Sons of Hunt escrita por Scar Lynus


Capítulo 17
Capitulo 17


Notas iniciais do capítulo

Capitulo focado em um personagem ai.
fora isso sem muito a declarar



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[Mansão Norte 24 anos atrás]

 

 

Sadjenza estava sentada na sala da mansão assistindo um filme de terror tosco atrás do outro, uma tigela enorme no colo e as penas sobre o sofá, na tigela haviam inúmeras frutas misturadas a cascas e ela não conseguia parar de comer no momento, desejos de gravida realmente eram fortes. A barriga ainda estava pequena, mas, já apresentava sinais de crescimento.
   Tom mais uma vez naquele mês tinha feito um envio de itens que pudesse precisar e como já estava virando costume, ele entrou na mansão sem nem anunciar que vinha, ficando parado na entrada da sala “assistindo” Sadjenza comer.

 

— Vai falar alguma coisa? – Questionou ela.

 

— Eu comprei um conjunto de mobília de quarto pro bebê. – Falou ele se aproximando e sentando no chão. – Eu quero vir montar.

 

— Tom... – Sadjenza proferiu no tom arisco que mantinha quando ele vinha para falar disso.

 

— Sad isso é injusto. Tanto comigo quanto com Harry! – Reclamou o moreno olhando-a nos olhos. – Ele sente sua falta... E ele também me contou o motivo da briga de vocês.

 

— Achei que não estavam se falando.

 

— Ele não estava falando comigo. Tem uma diferença. – Explicou. – Mas, esse não é o ponto aqui. O ponto é que ele ficou bravo quando eu te dei a Mansão Norte. Nas palavras do próprio Harry Peterson; “Se você tivesse negado o pedido do guardião a Sad ainda estaria aqui comigo”.

 

— Se ele te contou o motivo da nossa briga você sabe exatamente que apenas morar juntos não iria resolver tudo. – Falou ela desinteressada em continuar o assunto.

 

— Sad eu não quero ficar dando voltas na conversa! – Ele falou e tocou a barriga dela. – Essa criança precisa de um pai. E independentemente de estarmos juntos ou não, eu planejo fazer parte da vida dele.

 

— Eu já disse que não sei qual de vocês é o pai! – Respondeu ela impaciente tirando a mão dele de sua barriga. – E essa criança é minha! É meu bebe! Quando um de vocês carregar ele dentro de vocês aí podem decidir algo.

 

— Você estará sendo injusta com a criança! – Pontuou ele. – Sad eu também tenho o direito de saber se ele é meu, assim como o Harry!

 

— Quando fora hora ele vai saber quem é o pai dele! Até lá você vai manter sua promessa e não contar nada ao Harry. – Ela o lembrou do que o fizera prometer.

 

— E quando será essa hora? – Ele perguntou sem muito animo.

 

— Quando for a hora certa nós três, eu, você e o Harry estaremos juntos. – Sadjenza encerrou a conversa.

 

 

 

[Mansão – Presente]

 

 

 

— Vocês esconderam isso de mim todo esse tempo? – Harry questionou incrédulo os outros dois.

 

— Não. – Tom foi quem respondeu. – Eu sempre pedi pra ela te contar para todos resolvermos isso, mas, ela me fez prometer não te falar nada e também não me queria envolvido com o garoto até que fosse a “hora certa”.

 

— Não era fácil pra mim okay! – Sadjenza se dirigiu a ambos. – Você não queria ter um filho comigo Harry! E Tom o que eu fiz com você foi um ato totalmente egoísta para satisfazer o meu desejo próprio em ser mãe! – Ela não gostava de ficar lembrando do passado.

 

— Sad você poderia ter me contado. – Harry falou deixando o documento na mesa evidentemente irritado.

 

— Se eu tivesse contado. Você pode me garantir que não teria sugerido nenhuma vez a ideia de entregar ele para adoção? – Harry fez menção de responde-la, mas desistiu sem falar nada. – Eu imaginei que essa seria a resposta mesmo.

 

— Mas agora a merda já foi jogada no ventilador. – Tom se pronunciou. – Você fez algum teste secreto nesse tempo ou vamos fazer ele essa semana? – Ele estava sendo bem direto.

