Memento Mori: On The Edge escrita por Strawaltz


Capítulo 3
Chapter 2: City of Angels


Notas iniciais do capítulo

Mudei o nome do hospital em que Beyond estava, pois ele realmente existe e não queria ter nenhuma problema com isso. Por algum motivo, eu sou muito ruim em escrever historias longas, por isso este capítulo parece corrido. Talvez, nós próximos que estão por vir, o ponto de vista mude e assim conseguirei me estabelecer melhor. Espero que alguém consiga gostar deste aqui.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/79851/chapter/3

Chapter 02

City of Angels

(Cidade dos Anjos)

 

 

“... E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti.”

~ Friedrich Nietzsche

 

 

31º DIA. 20 DE SETEMBRO DE 2002. 11h40min02seg AM.

 

         Ela dormiu quietamente naquele quarto de motel. Não tinha problema algum com os ratos que passavam ali, o cheiro decadente de sexo, os lençóis que pareciam nunca terem sido trocados desde a inauguração do lugar. O papel de parede estava descascando, dando uma pior aparência para aquele quarto. Porém, jamais poderia dizer que seu sono fora pacífico. A noite inteira ouviu as pessoas ao quarto ao lado. Aqueles sons, ela não esqueceria facilmente.

         Passara a noite inteira planejando e repassando tudo em sua cabeça. Quando fora dormir, já passavam das quatro da manhã. Seus olhos, agora abertos, doíam ao entrarem em contato com a luz do sol que entrava pelas frestas da janela. Seu quarto estava uma bagunça: dezenas de lanches recém-comidos espalhados pelo chão, junto a vários rascunhos que havia feito na noite anterior. Se continuasse a comer tanto fast-food assim, teria um ataque do coração.

         Respirou fundo e olhou para o relógio ao lado de seu criado-mudo: 11h40. ‘Droga!’, pensou. Estava atrasada. Deveria ter acordado as oito e trinta e cinco, mas como não conseguia fazer o maldito despertador funcionar, acabou caindo no sono. Levantou-se o mais rápido que pode, tropeçando todo seu percurso até o banheiro. Lá, tomou um banho rápido de um minuto, escovou seus dentes e vestiu as mesmas roupas que usava há dois dias. Trouxera outra consigo, mas a guardaria para a grande ocasião. Hoje seria apenas... um meeting. Se conheceriam pela primeira vez. Lynn tinha esta ingênua fantasia de que talvez, só talvez, Rue se apaixonasse por ela quando a visse. Mas ela sabia que era algo impossível. Acreditava, no entanto, que Rue era inocente de todas as acusações. Ah, e como acreditava. Naquele primeiro dia, quando olhou pelos mais breves cinco segundos de sua vida à face recém queimada daquele rapaz, algo que há muito achava ter se esvaído, tomou conta de si novamente. E então, de uma hora para a outra, sentiu que deveria ajudar ele. Precisava saber tudo sobre ele. Não era uma vontade, mas sim uma necessidade.

         Procurou pelo quarto as anotações finais que havia feito sobre tudo o que faria hoje. Olhou em todos os cantos possíveis, até mesmo embaixo daquele velho colchão podre. Ficara com medo de haver um corpo apodrecendo ali embaixo, pelo mau cheiro que possuía. No final, só mais ratos mortos e algumas meias. Droga, procurara até mesmo atrás do vaso sanitário! E que desgraça foi para ela, quinze minutos depois, achar aquilo que tanto procurava preso atrás de seu cabelo. Francamente, que idiota era...

         Olhou para o relógio novamente: 12h01. ‘Ugh...’, o sangue corria de seu estômago ao simples pensando de se atrasar. Agarrou com presa um de seus lanches pela metade que se encontrava caindo da lixeira; parecia limpo para ela, então o enfiou de uma só vez em sua boca. Alguém que não conhecesse Madison Lynn poderia dizer que a mesma era alguma sem-teto ou até mesmo que não era bem alimentada em casa. Mas estes foram hábitos que ela, por conta própria, adquirira sozinha.

