Uzumaki Ahmya Shinden: Livro do Sol Nascente escrita por Hannah


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo é relativamente grande em comparação aos outros e atua como um introdução ou um anúncio do que está por vir. O prólogo acontece cerca de vinte anos depois do primeiro capítulo que marca o início (cronológico) dessa história.

Espero que gostem e não deixem de comentar suas impressões e sugestões.



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“Você é a mulher que visitou o meu irmão”

Ahmya não entendeu se isso era uma pergunta ou uma constatação. Então ela sorriu levemente com o canto da boca, fazendo desse um gesto de afirmação. 

Embora ele estivesse com os olhos vendados e ela com uma máscara de tecido até a altura do nariz, a jovem de cabelos vermelhos delicadamente presos em uma longa e espessa trança sabia que ele podia vê-la.

Eles estavam no subsolo de Konoha. 

Ela já havia estado ali, então sabia que aquele lugar no passado era conhecido como Raiz. Uma organização secreta até para a maior parte dos habitantes daquela vila. 

A um tempo não tão distante, a Raiz era comandada por uma homem chamado Shimura Danzou. 

Ahmya tinha já tinha convivido com pessoas repugnantes, mas pensar naquele nome lhe revirava o estômago. 

Danzo nunca soube, mas esteve envolvido nas maiores tragédias que moldaram a vida  daquela mulher. 

O velho Shimura fora com certeza um dos grandes responsáveis por selar seu destino.

Em função dele e de tantos outros, mas também em consequência de suas próprias decisões, ela estava sentada sobre um banco de madeira improvisado. Dentro de uma cela igualmente improvisada, no interior da Raiz.

O lugar provavelmente estava abandonado até a chegada do outro. 

O homem à sua frente, do outro lado do corredor, também ocupava uma cela. 

Os relativamente grandes caixotes de grades espessas eram iguais. Protegidos por papéis bombas um pouco afastados entre si. 

De modo que era possível que os prisioneiros se encarassem diretamente. Mas estavam prontos para explodir ao primeiro toque nas grades de metal. 

As fechaduras estavam seladas e provavelmente ao menos uma dúzia de outras armadilhas asseguravam a permanência dos presos. Mas Ahmya não pretendia fugir, então não se deu o trabalho de identificá-las.

Desde a primeira vez que entrou naquele lugar, ela se perguntava se foi ali onde seu irmão foi atacado antes de morrer. 

Ela ainda sentia a falta dele, como se o irmão a tivesse deixado a apenas poucos dias.

Será que, depois de tudo, Shisui ainda se orgulharia ao vê-la ali?

Embora o homem à sua frente ainda estivesse em busca de informações, a kunoichi o conhecia bem. Ela tinha o vigiado por quase dez anos. 

Ele já estava lá quando ela foi trazida. 

E, embora os guardas que a conduziram tivessem informado que a inadequação se devia ao fato de a vila não estar acostumada a receber prisioneiros de ambos os sexos e tamanha periculosidade, ela suspeitava se tratar de outra coisa. 

A jovem recém chegada à fase adulta sentia que Hatake Kakashi desejava e, provavelmente, promovera aquele encontro. 

Até porque, não haviam guardas ou outros presos por perto.

Diferente da mulher, que com exceção das grades não possuía restrição de movimentos, o homem parecia estar amarrado como um animal. 

Embora estivesse sentado no banco com as costas eretas, seus braço, pernas e mão estavam imobilizados. Além da venda para os olhos, é claro. 

Isso fez Ahmya rir por dentro.

“Eles realmente acham que isso pode te neutralizar?” sua voz era um pouco provocativa, um tanto cordial. Mas ela controlou o tom para não parecer demasiadamente amigável. 

A kunoichi portadora de um protetor de testa com o brasão de Amegakure ainda não tinha certeza se queria aquele homem como um amigo.

“Talvez. A maior parte das pessoas na superfície acredita que sim. Então pra mim está bom.” a voz do homem sustentava um tom de humildade e honestidade que Ahmya nunca o vira expressar em todos os anos que havia o observado. 

“O que você faz aqui?” o tom do outro assumiu uma repentina seriedade.

