Mirror Myself In You escrita por LadyDelta


Capítulo 38
Fairytale


Notas iniciais do capítulo

Oieeeee boa noite.

Capítulo grande hoje, se vire e leia

Sem muito o que dizer, apenas que amanhã irei responder alguns comentários, porque já estou ficando com vergonha de não responder eles, não é de propósito, tá? Juro de dedinho.

Depois desse capítulo terá uma pequena pausa porque o próximo que irei postar irá para minha outra história, Because. Quem não lê, dê uma passada lá. Quem já lê... Se liga hem.

Qualquer erro, perdão, terá uma segunda revisão

Enfim

Música do capítulo: Alexander Rybak - Fairytale

Playlist da história.

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Dito isso

~Boa leitura.



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Galateia Merok Pov.

Estiquei os braços sobre a mesa me espreguiçando e olhei na direção da porta vendo todos os alunos entrando, desviando a atenção para janela por Vick surgir na porta de cabeça baixa. Ok, agora ela vai sentar do meu lado e minhas únicas opções serão olhar pra frente ou para janela, embora focar a atenção na janela não agrade muito os professores, então me resta focar nos professores ou no meu caderno.

— Boa tarde. – Arregalei os olhos pelo cumprimento dela ao se sentar do meu lado e os fechei brevemente. Certo, um cumprimento, faz parte da educação humana, normal, comum.

— Boa tarde. – Respondi abrindo meu caderno aleatoriamente e foquei em riscar coisas sem sentido até que o professor entrasse na sala. Se eu me empenhar bem, consigo manter meu foco até ela ser chamada pela Débora, acho. A vantagem é que está treinando para competição, então é provável que passe o dia na piscina.

— Boa tarde, classe. – A professora de sociologia saudou animada e continuei atenta no rabisco do meu caderno. – Hoje nós vamos fazer uma coisa muito legal, então mudem a mesa de vocês para formato de estrelinha, grupos que estão em dois, coloquem as mesas uma de frente pra outra. – Alertou e parei o movimento da minha mão em choque. Quê? – Vou lhes dar cinco minutos para se organizarem. – Se sentou em sua mesa e apertei o lápis em minha mão. De todos os dias! Qualquer dia possível, ela me manda sentar de frente pra Vick justo quando não estamos nos falando? Por quê?

— Vou sentar na mesa do Vicent. – Vick falou quase em um sussurro e lhe olhei rapidamente quando ela se levantou para acertar a mesa dele com a minha e se sentar receosa, me olhando rapidamente antes de focar nas próprias mãos sobre a mesa. Ajeitei minha postura e mudei minha atenção para janela, tentando evitar de deixar minhas mãos tremerem devido ao meu nervosismo. Isso não estava nos meus planos, não chega nem perto deles. O objetivo era não olhar pra Vick e agora ela está literalmente na minha frente. O que essa professora maldita está inventando? Deus, encha quatro quadros com matéria, eu não me importo de copiar nada, desde que não tenha de olhar diretamente pra Vick. – Todos prontos? – Perguntou depois de um tempo e fechei os olhos inspirando lentamente. Faça logo o que tem de fazer para que eu possa voltar aos meus planos anteriores.

— Sim. – Todos responderam em coro e desviei a atenção para pilha de folhas que foi colocada sobre a mesa do Vicent, onde Vick estava sentada.

— Uma para cada e passa adiante. – A professora avisou e peguei uma das folhas assim como Vick, estendendo o braço para trás com as outras para que outro aluno pegasse. Suspirei pela demora e foquei na folha em minha mesa quando finalmente alguém pegou as que eu oferecia. – Como podem ver, existem perguntas nessas folhas. – A professora falou o óbvio e revirei os olhos para as perguntas pessoais feitas ali. – Mas a sua folha não é para saber sobre você. – Alertou e ergui uma sobrancelha olhando pra louca que estava ocupando o lugar de professora. Espera! Se não é pra saber sobre mim e ela colocou todo mundo de frente... A NÃO! – Atividade entrevista. Faça todas as perguntas da folha para seu colega como se fosse um repórter de um programa de televisão. Sem gritos durante o processo e levem isso a sério. Toda informação bem elaborada se tornará pontos no seu boletim. Está valendo pontos extra em física também. – Avisou e todo mundo comemorou em coro. Pontos em física? Isso não faz o menor sentido! Porque isso me daria pontos em física? As matérias não tem nada em comum.

— Por que pontos em física? – Uma menina perguntou e olhei fixamente para professora. Exato! Por que pontos em física?

— Porque é a matéria que vocês possuem mais dificuldade. A diretora sugeriu isso semana passada na sala dos professores e todos acharam uma boa ideia. Então conversei com o professor de vocês e nós decidimos fazer uma coisa legal para lhes ajudar a ter pontos extra. Ele fará um esquema parecido com a professora de Biologia. E assim sucessivamente! O ponto é pegar uma matéria onde se tem dificuldade e juntar ela com uma que você tem um progresso “ok”.

— Por que ele não me da uma prova? Eu tiro a nota máxima, fim. – Falei um pouco alto e a professora me olhou em curiosidade.

— Daí só você tiraria nota máxima. – Sorriu e me encolhi. Porra, eu disse mais alto do que pensei ter dito. – Enfim, podem começar. Foquem no colega e pergunte. Vocês têm um ano inteiro de aula e isso também é um incentivo para se aproximarem. São um grupo e ficarão unidos até a formatura. – Voltou a se sentar na sua cadeira e apoiei a testa na mão. Não acredito nisso, de todos os momentos!

— Qual seu nome completo? – Vick começou receosa e afastei a cabeça da testa para lhe olhar, chocada por ela não ir contra a atividade e simplesmente começar a perguntar. Deus! Porque tenho de estar com tanta raiva e a achar tão linda ao mesmo tempo? Ela está com uma carinha de quem não dormiu nem duas horas. Será que agora ela vai se lembrar de mim ou tudo estará na estaca zero? Eu nem deveria estar pensando nisso também. A estaca zero surgiu desde que ela colocou minha mãe no meio.

— Você já não sabe? A letra M. É de Maiden. – Falei amarga só de lembrar do que aconteceu e ela se encolheu escrevendo na folha. Revirei os olhos e escrevi o seu na minha, já que não preciso perguntar o nome dela. Inferno, não quero fazer isso! Não quero ter de falar com ela agora. Vou ser rude, sei que vou. Só preciso de um tempo.

— Qual acredita ser a primeira impressão que as pessoas têm de você? – Questionou focada na folha e inspirei profundamente. Não quero fazer isso.

— Que sou uma patricinha. – Falei séria e ela ergueu a cabeça para me olhar confusa. – E você? – Joguei a pergunta de volta e seus olhos escanearam todo meu rosto antes de os desviar para sua folha.

— Que sou uma pessoa grossa. – Sussurrou e olhei a próxima pergunta.

— Qual você acredita ser sua maior qualidade? – Perguntei e ela voltou a me olhar. Sustentei seu olhar por alguns segundos até desviar para o chão. Por que ela parece estar procurando alguma coisa em mim?

— Sou muito boa na natação. – Sussurrou.

