Sons of Hunt escrita por Scar Lynus


Capítulo 23
Capitulo 23


Notas iniciais do capítulo

pronto



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[Mansão dos Caçadores – Jade, Samuel e Zack]

 

 

— Então o que foi que te deixou chateado? – Perguntou Jade para o moreno enquanto o mesmo se esquivava dos golpes do loiro.

 

— Estamos aqui pra praticar! – Respondeu Zack grosseiramente.

 

— Nós sabemos que tem alguma coisa errada Zack. – Samuel falou chutando o peito do moreno afastando-o. – Você não é muito bom esconder as coisas cara!

 

— Isso é problema meu! – Respondeu Zack avançando contra Samuel, chegou a atacar três vezes sem sucesso, em seguida mudou para a defensiva, longe dos punhos de Samuel.

 

— Não existe isso entre nós! – Jade falou. – Nós dividimos tudo lembra?

 

— Claro que lembro. – Falou o moreno entre esquivas. – Eu falei que não deveríamos ter segredos. – Ele conseguiu um contra-ataque na coxa do loiro.

 

— Então pode contar! – Ordenou Samuel pulando sobre o irmão que só pode rolar para o lado oposto procurando uma forma de escapar.

 

Zack ainda estava relutando para aceitar o evento anterior ao encontro com seus irmãos, mas, em algum momento ele precisaria encarar isso. Fora o fato de respeitar a própria ideia, não seria hipócrita de pedir algo deles sem estar disposto a fazer o mesmo.

 

— Eu acabei de descobrir quem é o meu pai! – Respondeu fazendo Samuel “congelar” o próprio movimento. Perfeito para que Zack acertasse um soco no seu queixo. Jade caminhou para dentro do Tatame para auxiliar Samuel que não havia perdido a consciência, apenas o equilíbrio com o impacto do soco, queda e a notícia.

 

— Vai explicar direito e com calma. – Falou ela sentando no chão.

 

 

[Tom e Zack – Meia hora antes]

 

 

O jovem caçador teve dificuldades em processar aquelas palavras. Não poderiam ser reais, ou será que podiam e ele não queria acreditar? Se ele era seu pai... Por que demorar tanto? Por que só agora? Muitas dúvidas preenchiam a mente do jovem caçador.
De repente fez muito mais sentido a sua vida sem preocupação, o fato de poder se dedicar totalmente a ser um caçador, todas as regalias, sempre ter o que queria... Ele fora mimado a vida toda e nem sabia por quem, jurando que sempre foi sua mãe. Não era um pensamento errado, mas, agora sabia que havia mais alguém por trás dos panos.

 

— Como é que é? – Perguntou Zack se afastando do mais velho. A confusão do jovem era visível.

 

— Eu sou seu pai. – Tom repetiu tentando se aproximar. – Eu queria...

 

— PALHAÇADA! – Gritou o moreno irritado. – Se fosse você eu saberia. Por que ela não iria me contar? – Questionou dando as costas ao mais velho.

 

— Sua mãe teve os motivos dela... – Tom tentava apaziguar a situação. – Eu queria te contar a anos, mas, infelizmente não foi possível.

 

— Era difícil demais pra vocês dois me contarem é?! – Tom não sabia se havia sido uma pergunta ou uma resposta irônica de um jovem irritado.

 

— Zack é complicado...

 

— Não quero saber! – Declarou o rapaz se afastando. – E não vem atrás de mim!

 

— Isso vai ser muito mais complicado do que eu imaginava. – Tom passou a mão pelo rosto enquanto observava o garoto entrar. Concluindo após dez minutos que o mesmo não retornaria. – Você só precisa de mais tempo...

 

Tom se pôs a caminhar de volta para a mansão, não foi exatamente como ele havia imaginado, na verdade estava totalmente ao contrario de suas expectativas. O mais velho resolveu que ainda precisava conversar e após alguns minutos de procura ele encontrou Harry que trabalhava com alguns tomos.

 

— Eai como foi? – Perguntou Harry encarando o amigo. Não foi preciso uma resposta direta pelo semblante do outro. – Ruim?

 

— Péssimo. – Declarou Tom sentando-se com ele para trabalharem juntos. – Ele ficou com raiva eu acho, estava confuso e provavelmente não vai falar comigo, com a mãe e talvez contigo.

 

— O que eu tenho a ver com isso? – Questionou o outro.

 

— Bom... Ele não sabe que você também não sabia. Não deu pra entrar em detalhes depois da palavra “pai”. – Explicou Tom.

 

— A que lindo... – Harry suspirou. – Acabamos de ter um belo avanço nessa geração e os perrengues da nossa é  que vão prejudica-los... Frustrante.