“Eu procuro o mesmo que você”, as palavras da mulher, em forma e tom, soavam displicentes. E foram cautelosamente emitidas com essa intenção. 

Mas ela sabia que seu companheiro de cárcere as entenderia.

Aquele homem parecia realmente mudado. 

Ainda assim, a mulher não se decidira por algum tipo de aproximação. Ela havia o invejado e, embora tentasse esconder até de si mesma, odiado por tanto tempo... 

Neste momento ela esperava que alguém a tirasse dali antes que sua companhia decidisse ir direto ao ponto. 

Com a resposta de Ahmya o homem esboçou um sorriso, ela também nunca havia o visto sorrir. Não com aquela honestidade.

“Você acha que era isso que ele iria querer?” ele não sorria mais, mas parecia se esforçar para alcançar o tom de gentileza antes que suas palavras fossem interpretadas como acusação. 

Não foi eficiente nisso.

“Ele não está mais aqui. Não cabe mais a nenhum de nós dois se doer com o que ele iria querer” mesmo tentando se controlar, a irritação da mulher tornou-se evidente. 

É claro que ela mentia. Mas o outro estava chegando perto e essa era uma conversa para a qual ela realmente não estava pronta. Não com aquele homem.

Uma porta se abriu. 

Os passos dos guardas se aproximando eram um grande alívio para a kunoichi. Dois ninjas uniformizados desarmaram e abriram sua cela. 

Ela se levantou naturalmente e saiu para o corredor. Um dos guardas segurava um par de algemas “sinto muito, mas… mas você precisa usar isso aqui. É o protocolo”.

Isso não a incomodava, então ela estendeu os pulsos. 

Embora agisse calmamente, ela estava ansiosa para que a tirassem dali. Mas não foram suficientemente rápidos. 

Ou, talvez, o outro preso estivesse esperando exatamente este momento.

Ladeada pelos guardas, antes de completar o segundo passo e para o desconforto da kunoichi, o homem na cela se pronunciou.

“Esse.. essa.. é dele?” a voz do prisioneiro carregava uma insegurança que apenas Ahmya foi capaz de perceber. 

Era como se essa pergunta estivesse engasgada desde o instante em que ela chegou à cela e, por fim, escapou. A contra gosto tanto da questionada, como se deu questionador.

“Me desculpe, Sasuke. Mas não é o momento para essa conversa. Para nenhum de nós dois” A resposta fugiu dos lábios de Ahmya instintivamente. 

Ela preferia ter permanecido calada. Mas antes que tomasse o controle de sua própria reação, as palavras a traíram. 

A resposta era provavelmente o que ele iria querer. E a kunoichi ainda se importava, afinal.

 

***

 

Ahmya seria julgada por um tribunal internacional. 

Como seu país era pequeno, carente de uma autoridade central e os crimes dos quais ela era acusada não respeitaram fronteiras, a criminosa teria os cinco Kages comandando o tribunal e os respectivos Daimyos como júri e juiz. 

Ela não sabia se um evento assim já havia acontecido. O julgamento a fazia quase como uma celebridade. E, principalmente, foi uma solicitação sua.

Quando o frenesi dos últimos acontecimentos se acalmaram Ahmya ouviu dizer que as principais autoridades do mundo se dirigiriam até a Konoha para saudar pessoalmente o grande herói de guerra, Uzumaki Naruto. 

Então a kunoichi, que naquele momento era uma foragida, tomou esse como o seu destino. 

Quando adentrou a região do país do fogo ela localizou a posição do Quinto Kazekage. 

Ele não tinha uma caravana, deslocava-se apenas com os irmãos em direção à vila que tornou-se o centro das atenções de todo o mundo. 

Ahmya se entregou ainda no percurso e foi tomada como prisioneira. Ela tinha que se render para o Gaara, ela o devia aquela captura.

Além disso, o Kazekage era um homem justo. E a kunoichi já sabia disso. Assim como sabia que ele ouviria e acataria sua solicitação.

O grupo entrou em Konoha por uma passagem discreta, para não chamar a atenção da multidão que espremia-se e empurrava-se em frente ao portão principal na expectativa de cumprimentar o grande herói. 

