Pokémon - Odisséia escrita por Golden Boy


Capítulo 3
No meio do caminho, havia uma ponte


Notas iniciais do capítulo

Meu plano inicial era dividir esse capítulo em dois, mas resolvi deixá-los juntos para não separar as coisas que aconteceram na rota 8 das coisas que aconteceram na ponte Tubeline, já que elas estão interligadas de certa forma. Além disso, acho que um capítulo maior não faz mal. Obrigado a quem chegou aqui, e também pra quem me incentiva a continuar postando isso aqui.



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Treinar Daichi não era tão difícil quanto Will deu a entender. Na rota oito, eles derrotaram alguns Stunfisk e — aparentemente — Daichi havia entendido como se portar numa batalha. Agora, ele estava sempre em movimento e mantinha seus olhos sempre no oponente.

Era um começo, e um bom começo.

A PokéDex mostrava que ele estava no “Nível 10”, seja lá o que isso fosse. Asher perguntou a Will, e ele explicou: havia um sistema de níveis de poder, que ia do 1 ao 100. Quanto maior o nível, mais forte o pokémon. E ele subia de nível batalhando e aprendendo técnicas.

Sabendo disso, Asher se viciou em olhar o nível de Daichi. A cada vitória contra um pokémon selvagem, ele olhava o visor da PokéDex esperançosamente.

Não era como se houvesse muito mais coisas para prestar atenção naquele lugar. Além da ponte na paisagem distante, era só um monte de mato úmido e lama. Haviam alguns treinadores espalhados pelo lugar, mas Asher não quis lutar contra eles. Ele não se sentia preparado, ainda mais porque a maior parte deles deveria ser do nível de Will.

Mais tarde, Asher conheceu o outro pokémon de Will: um Ponyta.

— Como você não se queima? — Asher questionou, ao ver Will acariciar a crina flamejante de seu pokémon.

— Ele controla de alguma forma… — Will deu de ombros. — só queima quem ele quer que queime.

Depois de passar a tarde inteira e o começo de uma noite treinando Daichi, Asher estava cansado. Não tanto quanto seu pokémon, é claro, mas estava cansado.

— Onde a gente vai dormir? — Asher perguntou em voz alta. O sol havia se posto, e não haviam postes ou casas para iluminar o lugar.

— Aqui, ué. — Will olhou ao redor. Parecia uma clareira perfeita para passar a noite. Não tinham poças, e seu Ponyta já tinha lidado com a umidade da grama. — Você não comprou um saco de dormir?

— Eu peguei o do meu irmão… — Asher tirou a mochila das costas. Amarrado em cima dela, estava o saco de dormir. — Só não achei que dormiria ao relento na minha primeira noite. 

 

—O-O-O-

 

— Como você pretende desafiar um líder de ginásio sem uma licença? 

Asher havia contado a história para Will logo antes, omitindo a parte em que ele se trancou no quarto para chorar. Ele não tinha pensado sobre isso. Não era possível desafiar um líder de ginásio sem uma licença oficial para treinar pokémon, isso era óbvio, mas ele tinha certeza que Amin teria pensado nisso.

Se ele não tinha mencionado, haviam duas possibilidades: ou ele tinha falado com Brycen e eles teriam uma batalha não-oficial que lhe renderia uma insígnia somente depois dele pegar a licença, ou toda aquela missão iria acabar no momento em que ele chegasse na porta do ginásio e fosse barrado.

— Eu… não sei. — respondeu, e sua fome desapareceu. Ele deixou o sanduíche repousar longe da boca, e o entregou para Daichi depois que percebeu que não iria mais comer.

Então, resolveu perguntar. Tentou ligar para Amin, mas o celular do irmão estava desligado. Então, enviou uma mensagem: “Eu não posso desafiar o Brycen sem uma licença… posso?”

— Você não deveria pensar tanto nisso. — disse Will. — Se seu irmão é tão inteligente quanto você diz, ele deve ter falado com o Brycen.

— É, acho que sim.

— Então pronto! — Will deu o assunto como encerrado, e Asher aceitou. Parte dele mastigaria o assunto até que Amin o respondesse.

