Internato Limoeiro escrita por sam561


Capítulo 2
Capítulo I - Chegadas


Notas iniciais do capítulo

Fui rápida, não?


Boa leitura e tem recadinho importante nas notas finais ♥



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O sol morno de domingo à tarde trazia uma sensação de preguiça quando uma garota de negros cabelos curtos e dentes salientes desceu do ônibus com sua mala de carrinho vermelha ao seu lado e sua mochila azul nas costas. Assim que ficou de frente para a grande fachada da instituição, encarou o local por alguns segundos antes de reler o panfleto que tinha em mãos.

 

"A equipe do Internato Limoeiro preza pelos seus alunos como se fossem seus próprios filhos, então, para uma educação com excelência, temos em nossas instalações uma quadra poliesportiva; área verde; sala multimídia; biblioteca; refeitório; laboratório; diversas salas de aula e também de atividades extracurriculares; e dois pavilhões de quatro andares, intitulados ala A e ala B, onde estão os dormitórios; e o melhor corpo docente da cidade. Aqui a perfeição se torna possível… que bobagem!" ela leu revirando os olhos ao fim.

 

A moça suspirou antes de levantar o olhar novamente até o prédio em sua frente.

 

"Então esse é o Internato Limoeiro? Imagino o tanto de metido que estuda aqui…" ela comentou alto para si mesma enquanto apoiava as mãos na cintura.

 

"Ei, você! Vai entrar ou não?" o porteiro perguntou ríspido, surpreendendo a moça.

 

"F-falou comigo?" perguntou.

 

"É o que parece. Assim que um aluno chega ao internato, se torna responsabilidade nossa. Então, se for estudante daqui, pra dentro!" ele disse apontando para dentro com o polegar e a moça assentiu ainda incrédula pela maneira que ele falara.

 

A garota se aproximou e mostrou seu crachá ao porteiro, que passou o código de barras do cartão em uma maquininha.

 

"Mônica Sousa… novata?" ele leu e deu um riso ao fim.

 

"Sim… algum problema?" ela perguntou e ele devolveu o crachá.

 

"Não, não é nada. Bem-vinda ao Internato Limoeiro! Aqui está seu mapa do colégio, e agora… circulando!" o porteiro respondeu e ela arrastou sua mala.

 

O local estava cheio. Mônica olhava em volta, completamente perdida, quando trombou com outra garota.

 

"Você por acaso não enxerga?" a outra perguntou grossa.

 

"Desculpe, eu não te vi. Não tem necessidade dessa grosseria toda, sabia?" Mônica respondeu pegando sua folha.

 

A outra a encarou dos pés à cabeça.

 

"Quem você pensa que é pra falar assim comigo?" a de cabelos compridos perguntou.

 

Mônica franziu o cenho.

 

"E eu lá sei quem você é? Dá licença, garota!" ela exclamou e logo tomou seu caminho.

 

A garota com quem havia trombado a encarou boquiaberta e deu um riso sem humor.

 

                                        *

De volta à entrada do internato, duas garotas chegaram animadas com o início de mais um ano letivo. Ambas possuíam cabelos cacheados, mas uma tinha os fios volumosos e compridos negros e pele também negra e a outra tinha cabelos loiros curtinhos e pele branca.

 

"Ai, Mi, finalmente somos veteranas!" a loira exclamou animada.

 

"Finalmente aquele bando de idiotas vai parar de encher nosso saco!" a outra comentou.

 

As duas se aproximaram do portão e sorriram ao porteiro.

 

"Bom dia, seu Juca!" exclamaram juntas, entregando seus crachás.

 

O porteiro olhou entediado enquanto pegava os cartões.

 

"Tá, tá! Milena e Gabriela. Já são veteranas, sabem como funcionam as coisas. Entrem." ele disse devolvendo os crachás.

 

As duas reviraram os olhos.

 

"Como pode alguém ser tão mal humorado assim?" Milena questionou.

 

"O que a falta de uma pessoa na vida não faz?!" Gabriela comentou alto o suficiente para ele ouvir e logo se misturaram aos demais estudantes quando ele olhou.

 

"E ai, Mi? Qual o seu dormitório? O meu é o 220!" a de cabelos curtos perguntou.