 

— Vamos fazer o teste, mas, sem o conhecimento do Zack! – Falou ela se levantando e deixando ambos na sala. - Boa noite! - Falou já fora.

 

Um silencio constrangedor ficou no ambiente enquanto ambos os caçadores permaneciam de braços cruzados e com feições serias. Não havia muito o que ser dito entre os antigos rivais aposentados da batalha, mas, ainda sim alguém precisava falar.

 

— Me desculpa. – Tom proferiu as palavras com pesar para Harry.

 

— Pelo que exatamente? Dormir com a Sad? Esconder junto dela a existência de um filho que possivelmente é meu? Dar pra ela uma mansão? – Harry estava pensando no que mais podia pontuar.

 

— Acho que por tudo isso. – Falou Tom. – Ela nunca vai me amar como te ama, eu nunca faria isso para atingir você... Eu só fui fraco, não acho que ela me usou de ferramenta como ela disse, mas, ainda sim eu queria te contar, eu sempre quis te contar!

 

— Mas não podia quebrar a promessa com ela. – Harry estava bem ciente do poder da palavra de um caçador para o outro. – Que bela família nós somos...

 

— Nós somos uma família normal, toda família tem problemas. O fato de lutarmos com monstros no passado não nos exclui desse fato.

 

— Nisso você está certo. – Harry concordou com o outro. – Mas, isso é um choque, talvez uma das coisas mais inesperadas de todas. – Harry levou a mão boa até a testa.

 

— Imagino. Até cinco minutos éramos apenas três caçadores “aposentados” e agora estamos quase no enredo de uma novela mexicana. – Tom brincou antes de colocar a mão no ombro de Harry. – Eu não planejo ficar entre vocês Harry.

 

— Não é porque estou invalido no momento que não posso te dar uma surra! – Dito isso ele ergueu a bengala para o outro. Ambos riram do momento antes de voltarem a suas posturas serias. – Você quer que ele seja seu, não é? – Harry perguntou sem olhar para o outro.

 

— Claro que eu quero. Eu escrevi inúmeras cartas que duvido que a Sad tenha deixado ele ver, eu quero conhecer ele como pai e não como mentor, mas, acho que o que eu mais queria era que ele soubesse disso. – Tom tinha um pesar enorme na voz ao falar desse assunto, até o mais desatento iria perceber o quanto isso o afetava pessoalmente. – Quero que ele saiba que o pai dele sempre quis ser parte da vida dele... Quero me aproximar dele porque me sinto conectado a esse garoto.

 

— Devo sair e deixar você com seus sonhos?

 

— Muito engraçado! – Tom riu brevemente antes de se virar pra ele. – O que vai fazer se ele for seu?

 

— Vou falar a verdade. – Harry falou despreocupado. – Sou tão vitima quanto ele nessa história.

 

— Tecnicamente você não está errado. – Tom falou se levantando. – Te coloco na cama ou você ainda se aguenta em pé?

 

— Ta querendo realmente apanhar de um invalido né! – Harry falou se levantando. – Boa noite. – Harry foi direto para o seu quarto depois da conversa, foi tanta coisa para absorver... – “Se eu for o pai dele, como ele vai reagir”? – Harry remoeu esse pensamento antes de ir para o mundo dos sonhos.

 

 

 

[Mansão – Manhã seguinte]

 

 

 

Todos os novos caçadores já estavam reunidos as sete em ponto na ala de treino, esperando que Tom viesse logo, fazia um tempinho que não aprendiam nada novo.

 

— Ele sabe que esse é o nosso horário de treino? – Andromeda questionou o grupo.

 

— Deveria saber já que veio aqui especificamente pra isso. – Jade respondeu deitando de costas no chão. – Pelo menos alguém achou alguma coisa pra fazer enquanto espera. – Falou ela se referindo ao trio masculino que se enfrentavam simultaneamente sem as armas.

 

— Mas isso não tem muita serventia além de matar tempo. – Respondeu a morena.

 

— Alguns minutos de atraso e já estão falando mal de mim? – Tom entrou na sala totalmente disposto e encarando a diferença entre uniformes de treino e as roupas mínimas dos predadores. – No meu tempo todo mundo usava traje. – comentou sem respostas.

