Pokémon - Odisséia escrita por Golden Boy


Capítulo 11
Peso nos ombros


Notas iniciais do capítulo

Levei meses, mas terminei esse maldito capítulo. Obrigado pra quem ainda tá aqui.
Devo fazer uma pequena explicação sobre o tipo Dark nessa fanfic: ele não é imune a Psychic. Porque eu odeio essa imunidade. E tem sido assim em todas as minhas fanfics, então vou manter essa mudança aqui também.

Espero que gostem. É um pouco maior que os outros.



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Asher abriu os olhos e sua bochecha ainda ardia. Havia um curativo nela, que restringia um pouco os movimentos do lado direito de seu rosto. Ele se sentou no sofá preto, tentando se lembrar do que havia acontecido, e só depois de alguns segundos ele percebeu que não estava sozinho.

— Não achei que fosse acordar tão cedo. — disse um homem de cabelo longo e amarelado. Ele usava um monóculo vermelho, e estava sentado atrás de uma mesa cheia de papéis. 

O homem se levantou e foi até Asher, que se retraiu no sofá. Como era de costume, ele mergulhou a mão no bolso para pegar uma pokébola, mas não encontrou nenhuma.

— Não se preocupe. Seus pokémon estão seguros. Peço perdão pela violência de meus subordinados. 

— Quem é você? — Asher perguntou. Aquele homem o lembrava de N. A mesma expressão semi-maníaca, as roupas estranhas...

Ghetsis parou e forçou um sorriso.

— Eu sou Ghetsis, o líder da Plasma. — O homem se ajoelhou com uma perna, e beijou o dorso da mão de Asher. — E você é meu convidado de honra. 

Asher puxou a mão para perto do corpo e ficou de pé. Sentiu a Orbe Branca dentro de si, mas não a trouxe para a superfície. Se trouxesse, conseguiria se comunicar com Daichi e encontrá-lo.

— Não somos inimigos, Asher.

— Por favor, me deixe ir. Por favor. Meu irmão está me esperando.

— Claro — ele tentou parecer agradável. — você é livre para ir quando quiser, mas… se você ficar e me ouvir, eu lhe darei um presente. Que tal?

— Onde estão meus pokémon? — Asher não queria presentes. Ele queria seus pokémon, e sua liberdade.

O semblante de Ghetsis mudou. Sua cara se fechou numa expressão sombria, e ele pegou uma pokébola de sua roupa. 

— Aqui está seu Pawniard. Venha comigo e eu lhe entregarei os outros. — Ele se manteve sério. Suas rugas faziam seu rosto parecer ainda mais assustador.

Asher pegou a pokébola de Percy no ar, e ele se sentiu um pouco mais seguro depois disso. As paredes daquele escritório onde eles estavam eram brancas e uma janela com persianas ao lado da porta dava visão para o corredor. Asher olhou para lá, e viu homens da Plasma passando de um lado para o outro. Por algum motivo, ele sentiu que não estava num prédio normal. Parecia… subterrâneo. E quando ele perguntou a Ghetsis, sua suspeita foi confirmada. Eles estavam embaixo do ginásio de Opelucid.

—O-O-O-

Eles seguiram pelo corredor e passaram na frente da galeria onde ficava a Dream-Machine. Alguns cientistas a rodeavam e monitoravam os sinais emitidos e recebidos.

Ghetsis fez questão de levar Asher até a máquina, mas eles não entraram na sala. 

Quando estavam longe o suficiente para que o barulho daquela tecnologia não atrapalhasse a conversa, Ghetsis explicou o propósito dela.

— Essa tecnologia é o que está mantendo todos os cidadãos de Opelucid dormindo. Um sono profundo e indolor.

Asher se perguntou por um instante se aquilo era uma piada. Quando percebeu que Ghetsis estava falando sério, ficou nauseado. 

— Por que você está me falando isso?

— Eu quero que você tenha as respostas para suas perguntas e tome uma decisão baseada nelas. Eu não sou "do mal", Asher. Quero que você confie em mim.

— Eu só quero… ser um treinador. Lutar em ginásios e conseguir insígnias. Não quero esse poder. Não quero ter nada a ver com você. Desculpe.

