Os Natais de Ocean Motion escrita por Camí Sander


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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[7 anos antes da viagem até Moçambique...]

Pov Edward 

 

— Mãe, eu vou trazer uma amiga para jantar com a gente esse ano, tudo bem? — minha irmã perguntou na noite de Ação de Graças.

Imediatamente, meus pais olharam para mim com repreensão.

— O quê? — reclamei.

— Não é nenhuma das conquistas de Edward, é, filha? — questionou Esme ainda me repreendendo com os olhos.

Bufei. É claro que meu comportamento era repreensível para eles!

— Não, mãe, a Bella não é dessas.

Larguei meus talheres no prato e fitei minha irmã.

— Bella? — repeti incrédulo. — Isabella Swan? Bella?

— Sim, Edward, algum problema?

Não sei, Alice — retruquei no mesmo tom debochado. — Algum problema para ela não passar o Natal com a própria família?

A baixinha bateu as duas mãos na mesa.

— Ela não tem culpa, Edward!

— Ah, tem sim! Ela fodeu a Separação inteira!

Fodeu? Ela está aguentando aquela porra toda sozinha, seu imbecil!

— Ei! — gritou minha mãe, levantando da cadeira. — Palavrão aqui, não! Estamos na mesa e é Ação de Graças... Tenham mais respeito ou nenhum dos dois vai poder ter sobremesa!

Bufei outra vez e virei o rosto para a longe de qualquer um.

— Conte-me sobre essa moça, meu amor.

— Ela é incrível, mãe! — Alice voltou ao entusiasmo. — A Bella está fazendo faculdade de Modelagem e sabe muito sobre o assunto. Ela disse que veio de uma cidadezinha chamada Forks para Chicago porque era um sonho de infância. Eu a conheci há pouco tempo e ela já conseguiu o posto de melhor amiga de todas!

— Você parece que vai se casar com a garota, Alice — comentei num resmungo.

— E se eu casar? Você tem problemas com isso?

Dei de ombros.

— Na verdade, estaria fazendo um favor para a humanidade. Sem filhos, vocês não podem espalhar o gênio pelo mundo.

— Sempre podemos adotar. — Sorriu triunfante.

— Coitada da criança. Eu que sou adulto já não aguento dois minutos perto de vocês no almoço, imagina uma criança crescendo com vocês duas o tempo inteiro?!

— Sabe, Edward, a medicina está avançando muito bem e há grandes chances de em alguns anos for possível a união de dois óvulos in vitro.

— Seria a criança do apocalipse. Por favor, me avisem quando isso acontecer. Quero ser capaz de cuidar do meu funeral para ser enterrado próximo à Elizabeth.

— Jesus, filho! Isso são modos de falar? — criticou Esme. — O que essa moça fez para você estar tão rabugento?

Mas não tive tempo nem de pensar em uma resposta, porque Alice se adiantou:

— Nada, mãe, ela só colocou meu irmãozinho nos trilhos. Você precisa ver os dois juntos, parece um episódio de Keepin up With the Kardashians!

O comentário fez os dois mais velhos rirem e eu revirei os olhos.

Depois das preces, ficou decidido que Isabella estaria na festa de Natal e, se meus pais achassem que ela merecia, Alice poderia passar algumas ações para seu nome como forma de pagamento pela doze horas diárias de trabalho.

 

Talvez eu tivesse sido muito duro com minha irmã... E um pouco injusto com Isabella. O que se provou verdade na noite de Natal, quando uma bela morena passou pelas portas carregando alguns pacotes e um sorriso tímido.

Ela contou que a faculdade tomava tanto tempo de seu dia que acabara se esquecendo de comprar as passagens para casa. Passou o Dia de Ação de Graças sozinha porque teria aula no dia seguinte e não pôde se dar ao luxo de viajar.

Meus pais se encantaram imediatamente e Rosalie quase não desgrudou da mulher.

— Ao invés de sair com qualquer uma, você devia considerar jantar com ela, filho — cutucou Carlisle.

— Não. — Dei de ombros e bebi meu vinho. — Eu estou bem assim. Obrigado.

— Mas, Edward...

Revirei os olhos. Não era a primeira vez que isso me acontecia.

— Pai, eu não vou quebrar minha promessa.

— Talvez você tenha quebrado quando transou pela primeira vez, já pensou nisso?

Balancei a cabeça em negativa.

— Meu coração diz que não quebrei. E não é como se a minha Marie fosse se manter casta até que eu chegue, é?

— Se ela o fizer, qual será sua desculpa?

— Pai, eu prometi que me casaria com ela e pedi que ela me esperasse para casar, nunca falei que ela não devia se divertir até que nos encontrássemos outra vez!

— Ah, sim, porque, com oito anos de idade, você já sabia o que era sexo — zombou Carlisle e foi a gota d’água.

— Foda-se! Nem sei se ela se lembra de mim!

— A partir do momento em que você se lembra da promessa, filho, eu acho que é traição. Mas, como é você quem vai se justificar depois, faça o que quiser. Espero que traga alguém para casa um dia.