— Isso é uma atividade. – Alertei e ela me olhou assustada. – Qualidade são traços ou bons aspectos da sua personalidade. – Expliquei e seus ombros encolheram. – No meu caso, sinceridade. – Falei lhe ajudando. – O que não é o seu. – Murmurei chateada, mas sua cabeça se erguer e os olhos verdes marejados focarem em mim, fez com que eu me sentisse mal por ter dito isso. Isso foi maldade, sei que foi.

— Otimismo. – Sussurrou chorosa e foi minha vez de me encolher. Não quero fazer isso, deixá-la triste. – Se encontrasse um gênio da lâmpada, qual seria seus três pedidos? – Continuou com a voz chorosa e inspirei profundamente tentando organizar meus sentimentos para não falar o que não devo. É uma atividade, não estamos resolvendo nossos problemas aqui, não é o momento. Ela deve estar odiando tanto quanto eu.

— Com as regras do gênio do Aladdin? – Perguntei e ela me olhou rapidamente, os olhos verdes um pouco mais expressivos que quando se sentou na minha frente.

— Sim. – Confirmou e pensei a respeito. Pedir para voltar no tempo na época que eu era feliz iria teoricamente trazer meu pai de volta e isso não seria possível, mesmo se fosse, só serviria para vê-lo morrer outra vez. Liane já está de volta e comigo, não preciso mais desejar sua presença. Algo com minha mãe seria ela sendo forçada a fazer algo. Que Vick não mentisse pra mim, seria manipulação. Então se não posso ter o mais desejado que é meu pai de volta, não tem nada que sobre para pedir. O que eu pediria? Dinheiro? Já tenho até demais. Amor? Contra as regras. Mais desejos? Porque iria querer mais se não consigo pensar nem em três? Paz mundial... Isso é tão ilusório de acreditar. Para existir a paz mundial, não deveria existir maldade e se não existisse maldade, o que aconteceria com as pessoas não totalmente boas? Morreriam?

— Nada. – Murmurei sacudindo a cabeça por pensar mais que o necessário.

— Sério? São três desejos. Para qualquer coisa. – Lembrou chocada e foquei em seu rosto confuso.

— Desejos de um gênio são ilusões. A maioria das coisas que uma pessoa comum gostaria de ter pode conseguir com dinheiro e isso eu tenho, de resto, qualquer outro desejo meu, viria da manipulação de outro ser humano. E tudo que não é algo verdadeiro, não vale a pena. – Expliquei o motivo da resposta e a vi engolir em seco. – O que você desejaria?

— Depois da sua resposta, preciso pensar... – Sussurrou e olhei para folha em minhas mãos, já que não tinha o que escrever no espaço em branco. Desci para próxima pergunta e apertei a folha em meus dedos.

— Acredita em segundas chances? – Perguntei olhando para os alunos que riam uns dos outros, provavelmente por estar sendo divertido de responder essas perguntas quando não se está em uma situação tensa com a pessoa entrevistada.

— Acreditava, agora nem tanto. – Murmurou e acabei sorrindo suavemente por sua resposta. Tão idiota. – Você acredita? – A voz saiu vacilante e soltei uma risada nasal.

— Desde que existam motivos, sim, acredito. – Falei um pouco baixo. Acho que não sou uma pessoa difícil de conviver, sendo que, involuntariamente, faço o possível para compreender o lado da outra pessoa, talvez demore um pouco para isso, como foi meu caso com a Liane, mas se por algum momento perceber que estou sendo injusta, meu primeiro passo é pedir desculpa. Então por mais que eu esteja chateada no momento, posso relevar a situação se a Vick me der um motivo para acreditar nela.

— De onde vem a escolha do seu nome? – Perguntou e foquei na mesa por alguns instantes. Meu pai me contou sobre isso tantas vezes que se fechar os olhos posso ouvi-lo me contando todo orgulhoso.

— Antes do meu nascimento, meu pai estava sempre viajando, passava quase todos os dias do ano dele andando pelos países e conhecendo novas espécies de animais. Meu nome em especifico, surgiu quando ele tinha 19 anos e estava viajando pela Grécia e conhecendo sobre a religião deles depois de tratar alguns animais de lá. Ele soube de uma nereida chamada Galateia, que era uma das ninfas marinhas, filha de Nereu. Ele se encantou com o nome dela e disse a si mesmo que se um dia tivesse uma filha, ela teria esse nome e que certamente seria tão bela quanto uma nereide. Oito anos depois eu nasci e o nome que ele se encantou no passado, foi o que deu para mim. – Contei sorrindo brevemente por me lembrar do meu pai. Ele vivia se aventurando pelo mundo, mas desde o dia que soube que eu existiria, tornou Amsterdã um local fixo para morar, preparou todo um ambiente aconchegante para cuidar de mim e me deu todo o amor que alguém poderia querer. Não teve um dia sequer perto dele, que senti falta de afeto.

— Hey, você parece que quer chorar. – Vick chamou e olhei rapidamente para minha mão sobre a mesa por ela fazer um suave carinho nela. Neguei com a cabeça e recolhi a mão para meu colo, focando minha atenção na janela.

— Estou ótima. De onde vem a escolha do seu nome? – Refiz a pergunta e desviei a atenção para folha ao ver que só restavam mais duas depois dessa. Glória.

— Minha mãe meio que não podia ter filhos e eu era o espermatozoide de milhões. – Fez graça e fechei os olhos tentando não rir. – Consegui passar com êxito por todas as barreiras internas dela e nasci saudável e feliz. Por isso, Victória! Eu ganhei meu lugar no mundo. – Fez um V com os dedos e neguei com a cabeça, escrevendo a informação na folha de perguntas. Idiota.

— Quais são as pessoas mais importantes da sua vida? – Perguntei ao acabar de passar a informação pro papel.

— Minha família e você. – Falou rápido e ergui a cabeça focando nos olhos verdes. – Eu vou conversar com você, juro que vou! – Sua voz saiu apressada e entreabri a boca para lhe responder, a fechando logo em seguida. – Minha cabeça só não tá legal no momento e acho que vai demorar um pouco até que eu esteja “ok”, mas o que posso dizer agora é que a forma como eu te disse as coisas, não foi como deveria ter dito. – Desviou o olhar para folha e começou a brincar com a ponta dela para se distrair. – Você estará aqui quando eu estiver pronta para conversar? – Perguntou se encolhendo e raspei a garganta me endireitando na cadeira e cruzando os braços. Ok, isso foi totalmente imprevisível.

— Possivelmente. – Voltei a atenção para folha atrás da ultima pergunta. – Costumava ou costuma escrever em um diário? – Perguntei e ela fez um som com a garganta chamando minha atenção.

— Você não respondeu a anterior. – Lembrou.

— Minha irmã, minha tia, Vicent e o tio Jason. – Falei e ela assentiu passando a informação pra folha. – Quanto a próxima, sim. Escrevo diariamente em um diário. – Deixei minha resposta e ela aproveitou para escrevê-la.

— Minha mãe sempre tentou me fazer escrever em diário e eu sempre tive preguiça. Agora vejo que teria sido algo extremamente importante pra mim hoje. Então, não! Mas irei começar a partir de hoje. – Anotei o que disse e olhei na direção da professora que parecia entretida no notebook. Se Vick realmente tivesse se focado em escrever em diários, acho que toda a sua perda de memória não teria sido complicada pra ela lidar, digo logo nos primeiros dias que foi afetada, já que agora ela não parece ter relevância alguma na sua vida.