 

— Eai o que vai nos ensinar a matar? – Tânia perguntou, todos se alinharam em frente a ele.

 

— Bom eu vou tentar ensinar vocês a se defenderem de forma decente! E pra constar eu não luto mais! – Respondeu ele recebendo olhares confusos em resposta. – Vocês vão entender.

 

— Como? – Max perguntou.

 

— Simples. Quem é o melhor combatente?

 

— Eu obviamente. – Zack falou se aproximando do mais velho. Max revirou os olhos.

 

— Ninguém aí atrás vai contestar? – Tom questionou e a maior parte deu de ombros.

 

— Ao menos do nosso grupo é ele. – Jade respondeu e olhou para o quarteto.

 

— Bom se vocês estão prontos para ver ele perder uma luta, por mim okay! – Tom falou e os mandou saírem da arena. – Vai passar vergonha hein.

 

— Ou não. – Zack respondeu entrando em posição de combate. – Como vai ganhar se você não vai lutar comigo?

 

— A primeira lição do dia garoto! Nunca subestime seu oponente. – Tom falou continuando com sua postura relaxada diante da aproximação do mais jovem.

 

...

 

— E é assim que se derrota alguém que jura ter a luta ganha. – Tom respondeu após a quinta queda de Zack. – Vai levantar de novo?

 

O mais jovem não respondeu, apenas se levantou com seus olhos verdes brilhando mais forte. Zack investiu contra Tom em alta velocidade, tentando em vão atingi-lo com suas garras ou chutes, para cada movimento do mais novo o mentor se movia a menor quantidade possível, apenas o suficiente para não ser atingido.
   Zack mudava de tática e padrões conforme analisava o mais velho em busca de falhas ou alguma fraqueza a ser explorada, mas, Tom não estava cooperando e como em uma dança sincronizada, seus movimentos estavam perfeitamente coordenados para o objetivo final quando Zack tentou uma investida total, Tom se esquivou graciosamente do ultimo golpe, guiando o mais jovem a tropeçar em sua perna indo novamente de cara no chão.

 

— O candidato a líder dos caçadores. – Falou ele como se apresentasse o caído Zack a uma plateia. – O loiro alto vem agora certo? – Tom perguntou para Max que ainda estava encarando o derrotado Zack.

 

— Eu? – questionou ele.

 

— Claro. Você é o candidato a líder do Harry! Ou eu estou dormindo? – Tom perguntou retoricamente sinalizando para o garoto vir ao centro.

 

— Sou, mas...

 

— Você vem pra essa arena agora! – Zack falou ainda no chão. – Se não enfrentar ele, vai ter que desistir de ser líder!

 

— Gostei disso! – Tom comentou. – Eai loirinho?

 

...

 

— Senhoras e senhores os dois candidatos mais aptos para liderar vocês! – Tom havia “derrubado” Max em cima de Zack propositalmente após seis quedas. – Quais foram os erros deles?

 

— Subestimaram o inimigo. – Tânia respondeu o obvio sobre a primeira luta.

 

— Também, mas está errado. – Falou o mentor.

 

— Hesitação demais. – Samuel falou sobre Max.

 

— Não está certo e nem errado.

 

— Eles te atacaram sozinhos. – Jade falou.

 

— Na mosca. – Tom falou olhando para o grupo. – Caçadores são mais fortes juntos, vocês são as forças uns dos outros e devem a aprender que não existe “eu” em uma equipe.

 

— Você perguntou quem era o melhor combatente. – Zack disse se levantando e estendendo a mão para o loiro no chão. – Isso foi bem sugestivo para um mano a mano.

 

— Eu disse que você deveria lutar sozinho?

 

— Não exatamente, mas... – Zack tentava contornar a situação.

 

— Mas nada! Eu disse “você deve lutar sozinho”. Especificamente?

 

— Não. – Max respondeu ficando ao lado de Zack.

 

— Lembrem dessa lição de hoje. Alguém analisou minha técnica? No que ela consistia? – Tom questionou os espectadores.

 

— Você não atacou e deixou que a própria força deles os derrotassem diversas vezes. – Andromeda respondeu.

 

— Correto. Tem um bom olho garota!

 

— Você usou o ambiente a seu favor. – Sofia completou.