 

"O meu é 226, que pena que não estamos no mesmo." a amiga respondeu e a outra assentiu.

 

"Aff, queria ao menos uma pessoa legal! Mudando de assunto… você viu a foto que o Cascão postou no insta' lá na quadra de futebol? Ele 'tava lindo, né?" Gabriela disse e a outra, maliciosa, levantou a sobrancelha.

 

"Vi. Vocês dois estavam juntinhos." ela falou juntando suas pontas dos dedos umas nas outras, como se fosse um beijo, enquanto fazia um biquinho.

 

A loira riu tímida.

 

"E você? Eu vi aquela curtida na foto do Timóteo…" ela comentou e Milena riu.

 

"Não viaja, Gabriela. O que eu quero com Timóteo? Curti a foto dele porque ele curte as minhas." a outra esclareceu.

 

"E sabe o motivo, né?" a loira perguntou.

 

"Porque eu sou linda, ué? Mas mudando de assunto… será que entra alguém interessante na nossa sala?" Milena brincou, fazendo uma pergunta ao fim.

 

Gabriela deu de ombros.

 

"Sei lá. Vamos torcer, né? Agora vamos guardar essas coisas que minha mala 'tá um chumbo! Eu achei no sebo um monte de livro de vestibular e trouxe pra gente." ela disse e a outra assentiu seguindo rumo aos dormitórios femininos.

 

                                                                      *

Na cozinha do internato, uma mulher de cabelos negros cobertos por uma touca secava algumas louças enquanto falava com uma garota também de cabelos escuros, que batia o pé impaciente enquanto olhava para os lados.

 

"Já acabou o que querria me dizer? Eu tenho que arrumar minhas coisas no meu dormitórrio!" a mais nova exclamou.

 

A mulher levantou a sobrancelha.

 

"Que pressa é essa? Nunca teve essa pressa toda pra arrumar seu quarto lá…" ela falava até a outra bufar.

 

"Daqui a pouco chegam as outras meninas e eu querro escolher a melhor cama! Já trombei com uma desbocada há pouco, querro pelo menos uma coisa boa!" a moça exclamou cruzando os braços.

 

A mais velha suspirou.

 

"Olha, Penha, quero que você se esforce muito este ano. As coisas não andam fáceis e ano passado você teve notas muito ruins!" ela disse e a outra revirou os olhos enquanto deslizava a mão esquerda no braço direito.

 

"O primeirro colegial não é tão fácil como parrece… mas este ano eu vou dar um jeito de ter notas melhorres." prometeu.

 

"Acho bom mesmo. Pode ir lá arrumar suas coisas." a outra disse e a mais nova suspirou.

 

"Mã…" a moça ia dizer algo quando um rapaz de cabelos negros com exatamente cinco fios frizzados se aproximou.

 

"Oi, gata! O que faz aqui na cozinha?" ele perguntou.

 

Penha engoliu em seco e olhou para a cozinheira.

 

"Eu… eu 'tava… eu 'tava perguntando o que vai ter hoje pro jantar! Dependendo não vou emborra hoje pra voltar amanhã cedo!" mentiu.

 

A mais velha suspirou.

 

"O cardápio será colocado no painel às seis da tarde, como já é de costume." falou ríspida.

 

O rapaz fez uma careta.

 

"Nossa, que nervosinha… bora lá, eu te ajudo com suas malas. Imagino o drama que é quebrar uma unha no processo." ele disse empurrando a mala vermelha e a moça forçou um riso.

 

Penha olhou para a cozinheira, que desviou o olhar para seus afazeres, e saiu de lá com um suspiro.

 

"Ô Cebola, o que faz aqui tão cedo, amor? Você gerralmente vem à noite quando é dia de trazer as coisas pra cá." ela perguntou enquanto caminhava com o namorado.

 

"Não tinha nada pra fazer em casa. Fora que estava morrendo de saudades da minha linda." Cebola falou roubando um beijo da namorada.

 

"Soube que Denise conseguiu descobrir que terremos novatos na nossa sala." Penha comentou.

 

"Então este ano será interessante." ele falou.