— Pode deixar. Trarei minha Marie e anunciarei nosso casamento.

— Filho...

— Carlisle — retruquei, colocando fim à conversa.

 

Naquele ano, Isabella roubou minha família para sempre.

 

— — x— —

[6 anos antes da viagem até Moçambique...]

Pov Isabella

 

Esse seria o segundo ano passado com a família de Alice.

Ela fez questão de ligar para minha mãe, em chamada de vídeo, para suplicar que eu passasse o Natal em Chicago. Quase tive um infarto quando minha amiga se ofereceu para pagar as passagens de meus pais. Quer dizer, não era como se fôssemos pobres coitados.

Como de costume, meu pai ainda era o responsável pela delegacia da cidade durante os feriados e não podia viajar. Eu entendia, é claro. A cidade podia ser um ovo, mas muitos trombadinhas aproveitavam das festas para cometer pequenos delitos... Que se não fossem corrigidos se transformariam numa bola de neve.

— O que eu dou para o seu irmão, Alice? O cara é meu chefe e meu vizinho, tudo o que eu poderia comprar, ele já tem maior e melhor!

Minha amiga bufou.

— Acho que se você der um tapa bem dado no meio daquela carinha bonita, já vai ser um grande presente!

— Alice! — exclamei rindo.

— Não sei, Bella, dá um quebra-cabeça de mil peças... Bate uma foto da lua e enquadra para enfeitar a casa dele... Eu realmente não sei!

Mas, na hora dos presentes, ele decidiu que estava com muito sono e desapareceu dizendo que abriria seus pacotes na manhã seguinte.

Alice estava com um novo namorado, Carter, e Rosalie mantinha Emmett entretido. Quando subi as escadas para dormir, encontrei meu chefe de bermuda, esfregando os olhos enquanto tentava colocar uma chave na fechadura do quarto.

— Que porra, que porra, que porra! — reclamava baixinho.

— Edward?

— Isabella? Ah, pode chamar a minha mãe, por favor? Acho que trocaram a chave do meu quarto e eu quero tomar um banho — choramingou.

Eu ri, aproximei-me dele e segurei sua mão para guiá-lo até a porta escancarada alguns metros adiante. O homem estava tão bêbado, ou com sono, que nem tinha percebido que tentava abrir a porta errada!

— Boa noite, Cullen.

— Obrigado, Isabella! — ele suspirou jogando os braços ao meu redor. — Minha heroína! O que posso fazer para recompensar esse seu ato de amor?

— Ato de amor? — repeti incrédula.

— Já sei! — E pegou minha mão para puxar até seu quarto. — Eu estava em dívida pelo ano passado, então, esse ano você recebe dois presentes! Um está lá embaixo, você já abriu?, e esse aqui é de coração.

E estendeu uma caixa retangular que imaginei ser chocolates. Agradeci com um beijo nas bochecha e ele piscou lentamente.

— Amanhã eu vou te odiar, está bem? — resmungou sorrindo e se deitou na cama.

— O quê? Por quê?!

Ele deu de ombros e fechou os olhos.

— Você está roubando a minha família de mim.

— Que sem sentido! Eu vim porque eles fizeram questão, mas se você não quiser, recusarei os próximos convites.

— Não, você é muito boa para eles. — comentou e virou-se para o outro lado. — Quando eu for morar na lua, alguém precisa estar por perto para eles.

— Morar na lua?

— Uhum.

— Como?

— Até lá, eu dou um jeito

— Até quando? Edward?

E ele estava dormindo.

Foi a conversa mais sem sentido da minha vida, então deixei o meu chefe embriagado (ou será que era sono?) ali, peguei minha caixa de presente e me encaminhei para o quarto de hóspedes destinado a mim.

Quando abri a caixa, lágrimas encheram meus olhos. Ali se encontravam vários marcadores de edição limitada de todos os tipos. Tinha com pena, com metal, com rabicho, com elástico, de tecido, de borracha, de papel... Grandes, pequenos, redondos, quadrados, em formato de coração, de silhueta, cantoneira. Enfim, tudo que uma grande leitora se apaixonaria.

Naquela noite, Edward Cullen subiu definitivamente em meu conceito...

Apenas para cair na manhã seguinte ao ser um estúpido já no café da manhã e preterir o almoço em família para sair com uma de suas damas.

 

— — x— —

[5 anos antes da viagem até Moçambique...]

Pov Edward 

 

Depois da maior bronca da minha vida naquele ano novo, decidi que tentaria ser agradável com Isabella quando estivéssemos na casa de meus pais. Por isso, naquele Natal, eu comprei a edição ilustrada de um dos livros da Jane Austen.

Nos anos anteriores, Isabella me presenteara com um quebra-cabeça de cinco mil peças personalizado com a imagem de um cartaz de Fantasma da Ópera que combinou com a minha casa. Também recebi um conjunto de xícaras decorativas — que descobri muito tempo depois serem feitas a mão.