A prisioneira foi levada à sala da Hokage. Mas foi recebida por Hatake Kakashi.

Mesmo com parte do rosto tampado por uma máscara de tecido, ele não parecia exatamente satisfeito com o fato de aquela mulher estar ali. Mas a escutou atentamente.

“Estou disposta a confessar cada um dos meus crimes. Não revelarei em hipótese alguma informações que extrapolem a minha atuação. E acredito que apenas posso ser julgada por um tribunal internacional. Esse é o meu desejo”

Ahmya arquitetou tudo para que fosse atendida. 

Todos os Kages e Daimyos se reuniriam naquela vila em poucos dias. Alguns deles esperavam a oportunidade de puni-la desde que ela fugiu da Areia durante a guerra.

Havia a disposição, a oportunidade e os nervos exaltados pelos acontecimentos recentes. 

Independente da vontade de Kakashi, da Hokage ou de qualquer outro, a única opção de Konoha era informar a todos e organizar a sessão. 

Assim se deu. 

Os secretários das nações cuidaram dos preparativos, da regularidade e da idoneidade. 

Por quase dois dias ela foi interrogada por ninjas de diferentes nacionalidades. 

Durante o interrogatório a kunoichi recusou-se a permitir que um membro do clã Yamanaka invadisse sua mente. Mas, surpreendentemente, os oficiais apenas tomaram nota da recusa. 

Logo ela compreendeu, não seria uma boa ideia inaugurar o tempo de paz com um episódio de tortura e invasão a uma mulher detida, espontaneamente entregue e grávida. 

Ahmya passou a maior parte do tempo que esteve em Konoha detida na central de inteligência da vila. 

Apenas o jounin chamado Nara Shikamaru, a interrogou por mais de doze horas. 

Mas, um pouco antes do horário marcado para a sessão, foi transferida para uma ala especial destinada a criminosos de alta periculosidade, sob a alegação de que a população se sentiria mais confortável com essa condição.

Enquanto caminhava com os guardas pelo corredor em direção ao grande salão onde seria a audiência, Ahmya ouviu uma voz estridente e irritante, porém familiar e, com certeza, agradável. 

O barulho vinha de dentro de uma sala com as portas fechadas.

“Mas isso não é justo!! Kakashi-sensei, faça alguma coisa!” como de costume a voz soava irritada em tom agudo. O que fez Ahmya sorrir. 

Eles estavam certos sobre esse garoto, afinal...

“Naruto, já chega!” era Kakashi, sua voz era impaciente, mas nitidamente carregada de afeto. E, certamente, ressoava em um volume muito mais baixo “Já está decidido. Além disso esse julgamento foi solicitação dela” 

O sensei fez uma pausa, como se tivesse algum receio quanto à reação a sua fala “Ah! E tem mais uma coisa... você não vai!”

“Ooooo quê?!?!?!” o áudio foi tão espontâneo e agradável que, embora tenha mantido a solenidade exigida pela ocasião, Ahmya sentiu vontade de gargalhar e seu coração aquecer. 

Nissan… Que tipo de vida eu teria levado se tivesse crescido nesse lugar?

Alguns berros ainda foram ouvidos até o final do corredor. 

As palavras “sensei, por favor” e “mas… por que?” foram repetidas em sequência e insistentemente. 

Respondidas com algo como “é por causa desse tipo de comportamento que você não vai”.
 

***

“Uzumaki Ahmya. Você está sendo julgada por uma série de crimes hediondos contra todas as nações aqui representadas… e algumas que não puderam comparecer. As acusações são: invasão de território estrangeiro; falsificação de identidade e documentos; espionagem; tráfico de informação internacional; roubo de documentos oficiais; tortura e execução de Tsukasa Kazuo do País das Fontes Termais...” 

A, o Raikage, lia a longa lista de acusações.

Com a menção ao nome Kazuo, do banco de jurados, um dos Daimyo soltou um grunhido, outro levou a mão ao pescoço como se temesse perder a própria cabeça, um terceiro desmaiou espalhafatosamente. 

