Encontrando nossos corações escrita por Éclair Cerise


Capítulo 10
Covarde


Notas iniciais do capítulo

E ai, pessoal! voltei! depois desses longos meses sem conseguir continuar escrevendo, vou voltando no meu tempo, com carinho, para que não entregue uma leitura ruim para vocês. confesso que estou enferrujada, tive de ler e reler a fic, ler e reler o livro, porque a inspiração não vinha. decidi então apagar o que tava escrito e fazer tudo de novo, tentando trazer sentimentos que já assisti pela vida. afinal, quem nunca colocou as experiencias dos outros ou a propria numa fic? é sobre isso e tá tudo bem kk
enfim, não desistam de mim (eu to voltando, juro!). sempre leio os comentários de vocês pra me dar uma força hihihi ♥
boa leitura, beijossss ♥



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Ron

Quem diria uma aranha gigante e psicopata seria útil para nossos planos, não?

E quem diria que o pontapé inicial dessa maluquice toda tinha vindo dessa cabeça genial que vos fala.

— Ron, você está fazendo nevar – a voz paciente de Hermione alcançou meus ouvidos enquanto eu ainda me recuperava da história que Harry havia acabado de nos contar. Magia era algo realmente incrível. Em uma situação em que tudo podia dar errado, ele escapou ileso e ainda tinha se divertido um bocado vendo Hagrid e o prof. Slughorn caírem de bêbados, brindando as mais diversas peculiaridades. Não consegui levar a história a sério a partir do ponto que ele narrara o discurso do professor de Poções para a acromântula assassina; eu ainda estava dividido entre o cômico e o aterrorizante.

Hermione agarrou meu pulso despreocupadamente e meu coração saltou pela boca. Agradeci a Merlin por ela não ter notado o arrepio que o toque dela causou no meu íntimo.

Desde que eu a beijei naquele depósito, uma semana atrás, Hermione agia como se absolutamente nada tivesse acontecido. Como se aquela ocasião fosse apenas mais um dia que íamos estudar na biblioteca ou esperávamos Harry voltar das aulas com o prof. Dumbledore. Sempre bem calma, concentrada, como se nada no mundo a abalasse, nem mesmo o fato de ela ter dado uns amassos em um de seus melhores amigos.

Essa atitude me magoara um pouco, mas decidi que também ia me manter calado. Não era uma experiência que eu pretendia dividir com outra pessoa além dela, não mesmo. Sentia que poderia devanear sobre como a boca dela era carnuda, do quanto nosso beijo se encaixou, da sensação de suas unhas acariciando minha nuca, do quanto eu me empolguei por tê-la nos meus braços...

No quanto ela parecia sentir o mesmo que eu...

É, eu queria poder viajar nesses pensamentos sem precisar me preocupar que alguém fosse tirar sarro de mim por estar apaixonado.

No entanto, eu também queria dizer para todo mundo que ela era só minha. Queria dizer que a garota mais legal de Hogwarts era minha namorada, queria que ela torcesse por mim nas partidas de quadribol, empolgada e orgulhosa de estar comigo...

Por ora, eram apenas sonhos.

Ainda mais porque ela simplesmente parecia ignorar com todas as forças o que tinha acontecido.

Fiz com que a neve parasse de cair e encarei o rosto risonho dela.

Era impressão minha ou Hermione parecia mais contente?

— Ah, foi mal – engoli em seco e espanei a neve de seus ombros, tentando parecer indiferente – Parece que agora estamos todos com uma caspa terrível.

Ouvi uma fungada atrás de mim e não tão discretamente assim, me virei e me deparei com uma Lavender furiosa. Eu podia sentir um arrepio horripilante em minhas costas, como se ela quisesse me furar com milhares de pequenas agulhas.

Harry, que não é tão lerdo como parece, a olhou rapidamente e ergueu as sobrancelhas, em uma clara interrogação.

Não sabia que ele era tão fofoqueiro.

— Nós terminamos... na noite passada... – curvei um pouco os ombros, me sentindo um pouco quente – Ela viu que eu e Hermione estávamos descendo do dormitório masculino sozinhos.

