Mirror Myself In You escrita por LadyDelta


Capítulo 34
I Found.


Notas iniciais do capítulo

Oi. Alex aqui. Dona Delta arrancou uns dentes (no dentista) e eu, como o bom servo que sou, vim postar o capítulo. Espero que gostem, eu gostei #foravick. Mandem melhoras pra Delta nos comentários. É isso. Tchau. Boa leitura. Escutem Taylor Swift. All Too Well 10 Minutos é ótima.

Música do capítulo: Amber Run - I Found

Playlist da história.

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Dito isso

~Boa leitura.



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Victória Pov. 

Me apoiei na borda da piscina e tirei os óculos, cobrindo a boca para bocejar. Ainda falta algumas voltas, mas as meninas acabaram de sair para lanchar e eu estou com preguiça de continuar meu treino agora pra depois que elas estiverem treinando eu ficar descansando na arquibancada, é meio tosco.  

— Cansou? – Débora perguntou se abaixando ao meu lado e neguei com a cabeça.  

— Ainda posso fazer 15 voltas, mas não quero fazer agora e ir descansar quando as meninas começarem. – Reclamei.  

— Então por que não vai lanchar como todo mundo?  

— Galateia disse que ia vir me ver no intervalo. – Contei e Débora olhou para trás de mim.  

— Ela já tá sentada ali faz uns cinco minutos. – Alertou apontando para trás de mim e me virei de supetão, vendo que Galateia realmente estava sentada na arquibancada com os cotovelos apoiados nos joelhos e o queixo sobre as mãos, endireitando a posição e sorrindo pra mim.  

— Oh... Eu vou sair e ir lá. – Me virei rapidamente para ir até a escada e Débora me jogou uma toalha.  

— Aconteceu algo entre vocês? – Perguntou curiosa e lhe olhei rapidamente.  

— Por quê?  

— Apenas curiosidade. – Sorriu e sacudiu a mão me tocando. – Vai lá falar com ela e depois me conta se tiver acontecido algo. Tenho que ir falar com um professor e volto depois. – Se virou saindo do ginásio e sequei o rosto com a toalha, tirando a touca para ir até Galateia, que me esperava com um leve sorriso.  

— Oie. – Saudei jogando minha toalha no banco ao seu lado para me sentar.  

— Oi. Cansada?  

— Nem um pouco, mas se eu não vier agora, vou vir quando todo mundo tiver treinando. – Contei me virando para pegar a jaqueta do time de natação e a vesti pra não sentir frio. – Você já lanchou?  

— Já sim, vim só trazer o seu lanche e passar o intervalo com você. – Sorriu me estendendo o sanduíche junto de um suco e os aceitei de bom grado.  

— Obrigada. – Comecei a comer e ela suspirou olhando pro chão. – Tudo bem? – Perguntei mordendo um pedaço do sanduíche.  

— Sim, eu só estava com um leve desconforto, mas já estou melhor. – Deitou a cabeça em meu ombro e voltei a comer. – Você cheira a água com cloro. – Comentou depois de um tempo e dei a última mordida em meu sanduíche.  

— E você cheira a cereja. – Deitei a cabeça sobre a sua e cheirei seu cabelo. – Principalmente seu cabelo.  

— Gosto de cereja.  

— Eu passei a gostar também. – Beijei o topo da sua cabeça e olhei em direção a piscina. Galateia veio me ver no intervalo. Porra, eu estou muito feliz por isso. Suspirei ajeitando minha postura e Galateia fez o mesmo.  

— Eu queria falar uma coisa. – Sussurrou e lhe olhei curiosa.  

— O que é?  

— Você me beijou na sala, não foi? – Perguntou e me encolhi no lugar. Deus, eu não estou preparada pra conversar sobre isso ainda.  

— Você pediu. – Falei bebendo um gole do suco que tinha deixado de lado.  

— Sim, eu me lembro. Mas, você me beijou, certo? – Tornou a perguntar e lhe olhei de canto de olho, quase engasgando com o suco por seu rosto corado. Deus! Ela está com vergonha, que coisa mais linda.  

— Beijei. – Disse firme, deixando de lado minha vergonha. Não dá pra ficar envergonhada vendo esse rostinho corado.  

— Ok... Era isso, eu acho. - Olhou para o outro lado e sorri pousando minha mão sobre a sua, sentindo meu coração disparar por seus dedos se entrelaçarem nos meus.  