— Nós acabamos. – Falei um pouco alto para chamar a atenção da professora e ela me olhou com a sobrancelha erguida.

— Fizeram o verso da folha? – Perguntou e arregalei os olhos virando o papel de costas ao mesmo tempo que a Vick, vendo que tinha mais dez perguntas sem resposta.

— Não senhora, iremos responder. – Murmurei focando em ler as perguntas.

— Pessoal, olhem o verso da folha. – Falou um pouco alto para turma ouvir e olhei para Vick, que fez uma imitação de careta do que a professora disse. Prendi a risada e suspirei analisando as perguntas.

— Qual seu talento mais inútil? – Perguntei já sabendo o que ela iria me responder.

— Ah! Eu sei imitar o som de um cachorro igualzinho sem parecer forçado. – Contou e prendi o riso por saber que isso é totalmente verídico. – Olha só. – Começou a imitar, obviamente chamando a atenção de todo mundo da sala que deu risada por ser idêntico. – Se liga, daí quando tá de noite e você briga pra ele parar de latir é mais ou menos assim. – Fez o som e cobri a boca com a mão tentando me aguentar para não rir. Quando criança essa retardada sempre me fazia rir quando inventava de imitar um maldito cachorro.

— Victória! Estamos em aula. – A professora advertiu enquanto ria e ela se encolheu no lugar, fazendo um som baixo de cachorro chorando, que foi meu limite para segurar a risada! Deus, pareceu um cachorro que levou bronca, não dá. – Chega! Quero todo mundo em silêncio. – Repreendeu as risadas e neguei com a cabeça para parar de rir.

— Pelo menos consegui te fazer rir, não é tão inútil assim. – Se gabou cruzando os braços e revirei os olhos. Me recuso a concordar com ela. – Qual o seu talento?

— Eu posso falar de trás pra frente.

— Sério? Fala! – Pediu animada.

— Eu não.

— Mas eu acabei de imitar um cachorro pra você ver!

— Por que você quis, eu não te pedi pra imitar. – Murmurei e sua boca se entreabriu em choque.

— Você tem um ponto. – Resmungou erguendo a folha frente ao rosto para ler a próxima pergunta. – Sua família tem um apelido que você considera vergonhoso? – Perguntou e riu baixinho. – Essa vai ser difícil de responder, né mesmo, Pitbullzinho. – Falou e arregalei os olhos por ela ousar dizer isso. Tudo menos pitbullzinho! Achei que ela nem se lembrava disso, essa idiota!

— Olha, você não devia ter dit-.

— Oi, oi. Desculpa a intromissão! – A voz veio da porta e olhei na direção dela, vendo Débora parada ali com um sorriso. – Vim pescar a Victória pras aulas, tudo bem ou estão em prova? – Perguntou e me encolhi. Seria estranho se agora eu já não quisesse mais que ela fosse para natação? Claro que ainda devemos conversar e tudo, mas é errado eu me sentir bem perto dela, mesmo quando não deveria?

— Estão no meio de uma atividade, mas como ela é essencial nas suas aulas. Vocês podem acabar isso na aula do Adolf amanhã. – A professora alertou e Vick se ergueu olhando para o celular por alguns segundos.

— Depois das aulas. Você pode me encontrar? – Perguntou quase em um sussurro para que só eu ouvisse e apertei os lábios em uma linha. Da primeira vez que ela sugeriu isso, passei o resto da noite chorando pra Liane. – Juro que dessa vez já vou estar te esperando. – Garantiu e assenti, mesmo que minha cabeça gritasse que não.

— Crianças, próxima aula, se aprontem. Tem uniforme novo lá na diretoria, peguem e vão pra aula. – Débora alertou passando o braço pelo ombro da Vick. – O que você acha de a gente fazer uns mergulhos? – Saiu perguntando e foquei nas duas folhas em minha mão. Ela não respondeu as perguntas do gênio. Preciso lembrá-la de fazer isso antes de entregar. Seria errado me sentir triste por ela sair? Querer ficar perto dela mesmo que tenha me magoado? Só queria sentir que alguém além da minha irmã e minha tia gosta verdadeiramente de mim e embora a Vick faça parte das “pessoas mais importantes da minha vida”, não consegui lhe informar disso, justamente por ter me magoado.

Pode ser exagero, as vezes em algum momento minha cabeça solta a frase “você está exagerando”, mas Liane me disse para não anular meus sentimentos. Por mais que grande parte dele queira que eu esteja perto da Vick, a menor delas exige uma explicação e quer uma explicação, mas se isso nos afastar de novo... Sei que vou me sentir extremamente culpada. Gosto dela, gosto muito dela! Não queria precisar me afastar, justamente porque ficar ao seu lado, mesmo quando estou chateada, já é o suficiente para me deixar “feliz”. De todas as pessoas do mundo, ela verdadeiramente foi e é a única que já quis fortemente que gostasse de mim. Possivelmente talvez a culpa foi minha por colocar tanta expectativa nela, parece que a culpada das coisas me magoarem foi somente eu, mesmo que no fundo saiba que não. Meu psicólogo diz que me auto sabotar é algo que faço frequentemente, e estou começando a perceber que ele tem toda razão sobre isso. Não tem outra forma de explicar como estou me sentindo em relação a Vick sem ser a auto sabotagem. Como organizar sentimentos que eu não faço ideia de como devem ser sentidos?

— Quer deixar as folhas comigo para continuar depois? – A professora chamou minha atenção e me inclinei lhe entregando as folhas.

— Ah... Vicent não está podendo vir porque a namorada dele está internada. Poderia me deixar levar uma folha dessas para lhe fazer as perguntas? Ele não é muito bom na matéria do professor e esse teste vai ajuda-lo muito. – Expliquei e ela estendeu uma das folhas sem resposta para mim.

— Espero que a namorada dele se recupere e que ele possa voltar as aulas. – Sorriu carinhosa e lhe retribuí antes de me virar para guardar a folha em minha mochila, vendo que Tiffany olhava fixamente para mim. Fechei a mochila um pouco irritada e voltei a me virar para frente. Sei que ela falar da Vick foi algo teoricamente bom pra mim, mas não acredito que ela tenha feito isso pensando no meu “bem”.

Victória Pov.

Arrumei a touca na minha cabeça, ajeitei os óculos para cobrir todo meu olho e senti uma mão pousar em meu ombro.

— Você tá bem? – Débora perguntou e lhe olhei por sobre o ombro.

— Oi?

— Você parece meio estranha hoje, não prestou atenção em nada que comentei com você até o ginásio e parece estar com a atenção de um bicho preguiça. – Alertou e me virei de volta para piscina.