         Em seu processo para fechar a porta de seu quarto o mais rápido possível, deixou suas chaves caírem, somente aumentando seu pânico. Uma vez trancada, correu para o lobby, onde a dona do local, Stacy, ela presumiu, permanecia lixando suas unhas, algumas latas de metal enroladas em seus cabelos. Mmm, não é algo que se vê todos os dias. Enquanto corria para a saída, a recepcionista riu levemente da cena. A garota realmente corria como ninguém. Isto é, estranhamente. E sua aparência era como a de alguém que não tomava um banho há dias. Seu cabelo loiro parecia realmente sujo; arrepiado como se uma corrente elétrica houvesse passado por ele.

         Ficou na esquina daquele lugar por dez minutos, esperando pelos táxis amarelos de Nova Iorque. E então se lembrou, para sua grande sorte, que estava em Los Angeles. Realmente esperta, a nossa garota. Bufando, foi ao telefone público mais próximo e pediu para a telefonista a ligar com a agência de táxis mais próxima dali. Após um minuto de conversa, eles lhe disseram: “É, claro, senhorita. Seu táxi estará aí em cinco minutos, talvez menos”. Oh, bem. Vinte minutos se passaram e Lynn já começara a dilacerar a pele de seu braço com as unhas; fazia bastante isso quando estava nervosa. Considerou ir andando, mas estava longe demais. Chegaria mais do que meramente atrasada. Viu então ao longe um pequeno ponto branco aproximando-se dali. Sim, era seu táxi. Finalmente.

 

31º DIA. 20 DE SETEMBRO DE 2002. 12h36min39seg PM.

 

         Seu plano desde a noite anterior era – e sempre fora – esperar em frente ao GOLD Medical Center. Esperaria ali até a remoção do paciente pelos guardas e, talvez, tivesse a coragem para tentar algo. Ela sabia que aquela agente do FBI, Naomi Misora, estaria lá. Eles diziam que este era seu caso de ouro; trouxera-a para dentro depois de algum erro que cometera. Então o que garantia a Lynn que aquela mulher não estava apenas mentindo, incriminando um inocente, apenas para se ver dentro da agência novamente? Ninguém faria isso. Ela estaria por conta própria agora.

         Pensava inutilmente que o rapaz a veria ali e se apaixonaria instantaneamente; ingênua, realmente. Não sei dizer se haveria apenas vento em sua cabeça, pois um cérebro, seria realmente duvidoso.

         Ventava forte naquela tarde, apesar do forte sol que antes fazia. Agora começava a ficar nublado. Ela olhou para o céu, olhos cerrados, procurando por algum tipo de sinal divino; algo que jamais viria para si. Estava parada ali fazia trinta e cinco minutos. O lugar estava tão silencioso que era possível ouvir a voz das enfermeiras do local. Ou talvez ela estivesse exagerando nesta parte.

         Do lado direito do portão, Lynn avistou um homem de jaleco branco deixando o local, possivelmente um médico ou enfermeiro. Deveria perguntar a ele sobre Rue? Afinal, era realmente estranho não ter ninguém esperando pelo rapaz ali, nem mesmo um repórter. Era inacreditável. Respirou fundo e andou como uma adolescente bêbada após um longo dia de estresse até o rapaz.

 

“Senhor?” Encostou-lhe a mão no ombro, olhando em seus ternos olhos castanhos. Não deveria ter mais do que vinte e cinco anos de idade.

 

“Sim? O que quer?”

 

“Pode me dizer quando Rue Ryuuzaki será transferido?” Sua voz estava trêmula, se partiria a qualquer momento. Poderia comer seus dedos de ansiedade se não estivesse apertando suas unhas contra as palmas de suas mãos.

 

“Por quê? Você é uma fã?” Ele riu sarcasticamente. Tentando acender um cigarro que tirara de seu bolso, ele suspirou. “Olhe, está perdendo o seu tempo. O maníaco foi transferido daqui assim que estava estabilizado e descobriram que não tinha plano de saúde. Alguém próximo do FBI cuidou de tudo. Ele está na unidade de queimados do Saint Peterson, agora.”