Foi por isso que eu mesmo convidei a morena posta passar o feriado com meus pais. E ofereci carona, é claro. Porém, nada me preparou para a beleza da mulher naquele sobretudo xadrez. Desde quando Isabella era tão estonteante?

— Pronto, senhor Cullen?

Dei o meu melhor sorriso e ofereci o braço.

— Quer ajuda com as sacolas? — ofereci ao notar suas mãos ocupadas.

— Não, tudo bem, eu dou conta. Carrego coisas mais pesadas do que isso todos os dias.

Opa.

— Está precisando de ajuda com a caixas das roupas, Isabella?

Ela rolou os olhos.

— Não, Edward, só preciso de alguém comigo para fofocar. Não é nada demais.

Bufei. Era isso que eu recebia ao tentar ser um bom patrão. Okay, ela que não viesse reclamar depois.

Fizemos o caminho até a casa dos meus pais em silêncio. As sacolas repousando a seus pés enquanto ela trocava mensagens de texto com alguém.

— Está bem, meu amor, vou garantir que receba o seu presente o quanto antes — falou pelo aplicativo de áudio.

— Diz que o meu presente vem com uma caixa grande o suficiente para caber a mulher mais linda do planeta, senão nem quero! — resmungou um homem.

Isabella soltou uma risadinha e balançou a cabeça.

— Jared, eu ainda não consegui o contato da Scarlet Johansson. Sinto muito!

— Isabella! — esbravejou o rapaz. — Você nunca mais veio me ver! Eu preciso da sua bunda bonita enfeitando meu sofá!

E ela riu! Isabella riu com um estranho que falou da sua bunda?!

A raiva cresceu em mim. Como ela ousava jogar na minha cara sobre meus relacionamentos quando ela fazia o mesmo? E quem era esse Jared?

— Quem sabe ano que vem? Sabe que não consigo ficar longe de Paul para sempre.

Paul? Isabella tinha dois amantes na cidade Natal? E eles se conheciam? Que porra!?

Então ela recebeu outra mensagem de texto e riu. Digitou rindo, soltou mais risadas e bateu uma foto mandando beijos para alguém.

— Namorado? — perguntei entredentes.

— Um amigo — ela deu de ombros.

— Hm — foi o que respondi.

O resto da viagem foi feita em silêncio.

Ao chegarmos na cada de meus pais, ajudei a morena com os presente e, sim, estavam pesados para seu tamanho. Tomei nota para encontrar alguém que a ajudasse no setor. Com urgência. Ela tentou protestar quando agarrei as sacolas que conseguira tirar antes de mim.

— Por favor, é Natal, deixe-me carregar suas compras. Ocupe-se apenas da bolsa — instruí e ela abriu a boca para contestar. — Por favor, Isabella, minha mãe me mataria se você estivesse carregando peso quando eu estou bem aqui de mãos vazias. Deixe-me ser um cavalheiro.

Ela suspirou rendida e eu sorri internamente enquanto fazíamos nosso caminho pela porta de entrada. Porém, não fomos muito longe, uma vez que fomos atacados por um furacão.

— Bella!!! — gritou Alice se jogando em cima da amiga. — Você veio mesmo! Ainda bem! Eu estava com tanta saudade! Feliz Natal!

Sim, minha irmã retirou sua férias naquele mês, então não vira a amiga por um tempo... Desde Domingo passado? Quando elas fizeram uma festinha do pijama no apartamento vizinho e me obrigaram a dormir fora de casa. Paredes finas do caralho. Ao menos Alison conseguiu me encontrar no hotel de sempre e não preciso dormir sozinho.

— Alice, você é muito exagerada! — riu a Swan. — Olá a todos, eu os cumprimentaria melhor, mas tenho um carrapato me impedindo.

— Malvada! — reclamou minha irmã. — O que tem nas sacolas, Edward? Achei que já tinha trazido os presentes.

— Eu trouxe — dei de ombros.

— São os meus. Trouxe presente para todo mundo... Bem, quase. Esqueci de comprar algo para você, Cullen — fitou-me com altivez.

— Mas eu sou um patrão tão legal, Swan!

Fingi que estava ofendido. É claro que ela estava brincando. Não estava?

— Rá — retrucou Rosalie do sofá atrancando gargalhadas de Emmett, seu namorado.

Mostrei o dedo do meio para minha prima e todos riram da minha atitude infantil.

— Você não merece, filho — começou minha mãe. A. Minha. Mãe! — quanto mais cedo aceitar, melhor.

 

Isso não ficou assim, afinal. Isabella estava brincando quando disse que não havia comprado nada para mim e eu lhe presenteei com um kit literário personalizado de A Mediadora — que foi sugerido por Alice e eu tive que implorar para ser exclusivo de uma gráfica já que esse kit não existia em lugar nenhum. Ela escondeu meu presente no meio — e atrás — da árvore e deixou que todos rissem de mim quando fiquei sem.

