[Mansão dos Caçadores]

— Wolven são os lobos gigantes, são vulneráveis a prata, são mais fortes a noite, não tem paciência para caçada e por isso desafiam os caçadores... – Tânia estava tentando listar o que sabia sobre a fera. – É... Não sei nada além disso. – Concluiu calçando as botas.

— Eles não gostam de cheiros fortes, nem de fogo e vai estar em área aberta pra tentar ganhar vantagem sobre nós. – Sofia completou para ela enquanto prendia suas cintas com facas.

— Nossos cintos tem algumas bombas inflamáveis, não vai incendiar ele, mas, pelo menos ganhamos algum tempo. – Samuel falou com uma pequena esfera na mão.

— Bom... – Jade entrou na sala com um vidro contendo um liquido transparente. – Se o corpo dele estiver coberto de etanol!

— É só esperar o churrasco! – Andromeda deduziu. – Mas duvido que vá ser tão fácil.

— Provavelmente teremos uma única chance de pega-lo já que é um desafio. – Samuel havia pego o frasco. – Como está sua mira Tânia?

— Da forma que precisa. – Respondeu ela. – Vou amarrar isso em uma flecha e vocês me dão a oportunidade.

— Não dá pra ser amarrado. – Jade interveio. – Precisa espalhar no corpo dele, logo, ou você acerta o vidro no ar sobre ele...

— Ou? – Sofia não gostava do rumo dessa estratégia.

— Ou derrubamos ele e encharcamos ele com isso! – A castanha encerrou pegando seus discos.

— São as únicas opções que temos? – Andromeda perguntou enquanto todos seguiam para fora.

— São planos de emergência. – Explicou o loiro. – Zack faz nossas estratégias de luta.

— Assim como o Max faz as nossas. – Sofia lembrou. – Que perfeito. – Ironizou a ruiva.

— Como não temos certeza se eles vão chegar a tempo... – Sadjenza vinha por último. – Todo mundo para a caminhonete. – Os caçadores pularam todos na caçamba, exceto Andromeda que foi para o banco do carona.

— Repassem o que sabem sobre essa criatura e tentem pensar em acabar com ele rápido e como equipe. – Explicou a mentora. – Vocês vão estar exaustos muito, muito antes dele.

— Aonde vamos enfrentar ele? – Andromeda perguntou com o celular em mãos.

— Estou seguindo o rastro que ele deixou para nós. – Respondeu a Mentora sem tirar os olhos da rua. – Provavelmente em alguma área aberta como uma campina, pedreiras, docas... Tem uma variedade de ambientes assim na cidade.

— Vantagem de terreno é muito perigoso. – Jade falou. – Ele não será como os Draugrs que não avançam sobre os discos, não podemos nem retardá-los só com isso.

— Bombas de fumaça? – Tania perguntou.

— Não vão prejudicar a visão dele. – Sofia começou. – Precisaria ter um cheiro desagradável e muito forte pra fazê-lo parar.

— Flechas com cordas? – Perguntou a loira.

— Seria preciso uma grande quantidade e bem fixadas no chão. – Samuel respondeu.

— Podemos quebrar as pernas dele ou corta-las fora? – Andromeda perguntou de dentro do carro.

— Se conseguirem será maravilhoso! – Sadjenza se intrometeu.

— Você não vai nos dar nenhuma dica? – Andromeda questionou a mentora que não parecia interessada em facilitar a vida deles.

— Vocês vão me usar de muleta para sempre? – A mais velha perguntou. – Meu trabalho é deixá-los prontos para encarar essa coisa. Como vão matar ela é tarefa de vocês.

— Encorajador. – Debochou Tânia no fundo.

[Volta pra casa – Helicóptero]

— Não é nada mal. – Falou Harry após ouvir a história da dupla que não parava de comer, ambos estavam usando grossas jaquetas.

— Espero que a breve experiencia de vocês tenha surtido algum efeito. – Tom falou dirigindo-se a ambos.

— Nós sobrevivemos e vencemos um urso! – Respondeu Max.

— O único efeito aqui produzido foi explosão de adrenalina! – Zack completou.

— Pelo menos não estão brigando. – Harry já considerava uma vitória.

Nessa hora o celular do mentor começou a tocar, ele atendeu e iniciou uma breve conversa antes de mudar a expressão atual para uma de preocupação. Harry desligou o telefone com pressa antes de encarar os pupilos e Tom.

— Não vamos pra casa. – Ele começou a explicar e entregou as armas dos jovens. – Vocês foram desafiados por um Wolven e os outros já estão a caminho. – Ele então olhou para o amigo ao seu lado, nem precisou falar nada.

— Acelera esse helicóptero! – Pediu Tom ao piloto. – Vocês dois pelo visto não vão ter tempo de se trocar, vão ter de lutar sem traje e equipamento.

— Vocês têm uma nova tara em nos fazer encarar o perigo despreparados? – Zack perguntou retoricamente enquanto afivelava as manoplas.