Ghetsis continuou andando, e falou sem olhar na direção do jovem treinador.

— Você já sabe sobre a Orbe Branca. Você já presenciou seu próprio poder. Você sabe que Reshiram, um dos pokémon lendários de Unova, reside dentro de você. Enquanto você tiver esse poder, você não tem o direito de viver uma vida normal. Desculpe.

Asher sentiu um milhão de agulhas perfurarem seu coração. Isso não era justo.

— Meu irmão disse que ia tornar Unova segura. — Foi tudo que ele conseguiu dizer. Ele sabia que não era uma boa resposta, e ele se sentiu infantil por dizer aquilo.

Ghetsis ficou quieto pelo resto do caminho até o laboratório 3. Asher percebeu que todos os homens uniformizados da Plasma paravam quando ele se aproximava. Ele era, realmente, um homem poderoso.

—O-O-O-

Athena levou tempo demais para entender o que estava acontecendo em Opelucid. Os moradores da cidade estavam todos dormindo, e isso não podia ser uma coincidência. Os membros da Plasma saqueando lojas e pichando muros com frases sobre liberdade e revolução eram um a um derrotados pela treinadora e sua Gothitelle.

Ela se perguntou porque ninguém mais estava ali. Nenhum treinador chegou em Opelucid naquela manhã além de ela e Asher? Quais eram as chances disso acontecer?

Então, ela se focou na tarefa de descobrir a origem do que estava fazendo-os dormir. Com uma pesquisa rápida, ela descobriu que apenas sete técnicas pokémon poderiam estar sendo usadas.

— Hoje não é seu dia de sorte. — disse um membro da Plasma com uma voz rouca. Ele saiu de uma floricultura com uma pokébola na mão. Athena nem mesmo ergueu os olhos para vê-lo, e continuou pesquisando sobre a efetividade de técnicas que causam sono. Yawn, Spore, Sleep Powder, Sing, Hypnosis, Lovely Kiss e Relic Song.

— Ela tá muito desarrumada pra ser uma treinadora, não acha? — Apontou um segundo membro da Plasma. Gothitelle respirou fundo para não agir antes que sua treinadora comandasse.

— Eu estou ocupada. — disse Athena. Não podia ser Spore nem Sleep Powder, porque as partículas continuariam no ar e fariam ela dormir também. Teria que ser algo pontual que colocasse todos para dormir, e depois parasse. Lovely Kiss só funcionaria em um alvo por vez, e…

— Liepard, Knock Off. — disse o primeiro. Seu Liepard estava lambendo as patas, mas não tardou a atacar. Ele era rápido, mas Gothitelle estava preparada. Quando o pokémon pantera tentou acertar o celular de Athena, Gothitelle usou sua telecinese para empurrá-lo. 

O Liepard voou alguns metros antes de cair de pé, e Athena finalmente tirou os olhos da tela para se concentrar na batalha que começava.

O segundo membro da Plasma mandou um Vullaby.

— Pegou esse no depósito? 

— Aham. Tá com o Evo-P aí? — pediu o segundo, e o primeiro assentiu antes de pegar um dispositivo oval em seu bolso. Ele apontou o dispositivo para o Vullaby, e apertou o botão.

Em menos de seis segundos, o Vullaby evoluiu para um Mandibuzz.

— O que…? — Athena franziu o cenho e deu um passo para frente. Ela já tinha lido sobre ondas de rádio forçando a evolução de Magikarps em Johto, mas tudo indicava que aquela tecnologia havia sido destruída com a apreensão da Team Rocket. E além disso, aquele era um dispositivo portátil… a Plasma estava com tantos recursos assim? 

— Gostou, morena? Os nossos pokémon podem evoluir quando a gente quiser! Preparada pra fugir? 

Athena cutucou a parte interna da bochecha com a língua.

— Gothitelle, não use muita força no Mandibuzz. — pediu Athena. Então, ela se virou para seus oponentes. — Vocês sabem o que fez todos da cidade dormirem? 

O primeiro assentiu com as sobrancelhas arqueadas, como se fosse óbvio. 

Ao saber disso, Athena sorriu. 

— E o que é? 

