Internato Limoeiro escrita por sam561


Capítulo 42
Capítulo XXXXI - Entre lágrimas e sorrisos


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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A segunda-feira chegou de um jeito diferente, tudo que foi repassado aos alunos repercutia diretamente no olhar deles sobre o prédio em um todo. As faltas de reformas e manutenções nunca ficaram tão latentes como naquele momento, assim como a postura da direção diante disso e de outras ocorrências. Esse banho de realidade deixava um clima melancólico no ar, e isso afetava toda a comunidade escolar.

 

Deitados no gramado estavam Jeremias, Denise e Sofia, os três não falavam nada sobre tudo que aconteceu no dia anterior, mas ouviam as conversas alheias sobre saídas e permanências, algo que os incitava a pensar sobre o assunto. 

 

"Nunca pensei que algum dia iria sentir saudades do IL, um lugar de tantos traumas." Sofia falou após um riso.

 

"Do que você vai sentir falta?" Jeremias perguntou.

 

"Ah, eu poderia dizer que da rotina, mas não vou sentir falta disso. Então acho que de ter comigo os meus amigos que tanto me ajudaram a me enxergar de outra forma." respondeu.

 

"Então não é do IL que você vai sentir falta, miga. É dos seus amiguinhos." Denise comentou com um riso.

 

"Verdade. Mas e ai? Denise eu sei que vai ficar até o fim do ano, e você, Jerê?" Sofia perguntou.

 

"Meus pais não 'tão nada satisfeitos com a situação atual do IL, mas deixaram que eu tomasse minha própria decisão." respondeu.

 

"E o que você decidiu?" Denise perguntou.

 

Jeremias suspirou.

 

"Decidi completar o ano aqui. A escola lá perto não é boa e ir e voltar é muito cansativo, então enquanto pensamos no que fazer, vou continuar."  respondeu e a ruiva respirou aliviada antes de rir.

 

"Então alguém aqui não vai se livrar de mim tão cedo." ela disse entrelaçando seu braço ao dele.

 

"Vou fingir que não pensei em você quando tomei minha decisão." o rapaz disse tocando na ponta do nariz dela.

 

Sofia sorriu para eles.

 

"Outra coisa que vou sentir saudades: segurar vela pra vocês." comentou risonha.

 

"Ah, você nem segurava tanto assim! Quando a gente começou a ficar, você já 'tava andando com Maria, Sarah e esse povo aí." Denise lembrou.

 

"Eu 'tava dando privacidade pra vocês! E deu super certo já que eu soube que Jerê errou o caminho pro dormitório dele e, por acaso, foi parar na sua cama." Sofia falou fazendo os amigos rirem alto.

 

"Pra você ver como são as coisas! Meu dormitório é o 226A e o dela 226B, acabei me confundindo." ele disse e Denise assentiu.

 

"Sim! E eu acabei tropeçando e caindo bem em cima dele. 'Tava tão macio que acabei ficando." a ruiva disse.

 

Sofia riu gostosamente.

 

"A cara de vocês nem queima! Vocês não tiveram medo de serem pegos?" perguntou.

 

"Ah, Sofia… nessas horas essa é a última coisa que a gente pensa." Jeremias respondeu.

 

"E pensar que vocês viviam se implicando... Acham que vou achar outros Jerê e Denise na escola que eu for?" Sofia comentou.

 

"Se der sorte pode encontrar gente muito melhor que nós dois." Denise respondeu.

 

"Vai achar, certeza." Jeremias completou.

 

Sofia suspirou.

 

"Gente… eu 'tô falando sério! Meus pais acham que 'tô pronta pra sair desses muros e enfrentar um lugar novo. Mas eu não sei se realmente estou pronta! Mais ainda sem vocês do meu lado." desabafou.

 

Jeremias e Denise se entreolharam antes de cada um se sentar ao lado de Sofia.

 

"Sofia, eu concordo com seus pais. Você 'tá pronta pra deixar o IL e mostrar pro mundo essa pessoa incrível que tem se tornado. E outra, mesmo com a gente no seu pé você fez outras amizades com pessoas que te adoram, então vai tirar de letra!" Jeremias disse e Denise assentiu com um sorriso.

 

Sofia sentiu seus olhos umedecerem enquanto sorria.

 

"Miga, nós nunca vamos deixar de te apoiar, mesmo em escolas diferentes! Eu sei onde você mora, vou lá encher teu saco e levo esse Sonic aqui que, vamos combinar, é um saco." Denise disse brincando ao fim.

 

"Ah, Fofoqueira, vai fazer suas fofocas, vai!" ele disse também rindo.

 

Sofia riu enquanto abraçava os dois.

 

"Eu amo vocês dois, mas ai de vocês se voltarem com esses apelidos!" ela exclamou e cada um deles beijou uma de suas bochechas.

 

Antes que falassem mais alguma coisa, uma pessoa se aproximou.

 

"Ô Jerê-ê! Você 'tá lindo hoje, sabia?" cantarolou fazendo um elogio ao fim.

 

"Algo me diz que você vai me pedir alguma coisa, Magali." ele respondeu e Magali assentiu.

 

"Sim! Que você e Denise venham comigo até a biblioteca. Mas temos que ser rápidos, daqui a pouco acaba o horário do café da manhã!" ela disse e os três se levantaram.

 

"Eu vou atrás dos meus amigos." Sofia disse saindo em seguida.

 

"Por que tem que ser lá, Magali? Fala aqui!" Denise falou.