— Estou suave, vou fazer as voltas que pediu. – Murmurei ficando na posição antes de saltar para dentro da água e começar as voltas. Fiz dez delas facilmente e bati os braços com um pouco mais de força para nadar mais rápido, mas na metade do caminho meus movimentos diminuíram por não conseguir focar meus pensamentos na tarefa. Respirei um pouco devagar por minha respiração parecer estranha e fechei os olhos tentando me concentrar. Eu não tenho grande parte da minha própria memória! Como isso é possível? Galateia era minha melhor amiga e não consigo me lembrar nem um momento sequer disso. Pra ser sincera as vezes esqueço coisas comuns que são recentes! Achei que todo mundo era assim e que ok não se lembrar da infância. Galateia fez parte da minha vida, eu fiz parte da vida dela e não consigo pensar em nada que nos relacione nessa época.

Ela lembra de mim, sem dúvida sabe tudo sobre a própria infância e esse tempo todo não estava me tratando com mais carinho porque queria ser minha amiga, pra ela nós já éramos, por isso me chamar de “amiga” foi algo que ela disse rápido, por isso era fácil achar formas de conversar com ela sem ter um motivo especifico. Olhei para os lados um pouco perdida pelo barulho das meninas conversando no ginásio parecer alto demais e tirei os óculos o deixando na borda antes de nadar para o meio e prender a respiração ficando submersa na água. Todo o barulho se tornou nulo e me concentrei o suficiente para ouvir o som do meu coração, cada bater dele. Mergulhar para mim sempre me trouxe paz, ficar submersa na água, longe o suficiente de qualquer som, exceto os dos meus pensamentos. Quando estou nessa bolha particular sempre consigo organizar meus pensamentos e saber o que devo fazer. Nesse momento, sentada no fundo da piscina, tendo a visão da água meio azul, decorrente do reflexo do azulejo, me sinto completamente em paz.   

Liane me mandou uma mensagem dizendo que era pra falar com a Galateia hoje, mas pensando sobre isso, não acho que devo. Sei que ela vai me ouvir e me dar atenção em qualquer coisa que tenha para dizer, mas... Não quero fazer isso sem antes entender minha própria cabeça. Mãe jogou tudo no meu colo e não consigo ligar os pontos completamente. Isso envolve tanta coisa! Foi por isso que me deixou vir morar na cidade? Não se opôs na minha escolha, por isso de aulas particulares, me apoiar em todo e qualquer objetivo que eu coloque na minha cabeça que quero? Cada e qualquer pequena coisa que fiz durante a minha vida, ela levava como a coisa mais incrível do mundo e sempre foi muito obcecada pela minha segurança. Todas essas coisas só são assim por causa desse acidente? Se eu tivesse memória ela seria do mesmo jeito? Se eu tivesse... Como seria a minha relação com a Galateia.

Arregalei os olhos quando a água ao meu redor se agitou e fui puxada do fundo da piscina para cima, emergindo de forma brusca. Esfreguei os olhos por não conseguir ver nada devido a água e senti minhas costas baterem na borda por ser empurrada para ela.

— Você ficou louca, Victória? – A voz irritada de Débora chegou nos meus ouvidos e olhei para frente, ainda esfregando os olhos pela visão turva. – Que diabos estava fazendo? Ficou embaixo da água por quase seis minutos!

— Eu não estava conseguindo pensar. – Falei confusa por não entender nada do que ela disse e ela jogou o cabelo molhado por sobre o ombro, por pelo jeito ter entrado rápido o suficiente na água para não ter dado tempo de colocar a touca de proteção. Por que ela entrou rápido na água?

— Você vai sair agora mesmo dessa piscina! – Bradou apontando para fora da piscina e assenti nadando até a escada para sair da água, andando lentamente até a arquibancada e me sentando no banco. Pousei os cotovelos nos joelhos para apoiar meu rosto nas mãos e focar no chão, focando na poça de água que estava se formando aos meus pés. Eu não já saí da água? – Victória. – Débora chamou e olhei para cima pelo tecido felpudo da toalha ser colocado sobre meus ombros, cobrindo parcialmente meu corpo. – O que está acontecendo? – Perguntou parando de frente para mim e foquei minha visão em seu rosto, tentando entender o que dizia, por que sua boca parece estar se movendo sem som algum? – Você está totalmente aérea hoje, sem foco algum e agora mesmo parece não estar prestando atenção no que estou dizendo! Você está me ouvindo? – Questionou e voltei a olhar para poça de água, acompanhando as ondas que fazia sempre que uma gota pingava sobre ela. Se eu me desculpar com a Galateia, que chances isso me da de poder ficar do lado dela? Não tenho memória, tá! O que muda no meu pedido de desculpas? Não muda absolutamente nada, só serve para fazer com que me sinta ainda mais culpada. Eu devia ter contado antes dela descobrir, era só ter feito isso e agora é quase certo que ela não vai querer mais olhar na minha cara.

— Vick! – A voz soou alta e olhei para cima rapidamente, erguendo o tronco e vendo Vane parada ao lado de Débora, que tinha o olhar preocupado.

— Eu disse, ela está assim tem quase meia hora, não parece estar raciocinando direito. – Avisou e acompanhei o movimento que Vanessa fez de se abaixar a minha frente, olhando para poça de água por ela pisar sobre ela com o salto alto vermelho.

— Vick, acompanha! – Chamou estalando os dedos perto do rosto e segui o som focando nos seus olhos azuis. – Ok... Sua mãe me disse que algo assim poderia acontecer. Tá tudo bem? Aqui, me dê sua mão. – Pediu pegando ambas as minhas mãos e observei seu dedo médio e indicador deslizar sobre meu pulso como se procurasse algo. O que ela está fazendo? – Certo, seu pulso está acelerado, embora visualmente você pareça normal. – Comentou e levei a mão até meu peito para sentir meu coração, involuntariamente desregulando minha respiração por senti-lo batendo extremamente rápido. – Deus, vem aqui. – Me puxou para cima e arregalei os olhos por ser puxada em direção ao seu peito, sentindo seus braços rodearem minhas costas em um abraço. – Lembra aquele dia que você estava limpando o chão da sala e seu pai escorregou? Kiss se assustou tanto que saiu gritando e peidando pelo apartamento. – Perguntou começando um carinho em minha cabeça e lembrei claramente da cena, trazendo junto a vontade de rir. – A Jhu foi beber suco direto da jarra e se afogou. – Lembrou e ri baixinho pela imagem surgir na minha cabeça. – Quando mudei o sofá da sala de lugar pra você parar de se jogar nele, você se jogou mesmo assim e ele tombou te levando junto. – Contou e passei os braços por sua cintura, apreciando seu abraço carinhoso.

— Jessica disse um dia que ia fazer o mergulho do maior trampolim, quando chegou lá em cima ela escorregou e caiu de barriga na água. – Débora falou e fechei os olhos rindo. Ela afundou que nem um sapo morto.

— Seu pai foi fazer aquele risquinho na sobrancelha e sem querer depilou metade dela. – Vanessa continuou e ri alto.

— Ele ficou dois meses pintando com canetinha. – Lembrei rindo e só então percebendo que rir fez minha respiração voltar ao normal. – Hã... Eu estava na piscina. – Falei olhando para os lados. Confusa pelas meninas e Débora estarem me olhando estranho. Espera! Eu estava na piscina. – Vane? Eu estava na piscina! – Afirmei e arregalei os olhos. Vanessa? Por que diabos ela está aqui? – Vane? Por que você tá aqui? – Perguntei confusa e ela negou com a cabeça algumas vezes, segurando meu rosto suavemente entre suas mãos.