 

                                          *

Em uma caminhonete antiga tocando sertanejo raiz, um casal de idosos negros de cabelos crespos cantarolava a música enquanto o neto, também negro e de cabelos crespos, sorria com a cena enquanto batucava no banco.

 

"Jeremias, querido, preparado pra essa nova fase?" a avó se virou para encarar o rapaz, que suspirou.

 

"Tenho que estar, né?" respondeu simples, não estava nada animado com isso.

 

"Aposto que não vai sentir saudades de ajudar seus velhos a cuidar da fazenda, né?" o avô perguntou.

 

"Talvez eu até sinta." Jeremias respondeu enquanto levava as mãos à nuca.

 

A avó desligou o rádio.

 

"Meu filho, agora o assunto é sério. Você 'tá indo pro internato porque o vô e a vó querem que você tenha um futuro brilhante e lá você vai conseguir isso. Não pense que é porque queremos nos livrar de você." ela disse séria.

 

Jeremias riu.

 

"Eu não tinha pensado isso. Meus pais falaram comigo sobre minha ida ao internato e… eu 'tô de boa." ele falou.

 

O carro de repente parou.

 

"É aqui…" o mais velho falou e o rapaz olhou para o local grandioso.

 

"Nossa… vou me perder muito aí." o jovem comentou com um riso enquanto descia do carro.

 

Seus avós também desceram e o ajudaram com as malas de mão enquanto ele colocava sua mochila nas costas.

 

"Jeremias... Estuda bastante e nunca se esqueça dos seus velhos aqui." o avô falou enquanto dava um tapinha no ombro do neto.

 

"Pode deixar, vô!" ele exclamou beijando a mão do avô.

 

A mulher se aproximou do neto.

 

"Deus te acompanhe, meu filho!" ela disse enquanto o benzia e logo passou a mão nos cabelos do rapaz.

 

"Amém, vó!" ele disse beijando a mão da mais velha.

 

O rapaz pegou seu crachá e adentrou à instituição enquanto seus avós o observavam com um sorriso saudoso e orgulhoso.

 

                                                                                    *

Em outro carro completamente diferente do de Jeremias, todos estavam em completo silêncio.

 

"E ai? Animados com o ano letivo? Tika, querido, animado com as novas aventuras?" a mulher com feições asiáticas quebrou o silêncio.

 

O rapaz dono de feições asiáticas e cabelos negros espetados suspirou.

 

"Não sei, morar no lugar em que você estuda não parece ser tão legal assim." ele respondeu.

 

"E você, Dê?" a mulher perguntou e a moça ruiva de cabelos longos bufou.

 

"Pra você é Denise, queridinha." a ruiva falou grossa.

 

"Denise! Isso é jeito de falar com sua madrasta? Ela só fez uma pergunta!" o homem de cabelos em partes escuros e em partes grisalhos falou.

 

Denise bufou.

 

"Não, eu não estou animada. Minha melhor amiga saiu de lá e agora tenho um caguetinha particular." ela respondeu apontando com a cabeça para o outro jovem.

 

O rapaz riu.

 

"Caguetinha particular? Você acha mesmo que eu vou perder meu tempo ficando no seu pé?"  questionou.

 

"Acho bom que não fique mesmo!" ela exclamou.

 

Os pais suspiraram e agradeceram por já estarem em frente ao internato.

 

"Aleluia!" Denise exclamou já descendo do carro.

 

O rapaz desceu também. Os dois nem esperaram seus pais para pegarem suas coisas e já se direcionarem à portaria.

 

"Tchau pra vocês também!" a mulher exclamou zangada.

 

"Deixa eles, querida. Acho que vão se aproximar…" o homem disse e a esposa suspirou.

 

Enquanto isso, os dois jovens já haviam entrado e iam seguir seus caminhos quando a ruiva cutucou o rapaz.

 

"Seguinte, Tikara, não é porque sua mãe casou com meu pai que seremos amiguinhos. Não vou te apresentar pros meus amigos; não quero andar com você e nem ficar esbarrando com você fora da sala de aula. Fique fora do meu caminho que eu fico fora do seu!" Denise exclamou.

 

"Tirou as palavras da minha boca, maninha." Tikara disse zombeteiro ao fim.

 

"Ótimo!" ela exclamou e arrastou sua mala para longe e ele fez o mesmo.