 

"É que não é só com vocês, então lá eu já falo de uma vez." a morena respondeu e os dois a seguiram.

 

                                           X

Na biblioteca, estavam Isadora, Do Contra e Narcisa os esperando.

 

"Seguinte, gente. Eu 'tava com meus amigos pensando sobre esse momento do IL e tive uma ideia: uma festa junina que também incorpore o dia dos namorados! Pra ser marcante, sabe? Muita gente vai sair do internato, tem que ter pelo menos uma lembrança boa." Magali disse.

 

"Ainda não entendi essa escolha de pessoas." Denise comentou apontando ao redor.

 

"Ué, Jerê e DC são a parte musical do evento; você e Narcisa têm uma grande influência sobre meu pai e esse pode ser um feito memorável para o jornal e pra você, Denise, que ajudou a gente em outros momentos. E Isa é do teatro! Pode montar aquela apresentação e a própria dança da quadrilha." ela explicou.

 

"E por que você mesma não fala? Ele é seu pai, é até mais fácil." Denise perguntou.

 

"Porque eu acho que você encabeça eventos muito bem e o jornal pode ajudar. E outra, acho que alguém e algo que por tanto tempo entristeceram as pessoas podem fechar com chave de ouro fazendo algo que traga felicidade." Magali respondeu e a outra assentiu.

 

"A ideia é boa, mas tem alguns problemas. Um deles é que festa que envolve dia dos namorados com toda certeza quebra as regras." Do Contra lembrou.

 

"Outro é que não tem como custear um evento inesquecível com o IL falido." Narcisa observou.

 

"Pro teatro 'tá de boa." Isadora disse com um sorriso.

 

"Gente, a essa altura do campeonato, meu pai não vai negar nada! Ele já 'tá na merda, deixar os alunos se divertirem é o de menos. Sobre o orçamento, a decoração podemos contar com a ajuda do grupo de arte! E o jornal eu sei que consegue patrocínio em um piscar de olhos. Vamos pelo menos tentar!" Magali argumentou.

 

Os demais se entreolharam, era uma proposta interessante.

 

"Vamos fazer um dos melhores eventos que esse internato já viu!" Denise exclamou e Magali sorriu abertamente.

 

O sinal tocou indicando que já era hora de correrem para a sala de aula.

 

                                           *

As aulas passaram mais monótonas que o normal, tanto que os alunos viram o almoço como uma salvação.

 

Em uma das mesas do refeitório estavam Nikolas, Milena e Nimbus, os demais haviam ido devolver suas bandejas. Milena estava lendo enquanto Nimbus aproveitava a presença de Nikolas para confirmar um cálculo.

 

"Eu ainda não vi essa matéria, Nimbus. Devia perguntar pra Hortênsia." ele disse.

 

"Ela 'tá toda feliz que vai sair daqui, acho que nem na monitoria ela aparece mais." Nimbus respondeu e Milena os olhou.

 

"Ei, Nikolas, acabei nem te parabenizando pela bolsa! Parabéns! Espero que aceite!" ela disse.

 

"Digo o mesmo! Parabéns, cara!" Nimbus disse.

 

Nikolas sorriu.

 

"Valeu, gente. Ér... Por acaso os namorados de vocês disseram alguma coisa sobre minha saída? Que até agora ninguém nem mesmo falou comigo e eu 'tô sem saber como reagir." perguntou e os outros dois se entreolharam.

 

"Pra mim, não. Lamento." o mais velho respondeu.

 

"Pra mim também não, nem mesmo da minha saída Tikara quer falar. Mas fazer o quê, né?" Milena disse e, no mesmo momento, os outros três retornaram e se sentaram em silêncio.

 

A quietude da mesa foi quebrada pela voz animada de Hortênsia, que já chegou abraçando Nikolas.

 

"Nik! Adivinha quem 'tá num dia bom?" ela disse.

 

"Entre nós dois, só pode ser você." ele disse e ela franziu o cenho.

 

"Como assim?" perguntou e ele negou com a cabeça.

 

"Nada, não. Por que você 'tá tão feliz?" o rapaz mudou o foco.

 

"Hoje tenho um esqueminha depois da monitoria, mas Ana Paula queria que eu desse uma revisão de análise combinatória que o povo errou demais num simulado que fizemos. Você pode dar esse help? Eu falo com a fera." ela perguntou e o moreno riu.

 

"Desafiando a fúria da Ana Paula pra pegar… alguém? Essa pessoa é importante mesmo! É quem eu 'tô pensando?" perguntou quase esquecendo que a orientação sexual da amiga era secreta para muitos.

 

"Aquela pessoa não gosta do mesmo que eu. Mas e ai? Vai me ajudar? Prometo que no nosso primeiro dia na outra escola eu te pago um lanche!" prometeu e foi possível ouvir Penha respirar fundo.

 

"Pode contar comigo." Nikolas aceitou e Hortênsia sorriu.

 

"Valeu! Te amo!" falou o abraçando novamente e saindo em seguida. 

 

O silêncio voltou assim que Hortênsia saiu, mas foi quebrado pelo som da cadeira de Nikolas se arrastando e ele deixando o local em seguida sem dizer nada.

 

"Gente, vocês geralmente são quietos assim ou é porque eu 'tô aqui?" Nimbus perguntou.

 

"Estamos quietos em respeito à Milena, que está neste exato momento lendo um livro de vestibular." Xaveco respondeu apontando com a cabeça para a cacheada.

 

Milena o olhou.

