Memento Mori: On The Edge escrita por Strawaltz


Capítulo 2
Chapter 1: Beginning


Notas iniciais do capítulo

Todas as frases riscadas são pensamentos de Matt (Mail Jeevas) quanto a algo dito pelo personagem ou narrador. Agradeço a Amy Moore por me ajudar a escrever a cena em que Lynn está em seu quarto procurando por alguém para ajudá-la com seu problema. Eu estava com algum tipo de bloqueio nessa parte, então... Obrigada.



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Chapter one: Beginning

(Capítulo um: Começo)

 

01º DIA. 22 DE AGOSTO DE 2002. 08h45min09seg PM.

                As folhas, que tanto esperaram o fim de três estações, finalmente começavam a cair. Nesta noite em particular, as ruas pareciam tão tranqüilas quanto poderiam ser. O silêncio quase total prevalecia pela parte dos animais e humanos daquele lugar. Somente o choro de crianças e barulhos vindos das televisões da vizinhança eram ouvidos. Sussurros podiam ser escutados pelos que se atreviam a ouvir, mas mesmo assim ignorados.

                Enquanto a noite começava a passar rapidamente para aqueles que trabalhavam nas ruas do Brooklyn, a mesma parecia temerosamente devagar para aqueles que ansiavam o seu fim. Em um apartamento não muito longe do centro, uma família, como muitas outras, tentava relaxar em frente às notícias da televisão. O pai tomava goles de cerveja em intervalos de quarenta segundos enquanto admirava as poucas visíveis curvas da apresentadora do jornal; a mãe calculava furiosamente os gastos da família em um caderninho, como fazia todos os meses; a filha adolescente do casal permanecia quieta sentada ao pé do sofá, enquanto apenas pressionava os já roxos hematomas que se formaram em seu braço na noite anterior. Seu pai a pegara comendo um de seus lanches, ela lamentava. Ao ver os movimentos contínuos pela parte da filha, o homem riu levemente. A garota se encolheu ainda mais ao som. A mãe observou os dois sem entender, voltando então novamente a fazer seus cálculos. Uma noite absurdamente normal para todos eles.

                Alguns minutos depois, os tão normais padrões de cores azuis do jornal sumiram e deram lugar ao vermelho que indicavam notícias que atrairiam atenção do público. Todos moveram seus preguiçosos olhos para a televisão, tentando prender sua atenção em algo mais. A bela exuberante apresentadora então reportou: "No final desta tarde foi preso o responsável pelos tão comentados “Assassinatos Wara Ningyo” ou “Assassinatos em Série dos Quartos Trancados” na cidade de Los Angeles. De acordo com a Polícia de L.A., o serial killer foi levado às pressas ao GOLD Medical Center devido a queimaduras de terceiro grau causadas graças a tentativa mal sucedida de suicídio do meliante. Temos imagens que foram gravadas às cinco horas e quarenta e sete minutos desta tarde, onde vemos o rapaz conhecido como Rue Ryuzaki ser escoltado para dentro do hospital pela agente do FBI, Naomi Misora."

                Por já saberem sobre o que se tratava, todos naquela sala deixaram de prestar a mínima atenção na reportagem anunciada pela mulher. Isto é, todos a não ser a garota. A última mencionada olhava com olhos vermelhos e inexpressivos para a tela, tentando novamente em vão prestar atenção em algo que não fosse seu próprio pai. Essa foi a primeira vez em que ela o viu. O garoto aparentava ter dezoito anos. Partes de seu cabelo permaneciam grudadas em lugares queimados de sua testa; sua roupa possuía alguns buracos devido ao fogo e demonstravam também lugares com severas queimaduras. Foi então que a câmera deu um close em seu rosto. Seus olhos tentavam demonstrar indiferença a tudo que estava acontecendo, mas era mais que visível a dor física que ele estava sentindo. Algo a mais, que a garota reconheceu como ódio, permanecia estampado em seu rosto.

"Maluco..." A mãe sussurrou. Mas a filha não prestava atenção a isso. Tudo em que ela poderia se concentrar agora era na beleza daquele rapaz que mais parecia um cadáver ambulante.

"Rue Ryuzaki..." Ela sorriu para si mesma, não conseguindo pronunciar o nome perfeitamente. Esta foi a primeira noite em que a garota, que iremos agora chamar de Madison Lynn, sonhou com Beyond Birthday. E, para ela, este fora o melhor sonho que tivera em anos.

 

15º DIA. 04 DE SETEMBRO DE 2002. 09h26min12seg PM.

                Era apenas mais uma noite comum. O pai na sala de TV, assistindo ao noticiário em companhia da mãe, enquanto Lynn estava em seu quarto. Deitada em sua cama macia e aconchegante, a jovem fitava o teto, sem expressão. O que seus olhos viam com certeza não era o concreto pouco iluminado a luz dos postes da rua, mas sim o rosto daquele jovem meliante que vira no noticiário, tantos dias atrás. A garota não entendia o motivo, mas desde que vira aquele rapaz, ele não lhe saía da cabeça.

                Com um suspiro, se levantou da cama, caminhando a passos silenciosos pelo quarto. Não sabia explicar a si mesma o que estava sentindo. Ou mesmo o porquê estava se sentindo daquela maneira. Há cinco dias vinha buscando na rede uma pessoa que pudesse ajudá-la. Não sabia bem o que tinha em mente, em que necessitava de ajuda, mas mesmo assim buscava.

