[Ilha de Andrômeda]

{Dois dias depois da partida de June para o Japão}

Daidalos estava cuidando de Shun que havia acabado de acordar depois de ter dormido por alguns dias. Ele contou que June havia ido até o Japão para encontrar-se com Ikki, com o intuito de trazê-lo para a ilha e assim, os dois irmãos poderiam finalmente se reencontrar.

— A-a June fez isso por mim? - Questionou Shun surpreso.

— Bem, isso não deveria te surpreender.

— É verdade, June sempre cuidou de mim desde que cheguei na ilha, ela já salvou a minha vida inúmeras vezes, e o senhor também, é um mestre incrível e maravilhoso… e-eu não tenho como agradecer… - Falou Shun com os olhos marejados e um sorriso no rosto.

— Shun… - O tom de Daidalos mudou, ficando bem sério. - Eu soube que alguns cavaleiros de bronze no Japão estão participando de um torneio, onde eles estão lutando entre si, e que está sendo transmitido mundialmente como um espetáculo... Essa também era a sua intenção ao ir para o Japão?

— Sim mestre… O senhor melhor que ninguém sabe o quanto odeio lutar e machucar as pessoas, mas essa era a única forma que eu tinha para reencontrar com meu irmão… - Disse Shun abaixando a cabeça.

— Shun, você sabe muito bem que esses cavaleiros estão quebrando inúmeras regras e o Santuário não irá perdoar esse tipo de atitude.

— Eu não posso permitir que a June seja envolvida nisso… eu preciso ir atrás dela! - Disse Shun levantando-se de sua cama.

— Espere Shun, não haja de forma tão precipitada, duvido muito que a June fosse se envolver em algo desse tipo. Além do mais, o Santuário ainda não começou a se mover, então ela ainda tem algum tempo.

— Então o que eu devo fazer mestre?

— Vamos aguardar por notícias. E não se preocupe Shun, eu tenho mais do que certeza que a June está bem. Ela não vai se envolver em nenhum tipo de problema.

[De volta ao Monte Fuji]

— A partir daqui devemos avançar com cuidado. Eu sinto uma presença ameaçadora, devemos estar próximos do Ikki. - Falou Shiryu para June.

— Tarde demais para isso! Aqui será o túmulo de vocês dois! - Disse Ikki surgindo em meio a um turbilhão de fogo.

— Fênix... O que você acha que o Shun diria se o visse agora? - Questionou June.

— Não fale besteiras! Se ele tivesse aqui eu mesmo arrancaria a cabeça dele… - Falou Ikki irritado.

— Tsc… Matar o próprio irmão de uma forma tão fria… isso nem é de se admirar… vindo de alguém que vendeu a alma para o diabo. - Disse Hyoga.

— Não pode ser… Seu coração não havia parado de bater!? - Questionou Ikki.

— Não se esqueçam de mim… sou mais um que deveria estar morto! - Disse Seiya.

— Pelo visto, finalmente estão todos aqui… - Falou Shiryu sorrindo. - Ikki, porque não se rende de uma vez? Você não tem chances contra nós quatro.

— E porque não tentam atacar todos de uma vez? O resultado não irá mudar… - Disse Ikki preparando o seu ataque.

— Nos atacar com o Golpe Fantasma de Fênix será inútil, Ikki. - Falou Hyoga tomando a frente.

— Como é? Está insinuando que pode revidá-lo? - Falou Ikki com um sorriso debochado.

— Não foi você mesmo que disse que uma técnica não funciona duas vezes contra um mesmo cavaleiro? - Questionou Hyoga que devolveu o mesmo sorriso debochado. - Se usá-lo contra mim irei devolvê-lo para você!

— Muito bem! Então vou começar por você, já que não suporto a ideia de que você voltou da terra dos mortos. Então mostre-me como vai devolvê-lo!

Ikki ataca Hyoga com o seu Golpe Fantasma de Fênix, porém Hyoga usa o seu Pó de Diamante para criar uma parede de gelo que bloqueia o ataque e o reflete para Ikki.