— Você vai pra casa por hoje. Vou ligar para sua mãe e avisar do ocorrido. – Acariciou minha cabeça e franzi o cenho.

— Que ocorrido?

— Conversamos sobre isso mais tarde, por hora, você vai pra casa. Vista algo para encerrar as aulas por hoje. – Falou calmamente e olhei para Débora sem entender nada.

— Ela está certa. Sem condições de ficar praticando hoje. – Sacudiu a mão se virando para as meninas e retirei a touca indo até um dos moletons do time de natação, o vestindo antes de andar até Vane.

— Eu não posso ir embora agora. – Alertei caminhando ao seu lado para fora do ginásio.

— Vick, de acordo com a Débora, você ficou embaixo da água por seis minutos e depois parecia que sua alma não estava no corpo. Pelo meu conhecimento você teve um possível início de ataque de pânico, mas não posso afirmar nada. – Explicou levando o celular ao ouvido e parei involuntariamente de andar, lhe vendo caminhar um pouco na frente. Eu tive o quê?

— Como assim eu tive um ataque de pânico? Isso não faz sentido algum! Ataques de pânico não são assim. – Voltei a caminhar para lhe seguir e ela me olhou de canto de olho.

— Sabe disso baseado em quê? Séries de televisão? – Perguntou e logo focou sua atenção no aparelho em seu ouvido. – Oi, Valqi. – Saudou e estreitei os olhos. Valqi é a minha mãe? – Certíssima. – Riu e foi minha vez de ficar lhe olhando de canto de olho. – Não sei exatamente o que aconteceu porque peguei o bonde andando, mas ela parece ter desligado por uns minutos.

— Eu não desliguei! – Reclamei e sua atenção veio para mim.

— O que fez antes de começar a rir do seu pai? – Perguntou e abri a boca para lhe responder, a fechando logo em seguida por absolutamente nada vir na minha cabeça antes de sair da água. – Ela desligou e eu queria que fosse para casa. – Continuou sua conversa e olhei para o chão em silêncio. Eu apaguei? Por quanto tempo? Por quê? – Você tem certeza? – Questionou confusa e lhe olhei em curiosidade. – Tudo bem, vou deixá-la na minha sala até que você chegue. – Minha mãe vai vir na escola? – Nada, não se apresse. Beijos. – Se despediu guardando o celular no bolso e se virou para mim. – Sua mãe disse que vai vir te buscar e que vocês vão ao médico. – Alertou passando o braço por meus ombros. – Por hora, vamos na sala de aula recolher suas coisas.

— Não quero ir ao médico! Não gosto de hospitais. – Reclamei passando o braço por sua cintura, deitando a cabeça ao lado do seu peito.

— Você precisa. Recebeu muita informação de uma só vez, em um momento que estava com os sentimentos abalados e teve esse apagão momentâneo. Ir ao médico vai te ajudar a lidar com isso. – Começamos a subir as escadas que dava para as salas de aula e seu corpo se afastou do meu quando chegamos perto da porta da minha sala. – Você fica. – Apontou o dedo para mim.

— Mas eu posso ir.

— Fica aqui. – Apontou para parede e bufei me escorando na mesma, a vendo caminhar até a porta, dando algumas batidas na mesma, mesmo que estivesse aberta. – Boa tarde, turma. Preciso dos materiais da Victória, aconteceu um imprevisto e ela precisará ir para casa. – Avisou e olhei para o lado ao ouvir passos se aproximando de mim, engolindo em seco em ver Galateia ali, me olhando com uma sobrancelha erguida.

— Ela está bem? – A voz da professora soou e a atenção da Galateia seguiu para porta, franzindo o cenho por reconhecer Vanessa pelas costas.

— Não sei dizer. A bolsa dela? – Perguntou antes de entrar na sala e voltei a olhar para Galateia, que agora me olhava preocupada.

— O que aconteceu? Você está bem? – Abri a boca por sua pergunta e assenti algumas vezes com a cabeça, logo negando ao perceber o que fazia.

— Eu não sei. Vane disse que eu apaguei por alguns minutos, mas não lembro ter acontecido. Minha mãe vai vir me buscar para me levar no médico. – Reclamei me encolhendo por seu olhar se manter preocupado.

— Apagou? Como assim apagou? – Se aproximou tocando meu rosto em preocupação e recolheu a mão logo em seguida, colocando as duas atrás das costas e se afastando. – Desculpa. – Pediu sem jeito e mordi o lábio inferior por sentir vontade de chorar. Ela está preocupada, mesmo que eu tenha sido uma cuzona.

— Eu estava na piscina, e depois estava rindo de algo que a Vanessa disse. Não lembro do que aconteceu antes de começar a rir, mas Débora disse que eu estava agindo estranho e essas coisas. Vane acha que foi o início de um ataque de pânico, mas eu não sei. – Falei sem pausa e seu olhar me analisou de cima a baixo.

— Como está agora?

— Bem, acho. Tá tudo normal. – Sussurrei olhando para o chão. – Eu não queria ir embora, mas Vanessa não vai aceitar um “não”. – Murmurei olhando para cima momentaneamente e seu olhar estava fixo em mim.

— Sua cabeça dói? – Perguntou e pisquei algumas vezes processando sua pergunta.

— Não... – Sussurrei e olhei para o lado por Vanessa sair da sala com minha bolsa no ombro.

— Tudo pronto, podemos ir. – Sorriu e olhou para Galateia por alguns segundos. – Sala de aula, mocinha. – Apontou e ela assentiu me olhando mais uma vez antes de caminhar na direção da porta.

— Eu te ligo mais tarde para saber como está. – Falou e assenti surpresa com a informação. Ela vai me ligar? Mesmo que estejamos “brigadas”?

— Eu posso te mandar uma mensagem? – Perguntei receosa, só então me lembrando que Liane me proibiu de fazer isso. – Esquece, quando puder, me liga, por favor. – Sussurrei a ultima parte e ela assentiu entrando na sala de aula.

— Bom, você vai esperar na minha sala até que a sua mãe venha. Ia avisar o James, mas como Valqi está na cidade. – Vanessa falou voltando a passar o braço por meu ombro e lhe olhei estranho.

— Por que está chamando minha mãe de Valqi se o apelido dela é Val?

— Porque eu acho Valqi mais bonito e Valquíria muito sério.

— Fica esperta, Vanessa! – Murmurei e ela riu divertida.

— Não sei por que está falando isso. Enfim, vou falar com as moças da administração, vai direto pra minha sala e me espera lá. – Mandou enquanto descíamos as escadas e assenti indo para o caminho contrário do dela, entrando na sua sala. Joguei minha mochila no sofá que tinha ali e andei até sua cadeira, me sentando e recostando para trás. Olhei para cima observando os detalhes no gesso decorado e me curvei no susto por um cisco cair no meu olho.

— Porra! Quais as chances? – Rosnei esfregando o olho várias vezes e olhei para mesa na intenção de testar a visão, mas toda minha atenção foi focada no porta-retrato ao lado do da nossa família. Nele estava Vicent, a tia da Galateia, a própria Galateia e um homem que eu não conhecia. Mas que porra é essa? Por que diabos a Vanessa tem um porta-retrato da família do Vicent?