No fim, recebi uma miniatura em ferro do Pequeno Príncipe observando sua rosa. Quando questionei sobre a razão do presente, assim que todos estavam entretidos com seus pares, Bella revelou que, no Natal anterior, eu lhe contara que viveria na lua e ela imaginou que o fato se dava porque eu gostava da história.

Sorri constrangido e deixei que ela pensasse assim.

Bella não deveria saber sobre Marie. Nunca. Ou minha reputação cairia drasticamente.

 

— — x— —

[4 anos antes da viagem até Moçambique...]

Pov Isabella

 

Mais um ano passando o Natal na casa dos Cullen.

Meu pai até desistira de me fazer voltar para casa.

Dessa vez, eu não esqueci de comprar a passagem, apenas decidi que poderia usar o feriado para procurar melhor por Thony. Não fazia sentido estar em Chicago e nunca tirar tempo para ele. Era como uma traição à nossa história.

Pedi o endereço à minha mãe e fui até nossa antiga casa. Tentei falar com os moradores, mas haviam saído de férias, segundo o menino dos jornais, e só voltariam no ano seguinte.

Então, aqui estava eu, servindo de castiçal para Alice, Jasper, Rosalie, Emmett, tia Esme e tio Carlisle. Edward estava conversando com alguns empresários, ou foi o que ele disse para fugir da casa assim que o jantar acabou.

Cansada, subi as escadas e entrei na primeira porta que encontrei aberta, jogando-me na cama e chutando os sapatos. Amanhã eu tomaria um banho.

Estava sonhando com Thony, quando senti cutucadas no ombro. No nosso último Natal, ele me deu um desenho de uma casa em cima de uma terra amarela. É o chão da lua, disse ele.

— Isabella — chamou alguém.

Me deixem dormir!

Agora me seguravam pelos ombros e me sacudiam. Ah, pelo amor de Deus!

— Isabella! — insistiu a voz.

— O que é?

— Isabella, esse é o meu quarto — falou ainda.

— Não, é meu! Eu cheguei primeiro. Procura outro!

Ele riu.

Ah, era um homem!

— Isabella, esse quarto é meu. As suas coisas estão no quarto da frente.

— Me deixa dormir, caralho — respondi porque percebi que era Edward quem me incomodava e eu não estava no clima para ser educada com ele.

— Wow, você está bêbada?

— Hm?

— Você está falando palavrão. Está bêbada, não está? Merda, não vomite no meu tapete.

Alguém devia dizer para ele calar a boca.

Ah, não tinha mais ninguém aqui.

Que merda.

— Eu só quero dormir, Cullen, me deixa.

— Se eu deixar você dormir, promete que não vai vomitar no meu chão?

Por que ele estava falando de vômito? Ele queria que eu vomitasse? Se eu vomitasse na boca dele, ele ia ficar quieto, não ia? Devia perguntar.

Não. Perguntar só levaria o cara a falar ainda mais.

Acho que vou ameaçar ele. Divertido. Edward vai sair correndo!

A imagem mental foi boa o suficiente para me dar forçar e falar uma última vez:

— Se você não calar a boca, eu vomito dentro dela.

— Ugh, tudo bem. Boa noite, Swan.

Não respondi — estava com sono demais para ser educada, virei a cabeça e entreguei-me ao mundo dos sonhos.

Na manhã seguinte, um braço estava jogado por cima de mim, fazendo peso em minha cintura, e um leve ronco era acompanhado pelo sopro quente em meu ombro. Eu conhecia aquele cheiro, embora estivesse misturado ao vinho.

Tentei me desvencilhar daquele braço e fazer meu caminho para meu quarto, mas Edward me apertou contra ele.

— Não. — resmungou. — Não me deixa.

— Edward?

Nada.

— Edward, pelo amor de Deus, me solta. Eu preciso voltar para o meu quarto.

Nada. Nem mesmo quando o cutuquei.

— Edward, eu tenho que ir ao banheiro! — insisti.

E o belisquei no braço.

— Puta merda! Quer arrancar meu braço fora, Isabella?

— Você não me largava e eu queria ir ao banheiro.

A reação foi a mesma que uma criança daria se dissesse que o Papai Noel estava esperando: ele saltou da cama imediatamente. E apontou para a porta.

— Vai logo! Não quero que estrague meu tapete. E nunca mais beba! — ordenou e franziu o rosto em desgosto. — Você é um porre quando está bêbada.

— E, pelo jeito, você é um aproveitador, já que se deitou comigo — retruquei.

— O quarto é meu!

— E estava ocupado. Deveria ter procurado outro lugar. Eu não me sinto confortável em dividir a cama com você.

Ele arqueou a sobrancelha.

— Divide a cama com muitos outros, Swan?

— Te interessa?

Edward deu de ombros.

— Queria fazer uma média de dados. Talvez possamos comparar nossas porcentagens.

— Você é um idiota!

— Você não ia para o banheiro?

— É verdade. Sua cara feia está quase me fazendo esvaziar a bexiga na sua cama.

— Merda, Isabella. Saia daí! — esbravejou insistente.

E eu fiz meu caminho até a porta segurando uma risada.