   

—O-O-O-

 

Os pokémon selvagem já haviam se retirado da paisagem, e o Sol havia se posto há algumas horas. Asher e Will montaram acampamento perto da ponte Tubaline.

Eles colocaram seus sacos de dormir um ao lado do outro, e se deitaram. Asher se virou pelo menos três vezes em menos de dez minutos, tentando achar a posição ideal para dormir.

— É a primeira vez que você dorme fora de casa? — perguntou Will.

— Sim… — Asher se virou na direção de Will.

— Logo você se acostuma. E depois da primeira vez, as outras são mais tranquilas. — Will mordeu a bochecha de leve. — Eu lembro da primeira vez que dormi sob as estrelas. Elas me observam desde então.

Asher franziu o cenho.

— Estrelas enxergam?

Will se ajeitou em seu saco de dormir, e deitou de lado para olhar para Asher.

— Claro que enxergam. — continuou. — E também ouvem.

— Sério? — Asher nunca tinha pensado nas estrelas como seres vivos. Ele já ouvira sua avó contando que seus pais eram estrelas, mas nada sobre elas enxergarem ou ouvirem. Ele olhou para o céu, e viu centenas de pontos brilhantes emoldurados pela escuridão.

— É baboseira mística. — Will deu de ombros, sorrindo com o canto da boca. Estava escuro demais para que Asher visse isso, mas ele via a silhueta do rosto de Will, e isso era suficiente. — Não é verdade, mas eu acredito nisso.

Asher sorriu.

— Minha avó adora essas coisas. Ela contava pra mim toda noite as lendas da grande aldeia de Ryumaru e dos descendentes do sangue de dragão. — ele parou. Sentiu a saudade chegando. — Ela costuma dizer que eu e meu irmão somos como Reshiram e Zekrom. Ele é determinado e elétrico, e eu sou supostamente calmo e… acolhedor.

— Essa é uma palavra que eu nunca usaria pra te descrever. — respondeu. — “Calmo”. Você é preocupado demais.  

— Will. — chamou Asher, alguns minutos depois.

— Fala. — Ele já estava com os olhos fechados.

— A gente se conheceu hoje e já estamos viajando juntos. Parece que a gente se conhece há mais tempo. — Asher deixou as palavras saírem. Estava com sono demais para filtrar o que dizia. — Será que alguma baboseira mística explica isso?

— Talvez — Will respondeu, depois de pensar um pouco — a gente já tenha sido amigo em outra vida.

 

—O-O-O-

 

A primeira coisa que Asher fez ao acordar foi checar o celular, mas não havia resposta. Ele pensou em ligar para Amin, mas não queria incomodá-lo. 

— Hoje você vai capturar um pokémon. — Will amarrou o saco de dormir na mochila, e soltou seus pokémon para andar junto com ele. Era uma clareira distante do resto da rota, e não haviam muitos pokémon selvagens.

— Aqui? — Asher tirou os olhos da tela do celular pela primeira vez desde que acordou. Daichi ainda estava dormindo, debaixo da terra. — Só tem Stunfisks por aqui.

— E qual o problema de Stunfisks? — indagou o loiro.

— Nenhum! — Asher levantou os dois braços tentando se inocentar. — Só não acho que um Stunfisk seria uma adição ideal pra minha equipe.

— E qual pokémon seria?

Hmmm… Talvez um Golurk, mas eu acho que um Zoroark seria bom também.

— Que? Você quer que seu segundo pokémon seja um desses?

Asher deu de ombros.

— Por que? 

— Esses são muito raros! 

— E muito fortes também, poxa! 

Will riu da inocência de Asher.

— Um Croagunk ia ser bom — Will olhou para a rota 8, tentando se lembrar onde ele tinha visto um desses. — Ele é do tipo lutador, o que é ótimo pra lutar contra o Brycen. 

— Ué, por que não o Daichi? — Asher tirou Daichi de debaixo da terra, e ele continuou dormindo. — Ele já tá no nível doze…

— Porque o Brycen treina pokémon do tipo gelo. — Will terminou de arrumar a mochila e colocou-a nas costas. — O Daichi teria dupla desvantagem lutando contra ele, por ser tipo dragão e solo. Agora vamos, precisamos achar um pokémon pra você. 