Galateia Pov.

Guardei todos os matérias na minha bolsa e olhei na direção a mesa da Vick. Ela precisou ir embora mais cedo porque não estava se sentindo bem. Isso foi porque a mãe dela disse que ela não tem memória? Eu sabia que não era uma boa ideia falar sobre isso. Qual o sentido? Ela não lembra e nem vai lembrar, então pra que contar sobre isso? Droga, agora estou preocupada e não posso simplesmente aparecer na casa dela para ter notícias, talvez até possa. Lembro que quando criança nós brigamos por causa de um uso estupido de pelúcia, ficamos sem nos falar por quase uma semana e depois ela simplesmente deu o urso pra mim e falou que minha amizade era mais importante que ele. A situação não é a mesma, mas o sentido é quase que o mesmo. Se for lhe ver é puramente por estar preocupada, minha vontade de saber se está bem é maior que nossa “briga”, mesmo que o único lado que tenha se explicar seja o dela.

— Vamos que vamos. Peguem o uniforme novo na diretoria e partiu exercitar esses corpos sedentários. – Débora falou batendo as mãos na porta apressando todo mundo e me ergui colocando a bolsa no ombro para ir até ela. – Que foi? – Perguntou erguendo uma sobrancelha em perceber que eu queria falar com ela, não sair da sala.

— O que aconteceu com a Victória? – Perguntei receosa.

— Um segundo, meu anjo. – Sorriu e se virou pra sala. – Andem logo! Hoje todo mundo vai entrar na piscina. Não quero saber de desculpinhas. – Bateu palmas e voltou a me olhar. – Ela estava desligada desde que saiu daqui. Sabe quando parece que seu corpo está no automático? Foi mais ou menos o que rolou com ela. – Explicou e assenti sem entender direito. – Mas qualquer coisa, pode perguntar para ela. Vamos lá? Você não vai entrar na água, mas quero que prove o uniforme novo e veja se serve direitinho. – Acariciou minha cabeça saindo na frente e lhe segui. Deus, eu odeio o uniforme antigo de educação física, tomara que esse agora seja melhor. – Se eu ver um de vocês correndo, nem precisam voltar da diretoria. – Falou alto quando uns alunos passaram em passos rápidos e eles brecaram no meio do caminho antes de voltar a caminhar normalmente.

Suspirei descendo as escadas e segui para diretoria em passos lentos. Não entendi nada do que aconteceu com a Vick e creio que só vou conseguir entender se ela me explicar o que houve depois que estiver “calma”. Peguei a sacola de roupa que tinha meu nome e fui em direção ao banheiro para me trocar. O certo era me trocar no vestiário, mas desde o que ocorreu quando eu era mais nova, peguei trauma de ver as meninas nuas lá dentro. Abri a porta do banheiro a fechando em minhas costas e dei de cara com uma menina debruçada sobre a pia. Arregalei os olhos brevemente e me aproximei receosa por ela estar tremendo.

— Ei... Você está passando mal? – Perguntei tocando suas costas e ela negou com a cabeça, apertando as mãos na borda do mármore.

— Estou bem, só um pouco zonza. Não se preocupe comigo. – Virou a cabeça em minha direção sorrindo sem jeito e foquei nos olhos azuis febris e nas gotículas de suor em toda sua testa.

— Com licença. – Pedi permissão e toquei sua testa com cuidado usando o torso da mão, só confirmando o óbvio, febre. – Olha, vou levar você na enfermaria. – Alertei e ela negou algumas vezes com a cabeça.

— Não, eu tenho prova agora. Não posso ir para enfermaria. Vou ficar bem, não se preocupe. Pode ir fazer o que estava indo fazer. – Voltou a sorrir e me empurrou delicadamente para o lado. – Só vou tomar um ar e tudo vai voltar ao normal. – Garantiu se endireitando e assenti me preparando para ir trocar de roupa. Se ela não quer ajuda, não vou insistir. – É... Garota... – Chamou e olhei para trás em curiosidade. O que foi agora? – Retiro o que disse. Acho que vou desmaiar. – Falou com a voz falha e voltei rápido em sua direção, segurando seu braço por ela bambear para cair no chão.

— Calma, tudo bem. Senta aqui. – Lhe puxei para sentar no chão e escorei suas costas na parede. Regra principal se achar que for desmaiar, senta no chão. – Agora olha para cima, não abaixa a cabeça. – Ajeitei sua cabeça para cima e virei minha bolsa para frente, pegando minha garrafa d’água. – Bebe de pouco em pouco sem abaixar a cabeça. – Pedi e ela fez o que disse, fechando os olhos para respirar fundo. – Isso, tenta regular a respiração que você melhora. – Tranquilizei em perceber que ela estava prestes a chorar, já que os olhos que achei serem azuis, eram esverdeados e se encheram de lágrimas. – Melhor? – Perguntei depois de alguns minutos em silêncio e ela assentiu receosa. – Ok, agora vamos na enfermaria. – Me ergui estendendo a mão para ela e olhei para porta por ela ser aberta em um baque.

— Bruna! A professora mandou vir te procurar. A prova já vai ser aplicada. – A garota que entrou falou irritada e olhou para o chão quando a menina pegou minha mão para ter apoio pra levantar. – O que está acontecendo? – Perguntou preocupada e passei o braço da garota por meu ombro.

— Ela teve uma ameaça de desmaio. Vou levá-la na enfermaria.

— Desmaio? Como assim? Você tá bem? – Se aproximou em uma corrida e segurou o rosto da garota com ambas as mãos. – Porra, você está com febre! Ela está com febre. – Me avisou e assenti firmando melhor a menina que descobri se chamar Bruna.

— Estou a levando na enfermaria.

— Eu levo. – Foi para puxar a menina em sua direção e ela recuou em negação.

— Vai fazer sua prova. Você estudou que nem louca.

— E daí? Você também estudou o mesmo tanto que eu. Se vai perder a prova, eu também vou. – Voltou a se aproximar e mudei o peso de uma perna pra outra pela garota se afastar de novo.

— Não viaja, Priscila. Vai fazer a prova! A... – Parou de falar e me olhou em confusão.

— Galateia. – Falei.

— A Galateia vai me levar lá. Você nem sabe onde fica a enfermaria. Vai fazer sua prova, só avisa a professora que já está ótimo. – Sorriu carinhosa e a menina me olhou preocupada.

— Relaxa, eu a levo. Estou em aula de educação física e nem sequer participo dela. Vai fazer sua prova. – Tranquilizei.

— Tá, mas assim que eu acabar vou ir procurar você. Não sai da enfermaria. – Apontou o dedo para Bruna e saiu correndo logo depois.

— Misericórdia, Deus. Tá tudo rodando, parece que bebi cachaça. – Falou quando começamos a andar e ajeitei a mochila no ombro pra não a deixar cair no chão.

— Uma ideia do que possa ser?

— Eu devo ter comido algo podre da geladeira lá de casa. – Murmurou respirando fundo. – Ou sei lá. Possibilidades infinitas. Devo estar com algum micróbio. – Neguei com a cabeça e lhe endireitei. Por que logo um micróbio? – Sinto a luz se aproximando. Porra, parece que a minha barriga tá cheia de pedra. – Reclamou e andei um pouco mais devagar por ela se queixar de dor.