— Sand Attack! — respondeu o primeiro. Ele jogou a mecha ruiva pro lado, e estalou as falanges dos dedos enquanto seu Liepard jogava areia na direção de Gothitelle.

— Mandibuzz, Gust!

O vento forte causado pelo bater de asas de Mandibuzz fez com que a areia levantada por Liepard chegasse mais longe ainda. Athena limpou os olhos com a manga, e cuspiu um pouco de areia.

— Não vai falar mesmo? Pois bem. Gothitelle, Psychic. 

Athena deu um passo à frente, e deixou que sua pokémon lidasse com o Liepard. A energia psíquica forçou o pokémon roxo para baixo, e depois para trás. Ele se chocou contra um poste, e caiu desmaiado. 

— Um único golpe? — O ruivo retornou seu Liepard, e se apressou para pegar outra pokébola. 

— Derrube-a, Mandibuzz! Peck! — disse o segundo membro da Plasma. Seu Mandibuzz avançou na direção de Athena com seu bico brilhando, pronto para acertar seu rosto. Gothitelle agiu mais rápido, e seu Protect foi mais do que suficiente para impedir o golpe.

— Vocês ainda acham mesmo que tem chance contra mim?

O ruivo fez cara de nojo.

— Cala a boca. Você só tem um pokémon forte, isso não significa nada. Lorde N e Lorde Ghetsis te derrotariam com uma mão nas costas.

— Ah é? E onde eles estão? 

— No subterrâneo do ginásio. Boa sorte se quiser chegar lá, porque o Rudy está guardando a entrada.

O treinador do Mandibuzz o chamou de volta, e com isso a batalha havia terminado.

— Antes que eu me esqueça, me entregue o dispositivo de evolução. 

— Por que eu faria isso? 

— Porque você não quer que eu o tome à força. Quer? 

A contragosto, o ruivo entregou o Evo-P. E com isso, mesmo sem ter certeza do que havia colocado todos em Opelucid para dormir, Athena se sentiu pronta para ir até o ginásio e salvar Asher.

—O-O-O-

Asher entrou na sala escura alguns instantes antes de Ghetsis ligar a luz. Era um quarto amplo, com estantes de metal recheadas de caixas, um chão sujo de terra e parafusos, e bem no meio havia um pedestal. 

— Seus pokémon estão aqui. — Ghetsis tirou mais duas pokébolas do bolso fundo, e entregou-as para Asher. — Você pode ir embora agora. Mas… eu tenho algo que pode resolver nossos problemas.

Asher estranhou.

— Apenas fique e ouça mais um pouco. Você já tem seus pokémon, então não está aqui por obrigação.

Asher olhou para as pokébolas, e constatou que eram Daichi e Sophie. Ele as meteu no bolso, e se perguntou se deveria ou não libertar Daichi de uma vez. Era uma situação atípica, com certeza, mas se Ghetsis quisesse machucá-lo já teria o feito.

— Bem. Quando N me relatou anteontem que você era realmente o portador da Orbe Branca, eu me apressei para terminar esse projeto. Um garoto de dez anos não deveria ser obrigado a ficar com esse poder, certo? — Ghetsis pegou o disco de metal no topo do pedestal, e o girou entre os dedos. — É claro que eu adoraria ter o Reshiram. Com ele, libertar os pokémon de Unova seria a coisa mais fácil do mundo. Mas eu não sou um monstro. Eu não machucaria uma criança para alcançar meus objetivos. Então… essa é minha proposta. Essa é a sua decisão, Asher. Se você colocar esse disco no seu pulso, o poder de Reshiram será absorvido por ele. Você ainda teria a posse dele pelos próximos dois anos, que é o tempo que leva para essa máquina absorver tudo. É leve como um bracelete. 

Asher passou o peso de uma perna para a outra.

— No fim desses dois anos, você me devolve o dispositivo. Ou o entrega para outra pessoa. Eu confio nos meus métodos. Sei que você vai entregá-lo a mim.

— Você… é um criminoso. Eu fui literalmente sequestrado. N me enganou e… vasculhou… minha cabeça. Você colocou toda a cidade para dormir, e quer que eu confie em você? Que eu dê esse poder pra você.