— Ah, a propósito, eu não estava bêbada, então você não tem desculpas para ter dormido de conchinha comigo.

— A cama é minha e a casa é dos meus pais. Eu durmo onde quiser.

Tentei falar alguma coisa, mas o homem apenas apontou para a saída e me mandou "ir mijar logo".

No banheiro, relutei um pouco em tomar meu banho. Não porque não estava ansiosa para a sensação de limpeza maravilhosa que a água proporcionaria, mas porque o cheiro gostoso de Edward se perderia de meu cabelo para sempre.

Por fim, a noite anterior não chegou aos tópicos de pauta do café da manhã e eu agradeci mentalmente. Uma vez que não queria que alguém achasse que eu era uma mulher fácil como as outras funcionárias.

Se alguém percebeu os olhares de advertência que meu patrão me deu, também não falou nada.

 

— — x— —

[3 anos antes da viagem até Moçambique...]

Pov Edward 

 

Naquele ação de Graças, Alice montou a festa mais extravagante do mundo para o casamento e agradeceu por ter encontrado uma família tão maravilhosa como a nossa. Também agradeceu por ter conhecido a minha Marie.

 

E era por tanto insistir que, naquele ano, eu tinha uma namorada. Noiva, se levarmos em conta a proposta feita há quase 20 anos.

— Já falei que você é a mulher mais linda da festa? — sussurrei em seu ouvido.

Bella virou o rosto para sorrir para mim.

— Falou... Falou para a sua mãe e sua prima a mesma coisa. Então, estou tentada a não acreditar em você, Cullen.

Qual é!

— Porra, Isabella, eu estou tentando ser romântico e você joga quatro pedras? — reclamei. — Assim não dá!

Ela riu, virou-se, rodeou meu pescoço com os braços e selou nossos lábios por um momento.

— Obrigada, meu Thony.

Sorri de lado.

— Não vai dizer que eu sou o homem mais bonito da festa?

— Não — riu outra vez. — Eu tenho seu pai para comparar e ele está bem melhor do que você!

Rosnei de brincadeira e fiz cócegas nas laterais de seu corpo até que seu telefone apitou.

— Jared! — exclamou assim que olhou o visor e se distanciou para conversar.

Que porra?!

— Quem é Jared, Isabella?

— Um amigo.

De novo com isso?

Quão amigo?

— Ele é um grande amigo, Edward.

— Bella...

Ela rolou os olhos.

— Jared é casado desde os quinze anos porque engravidou a namorada, Edward.

— Foda-se — esbravejei. — Mau-caráter não se importa com isso.

— Mas eu me importo! — gritou. — Não vem querer dar uma de ciumento aqui, Cullen! Porque, ao contrário de você, eu não fodi meio mundo!

Respirei fundo. Está certo. Mereci essa.

— Okay. Quando se despedir do seu "grande amigo", vem me procurar.

E saí para dar alguma privacidade a ela. Eu sabia que Bella não me trairia com aquele homem. Ela não era assim. Mas não consegui evitar que o ciúme me corroesse. Ser lembrado da infeliz ideia que tive para manter minha vida amorosa longe da vida sexual machucava.

 

Tentei me distrair com as histórias divertidas de Emmett e com as loucuras que saíam da boca de Alice, porém minha impaciência foi desmascarada quando Bella surgiu na sala e eu me apressei a puxá-la para o meu colo.

— Me desculpe por aquilo — pediu ela. — Jared é só um amigo.

Beijei-lhe a testa.

— Eu quem devo pedir perdão — sussurrei. — Sei que você é leal, Swan, só que deixei meu ciúme me dominar.

— E piorou quando falei que era um amigo.

— Você disse a mesma coisa há dois anos... Ele deve ser muito amigo, mesmo.

Ela sorriu e uma batalha aconteceu em meu interior. Porque eu adorava esse sorriso dela, mas não estava feliz com a razão de seu surgimento.

— Ajudei muito Kim e Jared a cuidarem do pequeno Paul... Eles foram sempre muito legais comigo e não vejo como isso pode ser ruim.

— Eu não disse que é ruim.

— Bem, melhore essa cara, se quiser convencer alguém disso.

— Desculpe.

— Diga-me uma coisa: Você está com ciúmes só porque Jared é um homem, ou há algo a mais aí?

Baixei a cabeça. No flagra, Cullen!

— Talvez eu não tenha gostado de saber que outro garoto cresceu sendo teu melhor amigo enquanto eu cuidei da Alice.

— Ei! — protestou a baixinha.

Bella riu e segurou meu rosto entre as mãos antes de beijar minha testa.

— Oh, meu adorável Thony, você é insubstituível! Mesmo quando era meu chefe insuportável, eu não trocaria você por mais ninguém.

— EEII!! — reclamou minha irmã.

Eu ri.

— Nem pelo pequeno Paul?

— Então... Não vamos apelar, certo? — sorriu largamente.

— ISABELLA! — reclamei sorrindo.

Sabia que era brincadeira. Me trocar por um pirralho. Ah, sim!