— Você está passando mal tem muito tempo? – Perguntei para tentar distrair sua atenção da dor ou sei lá o que está sentindo.

— Nada, eu estava suave até agora a pouco. Daí a hora da prova se aproximou e bum, olha aí eu morrendo. Caralho eu até vomitei antes de você aparecer. – Reclamou e lhe olhei curiosa.

— Você por algum acaso tem ansiedade? – Questionei.

— Quê? Ansiedade? Por quê? – Perguntou assustada.

— Bom, você disse que começou quando a hora da prova se aproximou e disse que vomitou também, está tremendo e com febre. Pode ser ansiedade por causa da prova. Costuma acontecer com frequência quando algo importante está pra rolar? – Perguntei e ela olhou para frente.

— As vezes, não sempre. Caralho, será? Mas não é sempre. – Murmurou e avistei a porta da enfermaria não muito longe.

— Bom, pode ser ou não. Se for pode ser uma não especificada também.

— Que isso? Não especificada?

— Tem categorias específicas para cada tipo de ansiedade, a não especificada é uma que não se encaixa em nenhuma dessas especificações ou não ocorrem o suficiente para sei lá, alguém te da um diagnóstico sobre. Então você pode ter quadros de ansiedade, mas não tecnicamente ser catalogada como uma pessoa ansiosa. – Expliquei.

— Oh... Você é bem inteligente. Certeza que suas notas são perfeitas. – Elogiou e sorri.

— Não sou tão inteligente assim. Só tenho ansiedade e fobias específicas. – Expliquei parando frente a porta da enfermaria e dando três batidas antes de abri-la.

— Hey, o que lhes traz aqui? – Ingrede, nossa enfermeira, perguntou jogando o cabelo para trás.

— Hey. Encontrei essa garota aqui no banheiro. Ela teve um pré-desmaio e está com sintomas de ansiedade, vomitou também. – Expliquei dando Bruna para mulher segurar e olhei em volta. – A Victória veio na enfermaria hoje? – Perguntei enquanto ela ia sentar a menina.

— Não, mas soube que ela não estava muito bem. Não estava na escola nesse horário, então me avisaram que a mãe dela veio buscá-la. – Informou e me encolhi. Droga, achei que teria alguma informação que preste aqui.

— Certo... Vou ir para minha aula então. Melhoras pra você, Bruna. – Acenei e ela fez o mesmo.

— Obrigada pela ajuda. Se não fosse você eu estaria estirada no chão do banheiro, servindo de alimento pras baratas. – Falou quando Ingrede foi buscar algo nos armários e neguei com a cabeça. Ela tem uns parafusos a menos que nem o Vicent. – De verdade, acho que real teria me espatifado no chão.

— Bom, estava por perto e o pior foi evitado. Fico feliz por ter podido ajudar. – Sorri e a enfermeira voltou com o aparelho medidor.

— Muito bem, vamos aferir sua pressão e ver quantos graus está sua febre. – Encaixou o aparelho no braço dela e olhei para o corredor vazio. – Galateia, querida. Pode pegar o termômetro pra mim? – Pediu focada no que fazia e assenti indo até a estante onde sabia que ficava devido as várias vezes que estava aqui e algum aluno chegava. – Então você vomitou? Como começou o seu mal estar? – Questionou e peguei o aparelho indo até elas, só então reparando na garota que ajudei por ela bagunçar o cabelo preto cortado em Chanel desfiado e desviar o olhar da enfermeira com o rosto corado.

— Um pouco antes da aula de prova. A Galateia falou que pode ter sido um episódio de ansiedade, mas não significa que eu tenha ansiedade em si. Sei lá, ela parece muito inteligente, então tem razão. – Falou rápido e reprimi uma risada. De onde ela tirou que sou inteligente? – É mais explicativo do que o que eu disse. – Deu de ombros e voltou a olhar pra enfermeira. – Meu Deus, mulher. Você é muito bonita! Se minha pressão tiver desregulada é por isso. – Seu tom saiu divertido e Ingrede negou com a cabeça. – Quer dizer, eu não estava tão mal assim até a Galateia entrar no banheiro. A beleza dela me ofuscou também. Eu devo ter desmaiado e isso aqui é o céu dos desmaios. Vocês são lindas. – Continuou e ergui uma sobrancelha. – EU NÃO TÔ FLERTANDO! – Gritou e dei um pulo no lugar pelo susto. – Desculpa pelo grito. Mas assim, vocês só são lindas mesmo, não me entendam errado. Sei controlar meus hormônios. – Murmurou e Ingrede riu alto.

— Não se preocupe com isso, já estou acostumada com esse tipo de coisa. Você elogiou de um jeito simples, não se preocupe. – Tranquilizou e me olhou com um sorriso.

— Eu não vou te elogiar. – Neguei e ela fez bico.

— Você é muito difícil e reservada. – Reclamou e revirei os olhos deixando o termômetro sobre a mesinha ao lado de Bruna.

— Estou indo para aula. Melhoras, Bruna.

— Não chega perto da piscina. – Ingrede alertou um pouco mais alto por eu me afastar e sacudi a mão concordando. Na vez que vim aqui com a Vick, ela até se comportou normalmente, mas no geral ela é bem diferente de como uma enfermeira deveria ser, se dedica um pouco mais que o necessário. A não ser que esse jeito seja só com pessoas específicas ou ela goste de pegar no meu pé que nem a Sara. Saco, quero saber como a Vick está, mas também não quero falar com ela. Por que tão difícil?

XxX

Arrumei a bolsa no ombro e caminhei para o jardim da escola ao ver meu motorista esperando escorado no carro. Suspirei por ainda não ter decidido o que fazer e parei no meio do caminho por ouvir meu nome ser chamado. Olhei para trás em curiosidade e a menina do banheiro vinha correndo em minha direção.

— Meu Deus! Eu estou te caçando pela escola toda. – Falou ao parar a corrida e se curvou com as mãos no joelho para pegar ar.

— Por quê?

— Porque eu não te agradeci! Obrigada por me livrar de ter uns roxos pelo corpo, costela quebrada, essas coisas. – Falou entre o fôlego e sorri negando com a cabeça.

— Não precisa agradecer por isso. Não me intrometo na vida dos outros, mas você precisava de ajuda. – Expliquei despreocupada e ela assentiu algumas vezes com a cabeça.

— Eu nem disse antes porque só queria morrer, mas tipo, Galateia da mitologia? Seu nome é lindo. – Sorriu e fiz o mesmo. – Satisfação em te conhecer, Galateia. Eu te trouxe um chocolate de agradecimento já que a aquela moça da enfermaria falou que você gosta. – Falou virando a bolsa para pegar a barrinha de chocolate e arregalei os olhos. Deus, agora que me liguei no porque meu humor se manter um lixo o dia todo. Não trouxe chocolate e fui obrigada a ficar olhando pra Vick na primeira aula e depois involuntariamente ficar preocupada com a saúde dela.

— Meu Deus, obrigada. Eu quero. – Aceitei estendendo a mão foi a vez dela parecer ser assustar.

— No sério?