O cavaleiro de Fênix começou a se lembrar do seu treinamento infernal na Ilha da Rainha da Morte e de todas as vezes que quase morreu, de toda dor e sofrimento que ele passou naquela ilha.

Lembrou-se de Esmeralda, a única coisa boa que existia naquele inferno, lembrou-se do dia em que ela morreu e do ódio que sentiu, ódio esse que o fez matar o seu próprio mestre. Lembrou-se do ódio que sentiu ao descobrir que todos os cem órfãos eram na verdade filhos de Mitsumasa Kido e que ele os estava usando em benefício próprio para conseguir as armaduras.

— Como se sente ao sofrer os efeitos da sua própria técnica? - Questionou Hyoga.

Mas Ikki não respondeu, ele estava lá paralisado e com a sua antiga cicatriz na testa sangrando.

— Deve mesmo ter sido uma alucinação terrível.. ao ponto de estar impossibilitado de se mexer e falar… - Ponderou Hyoga, achando que tudo estava acabado.

— Ikki… finalmente essa batalha vai terminar… - Pensou Seiya.

— Até o próprio Ikki teve seus nervos destruídos… - Pensou Shiryu.

— Shun… Me perdoe… O Fênix vai… - Pensava June.

— Ikki! Finalmente chegou a hora de acabar com toda essa luta sangrenta! - Gritou Hyoga partindo pra cima de Ikki para dar o golpe final.

Porém, no último instante Ikki desperta e acerta novamente um golpe no coração de Hyoga.

— Quê!? Como isso é possível? - Falou Hyoga sem entender como Ikki ainda podia estar se mexendo.

Ao retirar o seu punho do peito de Hyoga, Ikki percebeu que algo veio enrolado nele. - O Rosário da Cruz do Norte… Então quer dizer que isso aqui protegeu o seu coração…

— Me diga Ikki, como é possível você ainda conseguir se mexer depois de sofrer os efeitos do Golpe Fantasma de Fênix? - Perguntou o Hyoga.

— Para alguém que já perdeu tudo de mais importante… os efeitos acabam não surtindo muito efeito, ainda mais quando os seus nervos já estão neutralizados há muito tempo! Todas as minhas lágrimas já secaram! - Respondeu Ikki.

— Já chega disso! Se renda de uma vez Fênix! Ainda dá tempo… o Shun… ele… - Intervém June.

— Tsc… Cale a boca! - Interrompeu Ikki. - Vamos, ataquem os quatros de uma vez! Não tenho mais tempo pra perder com vocês! - Falou Ikki furioso. - Vocês já estão quase mortos, não farão frente a mim. Com apenas um bater de asas acabarei com todos vocês!

Ave Fênix! - Ikki usa a palma das mãos para lançar na direção do adversário uma furiosa rajada de ar em chamas em forma de uma Fênix, jogando o inimigo pelos ares.

Ao lançar a sua maior técnica contra os quatro cavaleiros de bronze, Ikki conseguiu lançá-los para longe, os deixando inconscientes por conta da força do impacto. No entanto, Ikki se assusta ao perceber que a armadura de Ouro tinha aparecido em sua frente montada.

— A armadura de Ouro?! Não pode ser… quando foi que isso aconteceu?

— Eu também não sei… - Disse uma voz vinda por trás da armadura de ouro.

— Seiya?! Como ainda está de pé? - Perguntou Ikki surpreso.

— Eu não sei… quando me dei conta a armadura já estava na minha frente… como se ela quisesse me proteger…

— Te proteger? Isso não faz sentido… tá dizendo que a armadura te reconheceu como um cavaleiro de ouro? - Falou Ikki partindo pra cima do Seiya.

— Deve ser isso mesmo! Além do mais, duvido que você fosse digno da proteção dela, seu covarde! - Gritou Seiya partindo para cima e acertando um soco no peito de Ikki que conseguiu destruir o peitoral da armadura de Fênix e o lançou para trás.

— Fique você sabendo que não foi o único a voltar trazendo recordações infernais! - Gritou Seiya.