— Devo confessar que várias vezes quis roubar Paul e criar como meu menino. É claro que sempre pensei em fazer isso com a ajuda do meu melhor amigo Thony, mas não imaginei que demoraria tanto para encontrá-lo.

Minha alegria aumentou.

— Então você quer criar uma família comigo?

Ela sorriu timidamente.

— É quase um sonho de infância.

— Agora que estamos juntos, quanto tempo acha que levaremos para isso?

Isabella mordeu o lábio inferior.

— Não sei... Eu... Eu não sei quanto tempo tenho antes de surtar e...

Afaguei seus cabelos e beijei-lhe a testa.

— Não se preocupe, não temos pressa.

— É sério que vocês estão planejando sexo na festa de Natal?

— ALICE! — Bella e eu repreendemos juntos. Completei com um: — Não é como se você nunca tivesse feito isso nas festas em família!

Ela estreitou os olhos enquanto Emmett gargalhava.

— Você vai né pagar caro, garoto! — rosnou ela.

Joguei um beijo em sua direção e me escondi atrás da Bella quando a baixinha jogou uma almofada em mim.

— Vocês podem planejar o quanto quiserem, só não façam isso aqui — lembrou meu pai.

Não precisei olhar para o rosto de Isabella para saber que ela estava mais vermelha do que um pimentão. Envolvi seu corpo com um braço e puxei-a para que pudesse se esconder em meu peito... e rolei os olhos para o coro de "aah" que saiu da minha família.

— Parem com isso! Não é como se eu nunca tivesse feito algo assim antes!

Minha mãe riu abraçada ao marido e minha irmã fingiu que chutava minha perna.

— Bem, a partir do momento que Bella não é da família, você nunca fez isso antes.

— Bella, quantas vezes nos últimos meses?

Alice bufou.

— A gente não fica na intimidade de você para saber, Edward!

Dei de ombros e beijei o topo da cabeça da minha Marie.

 

— — x — —

[2 anos antes da viagem até Moçambique...]

Pov Isabella

 

— Edward, pelo amor de Deus, me deixa! — pedi pela décima vez naquele dia.

— Mas, Isabella...

—Argh, eu não estou doente! — rosnei.

— Meu amor, você está grávida... e se algo acontecer com você?

— Fala mais alto, imbecil! — rosnei entredentes. — Pensei que contaríamos só de noite, mas, se você continuar falando assim, nem precisaremos anunciar nada!

Ele suspirou.

— Perdão, eu só estou preocupado. Você sabe que esse primeiro trimestre é o mais complicado e eu já amo tanto vocês dois!

Sorri e acariciei o rosto bonito do meu marido.

— Você deveria estar preocupado com a possibilidade de meu pai sacar a arma para você quando souber, Cullen. Eu não vou ser incomodada. Alice já conseguiu toda a atenção das nossas mães com aquelas gostosuras que ela chama de Colin e Seth.

Edward revirou os olhos.

— Não é como se você também não me esquecesse quando está perto dos dois — resmungou. — Queria saber por que as mulheres simplesmente esquecem de tudo quando há uma criança ao redor.

Eu ri.

Também não era como se Edward não fizesse de tudo pelos sobrinhos.

Naquele Ação de Graças, tive que lembrar o homem de que crianças de seis meses colocavam tudo na boca, portanto, ele não deveria deixar os meninos perto das coisas pontudas da decoração. Mesmo depois que Edward jurou que as crianças só queriam ver. Doce iludido.

Aparentemente, a percepção de paternidade tomou conta do meu chefe e ele esteve agindo como um maníaco por segurança desde que a obstetra confirmou o positivo.

— Não ria do meu sofrimento, Isabella! — reclamou o homem. — Sabe como a ideia de ser obrigado a te dividir em tempo integral com uma miniatura minha está me consumindo?

— Pode ser parecido comigo, não é? Então você estará livre dessa responsabilidade.

Seus olhos arregalaram e Edward prendeu a respiração.

— Por favor, se essa criança for parecida com você, podemos morar em uma ilha deserta? Não quero marmanjo nenhum para cima da minha princesinha. Já é crueldade o suficiente minha esposa ser tão ...

Revirei os olhos.

— Precisamos entrar, senhor Cullen, ou meus pais estarão aqui em cinco minutos para perguntar o que estamos fazendo aqui fora. Provavelmente, Charlie virá com a arma de choque e as algemas para prendê-lo por indecência pública.

Grunhindo, meu marido pegou as malas e sinalizou para que eu tocasse a campainha.

 

Naquele jantar, Edward e eu discutíamos baixinho qual seria a melhor hora para falar. Seth e Colin estavam dormindo no andar de cima e todos os outros conversavam animadamente sobre as crianças e algumas técnicas de criação. Conselhos, de acordo com Esme e Renée.

— Espero que esse bochicho todo seja para contar que a Bella está grávida e não para planejar estrear a cama de casal onde meus netos estão deitados — comentou Carlisle por cima das falas.

E o silêncio reinou.

