Sakura On

Sentei no chão da torre, levemente ofegante, enquanto olhava pro teto.

— Sakura?

— Sensei, você disse que responderia minha pergunta quando chegamos, onegai_ a encaro pelo canto dos olhos.

Ayame sentou, me encarando com seus olhos vermelhos opacos, firme e ereta. Parecia tranquila depois de quase me matar.

— Não sinto você compenetrada_ me sento, olhando a melhor_ seu controle estava instável, não avançava no processo de cura, tinha que tentar a adrenalina, e funcionou.

Faço bico, me sentindo culpada pela platinada ter que apelar pra coisas mais perigosas.

— Gomenasai, sensei...

— Você não precisa se desculpar, apenas quero que se concentre e deixe inquietações de lado, isso só vai lhe prejudicar, Sakura_ pisco algumas vezes, tentando processar suas palavras.

Minhas inquietações eram minhas agonias, meus anseios em salvar as pessoas que sempre cuidaram de mim, tirar Sasuke-kun das mãos de Orochimaru e contribuir o mais rápido possível com minha vila e mundo shinobe, esses eram meus anseios mais profundos, como deixa-los de lado? Se isso era o que me movia a cada vez que levantava da cama...

— Não consigo...._ sussurro, ouvindo uma chuva fina cair do lado de fora, a luz da lua desaparecia aos poucos, deixando aquele lugar mergulhado no mais puro breu, assim como meus sentimentos.

— Então não vai conseguir ir adiante_ fecho os olhos devagar, começando a chorar, sentindo as lágrimas grossas caindo pelo meu rosto, suavemente.

Ouso os passos de Ayame se aproximando, me pegando pelos ombros com força, me assustando, sinto meu corpo ser empurrão pra fora da torre, com a chuva engrossando. Me viro, encarando o rosto pálido de minha sensei, que me encarava sem muita expressão.

— Sensei....

— Se não for pra caminhar por esse mundo com determinação, pelos seus laços, então, ande por você mesma_ Ayame me empurrou, me jogando pra fora da torre.

Sinto o vento chacoalhando meu corpo com força, enquanto minhas lágrimas eram levadas pela força da queda, me virei, olhando o chão se aproximando cada vez mais. Vários flashes se passaram na minha frente, com sorrisos de meus amigos, dos momentos que tivemos juntos. O time 7 estava em todos, com os gritos de Naruto, com as desculpas de Kakashi-sensei, com a arrogância de Sasuke-kun comigo, com seu jeito frívolo, me chamando de irritante quando tentava me aproximar.

Nunca consegui me aproximar deles, não o suficiente para ficar em formação, lutando de igual, sempre estive sendo protegida por suas costas ou pelos braços de Kakashi-sensei, nunca lutei por mim mesma, sempre deixei que me diminuissem, principalmente meus pais. "Teimosa, sempre nos preocupando, como é burra e chorona", suas palavras machucavam demais e isso sempre espelhava meus comportamentos, tentando afastar aqueles sofrimento, me concentrando na minha vida ninja, sempre fugindo, mas nunca por mim mesma, apenas pra não ter que ser um fardo para os outros.

—SAKURA!_ ouvi a voz de Ayame ao fundo, gritando meu nome, me tirando de meus pensamentos, vendo o chão quase me engolindo. Giro meu corpo, acumulando chakra em meus pés e mãos, agarrando as pedras da torre, como se fossem a coisa mais preciosa do mundo.

Aos poucos fui perdendo velocidade, sentindo minha pele rasgar em alguns pontos, prendendo meu pé na pedra, olhando a figura de Ayame em cima de mim, longe, em pé nas pedras da torre, segurando sua espada curta. A encaro, sentindo a adrenalina em meus minúsculo mais uma vez, apertando o cabo da kunai com força, usando o agarro na pedra da torre pra pegar impulso, correndo na direção da platinada.

Nossas lâminas se chocara não conseguindo segurar um sorriso de canto, Ayame-sensei sorria da mesma forma, com uma expressão de orgulhoso no rosto frívolo, me atacou, começando uma dança de armas  enquanto a chuva nos molhava, freneticamente.

Parecia que tinha acordado, ou algo dentro de mim acordou, não conseguia descrever.

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Kabuto On

O vômito fedia mais do que qualquer coisa podre que tinha passado pelas minhas narinas, e olha que já tinha sentido muitas ao decorrer dessa vida insignificante. Torci o esfregão no balde, passando o desinfetante no chão, aliviando o odor pungente no cômodo.

Orochimaru-sama tossia alto, dava pra ouvir seu corpo se arrastando pelos corredores, enquanto o esconderijo tremia com o treinamento de Sasuke-san, aquele garoto estava ficando cada vez mais forte a cada dia, seu chakra ficava mais intenso a cada mês que se passava e isso só deixava meu mestre ansioso pro fim de seu treinamento, quando o corpo do Uchiha fosse seu enfim.

Mas por hora, seu corpo não conseguia mais aguentar o equilíbrio que necessitava, os braços selados só dificultava algo que já estava no seu limite, e o meu dever era prolongar esse limite ao máximo até que fosse a hora. Entretanto, meus recursos estavam se esvaziando rápido demais, precisava de informações e material novo o mais rápido possível.

Solto um suspiro, pegando o material de limpeza, levando pra sala do laboratório, deixando em um canto depois de jogar a água fora e limpar tudo. Me afundo na cadeira de girar, estudando alguns pergaminhos antigos, o que me custou o resto da madrugada, quando dei por mim, Orochimaru-sama invadiu o cômodo, tossindo.

— Kabuto..._ me levanto, ficando na frente do sannin, que sibilava como o a perfeita cobra que era.

— Mestre_ dou uma breve reverência, vendo o me ignorar por completo.

— Onde está meu remédio?

— Na sua cômoda, mestre, estou ocupado testando uma nova fórmula para ajudar com a tosse e com a fadiga_ explico, vendo o se sentar em outra cadeira, com a respiração falha.

— Suas pesquisas não estão adiantado em nada, Kabuto, preciso de algo urgente ou temo que este corpo não aguente até que meu outro receptáculo esteja pronto!_ solto um suspiro, pegando o pergaminho devagar.

— Eu sei mais do que o senhor, mestre, mas preciso complementar minha pesquisa e não tenho as anotações de que preciso, os pergaminhos estão incompletos e isso me demanda tempo de campo e no laboratório_ explico, encarando sua expressão de desgosto piorar.

— Se tivéssemos tido êxito em trazer Tsunade pro nosso lado, isso seria mais fácil _ concordo, sentando na cadeira_ mas creio que aja outras formas de complementar sua pesquisa....

Ergo uma sobrancelha, ouvindo tudo que o sannin tinha a me dizer. Parece que meu trabalho de campo iria ganhar horas extras.

— Leve o Sasuke-kun, caso ela não seja tão cooperativa, vai ser bom para testar a marca da maldição em outros cenários_ dou um sorriso, ajeitando os óculos devagar_ se prepare antes de ir, Kabuto.

— Sim, meu mestre.

Deixei Orochimaru em seu quarto, supervisando seus sinais até o mesmo pegar no sono, quando deixei tudo pronto em seus aposentos, vou atrás do moreno, que não era tão receptivo comigo, ou com alguém daquele esconderijo.

Dou leves batidas na porta, mas não ouvi nada, solto um suspiro com aquela imaturidade toda, abrindo a porta com tudo, encontrando o Uchiha sentado no chão, afiando sua espada, recém adquirida.

— Sasuke-san, se apronte, temos uma missão do mestre Orochimaru.