— Teoricamente – ela interveio, com uma expressão que denunciava um sorriso – Você estava sob a capa de invisibilidade, Harry, então Lavender deduziu errado... – concluiu em uma vozinha inocente demais.

— Enfim – continuei, tentando não ficar mais vermelho do que já estava – Eu só não me dei o trabalho de explicar...

— Você não parece chateado com isso – Harry observou.

— Não estou – admiti, mais vermelho do que nunca – Foi bem chato escutar o escândalo dela, mas pelo menos não precisei terminar...

— Covarde – Hermione deu risada.

E era verdade. Eu era um covarde.

É claro, não pretendia magoar Lavender, mas não dava mais. Começando pelo fato de que ela não me deixava em paz. A garota se tornou um pesadelo depois que saí da ala hospitalar, não desgrudava mais, e comecei a me esquivar de minha própria namorada pela escola. Eu era mais frio com ela, e por muitas vezes, discutíamos sobre o nosso “tempo de qualidade” estar cada vez menor. Os gritos dela me lembravam mandrágoras.

Nas aulas, infelizmente, eu não podia evitar de encontrá-la. Apesar da cara de poucos amigos, Lavender se sentava prontamente ao meu lado. E naquela semana em especial, eu mal conseguia me desligar dos pensamentos que vagavam entre estratégias para fugir dela e conseguir ficar de novo com Hermione, no beijo dela. Confesso que pensei muito mais na segunda parte, tanto que Lavender começou a me dar uns beliscões para prestar atenção nos bilhetinhos que escrevia no canto das minhas anotações.

Não era gentil, eu sei...

E a solução que achei para meus problemas?

Deixar tudo nas mãos da Felix Felicis e BAM! A ocasião perfeita em um passe de mágica!

Mas tudo bem, sem ressentimentos; minha mente estava livre para pensar unicamente na garota que acabara de me chamar de covarde.

***

A sala comunal da Grifinória era uma profusão de vermelho e dourado. Todos os alunos, dos mais velhos aos primeiranistas berravam e pulavam uns sobre os outros, em uma algazarra que com toda certeza podia ser ouvida por todo o terreno do castelo.

Estávamos em festa!

Nunca imaginei que poderíamos ganhar a Taça de Quadribol novamente. Ainda mais porque durante todo esse tempo, por mais que treinássemos, eu ainda me sentia inseguro por conta do jogo em que McLaggen me substituíra. Morria de receio de ele tomar meu lugar.

Entrei carregado pela multidão de alunos vestido as cores de nossa Casa, sem conseguir distinguir realmente o que qualquer pessoa dizia. Estava tão feliz! De fato, eu havia conseguido!

O buraco do retrato se abriu e Harry passou por ele, parecendo espantado com a gritaria.

— VENCEMOS! – berrei pulando em sua frente e sacudindo o troféu – VENCEMOS! QUATROCENTOS E CINQUENTA A CENTO E QUARENTA, VENCEMOS!

Mas Harry já não parecia me escutar.

Ele encarava alguém que vinha correndo por um dos meus lados, aparentemente. E de repente, uma figura de longos cabelos ruivos – como os meus – se atirou em seus braços e o beijou.

Fiquei um tempo sem entender o que estava acontecendo. A sala estava um completo silêncio, como se qualquer barulho fosse quebrar o momento. Senti alguém se aproximar e apoiar o cotovelo em meus ombros – Hermione sorria radiante para Ginny e Harry, que pareciam não se dar conta de que estavam com mais cinquenta pessoas no recinto. Os olhos castanhos encontraram os meus por um segundo e acho que minha cara devia estar hilária, porque ela caiu na gargalhada.

Quando finalmente – finalmente!— se separaram, Harry olhou para mim, parecendo se desculpar e ao mesmo tempo saber se eu estava bem com aquilo. Gostei da consideração, mas apenas dei de ombros e os observei saindo pelo buraco do retrato, para talvez ficarem a sós.