 

"Pra ser sincera, me incomoda muito mais vocês ignorando a questão mal resolvida que têm com o Nikolas do que ouvir alguma conversa divertida, como vocês geralmente fazem." respondeu simples.

 

"Do que você 'tá falando?" Penha perguntou e Milena fechou o livro enquanto se levantava.

 

"Ué, Nikolas 'tá tendo uma chance de ouro e vocês nem mesmo parabenizaram ele! Muito pelo contrário, não demonstraram apoio nenhum." a outra respondeu direta.

 

"Nosso melhor amigo saindo do internato é um choque, Milena. É difícil de digerir! Assim como a sua saída." Tikara falou.

 

"Eu sei, Tikara, mas ignorar desse jeito não vai diminuir o choque! Na verdade, só vai piorar! Principalmente pro Nikolas que tem uma puta decisão em mãos e está hesitante por causa da falta de reação de vocês." Milena exclamou e o namorado passou as mãos nos cabelos.

 

"Ele sabe que a gente vai apoiar qualquer decisão que ele tomar!" Xaveco disse.

 

"Então fala isso pra ele! Se abram, qualquer coisa, mas demonstrem apoio! Se coloquem no lugar dele, gente!" exclamou se afastando.

 

"Milena, espera! Vamos conversar." Tikara disse e ela riu sem humor, a situação do internato estava a deixando estressada.

 

"Ah, agora você quer conversar? Desde ontem eu quero falar com meu namorado sobre como a saída do IL está nos afetando, não só no namoro, mas em todos os sentidos, e ele não quer. Eu entendo que é difícil pra você falar sobre as coisas, Tikara, pra mim também é, mas a gente tem que tentar de vez em quando!" exclamou e saiu.

 

Tikara bufou deitando a cabeça na mesa e os outros ficaram quietos pensando no que ela disse. Nimbus, que os observava, bufou. Aquele clima horrível não combinava com aquele grupo.

 

"Olha, gente, eu sei que sou o mais novo no grupo, mas sou obrigado a dizer: vocês 'tão fazendo merda!" exclamou e os três o encararam.

 

"Que merda que a gente 'tá fazendo? Sofrer com o afastamento de alguém agorra é fazer merda?" Penha perguntou.

 

"Sofrer não, agir como se nada tivesse acontecendo, como a Milena acabou de dizer, é!" respondeu.

 

"Tikara, é compreensível essa sua falta de coragem de ter essa conversa. Vocês começaram o namoro agora, mas, cara, imagina o estresse que ela deve estar! Do nada, todo o esforço que ela teve pra entrar e pra continuar no internato se reduziu a péssimas opções de permanência e o famoso 'se vira'. Ela precisa falar com alguém sobre isso, e você pode ser essa pessoa! Então vai falar com ela! Decepção com moleque aqui no IL ela já teve duas vezes, não seja o terceiro." aconselhou e Tikara, como se levasse um choque, levantou e saiu correndo.

 

Nimbus se virou para Penha.

 

"Penha, confesso que nunca gostei muito de você pelas coisas que você fazia, mas Xaveco disse que você mudou e que faz Nikolas muito feliz. Então por que o que é melhor pra ele não te interessa?" perguntou e ela arregalou os olhos.

 

"Mas é clarro que me interressa! Nikolas merrece o mundo, Nimbus! Mas meu namorro com ele também é recente e eu vou sentir saudades dele aqui comigo! Mais ainda se eu conseguir a bolsa e ter que me esforçar mais do que já me esforço e me esgotar! E ele já ficou tanto tempo sozinho aqui no IL, ele vai pra lá e vai ficar sozinho de novo… ele não merrece sofrer!" respondeu.

 

"Seu caso também é difícil, mas acho que, de todo mundo, a sua opinião pra ele vai ser uma das mais fortes. Essa chance que ele 'tá tendo não aparece duas vezes, e a namorada dele ouviu a notícia, foi embora e não falou com ele desde então! Fala com ele, Penha, nem que seja pra dizer como se sente com isso." recomendou e ela o olhou antes de também sair deixando  apenas o casal na mesa.

 

"Era pra levar tudo só na base do namoro deles? Porque eu também 'tô me sentindo meio afetado." Xaveco perguntou e o namorado riu.

 

"Era pra sentir mesmo! 'Tô bem surpreso em saber que logo você, que gosta de conversar, não disse nada." falou e o cacheado suspirou.

 

"A primeira pessoa que literalmente estendeu a mão pra mim aqui no IL foi o Nik. O Tikara veio de brinde com o trote. Imaginar que a primeira pessoa que foi seu amigo aqui dentro vai deixar de estar na sua rotina te deixa sem reação, por isso o choque foi tão grande. Mas é claro que eu quero que ele vá pra um lugar que vai valorizar esse gosto por matemática que ele tem." confessou.

 

"Repito o que Milena disse: fala pra ele." falou e Xaveco riu.

 

"Mal entrou no grupo e já 'tá lidando com nossos surtos, sinto muito. Mas me fala… como você consegue dizer exatamente o que a gente precisa ouvir? Experiência?" perguntou e Nimbus riu.

 

"Também, o tanto de gente que sai do IL me ensinou algumas coisas. Mas teve uma coisa que eu aprendi com você, Xavier." falou e o outro franziu o cenho.

 

"O quê?" perguntou.

 

"Que alguns sentimentos precisam sair do peito, que algumas coisas precisam ser ditas. E não é só de namoro que eu 'tô falando." Nimbus respondeu loiro riu.

 

"Quando foi que te ensinei isso? Não lembro de ter dito isso alguma vez." perguntou e Nimbus não evitou de tirar um cachinho do olho do namorado.