                Bruscamente, Lynn se jogou sobre a cadeira defronte a mesa onde ficava seu computador e o ligou. Na noite passada tinha conseguido algum progresso com a ajuda de alguns conhecidos, mas havia vários nomes a serem checados. Nomes que levariam a mais nomes e mais nomes...

                Aproximadamente quatro horas depois, conseguiu chegar a uma conversa aparentemente promissora num chat privado. Quantos nomes checara? Não sabia. Mas finalmente parecia estar no caminho certo. Iniciou a conversação, apreensiva. Estava cansada de procurar.

 

RichThijs84 says: Então, o que me diz? Onde conseguiu esse contato?

 

Quinzl1_o says: Estive conversando com algumas pessoas ultimamente. O último com quem conversei me disse para procurar ajuda por aqui.

 

RichThijs84 says: E de que você precisa exatamente?

 

                Essa pergunta a pegou desprevenida. As palavras ‘de que você precisa exatamente’ se repetiram em sua mente várias vezes, corroendo-a por dentro. Sim, era isso. Havia se decidido.

 

Quinzl1_o says: Preciso de ajuda para obter informações sobre uma pessoa presa recentemente, mas que ainda se encontra no hospital. Sei que pode me ajudar, Matt. Sei de seus contatos.

 

                “Matt” não respondeu durante um bom tempo. Lynn chegou a pensar que a conexão teria caído, mas não, não havia. O status em seu perfil ainda se lia ‘online’. O fato de ela saber seu nome deixara Matt sem ação? Não havia como saber.

 

Quinzl1_o says: E então? O que me diz?

 

                Após mais alguns segundos de espera, o garoto a respondeu.

 

RichThijs84 says: Quem é você?

 

 

30º DIA. 19 DE SETEMBRO DE 2002. 04h12min33seg PM.

            O sol batia em seu rosto naquela manhã enquanto olhava pela janela o transitar dos carros em sua rua. O som do tilintar da louça vinha da cozinha enquanto sua mãe as lavava. O latido dos cachorros da vizinhança e alarme de carros invadia seus tímpanos. Sentara-se então em sua cama, permitindo-se cair ali. Com a cabeça em seu travesseiro, pensava sobre as trivialidades da vida, perguntando-se se deveria ir ou não.

            Devido à proximidade de seu aniversário, passara as últimas semanas pensando em uma viagem para LA. Levou oito dias para convencer sua mãe e mais dois para convencer a si mesma. Agora, entrando insegura pela porta do avião, questionava-se novamente e aquela teria sido mesmo a decisão certa. Oh, bem, não havia como voltar atrás, agora, não é? Do contrário, sua mãe a degolaria viva; sem falar no seu querido pai.

            Andando lentamente pelo corredor, chegou ao seu assento, C9, na terceira classe. Foram necessárias duas pessoas se levantarem para que Lynn pudesse chegar ao seu lugar. Em meio a tanta pressa, a senhora sentada no primeiro assento à direita, em direção ao corredor, derrubou um copo tamanho jumbo em cima de sua mochila, onde guardara sua única muda de roupas limpas. O cheiro de morango com maracujá invadiu o local, deixando-a enojada. A pobre senhora tentou ajudá-la, murmurando pedidos de desculpas, mas Lynn docemente rejeitou. Sentou-se ao lado da janela e, logo que o avião chegou à altitude máxima, começou a admirar as belas nuvens em formato de algodões. Um belo rapaz italiano iniciou uma conversação com ela, que ficou mais que contente em engajar-se nela.

            Algumas horas depois...

                Cinco horas e quarenta e sete minutos. Esse é o tempo de duração de um vôo de Nova Iorque até Los Angeles. Esse também é o tempo que Madison Lynn ficou sentada na poltrona C9, terceira classe, ouvindo o rapaz a seu lado falar de listas telefônicas. Neste mesmo período de tempo, um garoto da mesma idade que a sua permaneceu chutando as costas de seu assento. Ela agradeceu aos céus por finalmente deixar aquele avião, quando saiu correndo pelas portas do LAX, o aeroporto internacional de Los Angeles.

                Os táxis amarelos de NY desaparecendo, dando lugar aos impecavelmente (até parece...) brancos de LA. Não demorou muito para que Lynn estivesse dentro de um deles, pedindo ao motorista que a deixasse na espelunca mais próxima e barata para que passasse sua noite no local.

                A corrida demorou pouco mais de vinte minutos, consumindo já boa parte do dinheiro da garota. Ela pagou o frígido taxista, entrando então em um lugar que possuía uma enorme placa vermelha em cima do estabelecimento, onde mal se podia ler o nome graças a tanta sujeira e falta de reparos.

“Stacs Confu Pace...?” Ela olhou confusa, apertando seus pequenos olhos para enxergar na fria noite. E então, sem aviso algum, o letreiro iluminou-se permitindo que Lynn lê-se o enunciado. “Stacie’s Comfy Place.” Ela bufou, rindo sozinha ali na calçada. Aquilo mais lhe parecia uma casa de prostituição. Mas, oh, bem, aquilo era LA.

O lugar parecia ficar mais perigoso a cada segundo que passava. Achou melhor entrar, fazer seu cadastro e ir dormir. Afinal, amanhã seria um grande dia. E ainda havia muito a se planejar.


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