 

                                         *

Caminhando pelos corredores com o olhar perdido, um rapaz loiro de cabelos cacheados tentava achar seu dormitório enquanto pensava em como seria seu ano letivo. O rapaz estava tão distraído que acabou trombando com um outro rapaz de cabelos negros que tinha um topete, alargadores pequenos e outros adereços na orelha.

 

"Foi mal." desculpou-se.

 

"Sussa." o outro falou sem expressão alguma e logo tomou seu caminho.

 

O loiro observou o rapaz caminhar com o cenho franzido, havia o achado estranho. O rapaz estava tão fissurado no outro se afastando que nem percebeu quando trombou com outra pessoa, mas, desta vez, sentiu algo quente o acertar na barriga.

 

"Qual é a tua, moleque? Olha por onde anda!" o rapaz gritou. Este também era loiro, porém seus cabelos eram lisos e medianos.

 

"Foi mal, mas eu que saí no prejuízo!" ele exclamou olhando para sua camiseta manchada de café.

 

"Problema seu! Assim aprende a olhar por onde anda!" o outro exclamou.

 

"Já pedi desculpas! 'Tá nervosinho por quê? Quer o que mais, cara? Eu, hein!" o cacheado falou sem pensar.

 

Em questão de segundos, sentiu um puxão em sua camiseta. O de cabelos lisos o segurava pela gola.

 

"Perdeu a noção do perigo, moleque? Aposto que é novato, nunca vi um otário sem amor à vida por aqui." ele questionou e o outro logo soltou o mapa que segurava para proteger o rosto.

 

"Ei! O que está acontecendo aqui? O ano nem começou ainda, Marco Antônio!" um inspetor interveio.

 

Marco Antônio soltou a gola do rapaz.

 

"Nada, eu só 'tava dando as boas vindas pro novato. Bem-vindo!" ele disse forçando um sorriso e saindo em seguida.

 

O inspetor voltou para a sua ronda enquanto o cacheado ajeitava sua camiseta. Antes de se abaixar para pegar seu mapa, um outro rapaz pegou. O loiro achava que sofreria alguma zombaria quando percebeu que o outro rapaz estendia o pedaço de papel.

 

"Você tem coragem em peitar o Toni." o rapaz que entregou o mapa disse.

 

O loiro olhou para o outro, que possuía a pele negra e dreads no cabelo.

 

"Eu falei sem pensar. Esse cara é encrenqueiro sempre?" ele perguntou.

 

"Desde que entrei aqui há dois anos. Você é novato mesmo?" o dono dos dreads perguntou.

 

"Sim! Meio perdido, inclusive, se puder me ajudar…" ele disse e o outro riu.

 

"Claro! Sou Nikolas!" estendeu a mão e o outro a apertou.

 

"Xavier!" exclamou e os dois seguiram caminho.

 

                                       *

Na sala da direção, uma garota de cabelos longos negros e olhar meigo falava com a coordenadora com uma certa urgência.

 

"Tem certeza que não é possível eu mudar de dormitório? Pode ser qualquer um!" ela exclamou.

 

"Sinto muito, não fazemos mudanças. Você é veterana, Magali, não passa por trotes, relaxa. Agora, se me dá licença… tenho muita coisa pra fazer. Aproveita e fala pro Cássio entrar." a coordenadora respondeu.

 

Magali suspirou enquanto deixava a sala e já ia chamar pelo rapaz quando trombou com o próprio.

 

"Opa! Mals aí!" ele se desculpou.

 

"Imagina… ah, a coordenadora disse que você pode entrar, Cássio." ela alertou e o rapaz de cabelos levemente crespos e curtos sorriu.

 

"Já disse que pode me chamar de Cascão, Magali. Falou." Cascão a lembrou, acenando assim que entrou.

 

A moça observou a porta se fechar com um sorriso, mas logo murchou ao ver Denise.

 

"Olha só quem está aqui… eu soube que você e Penha estão no mesmo dormitório. Vai ser tão legal receber notícias diretamente do forno sobre a filha perfeitinha do diretor. Não acha, Magali?" a ruiva falou sarcástica.

 

Magali revirou os olhos.

 

"Licença." ela disse apertando a alça de sua mochila enquanto saía.