— Mas como você foi capaz de me derrubar… ainda mais com as mãos nuas? - Questionou Ikki surpreso.

— Eu vou te responder, Ikki! Isso é porque a armadura de ouro não te elegeu como vencedor deste combate! - Disse Seiya se aproximando de Ikki.

— Hã?! Não fale besteiras! - Disse Ikki se levantando furioso.

— Todos nós tivemos que viver o inferno para podermos voltar ao Japão e apesar disso todos ficamos fortes! O único que está passando vergonha aqui é você, seu covarde! - Disse Seiya irritado.

— Você não sabe de nada! - Gritou Ikki partindo pra cima de Seiya, porém ele conseguiu esquivar do golpe e acertou um gancho do queixo de Ikki lançando-o para o alto e arrancando fora o elmo dele.

— Vamos Ikki, lembre-se do quanto valente e justo você era na infância. Lembre-se de todas as vezes que você defendeu o Shun arriscando a própria vida…

Seiya lembrou a Ikki do dia em que o Shun partiu para a Ilha de Andrômeda e ele descobriu que a Ilha de Andrômeda na verdade era um lugar ainda pior que a Ilha da Rainha da Morte. Ikki tentou impedir a partida de Shun, mas não conseguiu. Ele bateu no Tatsumi e tentou fugir para ir atrás do seu irmão, entretanto mais uma vez não conseguiu e acabou sendo capturado por Tatsumi. Enquanto Ikki era levado para a Ilha da Rainha da Morte, Tatsumi e seus capangas espancaram Ikki brutalmente achando que ele nunca iria voltar vivo da ilha.

— É provável que o sofrimento que você passou naquela ilha infernal seja algo que eu não consiga sequer imaginar, mas agora, independente disso, você já deveria ter superado! Você sempre foi valente e justo!

— Já terminou com essa conversa fiada, Seiya? - Disse Ikki se levantando. - Desculpe, mas esse combate só terminará com a morte de um de nós dois!

Ikki novamente avançou contra Seiya, que se esquivou e o acertou com seus Meteoros lançando-o para longe mais uma vez.

— Eu já estou cansado disso, seu cabeça dura! - Gritou Seiya.

— Urgh… Se o Hyoga não tivesse congelado meu braço e eu não tivesse com meus movimentos limitados… Seiya sequer poderia me enfrentar. - Pensou Ikki enquanto se levantava.

Porém, enquanto se levantava a armadura de Fênix começou a rachar até que se quebra por completo. - O quê?! A minha armadura…

— Vou te vencer, custe o que custar Ikki! E vou fazê-lo se lembrar de quem você era! - Pensou Seiya enquanto encarava Ikki.

— Impossível! Como você conseguiu pulverizar a minha indestrutível armadura de Fênix, usando as mãos nuas? - Gritou Ikki descontrolado. - Será que realmente a armadura de ouro o está ajudando? Será que ela recuperou as forças dele? - Pensou.

— Eu fiz sua armadura de Fênix virar pó! Agora farei o mesmo com as sombras de seu passado amaldiçoado! - Gritou Seiya. - Meteoros de Pegasus!

Ikki foi pego pelo ataque de Seiya e caiu todo ensanguentado. Seiya correu até Ikki, mas parou espantado ao ver que o corpo dele estava sendo coberto por chamas que formavam a figura da Fênix.

As chamas tremulavam ao passo que o cosmo de Ikki se elevava. Aos poucos a armadura de Fênix que havia sido pulverizada por Seiya voltava a cobrir o corpo de Ikki, como se a armadura tivesse renascido das próprias cinzas.

— Porque essa expressão, Seiya? Já te falei que a minha armadura é indestrutível… Essa é a diferença entre a minha armadura e esse lixo que vocês usam, a armadura de Fênix tem a capacidade de voltar das cinzas! Todo o seu esforço foi em vão, agora a vitória é minha!

— Urgh… não vou permitir, receba mais uma vez o meu… Meteoro de Pegasus!

