o país da Chuva, Shisui instruiu que seu corvo tomasse a direção para o leste do país do Fogo.

Ahmya que o seguia em seu louva-deus, acompanhou.

Depois de algum tempo, o campo de visão dos irmãos foi preenchido por uma espécie de complexo residencial no meio do bosque.

Alguns prédios baixos de arquitetura elegante, erguiam-se ao redor de uma estrutura que se assemelhava a um morro. No alto dessa estrutura havia um grande galpão, talvez um templo.

O templo era conectado aos outros prédios e ao relevo mais baixo por grandes rampas.

Shisui guiou a rota aérea para a instalação central e pousou na frente do templo, Ahmya fez o mesmo. 

Os dois desembarcaram, dispensaram suas invocações e entraram no galpão.

Dentro do espaçoso salão havia uma cadeira de concreto, semelhante a um trono ou poltrona. Ao fundo a imagem de um leque pintado na parede branca.

Apesar de parecer não receber ninguém a muito tempo, o lugar estava conservado.

“Este lugar é conhecido como o esconderijo dos Uchiha.” Shisui falou enquanto caminhava com a irmã para o centro do salão “Quase ninguém vem aqui em tempo de paz. Apenas os membros do clã conhecem esse lugar. Foi construído e habitado pelos Uchiha antes da era das grandes nações”.

Ahmya conhecia a história e sabia ao que seu irmão estava se referindo. 

Dizia-se que há muitas gerações os clãs shinobis viviam isolados e rivalizavam entre si. Um período extremamente violento.

Konohagakure foi a primeira vila shinobi a reunir diferentes clãs em cooperação para a proteção do território nacional. Depois disso, diversos países seguiram esse modelo.

Os shinobis passaram a trabalhar em nome dos líderes políticos conhecidos como Daimyos, recebendo dinheiro pelo cumprimento de missões. Sendo os Kages os líderes militares de cada vila.

Essa transformação não acabou com a violência. Mas recebeu o mérito por proteger a vida dos civis e reduzir a maior parte dos episódios sangrentos às guerras que aconteciam em ciclos.

Assim, podia-se dizer que Konoha foi a precursora do sistema shinobi.

“Por que você me trouxe aqui?” a irmã perguntou curiosa.

“Porque você está crescendo e está na hora de conhecer a história do nosso clã” ele sorriu e se sentou no chão. Ahmya seguiu o movimento do irmão.

Durante um longo tempo Shisui contou à irmã uma extensa história sobre a formação e perpetuação do clã Uchiha.

Segundo o mais velho, parte das informações eram fundamentadas em lendas, outras em boatos e algumas poucas em evidências.

Shisui falou sobre a rivalidade ancestral entre os clãs Uchiha e Senju e de como eles se entenderam dando origem a Konoha.

Mas, também, que de tempos em tempos surgiam membros do clã Uchiha insatisfeitos com suas condições na vila e dispostos a tomar o controle de Konoha.

Para o mais velho essa insatisfação derivava de um forte sentimento de superioridade sustentado pelos Uchiha que parecia ser passado de geração em geração desde o surgimento do clã.

A primeira pessoa conhecida na história por apegar-se a esse sentimento foi um homem chamado Uchiha Madara, morto há muito tempo. 

Mas, para cada ciclo de insatisfação Uchiha, havia também pessoas dispostas a priorizar a tolerância e a coletividade.

Foi nesse momento em que Shisui contou à irmã sobre Uchiha Kagami, pai de Takashi e avô dos dois irmãos.

Kagami foi um respeitado shinobi de Konoha e homem de confiança do segundo Hokage, capaz de estabilizar seu clã e impedir um golpe de Estado. Ele era, também, uma inspiração para Shisui.

O ancestral morreu no final da segunda grande guerra, quando seu filho ainda era criança. Dizia-se que Kagami foi morto em combate ao tentar impedir a destruição do país dos Redemoinhos e deixou um grande legado de paz e benfeitorias.

Apenas depois de toda essa introdução, Shisui chegou ao ponto que talvez fosse seu principal objetivo, o verdadeiro poder dos Uchiha.

“Eu imagino que você já tenha estudado sobre as habilidades do Sharingan, não é?”

“Hm” Ahmya assentiu com a cabeça.

O doujutsu ao qual Shisui se referia era o maior poder do clã Uchiha. 