 

— Concordo com você, mas, agora o que ele precisa é de um tempo pra espairecer.

 

— Não, ele vai treinar, talvez quebre algumas coisas, vai ficar irritado, vai tentar fazer o circuito, só vai conversar com o Samuel e a Jade. Não necessariamente nessa ordem. – Sadjenza entrou no assunto, sentando-se de frente para a dupla.

 

— Como foi que você educou esse menino? – Harry perguntou sem dar tempo para a resposta. – Sempre que não gostar de algo ele vai fugir e ficar violento?

 

— Eu ensinei ele a não reprimir seus sentimentos. – Respondeu a mulher. – Ele sempre foi “explosivo”. Ai ele despertou, depois se tornou um predador... Tudo com ele tem uma tendência a se tornar intenso.

 

— É por isso que deveríamos ter contado para ele antes. – Tom falou convicto. – Ele não teria reagido tão mal quando ainda era uma criança.

 

— Ou poderia ser pior. – Respondeu Sadjenza. – Crianças são imprevisíveis, entretanto, o Zack é bem previsível para mim.

 

— Evidente. Afinal só você participou da vida dele – Harry cutucou.

 

— Olha nós já conversamos sobre isso. – Sadjenza estava indisposta a voltar ao assunto. – Se ele não subir em uma hora os outros vão falar com ele e você. – Ela apontou Tom. – Vai dar um espaço pra ele.

 

— Mais ainda? – Questionou ele.

 

— Se quiser que as coisas funcionem ou melhorem. – Respondeu ela indo embora do local.

 

— Você ta ferrado irmão! – Harry brincou com o outro.

 

— Totalmente. – Assumiu Tom.

 

 

[Area de treino]

 

 

Como previsto por Sadjenza, Zack estava concentrado no circuito de treino, sua falta de foco somado a confusão mental prejudicava seu desempenho, adicionando então a frustração dos resultados a sua mente.
O caçador estava tentando exaurir suas forças com todo aquele exercício, porém, era muito difícil se esgotar quando era de proposito. Ainda sim, o que mais ele poderia fazer? Não queria conversar e acreditava que se tentasse, acabaria sendo péssimo com alguém que não tinha nada a ver com a história.

 

— ACHAMOS! – Ele ouviu Jade gritar entrado na sala seguida de Samuel, ele trazia uma caixa sobre o ombro. – Você tem trabalho a fazer lindo! – Falou a caçadora enquanto analisava o local. – Você não vai bater meu tempo!

 

— Não estou disposto para os testes de vocês. – Respondeu seco para tentar sair do local. Em vão já que Samuel parou a sua frente. – Da licença?

 

— Não. – Respondeu o loiro. – Meia volta e teste os protótipos. Depois vai conversar com a gente. – O loiro sorriu enquanto explicava. – Até podemos lutar depois... Se achar que pode encarar.

 

— Menos papo! Mais testes! – Jade falou trazendo um cinto cinza metálico. – Veste!

 

— E o que exatamente esse deve fazer? – Perguntou o moreno enquanto passava a peça pela cintura.

 

— Em teoria essa fivela da ponta vai ser disparada por você. Ela está conectada a um cabo de metal, por isso é mais pesado que o atual. Se funcionar, nós teremos uma espécie de “arpeu” ou equipamento de escalada. – Explicou a castanha enquanto posicionava três manequins, um a dez metros, o segundo a quinze e o terceiro a trinta, logo em seguida indo para atrás do moreno. – Pode disparar, só apertar o botão na lateral.

 

O moreno deu o primeiro disparo. A fivela liberou um projetil de metal em formato de flecha duplo e com pequenas saliências na parte de trás, provavelmente colocadas ali para prender no alvo com mais facilidade. Direto no peito do primeiro alvo.

 

— O peso do cabo faz o projetil cair consideravelmente já que mirei no pescoço. – Zack começou a explicar, enquanto isso dava pequenos trancos ao puxar o cabo. – Parece bem firme na verdade.

 

— Aperte o botão do outro lado! – Samuel orientou.

 

O manequim avançou na direção do moreno, dava pra sentir o cinto puxando o cabo, mais ou menos 90Kg em força, demais pra deixar ser um impacto direto normal.
Zack esperou o momento certo para pular sobre o alvo em movimento, em seguida passou uma das garras pela area do “peito” do objeto, soltando a ponta do cabo.

 

— Rapido demais! – Reclamou tirando o cinto. – É mais perigoso pra mim do que pro alvo.

 

— O objetivo nunca foi usar em combate. – Respondeu Jade enquanto anotava os dados no seu caderno. – Atira no peitoril da janela! – Ela apontou o mesmo.