 

— Também está certa. – Tom elogiou e encarou a dupla de derrotados. – Tem certeza que não querem deixar as garotas liderarem? Provavelmente vão voltar vivos de mais missões.

 

— Já venceu a gente! – Zack reclamou. – A derrota não significa que não aprendemos.

 

— É o que espero, afinal essa foi uma aula para ensinar ambos a lutarem com a cabeça primeiro. – Tom explicou. – Alguém mais tem perguntas?

 

— O que significa Legionário de Jotunhein? – Samuel questionou. – No livro dos caçadores esse é um dos seus títulos, mas não tem história sobre como recebeu ele.

 

— Esse é um capitulo bem violento da minha história e que por hora não tenho necessidade de abordar. – Tom falou rapidamente. – Estão dispensados. Os jovens foram saindo em fila após o comunicado. – Max e Zack ficam.

 

— O que foi agora? – Max perguntou se aproximando. – Vamos ser punidos? Nós já aprendemos.

 

— Quem falou em punição rapaz? – Tom pegou uma bolsa e duas seringas. – Preciso coletar o sangue de vocês dois.

 

— Pra que? – A dupla estranhou.

 

— Eu sou amigo de alguns gigantes e vou apresentar o sangue de vocês como uma forma de aliança e respeito. Harry e eu fizemos o mesmo no passado.

 

Tom coletou o sangue da dupla com a maior delicadeza que era possível para um homem do seu porte. Mãos pesadas não eram exatamente o que se espera quando alguém vai tirar seu sangue. Após isso a dupla se retirou e Tom foi para o escritório onde deixou a amostra do sangue de Zack com Sadjenza.

 

— Fácil assim? – Ela perguntou com a ampola em mãos.

 

— Precisei disfarçar tirando uma do Max também. Não foi legal mentir para eles, mas, é um mal necessário. – Ele se sentou massageando o ombro. – Estou enferrujado, eles me deram uma canseira. São ambos bem treinados em seus estilos e se trabalhassem juntos...

 

— Assim como toda dupla que disputa a liderança! – Sadjenza respondeu. – Vocês sempre trabalham imbativelmente juntos, contudo, se recusam a fazer isso.

 

— Não tenho nenhuma resposta que pareça certa para isso. – Respondeu ele desistindo antes de alguma discussão se iniciar.

 

 

 

[Mansão – tarde]

 

 

 

— Alicate. – Pediu o moreno para a criança. Senna voltou em poucos segundos com a ferramenta em mãos. – Obrigado.

 

— De nada. – A garota estava sentada em um pequeno banco auxiliando Zack com o pequeno conserto.

 

— Eai o que você acha de ir à escola? Já tem muitos colegas humanos? – Perguntou ele tentando puxar assunto.

 

— Não muitos. – Confessou. – Mas, estou aprendo rápido a entender os hábitos e jeitos de vocês.

 

— Interessante. – Ele pensou um pouco. – Você consegue entender os sentimentos das pessoas certo? Tipo você é sensível a eles ou algo assim.

 

— Eu tenho uma empatia melhor, então consigo experimentar o sentimento dos outros. - tentou explicar ela para o moreno.

 

— O que você sente quando Sofia e Max estão juntos? – Ele perguntou subitamente a deixando pensativa antes da resposta.

 

— Não sei dizer. As vezes eles estão desconfortáveis um com o outro, ele tem mais “calor” quando estão juntos... – Ela não sabia muito o que dizer. – Eu me afasto das sensações dele.

 

— E por que você precisa fazer isso? – Zack estava bem curioso agora.

 

— Ele sente demais. Culpa, dor, raiva... Ele não gosta de mim. – Falou ela baixando a cabeça.

 

— Besteira todo mundo adora você nessa casa! – Zack tentou conforta-la. – E se ele não gostar é ele que sai perdendo! Vamos voltar para a moto! – Falou ele voltando a mexer com o motor, deixando o outro assunto no passado.

 

— E você anda muito com ela? – Perguntou a mais nova se referindo a moto em que o mais velho estava trabalhando.

 

— Exatamente! – falou ele sorrindo.

 

— Ela é rápida?

 

— Depende do quão atrasado eu estou.