 

"Você sempre falou dos seus amigos e do quanto você insistia pra eles falarem como se sentiam pras meninas. Isso diz muito sobre quem você ama, e sobre quem eu amo." falou e Xaveco riu carinhoso.

 

"A gente ainda 'tá no IL, se inspetor pega a gente nesse clima gostoso, a gente se ferra. Mas eu gostei do que ouvi! Eu tenho que falar com Nik, mas a essa hora se a Penha não tiver monopolizado ele, alguém da monitoria monopolizou." falou.

 

"Enquanto isso, quer dar umas voltas? Até o vestiário quem sabe?" o moreno convidou e o Xaveco riu.

 

"Ótima ideia!" exclamou e saiu da mesa com Nimbus.

 

                                       *

Penha corria contra o tempo para achar Nikolas, sabia que nos minutos pré monitoria muita gente ia atrás dele. Ela o viu entrando na sala onde acontecia a monitoria e o gritou.

 

"Nikolas! A gente pode conversar?" ela perguntou um pouco ofegante, a biblioteca, onde tinha procurado primeiro, não era tão perto das salas de aula.

 

"Pode. Tenho dez minutos até aparecer alguém." ele respondeu sem muito entusiasmo e os dois entraram na sala.

 

Penha, antes de falar qualquer coisa, o abraçou fortemente, e foi retribuída.

 

"Desculpa! Eu não disse nada sobre sua saída, simplesmente sumi e dei a entender que não te apoio. Eu te apoio, meu amor! Demais! Você merrece um lugar que valorrize todo seu esforço e amor pela matemática, mas…" falava até suspirar e se afastar.

 

"Ainda é difícil aceitar que depois das férrias, se eu continuar no IL, vou andar por esses corredorres sem ter meu namorrado pra roubar uns beijinhos, pra me fazer companhia, pra irritar o Xaveco e Tikarra e tudo mais! Mas mesmo assim eu querro o melhor pra você, e o melhor é você é aproveitar essa chance ótima que 'tá tendo. Parrabéns!" ela disse e ele a abraçou novamente.

 

"Não precisava se desculpar. Eu 'tava meio preocupado com o peso que essa decisão traria pra você e os meninos, e pra mim também! Mas como ninguém dizia nada, eu não sabia o que pensar." ele disse.

 

"Eles também te apoiam, Nik, só que o choque foi grande. Milena e Nimbus meio que ajudarram a gente a enxergar de um jeito diferrente a nossa reação." Penha confessou ainda em seus braços.

 

"Fico muito feliz em saber disso." falou e ela o beijou apaixonadamente.

 

A porta se abriu e de lá entrou Ana Paula.

 

"Opa! Podia ser o Carlito aqui! Vamos acalmar esses ânimos!" ela disse e os dois se separaram rindo.

 

"Nikolas, Hortênsia me disse que você aceitou a proposta dela de ajudar o terceiro. Trouxe aqui o material necessário." a professora falou entregando um caderno a ele.

 

"Tô me arrependendo de ter aceitado." ele comentou folheando o caderno e ela riu.

 

"E ai? Pensou na proposta?" Ana Paula perguntou e ele assentiu.

 

"Pensei e… eu vou sentir saudades do IL." disse olhando para Penha, que sorriu, e a professora assentiu.

 

"Faz parte, mas vai valer a pena! Eu também dou aula lá, então duas pessoas você já conhece." falou e a porta se abriu novamente, os alunos começavam a chegar.

 

"Tenho que ir agorra. Tchau, Nik! A gente se vê depois." ela disse piscando um olho e saindo.

 

                                          *

Enquanto isso, Tikara ainda corria à procura da namorada, que simplesmente havia sumido. Faltava pouco para o horário em que ela ia para os estudos avançados, então estava começando a se desesperar.

 

Sua correria o levou até a quadra e lá estava Milena, mas ela não estava sozinha, e sim com Cascão, que quase sempre estava por lá. Quanto mais Tikara se aproximava, mais conseguia ouvir a conversa.

 

"Você matando E.A é uma surpresa." Cascão comentou.

 

"Tô cansada, sabe? Quando eu finalmente resolvo meu problema com meus pais, vem o mundo e desmorona nos meus ombros!" ela disse e o amigo riu.

 

"Pede uma massagem pro Tikara." sugeriu e a moça riu.

 

"Acho que não rola, não." ela respondeu.

 

"Não me diga que ele 'tá vacilando!" o rapaz exclamou.

 

"Não, dessa vez não é bem um vacilo. Você sabe que ele tem dificuldades em se abrir, assim como eu! Então fica difícil pra ele querer entrar num assunto que o deixa triste, sabe?" Milena explicou e Cascão assentiu.

 

"Sei. Abrir o coração é muito difícil…" falou.

 

Tikara suspirou com isso, sabia que era difícil se abrir, mas naquele momento era necessário.

 

"Te achei!" falou ao ficar bem perto e os dois o olharam.

 

"Vou deixar os pombinhos a sós. Mas fiquem espertos com os inspetores, eles aparecem aqui às vezes." Cascão disse saindo em seguida.

 

Tikara se sentou ao lado da cacheada, que respirou fundo.

 

"Desculpe." falaram ao mesmo tempo.

 

"Ué, do que você 'tá se desculpando?" Tikara perguntou.

 

"Eu fui insensível com você. Eu sabia que você tinha esse problema em se abrir e meio que joguei isso na sua cara na frente dos seus amigos." ela disse e ele riu.