***

Pensei que meus dias de sossego haviam chegado, finalmente.

Pelo visto não.

Depois que Harry se tornou oficialmente meu cunhado – isso ainda era muito esquisito – eu me via a ponto de explodir. Não queria que minha irmã ficasse falada, e eu tentava dizer para que ela evitasse de se agarrar em público.

— Pelo visto você ainda não se tocou que é muita hipocrisia da sua parte apontar o dedo para mim, sendo que você e Lavender se enroscavam por aí feito um par de enguias em plena luz do dia. Se toca, Roniquinho!

Minha irmãzinha era mesmo um amor!

— Só porque eu permiti...

— Ah claro, eu preciso realmente da sua permissão — geralmente não tinha medo de Ginny, mas às vezes ela se parecia tanto com mamãe, que me encolhi na poltrona.

— Chega vocês dois – interveio Hermione, ainda meio desconcertada de um ataque de risos que teve por causa das piadinhas de Ginny em relação a mim – O Roniquinho só está com ciúmes...

Lancei um olhar zangado para a garota, e ela não deu importância. Anunciei que iria dormir e fui para o dormitório, extremamente irritado.

Nem eu sabia direito o motivo da minha irritação. Eu realmente aprovava Harry e Ginny. Sempre foi de bom tom que eles ficassem juntos, pelo menos era muito melhor que Michael Corner ou Dean Thomas. Harry era família e eu ficava feliz pelos dois, embora vê-los juntos tão livremente me fazia ficar um pouco melancólico. Hermione ainda não tocara no assunto do nosso beijo e ainda agia como se nada tivesse rolado. Claro, não precisava mais me preocupar com Lavender, então nossa convivência passou a ser mais ou menos como era antes – algumas briguinhas ali ou aqui, provocações constantes e ajuda com as tarefas de casa.

Mas eu comecei a perceber que queria agradá-la mais do que provocá-la, que comecei a sorrir com mais gentileza quando ela me ajudava com os deveres, que tentava pegar sua mão para agradecer... percebi que a necessidade que eu tinha de tê-la comigo já não era mais suficiente dentro daquela configuração. Me via de todas as formas cercado com a perspectiva de que nós também poderíamos andar pelas margens do lado de mãos dadas, ou nos aconchegar em frente a lareira da sala comunal, como Harry e Ginny faziam mais cedo...

Não sei em que momento adormeci, mas acordei em meio a sonhos que apareciam apenas Hermione, que nos beijávamos e que eu dizia o quanto a amava. Levantei-me um pouco tonto, morrendo de calor. Só não sabia dizer se era por causa dos sonhos ou pela temperatura quente do início de junho. Decidi descer um pouco para a sala comunal, me certificando de que Harry já dormia na cama ao lado. Fiquei com medo de não conferir e acabar presenciando alguma cena que não me deixaria nem um pouco contente.

***

A torre da Grifinória estava vazia, exceto por uma pessoa que dormia enroscada em uma poltrona. Hermione se enfurecia quando eu dizia a ela que às vezes, se parecia com seu gato, Bichento. Acho que ela pensava que eu estava caçoando dela e falando que ela tinha cara de porco. Mas não era por isso...

Ela ressonava baixinho, o ar escapando de seus lábios cheios formando um biquinho. Eu já tinha visto aquela cena milhares de vezes, mas acho que foi a primeira vez que me apaixonei por mais uma versão dela. Os cabelos castanhos refletiam as chamas alaranjadas do fogo, aumentando a semelhança com seu gato. Uma de suas mãos caíam suavemente pela borda e um livro estava bem aos pés da poltrona.

Dei uma risadinha baixa e me abaixei para recolher o livro. Me virei para deixá-lo na mesinha de centro e quando olhei de volta, um par de grandes olhos castanhos me encarava.

— Sabia que é feio pegar as coisas dos outros sem pedir permissão? – a voz dela era meio sonolenta, mas ainda assim divertida.

— Então da próxima vez eu deixo caído no chão e ainda piso nele – devolvi a provocação, sentando-me na ponta do sofá.