Uma kekeygenkay que se manifesta nos olhos dos membros do clã os tornando vermelhos e concedendo ao usuário habilidades extraordinárias de leitura de chakra e movimentos e aplicação de genjutsu.

Este poder era amplamente conhecido e temido em todos os cantos do mundo. Não havia um shinobi minimamente preparado que não soubesse que um Sharingan nunca deveria ser subestimado.

“Neste caso, eu vou direto à parte que não consta nos manuais shinobi. O Sharingan pode ser entendido ao mesmo tempo como uma benção e uma maldição”

“Mas, nii-san, como um poder tão grande pode ser considerado uma maldição?” 

Ahmya não conseguiu compreender. O Sharingan possuía habilidades excepcionais. Talvez sequer tivesse um ponto fraco. 

Percebendo o raciocínio da irmã, Shisui continuou.

“É exatamente essa a maldição. O despertar do Sharingan está condicionado a situações de grande estresse emocional para o usuário. E um poder com tamanhas proporções também envolve grandes consequências”

“...”

“Dizem que o Sharingan está ligado à maldição do ódio dos Uchiha. A posse de um grande poder é acompanhada da arrogância e do sentimento de superioridade. Você pode imaginar o que isso significa quando combinado a uma situação de instabilidade emocional, não é?”

“Sim… o poder é o que corrompe...”

Ahmya ouviu o discurso do irmão atentamente. Mas não pode deixar de sentir-se intrigada sobre as intenções do mais velho. 

“Por que você está me contando tudo isso, nii-san?”

“Porque você é uma Uchiha e é uma menina forte. Um dia você alcançará um grande poder, mas terá que decidir de que forma vai usá-lo.”

Desde a morte de Azumi, Shisui não observou qualquer outra manifestação do Sharingan nos olhos de Ahmya. 

Embora não soubesse, ela já tinha alcançado esse poder. E para o irmão mais velho era importante que ela tomasse consciência das implicações do doujutsu ainda antes de dominá-lo.

Ahmya encarou o irmão com um sorriso tristonho. A essa altura os louva-deuses já tinham a contado que Uchiha Takashi e Uzumaki Azumi se enfrentaram e que foi Shisui quem salvou a vida da mãe e, consequentemente, da filha.

Ahmya percebia seu pai como a personificação da escuridão e a mãe e o irmão como pessoas guiadas pela luz.

Pela fala de Shisui a menina entendia que, assim como sua mãe contou sobre os Uzumaki, o clã Uchiha era composto por luz e sombras. 

Neste momento, ela temia ter herdado a escuridão de seu pai assim como aconteceu com a liberação de fogo.

‘E se eu não conseguir escapar da maldição do ódio?’ Ela se perguntou.

Como se lesse os pensamentos da irmã, Shisui levou a mão ao ombro dela e sorriu docemente. 

“Está tudo bem ter medo e até dúvidas, isso é crescer. Mas não deixe que a escuridão te paralise. Os shinobi são aqueles que caminham nas sombras e encaram uma vida de grandes sacrifícios. Mas isso não significa que não haja luz...”

Ahmya voltou seus grandes olhos negros para o outro com afeto e admiração. E Shisui continuou.

“Desde que você tenha algo importante que deseja proteger com todo o seu coração, sempre haverá uma luz para te guiar, mesmo na mais sombria escuridão” ele sorriu “é assim que eu me sinto sobre você”

Como se todas as suas angústias desaparecessem, Ahmya sentiu seu coração aquecer. Naquele momento ela acreditava que tudo era possível.

Shisui também era a sua luz.

“Nii-san, eu vou dar o meu melhor para ser forte como você. E nesse dia você não vai precisar me proteger, porque nós dois lutaremos lado a lado para trazer a paz para esse mundo”

Finalmente Ahmya compreendeu a natureza de seu sonho. Um mundo sem guerras e sem fronteiras, no qual uma Uzumaki da Chuva e um Uchiha da Folha pudessem caminhar de mãos dadas como irmãos.

Ainda com a mão de Shisui sobre seu ombro, a mais nova dirigiu sua própria mão ao dele e sorriu confiante.

“Você e o sonho de paz da minha mãe e da Akatsuki, é isso que eu quero proteger”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uzumaki Ahmya Shinden: Livro do Sol Nascente" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.