 

"Não precisa se desculpar. Na real, eu que fui o insensível. Quando você disse que ia sair do IL, eu só pensei no fato de que a gente não se veria tanto assim, mas a momento nenhum pensei na sua situação, que é diferente da minha!" Tikara começou.

 

"De repente a sua vida mudou de um jeito que você teve que tomar uma decisão rápida, sem suporte nenhum do internato e eu ignorei completamente isso." continuou e segurou nas mãos dela.

 

"Mi, somos um casal com dificuldades de se abrir, mas você 'tá certa sobre a gente ter pelo menos que tentar. Nenhum de nós precisa carregar o peso do mundo sozinho, podemos tentar aprender a dividir esse fardo juntos." concluiu e ela sorriu.

 

"Concordo. Lembra que você me incentivou a me abrir com meus pais? Eu fiz isso e foi incrível! E quero continuar!" exclamou e ele sorriu.

 

"Então as damas primeiro. Como você 'tá com tudo isso?" Tikara perguntou mostrando interesse.

 

Milena colocou os cabelos para trás.

 

"Sentindo várias coisas! Um misto de surpresa com insegurança, saudades e tristeza." respondeu.

 

"Insegurança?" ele perguntou.

 

"Além de o IL não estar dando praticamente nenhum suporte pros bolsistas, essas provas são difíceis e vão estar mais concorridas porque já 'tá correndo por aí que o IL 'tá nessa situação." a moça explicou.

 

"Você vai conseguir, você é ótima! E o IL é um lugar meio complicado, cobra mais do que apoia." falou e ela riu.

 

"Realmente. Falando em apoio… e o Nik? Sei que a saída dele impactou você." ela disse e ele suspirou.

 

"Nik além de um dos meus melhores amigos é meu colega de quarto. Pode parecer bobagem, mas eu fiquei muito mais confortável aqui no internato quando descobri que dividiria o quarto com ele, chamei até de mamãe, na zoeira." falou e ela riu.

 

"Mamãe?"  a cacheada repetiu.

 

"Figura materna, na verdade. É que ele me ajudou a fugir do trote. E lá o Xaveco também 'tava e… tudo começou." explicou com um sorriso.

 

Tikara ficou alguns segundos em silêncio antes de respirar fundo.

 

"Não vai ser a mesma coisa. O mesmo vale pra você! Não vai ser a mesma coisa estar no IL sem minha capitã favorita que desde a primeira vez que eu vi, eu fiquei sem chão, e ainda fico." falou e ela sorriu enquanto o abraçava pelos ombros.

 

"Tikara… nada acaba aqui. A gente pode se ver aos fins de semana, nas férias e em feriados! E outra, eu ainda quero tentar quebrar o recorde do Nik já que ontem ninguém quis jogar." ela disse e ele riu.

 

"Ei, esse é um objetivo meu!" exclamou e a morena riu.

 

"Perdeu, gatinho!" falou e ele riu gostosamente suspirando ao fim.

 

"Eu vou falar com ele hoje." o rapaz disse e ela o abraçou.

 

"Estou orgulhosa de você!" a moça falou sorridente e o moreno apoiou sua cabeça no ombro dela.

 

                                                                             *

Na monitoria de inglês, Mônica estava sentada ao lado de Magali se sentindo entediada. Depois de tanto tempo tendo aulas de inglês apenas ela e Cebola, estar na monitoria dele com outras pessoas deixava tudo sem o mesmo ânimo.

 

Cebola, por sua vez, mostrava toda a sua animação em explicar. Além de gostar de fazer isso, tinha que aproveitar seus últimos momentos no internato.

 

Magali parecia prestar atenção, mas, na realidade, não estava tanto assim. Naquele momento, Denise e Narcisa deviam estar falando com seu pai e ela queria saber a resposta.

 

"Magá, o que virou aquilo lá da festa junina?" Mônica perguntou baixo.

 

"Ainda não sei, vou descobrir quando a monitoria acabar. Então 'tô contando os minutos." respondeu e a amiga riu.

 

"Eu também, mas é porque não é mais tão interessante essa aula. Sei lá, era mais atraente quando era só o Cebola e eu." falou e a amiga riu.

 

"Safadinha…" balbuciou.

 

"Mônica and Magali! Pay attention, please." Cebola pediu e todos as olharam.

 

"Sorry, Cebola." desculparam-se.

 

"Se fosse a gente, já tinha xingado! Mas como a namoradinha 'tá no meio…" uma garota comentou fazendo Mônica revirar os olhos.

 

"Que bom que as férias 'tão chegando!" exclamou não muito alto.

 

Quando a monitoria acabou, Magali arrumou suas coisas rapidamente.

 

"Nossa, que pressa é essa?" Cebola perguntou enquanto apagava a lousa.

 

"Tenho que descobrir o que vai ser da festa e ir pro meu E.A! Querem vir?" ela perguntou colocando a mochila nas costas.

 

"Claro! Eu só tenho monitoria de matemática às quartas agora. Hortênsia foi um amor em me ajudar nessa." Mônica disse.

 

"Eu vou também, mas tenho que apagar a lousa e entregar a chave." Cebola disse.

 

"Vai rápido! Rubens só permite vinte minutos de diferença pra quem faz monitoria." Magali disse batendo o pé impaciente.

 

"Calma, Magá. Pra que essa ansiedade toda, mulher?" Mônica perguntou.

 

"Porque foi uma ideia meio arriscada, mas toparam fazer. Até Isadora topou ajudar naquele teatro do casamento caipira." respondeu.