Ghetsis levou a mão ao peito, como se tivesse se ofendido com a pergunta.

— Você é o Rei, Asher. Mas não precisa ser. Aproveite esses dois anos, pegue suas insígnias. Seja jovem uma vez na vida. E então decida se vai devolvê-la ou não. 

— E se eu tirar o bracelete antes do tempo? Ou se ele quebrar. — Asher perguntou com um quê de aceitação na voz. Ele estava tentado a aceitar a proposta. O que mudaria, afinal? No máximo, a Plasma pararia de ir atrás dele. E ele teria dois anos livres para treinar.

Ghetsis entregou o disco na mão de Asher. 

— Se ele quebrar, o contato do poder bruto de Reshiram com o ar sem nenhum tipo de filtro ou precaução vai causar uma pequena explosão. — Ghetsis forçou um sorriso. — Mas isso não vai acontecer, não é?

—O-O-O-

Na porta do ginásio, apoiado contra uma pilastra, estava um homem corpulento com uma calça vermelha. Ele não vestia camisa, e seus músculos brilhavam com o suor. Ao seu lado estava um Tangrowth. 

— Você é Rudy? — perguntou Athena. Ela havia usado uma Super Potion em Gothitelle, então estava pronta para enfrentar qualquer um. Especialmente um membro da Plasma. 

— Sim. — O homem musculoso ficou de pé e flexionou seus braços. Ele estava posicionado bem na frente da porta do ginásio. — Deixe-me adivinhar: você é uma intrusa. Acertei?

Athena deu de ombros. 

— Até onde eu sei, Opelucid não é propriedade privada da Plasma. 

— Hammer, tás pronto? — o Tangrowth assentiu. — Então Grassy Terrain.

A calçada inteira se cobriu de grama e relva ao comando do pokémon de grama, e Athena recuou um passo apenas por precaução.

O ambiente podia ser dominado pelo oponente, mas ela ainda estava confiante.

— Por que seu Tangrowth se chama Hammer? 

— Porque ele bate como um martelo. — Rudy sorriu, e apontou para Gothitelle. — Vamos mostrar seu poder! Bind!

As vinhas que formavam os braços de Hammer se esticaram e alcançaram Gothitelle em uma fração de segundo. 

— Teleport e Psyshock. — Athena estalou os dedos ao comandar. Gothitelle se teleportou para a esquerda, saindo da prisão de vinhas, e atacou com três esferas de energia psíquica. O pokémon de grama nem se moveu. — Ele parece ser bem resistente.

— Ele é. — Rudy concordou. — Use Growth. 

Athena comandou outro Psyshock, que não adiantou de nada. Mas era estranho. Desde o início da batalha, o pokémon nem havia se movido. Fazia sentido ele usar Growth para aumentar seu ataque, mas ele não era rápido o suficiente para acertar Gothitelle. 

O sol das nove da manhã aos poucos iluminava a fachada do ginásio. Em poucos minutos, haveria luz solar direta na entrada: exatamente onde Tangrowth estava.

Foi quando Athena percebeu. Num estalo, ela pegou seu celular e pesquisou a habilidade de Tangrowth. Nesse meio tempo, ele usou mais um Growth. Com esse, eram dois.

— Não quer mais batalhar? Desiste? 

O fato do Tangrowth não ter nem tentado atacar Gothitelle ainda comprovava sua teoria. Ele estava esperando por algo. E após ler que Tangrowths geralmente tem Chlorophyll como habilidade, ela entendeu. Ele estava esperando o sol. 

— Você é mais inteligente do que eu pensava... — disse Athena. — Gothitelle, mova-o! Psychic!

— Hammer, hora de esmagá-las. — Rudy bateu uma palma e o Tangrowth, agora duas vezes maior e com suas vinhas mais esticadas, usou seus braços para se estilingar. Ele saiu do alcance da telecinese de Gothitelle, e de quebra também absorveu luz solar suficiente para ativar seu Chlorophyll, uma habilidade que aumenta a velocidade do pokémon quando ele está sob luz solar.

Antes mesmo de chegar no chão, Hammer separou seus braços em quatro tentáculos, e os balançou como se fossem chicotes. Athena não verbalizou o comando, mas Gothitelle sabia o que fazer: Protect.