Claro que só consegui ficar completamente corada e Edward paralisou.

Passou-se algum tempo antes que Alice revirasse os olhos.

— Vamos lá, gente! Eles queriam guardar segredo por mais um tempo!

— Vocês sabiam? — indaguei quando o choque passou.

— Que teremos outro netinho ou que o Edward é um pervertido? — sorriu Esme.

— Mãe!

Com exceção de meu pai, a mesa inteira riu da expressão de meu marido. Ele tinha um passado, afinal, e não tínhamos como voltar atrás, embora Edward sempre pedia desculpas quando uma engraçadinha tentava dar em cima dele.

Desde nosso casamento, em fevereiro, fazíamos mais sessões de terapia de casal e estava adiantando no processo de cura de meus traumas. Mas aquele não era um tema propício às festividades e o leve aperto de seus dedos nos meus trazia-me de volta à realidade.

— Bem, eu realmente espero que esteja tratando a minha filha como uma princesa e, mesmo que quisesse muito sacar a arma por lembrar que você se aproveitou dela, não o farei para que meu neto tenha um pai por perto — resmungou Charlie.

— Mas como vocês souberam sobre a gravidez? — insisti.

— Não é como se vocês fossem muito reservados, é? — riu Esme. — Edward esteve a ponto de te carregar no colo para cima e para baixo o dia inteiro e, acho que você não notou, mas a sua mão acaricia, de vez em quando, o ventre, querida.

Bati no ombro de meu marido, fingindo estar irritada.

— Eu te falei que eles iriam notar se você não parasse de me tratar como uma inválida, Cullen! Você estragou toda a surpresa, seu idiota!

— Mas você ouviu que a culpa não é só minha, mulher! — reclamou ofendido.

— A culpa sempre é sua! — Cruzei os braços e virei o rosto.

Não estava realmente brava com ele, mas Edward pareceu não perceber a brincadeira e isso era muito divertido.

— Agora sabemos que o Edward vai dormir na casinha do cachorro hoje, gente! — anunciou Alice, levantando a taça de vinho. — Podemos brindar à capacidade dele de ser um mala sem alça?

 

O resto da noite foi leve, cheio de piadas bobas e brincadeiras. Na manhã seguinte, Jared e Kim trouxeram meu pequeno, não tão pequeno assim, Paul para me ver e pude rir da cara de meu marido quando o menino se atirou para me abraçar.

Depois de horas jogando conversa fora, presentes trocados e promessas para uma visita à praia antes de voltar para Chicago, Edward se encontrou comigo na cama e me aninhou em seu peito, acariciando meus cabelos.

— O garoto é apaixonado por você.

— Eu, literalmente, tenho a idade da mãe dele — revirei os olhos.

— Você é muito bonita para o seu próprio bem, senhora Cullen, espero que fique gorda e espinhenta com essa criança, ou certamente perderei minha esposa para um milionário velho que precisa de herdeiros — resmungou.

Ri de sua infantilidade e bati em seu peito.

— Você é o único milionário velho que eu conheço atualmente... e já estou carregando seu herdeiro, seu idiota!

Edward beijou minha cabeça.

— Fico imensamente feliz com isso, minha pequena.

 

— — x — —

[O ano que antecedeu a viagem até Moçambique...]

Pov Edward 

 

— Por favor, Edward, essa menina não pode comer doce ainda! — reclamou Isabella.

Olhei para a minha fantasminha e suspirei.

Elizabeth tinha completado seus cinco meses e já sabia fazer aquele olhar pidão que Alice tinha. Nesse momento, ela estava à beira das lágrimas porque minha esposa tinha arrancado a barra de chocolate de sua mãozinha e limpado com lenço umedecido todos os resquícios do doce.

— Só um pedacinho não vai fazer mal, Isabella! — retruquei.

— Ela é um bebê, Cullen! — falou como se estivesse falando com um débil mental. — O organismo de um bebê não está adaptado para qualquer tipo de alimento ingerido de forma tão direta! É por isso que ela mama, seu idiota!

E a menina chorou.

Puxei minha filha para fora da cadeirinha e passei a embalar seu pequeno corpo enquanto acariciava seu cabelo louro e encaracolado. Fuzilei a morena com os olhos quando passei por ela para sair de casa em busca de consolo para a menina.

Se tinha uma coisa que animava Lizzie era a natureza.

Depois de casarmos, nos mudamos para o condomínio fechado da família. Queríamos uma casa, mas a Lua não estava vendendo lotes ainda e a viagem era muito cara, então Bella pensou que seria uma boa ideia morar na antiga casa dela. Recusei imediatamente. Lembrar de Elizabeth ainda doía, mesmo que estivesse me tratando sobre isso — e esse foi um dos motivos para ter insistido no nome da pequena. Assim, Esme achou a solução perfeita quando disse que tinha casas à venda no condomínio onde ela e tia Cheryl, mãe de Rosalie, moravam. Então foi como se a família inteira fosse dona do lugar porque Rose, Alice e eu fomos para lá.