 

"Aí, Mô! Podemos pedir pra ser os noivos." Cebola sugeriu risonho.

 

"Mas nem a pau! Nunca mais vou querer ser protagonista dessas peças! Até topo dançar, mas noiva? De jeito nenhum." a moça negou.

 

"Acabou de ser rejeitado, Cebola." Magali brincou e ele acabou de apagar a lousa.

 

"Depois dizem que não sou romântico. Terminei de apagar!" ele disse e Magali esfregou uma mão na outra.

 

"Ótimo, vamos lá." a de cabelos longos falou saindo da sala praticamente correndo.

 

O casal riu enquanto saía da sala.

 

                                          *

Enquanto isso, na sala da direção, Carlito tinha uma sobrancelha erguida e uma das mãos no queixo.

 

"Deixa eu ver se entendi... Vocês querem um evento que seja uma mistura de festa junina com o dia dos namorados? Sabem que a ideia do dia dos namorados quebra regra do internato, não?" perguntou.

 

"Sim, mas o que o senhor tem a perder, diretor? Já 'tá todo lascado mesmo! Pra que não deixar a gente se divertir? Pelo menos em um momento os alunos não vão te odiar." Denise disse.

 

"Sem contar que temos direito a atividades culturais. E a festa junina é cultural." Narcisa lembrou.

 

"Festa junina sim, mas dia dos namorados… não tem essa mesma força." ele afirmou.

 

"É, mas não é como se a gente fosse fazer alguma coisa errada. É só pra galera que se ama se declarar por cartinhas, mandarem um correio elegante, uma cadeia do amor de leve, uma cabine de fotos… e também coisas típicas da festa junina." Denise disse.

 

Carlito riu.

 

"Meninas, vocês sabem que a situação financeira do internato está ruim. Não podemos bancar uma festa assim." ele disse.

 

"Tudo já foi pensado! Nós do jornal conseguimos patrocínio com comida, bebida e talvez essa cabine, não se preocupe; Denise disse que pode ficar responsável por toda a organização; o grupo de música topou ficar na parte musical; o teatro com a dança da quadrilha; e o grupo de arte pode nos ajudar também com decoração que pode ser simples. Tudo pode dar certo!" Narcisa disse.

 

O diretor estreitou os olhos e assentiu.

 

"Tudo bem, se for assim, eu autorizo que aconteça a festa." falou e elas sorriram antes de trocarem um high-five.

 

"Vocês duas se juntaram pra pensar nisso? Pelo que eu me lembro, vocês não são mais amigas." ele perguntou.

 

"Nunca fomos, mas quando trouxeram a ideia da festa, vimos que valia a pena unir forças." Narcisa respondeu e ele franziu o cenho.

 

"Não foram vocês que tiveram essa ideia?" perguntou e elas riram.

 

"O senhor nem imagina quem foi, diretor! Mas o senhor vai saber no dia. Agora temos muito o que fazer e espalhar por aí." Denise comentou e as duas saíram.

 

Do lado de fora, as duas deram de cara com Magali.

 

"E ai?" ela perguntou ofegante 

 

"Você veio correndo, criatura?" a ruiva perguntou.

 

"Sim! Ele topou?" a morena perguntou.

 

As outras duas sorriram.

 

"Meu amor, avisa pra todo mundo que vai ter sim uma festa junina misturada com dia dos namorados aqui no Internato Limoeiro!" Denise disse e Magali deu um pulo animada antes de abraçar as duas meninas.

 

"Isso é ótimo! Obrigada, meninas! Contem comigo no que precisar!" exclamou.

 

"Precisamos que anuncie. Sai gritando pros quatro cantos que vai ter mais uma festa! Vou pro jornal agora!" Narcisa exclamou animada enquanto saía.

 

"Ah, e vamos fazer surpresa pro seu pai sobre a ideia ter sido sua. Então segredinho." Denise disse e Magali assentiu.

 

                                             *

A notícia da festa começou a se espalhar, tanto pelos boatos quanto pelo próprio jornal que foi publicado de última hora. O clima de desânimo do prédio começou a dar espaço para um animado.

 

Já era quase fim de tarde quando, no auditório, o grupo de teatro, que havia reduzido significativamente, se reuniu.

 

"Gente linda do meu coração, o típico teatrinho do casamento será por nossa conta! Eu sugeri os noivos fossem do terceiro, mas ninguém topou e eu vou ser a cerimonialista. Então... preciso dos noivos e daqui que vai sair!" ela disse.

 

"Me tira dessa! Eu não vou ser protagonista nunca mais! Topo dançar ou ser qualquer coisa, mas noiva não!" Mônica alertou.

 

"Trauma, o nome. Eu também não quero ser noivo! Já fui protagonista uma vez, hora de passar meu bastão." Toni disse.

 

"Nem olhem pra mim! Eu não 'tô a fim." Gabriela disse e os outros dois restantes na sala também negaram.

 

Isadora bufou.

 

"Porra, gente. Precisamos de noivos!" exclamou.

 

No mesmo instante, Jeremias entrou junto de Sofia fazendo Gabriela sorrir.

 

"Eu lembro que o Jerê queria interpretar na outra peça. Ele pode ser o noivo!" a  cacheada sugeriu.

 

"Perfeito! Jerê, você vai ser o noivo!" Isadora exclamou e o moreno olhou sem entender.

 

"Eu o quê?" perguntou.

 

"Aqui, Jerê, 'tô te passando o bastão." Toni disse e o outro franziu o cenho.