— Sim? – Ergui uma sobrancelha confusa.

— Não vai nem cheirar antes? E se eu tiver tacado veneno nisso? Sua mãe nunca te ensinou a não aceitar doce de estranhos? – Perguntou e abri o chocolate dando uma mordida.

— Minha mãe nunca me ensinou nada. – Falei normalmente e logo em seguida arregalei os olhos ao perceber o que disse. – Hã...

— Relaxa, minha mãe também não. No máximo meu pai, e olha lá. – Desdenhou e dei outra mordida no chocolate.

— Está melhor?

— Novinha em folha. Quadro ansioso como você disse. – Sorriu e fiz o mesmo. – Enfim, amanhã lhe dou outro chocolate. Só tinha esse comigo e não é o suficiente para agradecer. Você não tinha motivo algum para me ajudar, mas mesmo assim o fez. Gesto de solidariedade está escasso nessa escola. Muito obrigada, de verdade. – Apertou minha mão em agradecimento. – Pode parecer que não, mas é muito bom quando alguém se preocupa com algo que não “deveria”. Então obrigada, além de me ajudar fez com que eu me sentisse querida por alguns minutos o que é algo bem raro. Muito obrigada mesmo por se preocupar em me levar para enfermaria. – Sorriu e fiz o mesmo. – Agora preciso ir. Amanhã te trago outro chocolate. – Saiu em uma corrida e acenou com a mão à medida que se afastava. Terminei o chocolate em uma mordida e fui na direção do meu motorista sorrindo educada por ele abrir a porta. Engraçado é que odeio todo e qualquer gesto de gentileza do Frank quando preciso que ele seja o motorista, mas com o senhor Robert, aprecio cada um deles.

— Como está a senhorita? – Perguntou quando eu já estava dentro do carro e fechou sua própria porta passando o cinto.

— Não muito bem, mas irei ficar. Como foi seu dia?

— Tive um bom dia. Minha filha foi visitar e levou meu neto. Pude brincar ao monte com ele. – Sua voz soou animada e sorri por sentir a felicidade nela. – O que houve com a senhorita? Algum problema sério? Não que seja da minha conta, me perdoe se estiver sendo intrometido nos seus assuntos também. – Começou e olhei para o espelho retrovisor, fazendo contato visual com ele. – É algo envolvendo a menina Victória? Sua irmã não parecia muito feliz quando me pediu para levá-la na casa dela. – Comentou começando a dirigir. – Se eu passei um limite, por favor, me diga. – Se encolheu e sorri. Se tem uma coisa que aprendi na minha vida, é que é sempre bom ouvir conselho dos mais velhos. Por mais que não vá seguir, ouça. Toda experiência é válida.

— Não se preocupe. O senhor está liberado para comentar. – Falei carinhosa. – Nós meio que brigamos. Não minha irmã e eu, mas com a Vick! Quer dizer... Ela e eu, apenas. – Expliquei meio torto e ele riu.

— Não irei perguntar detalhes, porque não me diz respeito. Mas existe um lado errado na briga? – Perguntou curioso.

— O da Victória! Com toda certeza do mundo é o da Victória. – Meu tom saiu mais agudo que o normal e me encolhi logo em seguida. Meu Deus, isso foi muito espontâneo. – Ela é uma idiota! – Murmurei. – Mas mesmo assim, gosto muito dela. – Mexi no tecido da gravata para me distrair.

— Vocês são lindas quando estão juntas. – Comentou focado na estrada e suspirei.

— E provavelmente não ficaremos juntas outra vez. – Praticamente sussurrei, mas sei que ele pôde ouvir.

— A senhorita está acessível a conselhos?

— Todos os possíveis. Cheguei na parte que não sei o que fazer. – Reclamei derrotada.

— Sou um bom ouvinte. Diga o que lhe incomoda que lhe darei um conselho sobre. – Falou carinhoso e suspirei.

— Por meu coração, eu vou agorinha ver como ela está, pela minha cabeça, não converso mais com ela, mas... As vezes minha cabeça se embola com o desejo do meu coração e querendo ou não, a Vick fica nos dois, logo não consigo fazer nada sem que ela esteja presente, mesmo que fisicamente já não esteja. Estou preocupada com ela devido a um assunto, mas não quero falar com ela com base em outro. Quero conciliar os dois e ir ver como ela está, no entanto, não quero. Não é uma decisão que eu deveria tomar, porque ela quem deveria dar o primeiro passo. – Continuei, soltando um suspiro. – Mas ao mesmo tempo, entendo que esse momento não é adequado pra ela, porém não posso evitar de ficar frustrada, porque hoje de manhã eu não queria olhar na cara dela, agora já estou incomodada por não poder falar com ela, sendo que inicialmente o desejo de não falar partiu de mim. – Terminei de falar olhando para janela. Acho que falei demais para ele ouvir.

— Entendo... – Começou e parou no sinal. – Irei dizer algo agora e desejo que a senhorita pense a respeito. – Ergui uma sobrancelha em confusão, mas me mantive atenta ao que ele diria. – Pessoas jovens cometem erros, isso não justifica o erro delas, mas não muda o fato de que em sua maioria, erros são cometidos. Alguns deles não merecem ser perdoados pela pessoa com a qual foi cometido, e outros não podem estar sempre marcados onde quer que a pessoa vá como “mas aquele erro”. – Disse calmamente e por um momento, tudo que me veio a mente foi minha irmã. – Existe um ditado que diz: Me enganou uma vez, a culpa é sua. Me enganou duas vezes, a culpa é minha. – Recitou e olhei para minhas mãos. Calma, o que ele quer fazer? – Dizendo essas duas coisas, parece que estou te motivando e te desincentivando, certo? – Perguntou divertido e acabei sorrindo por ser exatamente isso que se passou por minha cabeça. É um incentivo ou uma alerta de perigo? – Mas a realidade é que, as duas coisas que foram ditas, devem ser levadas em consideração a gravidade do erro. No final só fica as alternativas: Devo culpá-la para sempre ou lhe dar o benefício da dúvida e me arriscar a ter a culpa? – Finalizou e olhei para o estofado do banco em completo silêncio. Acho que deveria estar confusa com essa conversa, mas ironicamente, as coisas parecem bem mais simples agora.

— O senhor poderia me levar na casa dela? Estou preocupada. – Sussurrei e ouvi sua risadinha. – O que foi? – Murmurei, o que é engraçado?

— A senhorita tem um grande coração. Pessoas assim estão em risco constantemente, a escolha sempre será se arriscar a levar a culpa, porque acreditam fielmente em segundas chances. Não deixe que nada mude isso, senhorita. Embora não pareça para quem ver de fora, é algo incrivelmente lindo. – Focou na estrada e me ajeitei no banco olhando para janela. Talvez eu só seja idiota mesmo. – Se acabar levando a culpa, não é a senhorita quem perde, acredite.

— Espero que esteja certo. – Sussurrei soltando um suspiro logo depois. Lembro das cartas que Sara leu para nós aquele dia na biblioteca. Espero muito que esteja certa sobre aquilo, porque se não estiver, nunca serei tão decepcionada na minha vida, porque pela primeira vez, estou arriscando meus sentimentos ao vento.


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Notas finais do capítulo

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