 

A ruiva riu antes de entrar na sala da direção sem nem bater.

 

"Queria falar comigo? Ah, oi, Cascão! Logo publico no jornal da escola sobre o time de futebol estar abrindo vagas!" ela disse.

 

"Agradeço." o rapaz respondeu.

 

A coordenadora limpou a garganta.

 

"Como vocês sabem, temos vários novatos. Sei que vocês conhecem gente que gosta de fazer trotes e…" ela falava até Cascão interromper.

 

"Opa, pera lá! Eu não tenho nada a ver com esses trotes, não! Por que 'tô aqui?" ele perguntou.

 

"Como tem tanta certeza que eu estou envolvida com trote? Só porque exerço uma certa influência por aqui acha que sou eu que faço isso? E outra, eu escrevo as notícias, mas não as forço." Denise completou.

 

A coordenadora bufou.

 

"Não estou acusando ninguém, mas fui informada que alguns membros dos grupos de amigos de vocês participam ativamente dessas traquinagens! Então vocês passam a mensagem." ela exclamou.

 

"Quem é esse informante? A filhinha do diretor?" a ruiva questionou com os olhos estreitados.

 

"Não, não é a Magali! Enfim, nada de pegar pesado com novatos! Fui clara?" ela perguntou e eles assentiram.

 

Denise saiu antes do rapaz, que aproveitou que estava ali para fazer uma pergunta.

 

"Dona Marocas, a senhora 'tá linda hoje, sabia?" ele disse e ela franziu o cenho.

 

"O que quer, Cássio?" a mais velha questionou.

 

"Queria saber se algum dos novatos manja de futebol, sacas? O time perdeu muitos membros!" ele exclamou.

 

"Eu não sei! Essas coisas não aparecem na ficha do aluno! Agora pode ir que eu tenho coisas pra fazer." ela disse e o rapaz saiu após revirar os olhos.

 

                                          *

Sentados em um banco, Cebola, Toni e Penha falavam sobre o que esperavam do ano letivo.

 

"Se o Toni já arranjou treta com novato, este ano o trote vai vir com tudo!" Cebola disse esfregando uma mão na outra.

 

Penha sorriu abertamente.

 

"Cebola… é por isso que te amo!" ela exclamou sorridente antes de dar um selinho no rapaz.

 

Os três já iam mudar de assunto quando uma garota de cabelos castanhos claros e corpo rechonchudo se aproximou com três copos em mãos.

 

"Não tinham mais capuccino, gente. Então eu trouxe café!" ela exclamou entregando as bebidas.

 

"Eles devem ter te dado três com uma facilidade…" Cebola zombou risonho.

 

"Sofia, o sol 'tá batendo no meu olho. Fica um pouquinho pra dirreita." Penha pediu e a Sofia, de fato, foi.

 

"Só ela faz sombra em nós três e ainda sobra." Toni comentou risonho fazendo os outros dois rirem.

 

Sofia riu sem muito humor.

 

"Vocês três são uma piada." ela comentou com um suspiro.

 

Os três ainda riam quando uma garota baixinha de cabelos ruivos curtos e óculos se aproximou deles com uma mala de carrinho aparentemente pesada e cutucou Sofia.

 

"Licença, poderia me dizer onde fica o dormitório feminino?" ela perguntou.

 

O trio se entreolhou com um sorriso.

 

"Fica pra…" Sofia falava quando foi interrompida por Toni.

 

"Fica pra aquele lado ali, no prédio verde." o rapaz disse apontando com o dedo.

 

A moça olhou para lá e sorriu para eles.

 

"Obrigada!" agradeceu e os três reprimiram uma risada.

 

Quando a menina se afastou, Sofia os encarou.

 

"Mas, gente, pra lá fica o dormitório masculino." observou.

 

"Por isso mesmo, Bujão. É um trote!" Cebola disse.

 

"Isso vai ser interressante! Vamos esperrar pra ver!" Penha falou enquanto olhava para a garota arrastando sua mala pesada.

 

                                            *

Enquanto isso, a ruiva arrastava sua mala até a rampa sem perceber alguns curiosos olhares masculinos sobre si, tanto que, quando chegou no local, estranhou a ausência de meninas.