Asher não tinha pensado naquilo. Sua boca formou um pequeno O, e ele olhou para Daichi, que se balançou para tirar a terra do corpo. Ele seria inútil na primeira batalha de ginásio dele, não importa o quanto eles treinassem.

A caminhada que se seguiu pela rota 8 só confirmou o que Asher pensava: eles só encontraram Stunfisks e Palpitoads, nenhum Zoroark ou Golurk. 

Asher queria um pokémon especial. Algo forte, imponente e que fizesse Brycen tremer só de ver.

Daichi decidiu que deveria procurar também, e desceu do ombro de Asher para andar por aí.

E antes que pudesse perceber, ele foi atacado. Era grande, tinha uma textura estranha e deixou um gosto metálico em sua boca.

Em todas as batalhas que ele estivera nas últimas vinte e quatro horas ele nunca havia sentido algo assim. O corpo estranho ficou em cima dele e... o lambeu.

Daichi abriu os olhos e ficou sem reação.

— Isso… é um Mareep? — Asher perguntou, vendo seu pokémon sendo lambido repetidamente pelo pokémon elétrico.

— Parece um. — Will olhou com atenção. 

— Mas esse é rosa. — Asher apontou. Gible aproveitou a pausa na sessão de lambidas para protestar. Ele balançou os braços e grunhiu enquanto ficava de pé e corria desajeitadamente até seu treinador. 

O Mareep parecia determinado em sua missão de lamber Daichi, e não recuou mesmo quando Asher tirou uma pokéball do bolso.

— Será que ele mudou de cor porque comeu muito morango?

— Não acho que seja assim que funciona, Asher… — Will apertou os olhos. — Talvez tenha caído tinta nele.

O Mareep continuou observando a discussão, procurando por uma brecha nas pernas de Asher para avançar.

— Você podia capturar ele. — observou Will, cruzando os braços. — Mareeps não são muito comuns em Unova, ainda mais um rosa.

— O que você acha, Daichi? — Asher olhou para baixo. Daichi estava comendo sua calça sem tirar os olhos do Mareep. — Para com isso! Essa calça é nova! 

Asher levantou a perna para que Daichi soltasse sua calça, e nesse momento o Mareep avançou. Ele derrubou Asher, e esfregou sua cabeça no peito do treinador.

— Acho que ele gostou de vocês dois. — Will tirou o celular do bolso e tirou uma foto da cena. O Mareep em cima de Asher, esfregando a cabeça e os chifres na camisa do garoto, enquanto Daichi olhava de uma distância segura.

— Então eu acho que você vem comigo, né? — Asher encostou a pokéball na testa do Mareep, e o objeto se abriu para absorver o pokémon. O botão central piscou duas vezes em vermelho, e depois parou.

Asher se deitou na grama e olhou para o céu enquanto Daichi se aproximava de volta. 

— Como se sente? — Will perguntou, com as mãos na cintura. 

Asher ergueu a pokéball e sorriu.

— Eu capturei um pokémon. — declarou, sem conseguir conter a própria felicidade. Não era um Golurk, mas Mareeps também evoluíam e podiam ficar fortes. E ele não teria desvantagem contra Brycen. Mas o melhor de tudo, era que esse pokémon era especial. 

 

—O-O-O-

 

Quando voltaram para a clareira para o almoço, Asher liberou o Mareep. Daichi se manteve atrás de seu treinador, e o Mareep rosa ficou sentado observando os movimentos da dupla. 

— A PokéDex disse que é fêmea, Daichi. — Asher colocou as mãos na cintura e olhou para seu Gible. — Que nome você acha que ela deveria ter?

Gib, Gible — o pokémon deu de ombros.

— Ela precisa de um apelido. — Asher segurou o queixo para pensar. — Lola? 

Mareeeeeep — baliu o pokémon rosa, negando com a cabeça.

— Tá, então… Roxy? 

— Não! Isso é nome de pokémon do tipo veneno. — Will surgiu no meio das árvores, fechando seu zíper. — Que tal Sophie?

— Soa bem. O que você acha? — Asher olhou para a Mareep, que baliu feliz e correu para esfregar o corpo nas pernas de seu novo treinador. 