Embora a autoria, até então fosse desconhecida e as suspeitas recaissem sobre um antigo parceiro da kunoichi, a notícia de assassinato por esquartejamento do Daimyo do país das Fontes Termais se espalhou em detalhes por todo o mundo. 

Mas A fingiu não perceber a reação do júri e, depois de uma pausa muito pequena, prosseguiu.  

Antes, contudo, o Raikage quase esboçou um sorriso malicioso. Sua satisfação era evidente.

“... múltiplos assassinatos; execução do Quarto Mizukage, Karatachi Yagura; planejamento do sequestro do Quarto Kazekage e dos outros jinchuurikis; sequestro de Han, o junchuriki da Vila da Pedra; participação no roubo de sete Bijuus; conspiração contra a paz e contra todas as nações; e afiliação à organização terrorista conhecida como Akatsuki.”

Uma espécie de chiado ou murmurinho repercutiu pela plateia formada por cerca de cinquenta pessoas quando a organização foi mencionada.

A voz do Raikage era mais do que severa, era raivosa. Ele próprio teria decapitado a mulher à sua frente se não tivesse um decoro a cimprir. 

“Você se declara ciente das acusações?”

“Sim”

“Você se declara inocente de alguma dessas acusações?”

“Não”

O julgamento durou quase oito horas. 

Ahmya tentava ser o mais objetiva possível em suas respostas. Ela não tinha a intenção de irritar ainda mais seus inquisidores. Alguns deles sedentos pelo posto de algozes. 

Quando entrou no salão, poucos minutos antes de o julgamento começar a Quinta Hokage, Senju Tsunade , foi a primeira a demonstrar sua insatisfação. 

Mas, para a surpresa da acusada, Tsunade advogava em seu favor. A lendária Sannin exigiu que as algemas fossem retiradas imediatamente da prisioneira. E assim foi feito. 

Hatake Kakashi chegou ao tribunal atrasado. E sozinho. Mas a tempo de prestigiar o início da sessão. 

Nos curtos minutos em que o tribunal esperava ordem, a kunoichi no banco dos réus observava as pessoas ao seu redor. 

Quase todos os rostos ali presentes lhe eram conhecidos. A maioria apenas por fotografias ou à distância.

Depois da introdução executada pelo Raikage, os outros kages tiveram direito à palavra.

Em algum momento de sua fala o Tsuchikage revelou a Ahmya que havia conhecido sua mãe e lamentou que o destino da filha manchasse a imagem de alguém que foi tão útil à Pedra. 

Assim como a Mizukage, ele não fez nenhuma pergunta que não constasse nos depoimentos anteriores. A maioria delas podia ser respondida com sim ou não. 

O Kazekage não perguntou nada. 

Quando a palavra foi passada para ele, Gaara lançou a Ahmya um pesado e doloroso olhar e indicou acenando de leve com a cabeça que não desejava falar. 

A Hokage informou que Konoha apenas se pronunciaria após a revisão dos autos.

Shikamaru fez uma revisão objetiva de tudo que se passara no julgamento até ali. 

A plateia e o júri acompanhavam atentamente, como o desenrolar de uma novela.

Só após a revisão das informações e argumentos, Tsunade se pronunciou. Ela declarou que Konoha ofereceria à ré o advogado de defesa. E que este seria Kakashi. 

Quase foi possível visualizar faíscas saírem pelo olhar furioso que o Raikage dirigiu a sua colega.

Mas embora Ahmya não tivesse solicitado, esse era um direito seu. E ela apenas assentiu com a cabeça quando Kakashi se ofereceu.

A primeira ação da defesa foi convocar o Kazekage como testemunha. 

Kakashi fez perguntas sobre o dia em que Gaara encontrou a kunoichi no país da Chuva e sobre os procedimentos referentes à prisão da mulher. 

Depois o defensor chamou à frente o ninja da Nuvem que respondeu às perguntas como se rimasse uma letra de rap. O que incitou ainda mais a ira do Raikage. 

Por fim, Kakashi convocou a própria acusada.

Foi neste momento que o ninja copiador fez a única pergunta que Ahmya não sabia exatamente como responder. 

“Você sabe como foi que tudo isso começou?”


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