— Não vai ser muito diferente da última aventura. – Max falou para o moreno. – Você tem algum plano pra essa coisa?

— É claro que tenho. – Respondeu Zack sorrindo.

[Reserva Florestal – Arredores da cidade]

O grupo de jovens caminhava entre as folhagens, haviam arvores grandes ali, porém, sabiam que seria necessário encontrar a maior clareira do local.
   Samuel ia à frente do grupo, assumindo temporariamente a liderança, seguido de Jade e Andromeda, Sofia e Tânia estavam atrás da formação, cuidando da retaguarda e preparadas para dar apoio a distância no caso de um ataque vindo da frente.

— Continuem na trilha. – Sadjenza os avisou no comunicador. A mentora os acompanhava de outros pontos, afim de deixá-los realmente fazerem tudo sozinhos. – Da pra sentir ele esperando vocês a frente, talvez setecentos metros.

— Entendido. – Respondeu Samuel.

— Por que ele continua escondido se estamos tão perto? – Tânia questionou ao lembrar que quanto mais perto de uma criatura de fora, mais as sensações ao redor iriam mudar. – Já deveríamos ter sentido algo, certo?

— Não necessariamente. – Sofia respondeu. – Lembre; “Se nós podemos nos esconder, eles também podem!”— A ruiva lembrou a mais nova.

— Droga de informações em um livro. – Praguejou Tânia por não ler o mesmo.

— Ler faz bem! – Andromeda se intrometeu. – É bom saber a teoria.

— É chato. – Concluiu a Loira fazendo a dupla de predadores rir.

— Chato ou não, chegamos! – Jade cortou a conversa quando o grupo entrou na clareira, avistando o grande corpo branco no centro.

Ele estava deitado no meio da espaçosa clareira, grande e com pelos brancos totalmente visíveis já que refletiam muito bem a luz da lua. A criatura acordou ao notar a presença do grupo, primeiro abrindo seus olhos totalmente negros, em seguida se levantando para encara-los, erguia-se a quatro metros do chão, possuia garras acinzentadas que estavam a mostra, assim como seus caninos amarelados.
    A criatura ficou parada analisando o grupo, parecia que seus olhos faziam uma pesquisa minuciosa sobre os jovens caçadores, o grupo lentamente entrou na sua formação com armas em punho.

— Sabem o que fazer. – Samuel falou batendo seus martelos e iniciando a corrida na direção do lobo.

O loiro foi seguido por Andromeda que corria ao seu lado, Jade a uma distância media também avançava para a criatura, Sofia e Tânia haviam ficado no fundo para agir como o suporte da equipe.
    A criatura disparou contra eles em seguida, não demorou pra chegar perto devido aos seus largos passos.
    Samuel foi o primeiro a atacar, lançando um de seus martelos diretamente contra a criatura que devido à alta velocidade, apenas conseguiu evitar que o mesmo atingisse sua cabeça, o martelo acertou a parte superior de uma das pernas do lobo antes de cair na grama.
   Andromeda aproveitou a situação para acertar um golpe do bidente na lateral do lobo, abrindo um corte superficial.
    A dupla estava bem próxima da criatura agora, usando ao máximo sua velocidade, ambos tentavam evitar o contato das patas e dentes do lobo contra eles. O Wolven não estava interessado em brincar, Samuel garantiu isso ao ser atingido por um “coice” do mesmo.
    Jade que estava esperando o bom ângulo de acerto foi interrompida quando Samuel caiu sobre ela.

— Ta com sono? – Questionou ela se levantando. Andromeda estava se esquivando da criatura ainda.

Duas flechas passaram sobre as cabeças da dupla, indo direto para o lobo, a primeira errou o alvo, porém a segunda foi direto na orelha do mesmo e ao encostar a flecha iniciou uma explosão sonora.
O Wolven agora estava andando e pulando aleatoriamente, cheio de raiva e com dores, o trio mais próximo encarou Tânia que estava em cima de uma arvore.

[Caçadores 25 anos atrás]

— Corre Harry corre! – Tom falou puxando o parceiro pelo ombro após retira-lo dos escombros. A dupla tentava se afastar de um enorme Wolven negro enquanto as garotas impediam a criatura de correr atrás da dupla.

— Eu estou bem! – Harry disse tentando se soltar de Tom, porém, caindo no chão em seguida devido ao corte em sua perna.

— Sem tempo para o seu orgulho! – Tom respondeu levando-o para uma área coberta. – Se conseguir mirar e tiver uma boa posição okay. Caso contrário se mantenha escondido. – Pediu o moreno.

Tom correu de volta para o campo de batalha auxiliar o restante do grupo. Sem Harry a vantagem do grupo diminuía, porém, a estratégia continuaria a mesma; utilizar o terreno que a própria criatura escolheu como vantagem.
    Sadjenza estava usando a sua velocidade para esquivar e tentar ferir as pernas ou torso da criatura, Hanna estava ajudando Kenya que também havia sido atingida pelo monstro. Tom correu o mais rápido que pode antes de pular em direção ao rosto do lobo, acertando um golpe acima dos olhos, um corte lateral que rapidamente começou a sangrar, atrapalhando a visão da criatura no campo de batalha.