— Agora precisamos ir andando. Se demorarmos muito, vai escurecer antes de chegarmos em Icirrus.

 

—O-O-O-

 

A ponte Tubeline era longa, mas o problema não era esse: a ponte passa por cima de um desfiladeiro gigante, e isso era um problema para Asher.

— E se esse troço cair? — perguntou para Will.

— Não vai cair. — respondeu o outro garoto, bufando. Essa era a sétima vez que Asher perguntava aquilo. — Eu prometo. — E essa era a sétima vez que ele prometia que não ia cair.

Seria errado dizer que eles não haviam feito nenhum progresso desde a hora que chegaram ali, porque eles fizeram. Quando Asher viu o desfiladeiro, paralisou por trinta segundos inteiros. Agora ele já estava falando, e tinha até dado uns passos na superfície de metal antes de pular de volta para a terra firme.

— Milhares de pessoas passam por essa ponte todo ano. — Will começou.

— Mas ela pode quebrar. — Asher falou, entregando uma pedra para Gible mastigar. — Coisas quebram.

Will resolveu que deveria mudar sua estratégia.

— Você não quer derrotar o Brycen? 

— Claro que quero! — falou, e Daichi concordou.

— Então tem que passar por essa ponte.

E assim, Asher respirou fundo.

— Ela não vai cair mesmo?

— Zero chance. — Will sorriu.

 

—O-O-O-

 

Asher andou olhando para cima e segurando no braço de Will. Daichi foi em seu ombro, sentindo o vento gelado que soprava contra eles.

— Estamos chegando no final?

— Acabamos de chegar na metade. — respondeu Will. Ele não se incomodava de ajudar Asher. Era para isso que tinha vindo, de certa forma. — Você tem certeza que não quer olhar pra frente? A vista é bonita.

Asher olhou para frente, depois de algum esforço. Se a ponte fosse cair, afinal, cairia com ele olhando ou não. Ele ficou zonzo quando olhou por entre as frestas do metal que compunha o chão, e por isso se manteve olhando para frente. Respirando fundo.

E ele percebeu logo que havia uma outra pessoa na ponte. Quando se aproximaram, Asher percebeu que era uma mulher. Ela estava de costas para o corrimão, vestida de vermelho e segurando um cigarro entre os dedos. Ela percebeu os dois garotos, e riu.

Will começou a andar mais rápido, e colocou a mão nas costas de Asher para que ele acelerasse também. A mulher loira estava do lado direito da ponte, assim como Will.

— Que bonitinho. — disse a mulher. — Treinadores novatos. Num lugar tão longe. — ela deu um trago no cigarro e sorriu para o mais baixo.

— Eu não sou um novato. — argumentou Will. — Já tenho duas insígnias.

A mulher ergueu uma sobrancelha.

— E o outro? — Ela olhou para Asher, que tentava entender a situação. Seu coração batia forte, embora ele não soubesse bem o porquê.

— Eu te desafio para uma batalha. — Will deu um passo à frente, e pegou a pokébola de seu Lairon. A mulher passou a língua nos lábios.

— Não tenho nenhum interesse em você. — afirmou. — Quero lutar com o seu irmãozinho. Esmagar os sonhos de um novato não tem preço. 

— Vai ter que passar por cima de mim e dos meus pokémon primeiro. — Will apertou os olhos e projetou sua voz. As roupas do garoto tremulavam com o vento. 

— Você tem coragem. — A mulher soltou uma pokébola no ar e liberou um Garchomp. O pokémon do tipo dragão rosnou, e Daichi estremeceu. Ele era a última evolução de Gible.

Daichi olhou para o pokémon dragão com estrelas nos olhos, e Asher também. Quando o treinador ia dar um passo a frente para cumprimentar o Garchomp, Will o interrompeu.

— Asher — Will se virou para o amigo, e colocou uma mão em seu antebraço — você consegue ir até o final da ponte sem mim? 

— Por que ele não fica e assiste? — A mulher sorriu com malícia. Seu Garchomp deu um passo à frente. Os dentes afiados do pokémon brilharam com o sol. Suas escamas eram velhas e manchadas, e ele tinha cicatrizes por toda a cabeça.

Ela era realmente uma treinadora veterana.