 

A moça limpou o suor da testa e olhou novamente o número de seu quarto.

 

"226B… mas aqui só tem A…" ela comentou confusa.

 

A garota olhou ao redor percebendo risos masculinos enquanto a olhavam parados em suas portas e os ignorou. Quando ela ia abrir a porta, a maçaneta virou, revelando o rapaz de cabelos negros que havia trombado com Xavier e quase trombou consigo.

 

"Desculpe! Eu 'tava procurando meu dormitório e…" ela falava já desesperada.

 

O moreno levantou a sobrancelha.

 

"Seu dormitório? Na ala masculina?" ele perguntou e a moça engoliu em seco.

 

"O-o quê? M-mas me disseram que era aqui!" ela exclamou.

 

O rapaz negou com a cabeça já entendendo tudo enquanto ouvia risadas altas de outros rapazes que ouviram a conversa.

 

"Vejo que você é novata. E acabou de cair em um trote." ele disse simples e a moça deixou os ombros baixarem.

 

"Ah… puxa..." ela suspirou e o rapaz sorriu compreensivo.

 

"A ala feminina fica do outro lado, em um prédio amarelo. Também conhecida como ala B." ele explicou.

 

A ruiva sorriu.

 

"Obrigada… não sei seu nome." agradeceu e ele assentiu.

 

"Maurício, mas por aqui me chamam de Do Contra." ele respondeu e a foi a vez de ela assentir.

 

"Obrigada, Do Contra!" agradeceu novamente puxando sua mala com dificuldade em meio aos risos de rapazes que zombavam da moça sem pudor nenhum.

 

O rapaz não a ajudou, mas olhou feio para os rapazes que riam da ruiva enquanto seguia seu caminho com as mãos nos bolsos.

 

                                       X

Assim que desceu a rampa de volta à entrada dos dormitórios, a ruiva soltou sua mala por um instante.

 

"Ramona, força! Agora só precisa atravessar até o outro lado." ela disse para si mesma após soltar ar pela boca.

 

Quando deixou completamente a ala masculina, teve o desprazer de dar de cara com o trio que lhe deu a informação errada, mas daquela vez a outra garota não estava com eles. O grupo inteiro riu quando ela passou.

 

"Achou seu quarto, Novata?" o moreno perguntou zombeteiro.

 

"Como eu queria ter visto a cara de boba que ela deve ter ficado." o loiro disse.

 

"Recomendo ficar esperta, Novata." a moça disse.

 

Ramona apertou o passo com a feição séria e procurou seu quarto após subir a rampa. Assim que finalmente chegou em seu dormitório, que estava vazio, foi até a cama de cima da beliche que estava livre, isto é, sem nada de ninguém em cima, e apertou os olhos com as mãos.

 

"Que droga de escola!" exclamou zangada.

 

                                          *

Muito menos da metade dos alunos ficaria na instituição naquele resto do domingo, então fora uma noite cheia de exceções, algumas delas foram que os alunos podiam dormir no mesmo quarto que amigos com a condição de serem do mesmo sexo e que o colchão fosse levado até lá; poderiam fazer acampamentos na área verde ou até mesmo ficar até tarde na sala multimídia. Por conta disso, e do fato de novatos e veteranos não terem ficado no internato, praticamente ninguém sabia quem eram seus colegas de quarto, então só descobririam no dia seguinte, ou seja, no tão esperado por uns e temido por outros, primeiro dia de aula.


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Notas finais do capítulo

Avisos/Spoilers: casais já formados no início não tendem a durar, apenas isso kkkkk

Falando sério agora, a fanfic terá algumas abordagens meio fortes, mas necessárias que podem além de despertar raiva, gerar gatilhos, então se você vir que está se sentindo mal com certo acontecimento, pule-o!

Como já é costume, vou (re) apresentar alguns personagens que podem ser desconhecidos

Milena é uma personagem recente que aparece em Turma da Mônica (eles pequenos), na HQ Geração 12 (edit: ela também aparece na Terceira série de TMJ)

Gabriela é a Cascuda, li uma vez que esse era o nome (assim como Cassandra)

Nikolas é o gamer que aparece na edição 100 da primeira série

É isso! Até o próximo o/ ♥



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