 

— E igual um carro? – Senna ainda tinha dificuldades para entender como certas coisas funcionavam.

 

— Quase. – O mais velho pensou na melhor analogia. – Pense nos cavalos que vocês têm no seu mundo. A moto não voa, mas a sensação que ela te da, a energia... É bom demais.

 

— Fadas não podem montar. – Falou ela cabisbaixa.

 

— Por que não? – Ele parou de trabalhar na moto.

 

— Só Elfos tem cavalos de fogo ou criaturas magicas ao seu dispor. Não podemos sair do anel inferior. – Era evidente a injustiça presente tanto em Midgard quanto com os outros mundos.

 

— Isso é ridículo. – Zack respondeu. – Ainda bem que aqui não é Alfheim! Prometo dar um soco na cara do próximo Elfo que eu ver.

 

— Não. – Respondeu a pequena num tom de repreensão. – Eles não têm culpa de terem nascido superiores a nós.

 

— Senna isso é absurdo. – Era ridículo pensar que o oprimido considera o opressor inocente naquele mundo – Não baixe sua cabeça para ninguém nem mesmo um desses Elfos babacas!. – "Elfos conseguem ser idiotas em quase todas as adaptações deles"... - pensou Zack

 

— Babacas? – Essa era uma palavra desconhecida para ela e provavelmente uma que ele não deveria ter ensinado.

 

— Quer dizer que eles não são legais. – Explicou Zack. – Você não pode ficar usando essa palavra.

 

— Ta bom. – Respondeu a pequena. – Agor...

 

— Senna acho que Tânia está te procurando. – Tom apareceu interrompendo a dupla. – Parecia importante.

 

A pequena encarou Zack que assentiu e ela saiu correndo dali em busca de Tânia. Abandonando a dupla agora em silencio.

 

— Royal Enfield! Eu sou mais uma Harley, mas uma clássica sempre será incomparável. – Tom comentou se sentando no banco que Senna antes ocupava.

 

— Uma Harley era minha primeira opção, mas, no dia de comprar essa...

 

— Ela te conquistou. Eu sei como é, a primeira moto... – O mais velho suspirou. -  Cara que saudades daquela moto, a que tenho hoje é superior, mas, aquela era mágica!

 

— Bom ainda vai demorar pra eu trocar de moto. – Zack bateu no tanque da mesma. – Foi meu presente de dezoito anos.

 

— Eu sei. – Tom se lembrava de falar com Sadjenza na época.

 

 

 

[Cinco anos atrás]

 

 

 

— Eai Sad o que vai ser esse ano? – Tom perguntou animado pelo telefone.

 

— Nada de preferencia Tom. – Sadjenza sabia que Zack adorava os presentes extravagantes que vinham todo ano, mesmo sem saber que eram de Tom.

 

— Sad ele vai fazer dezoito! Geralmente um pai rico daria um carro para o filho. – Explicou ele. – Felizmente eu sou rico e tenho alguns carros antigos que ele provavelmente gostaria...

 

— Ele não gosta muito de dirigir o carro. – Explicou ela. – E eu já disse, você não tem essa obrigação com ele.

 

— Sad eu quero participar de alguma forma. Você ainda não me deixou ir vê-lo! – Reclamou ele do outro lado da linha, em seguida teve um silencio demorado até prosseguir. – Ele não gosta de carro então...

 

— Nem pense nisso! – Sadjenza sabia onde ele iria chegar.

 

— Você pode concordar comigo e levar ele escolher uma, ou, pode explicar pra ele quem pagou uma moto sendo entregue no nome dele aí na sua casa. – Tom falava de dinheiro como se fosse quase infinito. Talvez realmente fosse para o terceiro homem mais rico do País.

 

— Você é um merda manipulador Thomas Leonid! – Falou ela.

 

— É assim que se negocia em situações complicadas. – Brincou. – Ele é moreno e gosta de motos... Quase certeza de que é meu também. – Se ela estivesse vendo-o de perto, poderia ver um sorriso de orelha a orelha cheio de esperança.

 

— Tom. – Sadjenza não gostava de tocar no assunto.