 

         Aquelas palavras... uma por uma, demoraram minutos para penetrarem na massa que Madison Lynn chamava de cérebro. Em sua mente, algo do tipo ‘Eu... estava este tempo inteiro... NA PORRA DO HOSPITAL ERRADO!’ rodava sem parar. Saiu dizendo blasfêmias, deixando o homem confuso com seu cigarro para trás. Estava há quinze quadras ou mais do St. Peterson, um hospital de segurança máxima. Não conhecia esta área direito. Mas, droga, ela correu. Com suas pequenas pernas de seus 1.65m de altura, ela correu em toda a velocidade que podia. Isto lhe garantiu bons olhares de pedestres furiosos por quem esbarrara. Caíra duas ou três vezes, suas narinas ardendo pelo ar gélido que entrava com violência em seus pulmões.

         Acho que estou certa em dizer que Madison Lynn correu oito quadras. Um recorde, até mesmo para ela. Gastara mais quarenta minutos. Sem fôlego e não agüentando mais correr, parou no meio da rua, braços balançando ao vento, tentando desesperadamente pegar um táxi. Para sua bendita sorte, ela conseguiu. O motorista sabia onde era o hospital, claro que sim. Em menos de cinco minutos, lá estava ela. Jogou tudo o que tinha em seu bolso para o homem e saiu do carro. Sai com tanta pressa, é claro, que seu pé pega no meio-fio da calçada e ela cai ali, nenhuma alma viva para ajudá-la a se levantar. Mas se recompõe sozinha, já acostumada com o desdém, e corre em meio à multidão.

         Estava uma bagunça. Câmeras, repórteres, curiosos... eles estavam por toda parte. Não podia respirar; não podia ver. Olhou para o seu relógio de pulso; o vidro estava quebrado, mas a hora ainda era visível: 01h48 PM. Ele seria removido... às uma e quarenta! Rezou para que não tivessem o removido ainda e, como se algo estivesse ao seu lado, suas preces foram atendidas. Engraçado como o destino jamais estaria ao lado de Madison Lynn, ou quem quer que fosse; ela mesma faria sua própria sorte. Terão de se lembrar bem disso.

         A comoção piorou quando, do lado de dentro, a agente de cabelos negros saiu carregando um rapaz franzino de cabelos curtos para o meio da multidão. Estavam escoltados por vários oficiais, é claro. O corpo daquele jovem não estava como nas fotos dos jornais, muito menos nos vídeos que circulavam por toda a internet e formas de entretenimento. As faixas, mesmo embaixo de sua jaqueta do FBI, pareciam cobrir grande parte de seu corpo, vendo que seus braços, mãos e pescoço estavam assim. O lado direito de rosto, assim como a testa, também se encontravam do mesmo jeito. Aquilo... era sufocante para Lynn. Desesperador. Quanta dor aquilo não deveria proporcionar para ele...? Por um segundo, podia ter jurado tê-lo visto dar um pequeno sorriso de sarcasmo; algo que demonstrava o quão derrotado aquela pessoa realmente estava. E então, com uma coragem tirada de lugar algum, fez algo inesperado até mesmo para ela. No meio de todo aquele tumulto, encheu seus pequenos pulmões de ar, ficou na ponta de seus pés e gritou:

 

“Rue! Rue Ryuuzaki!” Mal sabia ela que, se não houvesse dito seu sobrenome com mais impacto, ele jamais olharia vagarosamente em sua direção. E ela jamais teria visto o mal e a vergonha que habitavam seus grandes olhos poluídos com o carmesim da vida de suas vítimas.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Conseguem adivinhar quem é essa pessoa próxima ao FBI? Acho que é óbvio, não? lol
E sim, essa última frase da historia ficou horrível, eu sei.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Memento Mori: On The Edge" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.