O barulho dos oito Vine Whip batendo simultaneamente com força total e aumentada pelos Growth e o Grassy Terrain mais parecia o de uma metralhadora. 

E Hammer não parou de atacar quando chegou no chão. Era questão de tempo para o Protect falhar e as vinhas acertarem Gothitelle.     — Saia daí! — gritou Athena. Sua Gothitelle se teleportou para a esquerda do Tangrowth, mas o intervalo entre o fim do Protect e o teleporte foi suficiente para ela ser atingida por pelo menos três ataques. Machucada e ofegante, a Gothitelle se manteve de pé.

— Gostou? — Rudy girou o ombro, como se estivesse se alongando. Para ele, aquilo não era mais do que um treinamento. — Uma coisa me encuca. Se você tem um pokémon com Teleport, porque não simplesmente entrou no ginásio? Eu jamais saberia, e você evitaria uma batalha.

Athena empurrou a bochecha com a língua, e sentiu suas pernas bambearem. Ela ainda tinha Reuniclus, caso Gothitelle perdesse. Mas ele não era tão experiente, e isso seria um problema.

— Bom, acho que você não tá afim de papo. Vamos acabar logo com isso, Hammer. 

Quando o Tangrowth separou novamente seus braços, Athena ouviu um rugido. Rudy olhou para o céu, e fez a primeira coisa que veio à cabeça: retornar Hammer e recuar. 

Um Dragonite, montado por um garoto de cabelo castanho, soprou fogo na grama que cobria a entrada do ginásio. Rudy correu para dentro com Hammer em sua pokébola, e não parou de correr até alcançar N.

Lá fora, Athena caiu de joelhos e Gothitelle a abraçou. 

— Eu… perdi.

— De que lado você está? — perguntou o garoto montado no Dragonite, que ainda voava. 

— Eu sou... filha de Caitlin. Da Elite dos Quatro. — ela olhou na direção do treinador, mas um raio de sol refletindo numa janela não a deixou enxergar seu rosto. — Meu nome é Athena.

— Vá embora. Ligue para sua mãe, e avise a Liga. 

Athena se pôs de pé, enquanto o garoto descia do Dragonite. Ele parecia preparado para entrar no ginásio.

— Não. Eu não vou embora. Tem uma pessoa lá dentro que eu preciso ajudar.

Amin ergueu uma sobrancelha.

— E quem é?

— O nome dele é Asher. Asher Ryumaru.

—O-O-O-

O disco de metal consistia em doze retângulos finos cercando um buraco do tamanho de um pulso humano. Quando Asher resolveu aceitá-lo, a porta se abriu num estrondo.

— Lorde Ghetsis, ele chegou. E não só ele, também tem uma treinadora com um Gothitelle que acabou com nossas tropas. 

— Ele? Ele quem? — perguntou Asher. Ghetsis apertou os olhos. 

— Darkrai já foi apreendido?

— Sim, senhor. Está na Dusk Ball, que está com N. O plano foi um sucesso.

— Ótimo. Então prepare a evacuação, e deixe ele entrar. — Ghetsis ponderou por um instante. — Rudy foi derrotado?

— Creio que sim, Lorde.

— Mande N atrasar o garoto dragão. Desligue a máquina. Estamos indo embora. 

O mensageiro foi embora, deixando a porta entreaberta. O barulho da máquina que mantinha todos de Opelucid dormindo era um zumbido fraco e constante que para Asher e Ghetsis agora não passava de um ruído branco. Nos minutos seguintes, o barulho pararia.

— Garoto dragão? 

— Seu irmão, Amin. Ele quer me matar. Não se preocupe, eu não pedi um resgate para você. Ele nem deve saber que você está aqui. 

A felicidade aqueceu o corpo de Asher. Mas veio com ela uma faísca de culpa. Como ele explicaria o bracelete?

— Matar? Ele jamais mataria alguém..

Ghetsis soltou ar pelo nariz, dando uma única risada pneumática.

— De qualquer forma, aceite a pulseira. Você não merece esse fardo, Asher. Seu irmão vai entender. 

O garoto bufou. 