 

— Uma hora ele vai precisar saber..., mas, até lá ainda tem um pouco de chão pelo visto. Leve ele escolher uma moto legal okay! Vou para uma reunião. – Dito isso ele desligou sem tempo para respostas.

 

— Merda! – Proferiu ela levando as mãos as têmporas.

 

 

 

[Presente]

 

 

 

— Você precisa de uma chave inglesa agora? – Tom perguntou estendendo a mesma.

 

— Na verdade uma chave de roda.

 

— Se você está dizendo... – Tom passou a chave de roda para ele e em seguida pegou uma pequena cuba metálica. – Você coloca óleo velho nela?

 

— Sim. Por que? – A frase de Zack terminou com um jato de óleo que teria caído sobre ele caso tom não colocasse a cuba a tempo.

 

— Por isso. Essa moto tem uma pequena peça que você confundiu e abriu. – Zack fez uma careta pronto para dar uma resposta azeda. – Nem pense nisso. Eu já pilotava antes de você usar fraldas. – O mais velho pegou a chave inglesa e arregaçando as mangas trabalhou no ponto certo. – Pronto.

 

— Poderia ter avisado antes de eu fazer merda. – Zack falou se levantando.

 

— Mas aí você não iria aprender nada. "Por que caímos"? – perguntou.

 

— "Pra aprender a nos levantar". – Zack respondeu exatamente o que ele esperava. – Tirou o dia pra me dar lição de moral?

 

— Longe de mim ficar dando lição de moral, mas, pelo menos sei que você assistiu os filmes do Batman! – Tom comemorou.

 

— Todos ótimos exceto o Bat-mamilo... – Zack comentou.

 

— De acordo. - Falou o mais velho.

 

 

 

[Mansão – noite]

 

 

 

Zack estava na ala de treino, focado no circuito completo. Consistindo em resistência, mira, força e combate o circuito projetado por Sadjenza levava os aprendizes a dar o máximo e mais um pouco de si.
Já estava no meio da segunda volta quando foi interrompido por um par de olhos azuis inquisidores em contraste com o cabelo vermelho.

 

— Cadê a Senna? – Sofia perguntou com um rosto de poucos amigos.

 

— Boa noite! – Respondeu ele sem ligar muito e se preparando para correr. – Ela está bem.

 

— Onde bem? – Ela parou a sua frente.

 

— Ela está com Tânia e Samuel! – Explicou.

 

— Fazendo o que? Segurando vela por ai! - Ironizou a garota.

 

— Eles saíram com ela. – Sofia iria falar algo, mas ele não deixou. – Relaxa, eles foram armados, estão com a caminhonete, ele está com o comunicador e a Jade está monitorando! Eles estão seguros.

 

— Achei que você mesmo tinha dito para não sair. – Falou ela lembrando da discussão no primeiro café da manhã na mansão nova.

 

— Eu nunca disse isso. Eu só disse que não era certo saírem sem aviso e deixar a novata junto do mentor que já estava ferido. – Ele explicou. – Questão de bom senso.

 

— Claro! Eu vou ligar pra eles. – Ela iria sair, mas foi impedida pelo Moreno segurando sua mão.

 

— Ela é uma criança. Deixe-a se divertir um pouco. – Reclamou o moreno.

 

— Ela é minha responsabilidade. – Respondeu a ruiva.

 

— Ela é responsabilidade de toda a família. – Sofia estava com o olhar duvidoso. – Eu gosto da Senna, ela é uma criança totalmente amável e se eu não achasse que ela está segura, eu mesmo estaria lá ou teria impedido todos de saírem.

 

— Pode me garantir? – Sofia só não esperava que ele fosse responder seriamente.

 

— Te dou a minha palavra. – Falou ele juntando a palma da mão dela com a dele. – Eu prometo que nada de ruim vai...

 

— Zack você não pode fazer isso comigo! – Reclamou ela da atitude dele puxando a própria mão.

 

— Por que não? Você queria garantias e estou te dando! – Falou ele.

 

 

“Caçadores tem um código especial. Proteger os nove reinos, cuidar da sua família e honrar a sua palavra. Os que negam o chamado perdem seus dons. Os que traem a família ou faltam com a palavra se tornam marcados nos nove mundos e encaram o pesado fardo de ter um exilio da família, não mais podendo se conectar aos outros.”