Suspirei ao notar que os soluços da pequena se transformavam em uma respiração uniforme outra vez. Beijei-lhe o topo da cabeça e olhei para o céu.

A previsão era de nevasca.

— Espero que eles cheguem logo — suspirou Bella atrás de mim.

Seus pais estavam a caminho de nossa casa e, se começasse mesmo a nevar, eu preferiria que já estivessem aqui.

Virei-me para encontrar aqueles olhos chocolates preocupados.

— Me perdoe por ter gritado com você antes — ela disse. — Sabe como é ruim quando Lizzie fica com cólicas e hoje deveria ser um dia calmo.

Sorri para minha esposa e a puxei para perto, abraçando seu corpo com o braço livre e beijando sua cabeça.

Bella ainda estava recuperando seu peso antes da gravidez e se sentia bastante infeliz por ter engordado 18 quilos. Todas as noites, eu precisava dizer o quanto ela era linda e perfeita e sempre pedia desculpas por ter desejado que ela engordasse na gravidez.

— Você não seria a minha Marie se não gritasse comigo de vez em quando, Isabella — brinquei. — Sabe que eu amo quando você fica toda irritada, não é? Mesmo que não pareça.

— Isso só acontece porque você é um doente mental — retrucou rindo. — Mas eu também amo você, meu Thony. Amo você e a família que construímos juntos.

Busquei seus lábios para beijá-la e ficamos naquele momento até que a bebê em meu colo reclamou. Bella pegou-a no colo e fizemos nosso caminho para dentro de casa.

Aquele seria o primeiro Natal de nossa pequena e esperávamos os pais de Bella para podermos todos jantarmos na casa dos meus como uma grande família.

Como sempre, depois de muitas piadinhas idiotas do Emmett e de muito rubor de Bella, levei minhas princesas para casa e fui o responsável por colocar os presentes debaixo da árvore.

Na manhã seguinte, minha esposa, eu e meus sogros tomamos um café-da-manhã completo e feliz, no entanto, a felicidade tornou-se ainda maior quando Elizabeth descobriu os presentes na árvore.

Ela estava tão impressionada com os papéis coloridos que nem mesmo prestou atenção ao colo do vovô Swan — aquele que roubou meu posto de pessoa favorita.

Encantada, deixamos que escolhesse e segurasse os presentes enquanto distribuíamos entre nós. Elizabeth, é claro, recebeu muito mais do que uma criança de cinco meses entenderia, mas como estava tão maravilhada com as caixas e mais caixas de brinquedos, não fizemos tanto caso.

Observando a tudo, Bella estava de braços cruzados perto do sofá e sorria.

Abracei-a por trás e depositei um beijo em seu pescoço.

— Gostou do seu presente? — indaguei.

Ela me olhou confusa por um tempo e eu sorri largamente.

— Acho que acabei esquecendo um pacote, então. Ah, é claro, eu não consegui me embrulhar antes de você acordar. Me perdoe — brinquei.

Isabella ergueu uma sobrancelha, balançou a cabeça e encostou-se a mim.

— Eu comprei passagens para a Suíça — expliquei. — Estava tentando fazer com que Alice fosse junto, como babá, mas não deu muito certo. Vamos precisar contratar alguém por um mês, mais ou menos. Partiremos em fevereiro.

— Em fevereiro? — ela sorriu de lado com malícia.

Fiz a expressão mais inocente possível.

— É um ótimo mês!

Ela riu.

— É para ser um presente de Natal ou de casamento?

Dei de ombros.

— A passagem é de Natal, mas o que acontecer lá... além do mais, poderíamos renovar os votos — sorri grandemente. — Já pensou?

— Edward, não faz nem dois anos que nos casamos — contestou revirando os olhos.

— Em fevereiro fará dois anos — retruquei.

— Por favor, vamos esperar até Lizzie estar maiorzinha e conseguir dormir longe de nós. Ou você quer levar nossa fantasminha junto para a Lua de Mel?

— Por que não?

— Achei que você gostasse de nadar nu — ela deu de ombros.

— O que isso tem a ver? Elizabeth não tem malícia nenhuma ainda. Nem mesmo entende sobre isso. Ela é só um bebê.

— Não é por causa da malícia, Edward, é porque sei o que você gosta de fazer quando está nesse tipo de situação e isso não é algo que quero minha filha presenciando.

Lembrei-me do dia em que, amando minha esposa, senti o chute da menina em seu ventre. Saber que minha princesa estava acordada foi aterrorizante e desanimador.

Estremeci.

— Vamos esperar pelos votos — concordei.

Então ficamos ali, abraçados, assistindo a alegria dos avós babões ao ajudarem nossa filha a desembrulhar os presentes que ganhara.

Estávamos felizes.

Depois de anos de Natais separados e loucos, estávamos felizes.


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Notas finais do capítulo

E aí? Qual Natal mais gostaram?
Sentiram saudades dos nossos maluquinhos? E das brigas bobas?
Comentem, comentem, Comenteeeeeeemmm!!! Por favorzinho! >.



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