— Madame Pince te transfiguraria em um espanador de pó e passaria o resto da sua vida limpando as estantes da biblioteca.

Mesmo sendo piada, estremeci. Era bem capaz de que aquela mulher assustadora fizesse algo do gênero.

— O que está fazendo aqui? Você subiu todo emburrado para dormir – Hermione continuava enroscada na poltrona, mas seus olhos brilhavam divertidos entre a cabeleira castanha.

— Vocês perdem o limite quando o assunto é rir da minha cara – resmunguei a contragosto.

— É porque você sempre cai nas provocações, obvio que é engraçado... – ela comentou e senti minhas orelhas esquentarem.

— Você não gosta que eu te provoque...

— É porque você pega pesado demais... – Hermione finalmente se ajeitou e espreguiçou-se – Acho que você não fica tão magoado assim com o que eu penso.

Pensei por um momento no que ela disse. Era verdade que eu sempre pesava a mão quando brigávamos, mas de uns tempos para cá, me magoava ela me tratar como “apenas o Ron”.

E eu queria que ela entendesse isso.

— Tem certas coisas que me magoam, sim... – murmurei olhando para o chão.

— Sério? – a pergunta dela me pareceu um pouco preocupada – Tipo o que?

— Eu... ahn... eu...

Não conseguia responder. Como eu diria aquilo para Hermione se nem mesmo ela parecia se importar com o que acontecera? Senti meu rosto pegar fogo, e as palavras se perderam na ponta da língua.

— Covarde.

Se a sala estivesse cheia, eu nunca teria escutado o sussurro dela. A encarei com uma confusão de surpresa, raiva e mágoa. Senti a boca seca e os dedos ficarem gelados, meio agarrados ao estofado do sofá. Arregalei os olhos em direção a ela e vi que ela me olhava friamente. Por uns instantes, ela parecia entender muito mais do que eu.

— O que disse?

— Você me ouviu, Ronald – me senti perfurado pelos olhos de Hermione, que pareciam ser caldeirões de estanho maciço – Você não consegue me dizer nada...

— Mas eu...

— Deixe para lá – ela abriu um sorriso seco – Se me der licença, vou para o dormitório...

Ela começou a se afastar e tentei procurar minha voz, mas não a encontrei – estava tudo preso em minha garganta.

Mais uma vez, Hermione Granger estava certa.

Eu era um grande covarde.


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Notas finais do capítulo

Ron sentindo na pele o que é querer falar pra pessoa o que sente e não saber o que se passa na cabeça dela, muito que bem feito....... kkkk mentira! às vezes, acho que o ron é muito mais fácil de se trabalhar do que a hermione. geralmente, os capítulos dele são, para mim, mais fluídos quanto aos acontecimentos, porque ele deixa estampado quando alguma coisa tá bem ou não. e eu sou exatamente assim kkkkkk e na real, o ponto de vista dele é como a mione não ligasse, mas imagina o surto, tadinha...... a cabeça dela deve estar girando desde o dia que eu escrevi o ultimo cap até agora kkkkk.
(inclusive, quem amei o ron chateado porque na real, ele só queria que eles ficassem que nem o hary e a ginny? mas ela nao colabora né kkkk)
e uns avisos antes de me despedir
a fic está caminhando pro final, para a minha tristeza. mas eu queria seguir apenas o enigma do principe e talvez, mais pra frente, fazer uma parte 2 da historia com os acontecimentos do ultimo livro. eu ja tinha isso em mente quando comecei a escrever essa fic, entao vou me esforçar para entregar meu melhor para vocês ♥
como disse nas notas iniciais, to voltando aos poucos, então talvez eu poste daqui umas semanas, porque ainda to devagar, mas o importante é não deixar a peteca cair e deixar minha obra com a melhor qualidade possivel. to orgulhosa de ter finalizado mais um capitulo, e gostaria de receber o feedback de voces.
muito obrigada a quem me acompanha aqui, voces são incriveis ♥
um beijo e até o proximo ♥



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