— Eu… — Asher parou de falar. Will estava olhando para ele com muita seriedade. Sua boca era uma linha reta, e ele não piscou em momento algum.

— Me espera lá. Estou logo atrás de você. Só vou lidar com isso antes. — Sua boca sorriu no final da frase, mas o resto de seu rosto permaneceu parado. Então, ele pegou a pokébola de Lairon  e esperou até que Asher estivesse longe para liberá-lo.

   

Foi um massacre.

 

—O-O-O-

 

Asher ouviu os barulhos da batalha de longe. Ele pensou várias vezes em ir até lá ver como Will estava, mas decidiu que não iria. Havia uma névoa fina no ar, presente desde a rota oito, que agora se espessava à medida que o dia seguia seu curso. Essa névoa impedia que Asher visse a batalha de tão longe.

E quando ele se cansou de esperar, ouviu passos no metal.

Will chegou com um braço machucado. Um filete de sangue escorria por toda a extensão, e ele estava arfando.

— Will! — Asher correu para o limite entre a ponte e a terra firme, e esperou até que ele se aproximasse. — O que aconteceu?

— Tá tudo bem. O Garchomp dela era bem mais experiente. Acontece.

— Do que você tá falando? Você tá sangrando! 

— O Garchomp jogou o Lairon em cima de mim. Eu consegui desviar, mas meu braço ficou preso embaixo dele por um tempo.

— Você precisa de um médico!

— Talvez. — Ele olhou por cima do ombro para ter certeza de que a mulher havia ido na outra direção. — Mas tá tudo bem. O Lairon ainda está inteiro, e você não se machucou.

Will se sentou com as costas apoiadas na estrutura da ponte de ferro, e Asher continuava boquiaberto.

— O que foi isso?

— Uma treinadora. — Will limpou o sangue com um pano que carregava na mochila. — Em geral, não gostam de novatos. Fazem de tudo para esmagar os sonhos deles usando a lei de contato visual.

— Lei do quê? — Asher não conseguia se acalmar. Como uma batalha pokémon havia terminado com um treinador sangrando? Nas batalhas que ele via na TV, e também nas que ele participou contra pokémon selvagens, os únicos machucados eram os pokémon. E mesmo assim, eles mal chegavam a sangrar.

— Lei do contato visual. — Will lançou um olhar pretensioso. — Você não sabe nem o que é isso? Quando o olhar de dois treinadores se encontram, eles devem batalhar.

— Isso é uma lei?

— É mais complicado que isso, mas sim. Sua licença pode ser revogada se você se negar a batalhar. Os treinadores experientes usam isso o tempo todo para machucar pokémon de novatos. — Ele terminou de limpar o corte, e guardou o pano e o álcool na mochila. 

— Ela… 

— Ia te desafiar. — Will diminuiu o volume de sua voz antes de continuar. — Ela teve piedade do Lairon. Tudo pode acontecer numa batalha, Asher. Ainda mais uma no meio do nada. Se fosse o Daichi…

O estômago de Asher revirou. Will havia o salvado. Ele sentiu vontade de chorar.

— O Lairon tá bem mesmo?

— A armadura dele é forte. Ele não se machuca com facilidade. No máximo alguns arranhões. Eu perdi porque o Lairon não conseguiu ficar de pé depois de cair de costas no meu braço. Eu o retornei para a pokéball antes que o Garchomp atacasse de novo.

— Por que ela iria querer matar um pokémon?

Will olhou nos olhos de Asher e engoliu em seco.

— Menos concorrência. Eu sou um treinador com duas insígnias, mas daqui a seis meses posso ter oito. E aí eu teria a chance de lutar contra a Elite Quatro. Matando meu pokémon, ela me atrasa ou até destrói minha vontade de continuar treinando. — Will bufou. — É um mundo cruel.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo termina com um questionamento. Como ficam os sonhos de Asher depois disso? Se numa viagem curta entre duas cidades ele teve que lidar com algo assim, será que vale a pena fazer uma jornada por toda Unova? Quantos treinadores como essa mulher ele encontraria?
Como ele lida com isso? Treina para se tornar mais forte do que todos eles, ou desiste? Ele pode confiar em treinadores no futuro?



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