 

— Okay. – Zack segurou o cinto nas mãos para mirar, um pouco mais alto do que o objetivo. Ele errou o primeiro disparo que passou direto pela janela. Após recolher o cabo o moreno repetiu o processo, agora acertando o alvo. – Ele vai me puxar até lá?

 

— Não! – Samuel se aproximou dele e foram até a parede. – Você aperta o botão de puxar e começa a tentar subir, o “puxão” e apenas um apoio para você não cair ou subir rapido demais.

 

Zack seguiu as instruções, devagar e cauteloso até pegar confiança no aparato, ai sim ele começou a dar uns pulos para testar a força do equipamento durante a subida.

 

— Como libero ela pra descer? – Perguntou o moreno sentado no peitoril da janela.

 

— Segura o botão de puxar. Isso vai te dar uma folga de corda. – Jade respondeu. Logo ele tinha voltado ao chão. – Eai?

 

— O maior problema é mirar. – Respondeu Zack devolvendo o cinto.

 

— Para a maioria nós vamos testar com um gauntlet. O problema é que o seu equipamento cobre toda area das mãos e antebraço. Por isso tentamos uma variante com o cinto. – Samuel explicou mostrando o equipamento que seria “padrão”.

 

— Agora isso! – Jade entregou uma pequena esfera metalica, tinha uma bolinha roxa em um dos cantos. – Aperta o circulo roxo, conte até três e jogue entre os dois! – Ela apontou os manequins que continuavam em pé.

 

Zack obedeceu aos comandos e lançou o objeto sem muita força, para fazer o mesmo parar no ponto certo entre os dois alvos.
Sem demora a pequena esfera se despedaçou após alguns segundos, dela saiu uma substancia escura que endureceu rapido, porém, não se espalhou muito. Frustrando nossos desenvolvedores.

 

— Foi broxante! – Falou o moreno encarando a dupla. – Qual era o objetivo dessa?

 

— Aquilo é um composto a base de plasticina... – O moreno fez um olhar confuso para a garota. – Massa de modelar! A ideia era uma bomba de contenção, tipo massa de secagem rapida. – Jade se aproximou e tocou a substancia, que já estava “seca”. – Mas, pelo visto falta melhorar o alcance do raio.

 

— De volta para a mesa de projetos com essas! – Samuel falou com varias das esferas metalicas na mão direita. – Agora se me lembro bem... – O loiro tirou a camisa e os sapatos, caminhando até o tatame.

 

— Você vai se arrepender Samuel. – Zack advertiu fazendo o mesmo e retirando também suas manoplas. Parou no lado oposto do tatame encarando o outro de frente.

— É o que veremos! – Respondeu o loiro confiante partindo para cima do moreno. Jade apenas se sentou para assistir.

...

— Não acredito que ele é seu pai! – Samuel falou após o moreno terminar sua explicação.

 

— Na verdade eu acho até que faz sentido. – Jade comentou enquanto segurava o proprio queixo pensativa. – Parece até que somos burros por não cogitar essa ideia.

 

— Esse não é o ponto importante. – O loiro falou e colocou a mão no ombro de Zack. – Eai o que vai fazer?

 

— Eu não sei. Eu fiquei confuso, eu sai de lá bravo. – Explicou Zack. – Eu nem esperava mais que meu pai fosse aparecer na minha vida!

 

— Mas agora apareceu! – Lembrou a garota.

— Não significa que eu preciso aceitar!

 

— Não, porém, você nem ouviu o lado dele. Não estou dizendo que você pode correr pro abraço. – Jade explicou. – Mas sua mãe escondeu isso por algum motivo e nós sabemos que ela sempre tem um argumento.

 

— Isso também me lembra que vou precisar falar com ela. – Falou Zack receoso. – Só não sei o que vou dizer.

 

— Olha eu vou ser bem franco. – Samuel começou. – Você é um predador, achou a Sofia antes de unirmos os grupos, esta na nossa frente no treinamento e estudo. Poxa Zack, você pode resolver esse desarranjo familiar. Só porque o pequeno Zack não tinha uma pai, não significa que o adulto não possa ter! – O loiro finalizou sorrindo.

 

— Quanto você cobra à hora mesmo Dr? – Debochou a garota empurrando-o. – Ele ta certo Zack. Ficar irritado, magoado, confuso... Você tem esses direitos, contudo, também tem o direito de cultivar coisas novas.

 

— Quem é a psicologa agora? – Brincou o moreno imitando-a. – Obrigado... Aos dois. – Agradeceu Zack antes dos três juntarem suas testas. O elo do trio era um dos mais fortes na casa, sempre achariam um caminho enquanto estivessem juntos.


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Notas finais do capítulo

eai?