— Aproveitem o tempo! – Falou para a equipe.

Hanna foi rapidamente na direção de uma das pernas da criatura com seu chicote, laçando o mesma antes de forçar o joelho dele  ao contrário.
    Natalie pulou sobre o bidente de Tom para em seguida ser lançada sobre o monstro, pousando a suas costas a caçadora começou a furar o mesmo com as garras de sua manopla.
    Felícia usou seus chakrams para ferir a criatura nas panturrilhas, facilitando o trabalho de Tom para derruba-lo.
     Harry de onde estava não poderia ajudar muito, contudo, o loiro conhecido pela teimosia arriscou um  tiro com uma flecha de ponta concava, a mesma prendeu o maxilar do lobo ao chão.
    Sadjenza então veio até a criatura para dar o golpe de misericórdia, antes se ajoelhando ao lado do mesmo para encara-lo nos olhos.

— Você lutou bravamente e nos honraremos sua morte! – Ela tocou a testa do lobo que fechou os olhos.

Em um movimento rápido com suas espadas duplas a mulher cortou a cabeça da criatura, iniciando uma gigantesca poça de sangue. Todos então foram até o corpo do animal, Harry auxiliado por Tom; um por um eles tocaram o sangue da criatura antes de marcar os próprios rostos com o mesmo.

— Parabéns! A todos vocês. – Marcel então veio ao encontro dos pupilos. – A marca do Wolven é um presente poderoso. – Falou ele tocando a fera. – Sinto muito meu amigo... HEVEROF TNUH ECAEP NI DNA WON OG! – O mentor recitou as palavras e em seguida o corpo da fera entrou em combustão, uma combustão dourada que em segundos se desfez, o brilho das chamas enfeitou o ar por alguns momentos.

[Presente]

O grupo continuava lutando incessantemente com a criatura branca, Jade havia lançado o vidro sobre a fera, contudo, Tânia fracassou em acerta-lo então nada de estratégia com fogo após o mesmo quebrar contra o chão.
    A criatura já havia derrubado os membros do grupo algumas vezes com cabeçadas e patadas fortes, quase mordeu Samuel, mas, na hora H Andromeda impediu-o ao realizar um preciso corte no maxilar do lobo.

— Ele precisa parar! – Sofia falou com o grupo, a ruiva já havia disparado inúmeras facas contra a criatura, mas, parecia que após a flecha sonora o lobo só ficava mais incontrolável e agressivo nos ataques. – E estou quase sem facas!

— Vamos ter que quebrar as pernas dele. – Jade decidiu. – TÂNIA ACERTE UMA BOLEADEIRA NELE! Samuel joga o martelo nos joelhos depois que ele esquivar dos Chakrams e Andromeda aguarde para furar o peito dele!

O grupo obedeceu aos comandos da castanha, assumindo novas posições e aguardando o sinal da mesma, Jade lançou três dos quatro chakrams em direção ao lobo, forçando-o a se jogar na direção da flecha boleadeira de Tânia, logo, suas pernas dianteiras estavam inutilizadas.
   Samuel jogou ambos os seus martelos contra os joelhos traseiros da criatura, ambos quebraram com o ataque, gerando faturas expostas. A fera finalmente caiu, mas ainda estava tentando morde-los e libertar as pernas amarradas.
    Jade e Sofia foram até o mesmo e cortaram os tendões das pernas dele, impossibilitando o movimento.

— Desculpa grandão! – Samuel falou abaixando-se no nível dos olhos da fera que já sentia a derrota. – Será uma morte honrada! – Dito isso ele olhou para Andromeda que estava próxima ao peito da fera e acenou com sua cabeça.

A morena então perfurou o peito da criatura com o Bidente, ceifando sua vida. Uma pequena poça de sangue começou a de formar do buraco no peito da fera.

— Impressionante! – Sadjenza admitiu se aproximando, trazia consigo um pincel e uma cuia. – Gostei de como se viraram após perderem o plano A. – Ela então coletou o sangue da fera na cuia. – Enfileirem-se!

Os jovens obedeceram a mentora, lado a lado todos em silencio aguardavam pelo rito. Sadjenza começou a desenhar a marca do Wolven nos rostos dos pupilos presentes, um a um com o sangue da besta, logo, todos estavam om os rostos pintados.

— Vocês agora são mata-lobos! Caçadores de verdade quase. – falou a mais velha antes de inclinar-se sobre o lobo. - HEVEROF TNUH ECAEP NI DNA WON OG! — E assim como ela havia visto décadas atrás, o corpo da besta se desfez em chamas douradas e depois se esvaiu no ar. A mentora estava imensamente orgulhosa de todos os seus pupilos, agora eles estavam prontos para maiores desafios, infelizmente, ela também sabia que isso era uma via de mão dupla. “Se eu sei que estão prontos, logo outros também irão.”