 

 

 

Eu acredito em você. Não precisa arriscar sua estadia na família.

 

— Imaginei que não iria me querer longe! – Ele sorriu com essa frase presunçosa.

 

— Ou imaginei que você iria passar fome já que não tem renda! – Debochou a ruiva.

 

— Muito engraçado! – ele bateu uma palma. – Vem me ajudar com uma coisa por favor.

 

— Nossa ele sabe pedir. – Mais deboche.

 

— Eu sou um menino educado! – Ele deu de ombros.

 

 

Sofia foi com ele para o circuito, enquanto ele sofria, ela seria responsável pela coordenação de obstáculos. Nem era preciso dizer ou gravar o momento para notar a satisfação da caçadora em dificultar o trajeto dele, fosse com projeteis ou mudando os obstáculos de lugar, chegou até a lançar facas na direção dele em alguns momentos.
Zack se deu por vencido após a quinta volta, caindo de joelhos no chão.

 

 

— Cinco voltas... Nada mal – admitiu ela sentando ao lado dele.

 

— Quero vencer o atual recorde! – Comentou ele.

 

— Quem é o atual campeão ou campeã?

 

— Jade. Sete voltas ininterruptas e com mais de setenta por cento de aproveitamento. – Custava para ele admitir algo assim, ficar em segundo lugar.

 

— Desbancado por uma garota! – Sofia riu. – Como está seu ego?

 

— Ta engraçado hoje né! – Ele passou a testa suada nas costas dela e em resposta levou meia garra de tigre no nariz. – Agressiva! – Falou com a voz anasalada e o nariz sangrando.

 

— Você começou! – Ela não pode deixar de pensar que Tânia deveria estar ali pra ter visto o golpe. – Nojento! – Ressaltou ela sinalizando a própria costa. – Espera aí.

 

— Não ia a lugar nenhum mesmo! – Falou ele enquanto ela corria até a geladeira e voltava com um pano recheado de gelo.

 

— Fique parado e nem pense em aproximar essa testa de mim! – Falou ela sentando-se de frente pra ele apertando o nariz do mesmo que sofreu um leve arrepio em contato com o item gelado.

 

— Vai ser bom ter uma medica aqui com a gente! – Falou ele

 

— Acha que vou passar meu tempo costurando vocês? – Ela apertou o nariz dele mais forte recebendo um grito de protesto.

 

— A gente se machuca muito nesse trabalho! – Ele apontou o próprio corpo. – Acontece...

 

— Vamos ver se todo o treino vale de alguma coisa. – Comentou ela encarando os olhos verdes e brilhantes dele. – Como é enxergar como predador? Tem diferença da visão normal por causa da pupila vertical? – perguntou curiosa.

 

— É como enxergar por um telescópio. – Começou ele. - Você tem que focar a visão no seu objetivo. No inicio é estranho, mas, conforme vamos evoluindo é como se os sentidos conversassem muito mais uns com os outros. A visão é excelente, nossa audição perfeita, o olfato poderoso, o tato sensível e o paladar muito mais apurado. – Ele falava daquilo como se fosse um maravilhoso presente.

 

— Mas teve um preço. – Ela ressaltou.

 

— Parte dos dons de caçador são perdidos ou reduzidos, mas, ainda sim valeu a pena! – Ele se aproximou e tapou os ouvidos dela com as mãos. – O som ficou abafado certo? – Ela assentiu e ele suas mãos dali e puxou as dela para os seus ouvidos.

 

— Abafado? – Perguntou receosa.

 

— Não. Ainda escuto muito bem, nessa posição eu escuto os ventiladores, escuto mosquitos, posso escutar seu coração e sentir sua pulsação também! – falou e chegou mais perto ainda. – Ele está acelerando!

 

— Nossa que habilidade notável de constatar o obvio! – Falou ela sem medo da aproximação dele. Quando ele estava bem próximo ela voltou a compressa no nariz dele. – Lembre de fazer pressão! – Ela se levantou deixando-o sozinho na área de treino e parando a porta. – Vai tomar um banho também!

 

— Entendido. – Respondeu na sala vazia enquanto apertava o nariz.


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Notas finais do capítulo

Eai aceitavel?