— Dois anos, não é? E então, eu estou livre. 

— Sim. — concordou Ghetsis.

— E ninguém vai vir atrás de mim, não é? Esses seus… recrutas.

— Não. Você estará na nossa lista branca. Contanto, é claro, que não entre no meu caminho. 

— E eu quero saber. Eu quero que você me diga tudo que você sabe sobre meu irmão. — Asher acrescentou, depois de um tempo. Então, estendeu a mão para o Lorde Ghetsis, líder e fundador da Team Plasma. 

— Claro.

E depois que eles apertaram as mãos, Asher colocou o disco em seu pulso e os doze retângulos de metal se fecharam como um guarda chuva em seu braço. Asher sentiu um pequeno choque, e nada mais. Agora era questão de tempo para que a Orbe Branca fosse extraída. E ele podia ir embora.

—O-O-O-

N sabia o que lhe esperava atrás daquela porta. 

Era o futuro. Talvez a morte. Talvez a derrota, a falha e a vergonha.

Mas também era sua única chance de se provar capaz. A chance de provar que não precisava de Evo-P’s ou Rare Candies para treinar seus Pokémon.

Era a chance dele provar que seus métodos funcionavam tanto quanto os de seu pai. E por isso, ele a abriu. 

— Onde ele está? — perguntou Amin, rangendo os dentes. Ele pisoteou na direção de N com Ferris logo atrás, e o garoto de cabelo verde não disse uma única palavra até ter certeza de que era realmente Amin Ryumaru. Esse, por sua vez, mal conseguia conter seu ódio.

— Você sabe as regras, não sabe? — brincou N. Ele tentou fazer uma piada, como sempre.

Amin não parou. Ele agarrou N pelo colarinho da camisa, e o empurrou contra a porta fechada. 

— Onde. está. meu. irmão? — Grunhiu Amin, pausando após cada palavra. O coração de N martelou no peito, e ele se apressou para pegar a DuskBall de seu cinto. Dentro, estava Darkrai. — Asher Ryumaru. Ele veio para a cidade esta manhã. 

Assim que N posicionou seu polegar no botão que abriria a esfera, se permitiu responder.

— Me derrote numa batalha, e eu te levo até ele. São as regras.

Amin fez um esforço consciente para não quebrar o nariz dele.

— Regras? — ele riu. — Vocês sequestraram UMA CRIANÇA. Que tipo de regras vocês obedecem?

E então, Amin o socou. Um direto forte bem no osso da bochecha de N, e o impacto fez com que ele caísse no chão. 

— Uma criança com um pokémon lendário dentro dela. — N cuspiu sangue no chão. A parte interna de sua bochecha fora cortada por seus dentes. Ele estava distante o suficiente de Amin para libertar Darkrai agora, e então o fez.

Havia ódio em sua garganta, e um sentimento de vergonha que nascera após levar aquele soco.

A Dusk Ball se abriu e a luz se curvou ao redor da figura que se materializava entre Amin e N. Ferris, o Dragonite de Amin, se prontificou a proteger seu treinador e se pôs em sua frente.

Mas quando Darkrai finalmente surgiu, ele não estava interessado em batalhar.

— Darkrai, eu ordeno que o mate! — comandou N. Seus dentes estavam manchados de sangue, assim como seus lábios. Darkrai olhou por cima do ombro, e nada fez. — Mate-o! Mate-o! — repetiu, fazendo gestos frenéticos na direção de Amin. Ele que, por sua vez, sabia o que estava acontecendo.

Ele reconhecia um pokémon rebelde quando via um. E um pokémon poderoso como Darkrai, se recusando a obedecer, traria caos. Mas ele não tinha tempo para lidar com isso. Ele precisava encontrar Asher.

Por isso, quando o pokémon lendário ergueu N e o jogou contra a parede do ginásio, Amin tomou aquilo como uma oportunidade para prosseguir. Se aquele esquisito não ia dizer onde Asher estava, ele descobriria sozinho. Seus batimentos eram tão rápidos que ele quase podia ouvi-los. Ele atravessou a porta por onde N saiu, e desceu as escadas até o esconderijo secreto da Plasma em Opelucid.

   


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Notas finais do capítulo

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