 

"Você o quê?!" questionou e o loiro riu.

 

"É o bastão do peso de ser protagonista, calma!" Toni explicou.

 

Jeremias fez uma careta.

 

"Gente, do que vocês 'tão falando?" perguntou.

 

"O teatro da festa junina está por nossa conta, mas ninguém quis ser noivo. Então Gabi lembrou que você queria participar da peça e sugeriu que fosse você o noivo, então você é nosso noivo." Isadora explicou.

 

Jeremias piscou um olho de cada vez.

 

"Ah… 'tá bom. Então eu noivei e não 'tô sabendo? A coitada da noiva sabe disso?" perguntou.

 

"Eu posso falar pra ela." Sofia brincou cutucando  amigo.

 

"Ou você pode ser ela!" Isadora disse e Sofia franziu o cenho.

 

"Isadora, todo mundo sabe que Jeremias e Denise se pegam! Por que eu seria a noiva?" Sofia perguntou.

 

"Os pares não precisam ser levados tão a sério, Sofia. Você é amiga dele, pode ser divertido pra vocês. E outra, a Denise 'tá na organização." Isadora disse.

 

"Ou podemos colocar a Denise também, a amante no casamento dando em cima do noivo." Toni sugeriu.

 

"Você quer ver sangue, né, Toni? E o duro é que eu gostei dessa ideia. Enfim, vocês vão ser nossos noivos! Os pais da noiva podem ser meus eternos Aurora e Arlindo, fiquei devendo pro público vocês como casal. Mônica, você pode ser a mãe do noivo. E vocês dois, padrinhos!" Isadora sugeriu. 

 

Toni e Gabriela fizeram um toque de mãos e Mônica abraçou Jeremias pelos ombros.

 

"Meu filho já 'tá casando?!" brincou e ele riu.

 

                                              *

Enquanto isso, do lado de fora, Tikara e Xaveco estavam com Nikolas e Penha. Os dois decidiram falar juntos e a moça já estava com o namorado.

 

"Nik, nossa intenção nunca foi não te apoiar. Muito pelo contrário, a gente quer que você vá longe." Xaveco disse.

 

"Sim! Então a gente quer que você tome a decisão que seja melhor pro seu futuro. Que obviamente é vazar do IL. Bata suas asas pra longe daqui." Tikara disse.

 

Penha sorriu para eles e depois encarou o namorado que sorria.

 

"Nossa. Estão realmente me mandando pra longe da vida de vocês? Que ótimos amigos, vocês!" falou fingindo decepção, mas os amigos não perceberam o fingimento.

 

"O quê? Não! A gente… a gente…" falavam até a risada de Nikolas soar alta.

 

"Eu 'tô zoando! Fico muito feliz em ouvir isso de vocês, é muito importante saber que se importam comigo." falou ainda entre risos.

 

Tikara e Xaveco negaram com a cabeça.

 

"E eu quero que você se foda, Nikolas! A gente aqui abrindo nosso coração e você zoando." o loiro reclamou fazendo o amigo rir mais, e Penha o acompanhar.

 

"Vacilão!" Tikara exclamou.

 

"Como vocês acabam com o clima rápido, puta merda!" Penha comentou risonha.

 

"Foi mal, eu não podia perder essa. Vamos fazer o seguinte: aproveitar a presença do melhor gamer do mundo, vulgo o papai aqui, em vez de ficar na sofrência." sugeriu e eles riram.

 

"Ontem não deu, mas aquele pódio vai mudar de nome! Vai ter o nome do real vencedor!" Tikara disse.

 

"Verdade, vai estar escrito Xavier." Xaveco disse brincalhão.

 

Os três riram enquanto Penha os observava com um sorriso. Sabia o quanto eles, e ela, sentiriam falta de Nikolas, mas sabia mais ainda o quão orgulhosos estavam do amigo.

 

                                        *

Sentados na área verde, Toni e Gabriela montavam suas próprias falas, havia sido uma ideia de Isadora para deixar tudo mais natural.

 

"Eu 'tô gostando mais das suas falas que das minhas!" ela comentou enquanto espiava por cima do ombro dele, em que estava escorada.

 

"Eu sou incrível, né? Tudo que toco fica perfeito, igual a mim." o rapaz brincou e ela riu.

 

"Você é perfeito? Não sei na onde!" ela comentou.

 

"Bem aqui!" falou mostrando ao redor.

 

"Cuidado, hein?! Essa sua pseudo arrogância afasta as pessoas, mas você até que deu sorte! Muita gente deixou de te odiar." ela disse.

 

"Eu mesmo podia estar me odiando até hoje, mas algumas companhias fazem a gente mudar a visão sobre as coisas." ele disse e a moça levantou a sobrancelha.

 

"E quem foi esse ser incrível?" perguntou e ele riu.

 

"Você que não foi! A Aurora... talvez." respondeu e ela riu.

 

"O que você mais gostava na Aurora?" Gabriela perguntou.

 

Toni deu de ombros.

 

"Não sei dizer. Ela foi criada pra ser amiga do Arlindo, então ele tinha que gostar de tudo nela. O foda é quando a Gabriela, que não foi criada para ser amiga do Toni, consegue esse feito." falou e ela sorriu envergonhada.

 

"Você gosta de tudo em mim?" ela perguntou e ele riu.

 

"Depende, se eu disser sim você vai ficar metida?" o rapaz perguntou

 

"Pra caralho." a loira respondeu.

 

"Então não." Toni disse e ela riu.