— Hahaha, agora que eu renasci, todo o meu poder voltou! Seus meteoros não serão capazes nem de me fazer cócegas! - Falava Ikki enquanto bloqueia todos os socos de Seiya.

— Como isso é possível? Como ele conseguiu bloquear todos os meus meteoros?! - Falou Seiya incrédulo.

— Agora que seus ataques não me afetam em nada, só lhe resta aceitar a amarga derrota! Morra!!!

Ikki atacou o peito desprotegido de Seiya, porém algo bloqueou o seu ataque!

— Co-mo é? O Escudo do Dragão protegeu o Seiya?! - Disse Ikki surpreso, retirando o seu punho ensanguentado. - Não pode ser… - Ikki olhou para o Shiryu. - O Shiryu continua desacordado. Será que o escudo saiu voando por conta própria? - Pensou Ikki.

— Eu também não sei o que aconteceu… mas de toda forma, este é o escudo mais resistente, nem mesmo você conseguirá destruí-lo!

— Urgh! Porque devo me preocupar com esse escudo se posso destruir a sua mente!? Golpe Fantasma de Fênix!

— Não vou permitir! - Disse Seiya atacando Ikki.

Dessa vez o Chicote de Camaleão apareceu na mão de Seiya e se prendeu ao punho de Ikki, impedindo o ataque de ser lançado!

— Até o Chicote de Camaleão?! - Questionou Ikki completamente confuso.

— Independentemente do motivo, parece que a armadura de ouro não é a única que me ajudará a conquistar essa vitória. Posso sentir o cosmo dos meus amigos ao meu redor, me fortalecendo. Ou seja, eu não estou sozinho, estou contando com o apoio e a força da amizade que nos uniu! - Pensou Seiya.

Seiya então puxou o chicote de camaleão com força. - Já percebeu Ikki? Todos os meus amigos estão lutando ao meu lado! E graças a eles, nada vai me impedir de vencer alguém que esqueceu a força do amor e da amizade, lágrimas não são sinônimos de fraqueza.

— Não me faça rir! Vou tratar de dar um jeito nesses cosmos que te rodeiam!

— Acha mesmo que vai conseguir isso sozinho?

— Claro que sim! Receba o meu… Ave Fênix!

— Não vou deixar! - Gritou Seiya usando as suas duas mãos para deter o golpe de Ikki.

— Isso é impossível! Como conseguiu deter o meu golpe com as mãos?!

Seiya elevou o seu cosmo e sobrepujou o golpe de Ikki.

— Agora é a minha vez! Receba os meus últimos… Meteoros de Pegasus!

— Quantas vezes terei que dizer que essa sua técnica não me faz nem cócegas… O quê?! E esse ar frio em volta do punho de Seiya? Então foi assim que ele conseguiu parar o meu golpe… O poder congelante do Hyoga agora está se misturando aos meteoros!? Aaaaaah!

Ikki foi completamente envolvido pelo ataque de Seiya tendo sua armadura toda quebrada e seu peitoral novamente destruído, os ferimentos causados por Seiya começaram a jorrar sangue.

— Tsc… como você conseguiu lutar com o braço neste estado? - Indagou Seiya que estava parado em frente a Ikki.

— Hunff… isso não muda nada… mesmo que Hyoga não tivesse congelado o meu braço, a vitória seria sua… - Respondeu Ikki agora com um olhar sereno… parece que todo aquele ódio que ele emanava antes havia sido expurgado pelo golpe de Seiya em conjunto com os outros cavaleiros de bronze.

— Está enganado… Eu não venci sozinho, a força da amizade estava o tempo todo comigo…

— Não tem nada haver com o poder da amizade Seiya, mas sim com o poder do amor… do amor fraterno… Finalmente... Finalmente posso te chamar de irmão, Seiya… - Disse Ikki fechando os olhos e desabando no chão.

— O quê? Como assim irmão? Que estória é essa Ikki? Hei... Ikki acorda... acorda Ikki!!!

Neste momento uma estrela cadente cai no Monte Fuji, será este um sinal de bom presságio ou algo terrível está para começar?