 

"Agora acho que você é mentiroso! Mas vamos lá! Quer ler minhas falas? Eu acho que precisa melhorar… porque eu realmente gostei mais das suas." falou 

 

"Quer falar elas? Eu posso ser a mãe da noiva, uma verdadeira emocionada pela filhinha que está se casando." falou afinando a voz ao fim.

 

Gabriela sorriu animada.

 

"Isso! Vamos inverter! Eu posso ser o pai da noiva e você a mãe!" exclamou e ele, a princípio, pensou em seu pai que provavelmente compareceria, mas, ao olhar para a feição esperançosa dela, cedeu.

 

"Tá bom, pode ser divertido." concordou e ela esfregou uma mão na outra.

 

"Vai ser!" exclamou.

 

"A emocionada mãe da noiva merece um beijinho de consolação pela filha deixando o ninho?" perguntou fazendo um bico e ela riu antes de olhar para os lados e beijá-lo nos lábios.

                                              *

Sentados no muro  estavam Magali, Cascão, Cebola e Mônica comendo  salada de frutas, parte do lanche da tarde que havia sobrado e Cascão, que era amigo das cozinheiras, conseguiu duas porções, então estavam dividindo.

 

"Eles são fofos, né?" Mônica comentou olhando para o lado.

 

"Eles quem?" Magali perguntou.

 

"Toni e Gabriela. Vi eles se beijando ali. Nunca pensei que eles se pegariam, pelo menos até ela defender o Toni." comentou.

 

"Esse internato vive surpreendendo a gente." Cebola comentou segurando firme no muro.

 

"Tá com medo de cair, Cebola? 'Tá segurando o muro com uma força! Ah, é... Você já caiu dele." Cascão comentou zombeteiro.

 

"Que medo o quê! É que se um inspetor aparecer, eu vou ser o primeiro a vazar." falou.

 

"E me deixaria sozinha?" Mônica perguntou.

 

"Em alguns momentos é cada um por si." ele respondeu. 

 

"Que horror, Cebola!" Magali disse.

 

"É a vida. E ai? O que podemos esperar da festa junina dos namorados?" Cebola perguntou.

 

"Não é esse o nome, acho que vai ser festa junina do amor. E podemos esperar coisas boas!" Magali respondeu.

 

"Que nome brega! Gostei mais do nome do Cebola" Mônica comentou.

 

"Puxa saco!" Cascão exclamou.

 

"Não, eu só achei o outro melhor. Você prefere qual?" ela perguntou e ele riu.

 

"E eu lá me importo com o nome da festa? Eu quero A festa!" respondeu.

 

"Boa!" Mônica disse fazendo um high-five com Cascão, mas foi tão forte que o rapaz quase se desequilibrou e acabou deixando a salada de frutas cair para evitar sua própria queda.

 

"Aêêê! Derrubou nossa salada de frutas!" Magali reclamou.

 

"Mão furada é foda." Mônica disse ao amigo.

 

"Mão pesada que é foda! Gente, melhor descer do muro, os inspetores passam por aqui a essa hora." Cascão disse e um inspetor, não muito perto, apareceu.

 

"Ei, vocês! Desçam desse muro!" ele disse.

 

"Corre, gente!" Cascão disse pulando do muro e ajudando as duas meninas a descerem.

 

"Ei! Eu não ganho ajuda?" Cebola perguntou.

 

"Você não disse que era cada um por si? Então se vira!" Cascão disse correndo com Magali.

 

"Cascão, seu merdinha!" Cebola xingou enquanto descia do muro e caía no processo.

 

Mônica o ajudou a levantar.

 

"Vamos, molenga!" ela disse rindo e os dois correram.

 

                                                                               X

No meio da correria, Magali ria, sempre que corria com Cascão se divertia. Os dois pararam de correr quando ficaram atrás de uma árvore.

 

"Cascão, a gente tem que parar de quebrar regra!" ela disse com um riso e ele a olhou.

 

Os sorrisos de adrenalina de Magali sempre o encantavam, eram mais vívidos. Há tempos Cascão já não a via como quando se conheceram, ele acompanhou sua mudança e sentiu algo mudar em si, mais em especial em seu íntimo. Era um sentimento que crescia tanto que tinha que ser arrancado.

 

"Magá, na verdade, tem mais uma regra que e quero quebrar." falou e ela o olhou sem entender.

 

"O quê?" perguntou e ele se aproximou mais ficando de frente para ela.

 

"Quando te conheci, você era diferente do que é hoje. Já era linda e eu já gostava de você, do seu jeitinho... mas ver você ficando cada vez mais feliz por ser quem é e fazer o que quer… te deixou mais atraente ainda. Então… quer quebrar outra regra e namorar comigo?" perguntou e ela arregalou os olhos e levou a mão a boca.

 

Magali não imaginava que ele a pediria em namoro, estava tão acostumada a estar com ele que nem pensou em um nome para a relação que tinham, apenas a vivia. Mas saber que ele queria a namorar mudava tudo, e para melhor.

 

"É claro que eu quero! Muito!" aceitou o abraçou sendo rodopiada no ar.

 

Os dois se beijaram e o frescor do início da noite se uniu ao das frutas que há pouco estiveram em suas bocas. O beijo não durou muito já que um inspetor passou e os dois fingiram não fazer nada, mas as mãos se juntaram enquanto sorrisos cresciam nos rostos.

 

Os dias passaram rápidos depois daquele dia. Em um piscar de olhos, o dia do evento havia chegado e com ele o último dia de aula. 


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