— Certo. – Fiquei em silêncio por alguns segundos e ajeitei minha jaqueta do time, o que não sei porque, chamou a atenção da Galateia, que soltou minha mão e me olhou curiosa, aproximando as mãos do zíper da jaqueta para começar a fechá-la. 

— Hoje está bem frio. – Falou dobrando a gola direito e corei quando sua mão fez um leve carinho em meu pescoço, levando um arrepio subir por minha espinha. Abaixei o olhar o desviando para o uniforme dela e o observando, vendo que estava quase todo aberto, tendo só os três botões de baixo abotoados. – E você está desde cedo na água. – Espalmou as mãos por meu pescoço e fechei brevemente os olhos. Esse carinho suave que ela não para de fazer vai me derreter. 

— Eu estou bem. – Sussurrei. – A piscina é levemente aquecida. – Abri os olhos de leve e engoli em seco por seu rosto próximo do meu. Porra, essa garota consegue criar um clima do nada! Foi assim no meu quarto ontem e está sendo assim agora.  

— É mesmo? - Perguntou curiosa e prendi a respiração por seu carinho em meu pescoço subir por meu rosto. Caralho, a especialidade dessa garota deve ser me deixar nervosa.  

— Uhum. – Murmurei perdida nos olhos azuis dela. Porra, eu quero beijá-la, mas que desgraça. Engoli em seco e subi a mão por seu braço gentilmente, desviando a atenção para seus lábios. Caralho, por que depois do que aconteceu eu quero beijar ela o tempo todo?  

— Tem um problema. – Falou fechando os olhos em uma caretinha e lhe olhei meio desnorteada. Problema é eu querer te beijar o tempo todo, sua linda.  

— Tem?  

— Uhum, quero te beijar agora tipo, muito. – Sussurrou abrindo os olhos e me mantive em silêncio apenas olhando no fundo deles. Essa menina é meu ponto fraco até respirando.  

— Desde quando é um problema? – Perguntei voltando a fechar os olhos por seus dedos em meu rosto guiar o carinho para minha orelha.  

— Não sei, é um problema? – Sussurrou com o rosto um pouco mais próximo do meu e me forcei a abrir os olhos para olhar nos seus outra vez, sentindo sua respiração se mesclar com a minha.  

— Galateia...  

— O que foi?  

— Me beija logo. – Resmunguei em um quase gemido de frustração e fechei os olhos por seus lábios tocarem os meus em um carinho suave. Apertei a mão em seu braço e movi lentamente meus lábios no ritmo dos seus, sentindo minha cabeça rodar por seu carinho em minha orelha. Essa garota vai me matar apenas com esses carinhos dela além do óbvio que é lhe beijar. Ela beija tão bem que parece que estou flutuando.  

— Assim? – Perguntou afastando os lábios dos meus e abri levemente os olhos, negando com a cabeça e me inclinando um pouco para lhe beijar mais. Soltei seu braço para guiar as mãos para sua cintura, reclamando por ela se afastar de novo de mim.  

— Não. – Choraminguei tentando lhe beijar de novo e ela desviou o rosto olhando para baixo. – Téia. – Chamei emburrada e ela riu baixinho.  

— Sua professora acabou de entrar. – Sussurrou e olhei para o lado, fazendo cara feia para Débora, que franziu o cenho como se perguntasse o que tinha feito de errado.  

— Que inferno. – Resmunguei e ela riu um pouquinho mais alto, me olhando com carinho.  

— O intervalo também está acabando. – Afastou a mão do meu pescoço e mordi o lábio inferior frustrada por termos sido interrompidas.  

— Eu ainda quero beijar você. – Confessei realmente aborrecida.  

— Sempre terei beijos para você. – Sorriu e arregalei suavemente os olhos sentindo meu rosto quente.  

— Sempre?  

— Todos que quiser. – Se inclinou beijando minha bochecha e afastou o corpo do meu para se erguer do banco. – Irei voltar pra sala agora. – Pegou o lixinho do meu lanche e colocou de volta na sacola.  

— Vai me esperar? – Perguntei me erguendo também, o coração batendo um pouco mais rápido. Todos os beijos que eu quiser, porra! Isso torna nossa conversa mil vezes mais possível. Eu quero tanto saber se podemos continuar fazendo isso.  

— Claro. Vou te esperar, onde? Na escada mesmo?  

— Não, eu trouxe minha bolsa, então pode me esperar do lado de fora do ginásio? – Perguntei e ela sorriu.  

— Sim senhora, irei te esperar. – Acenou e dei três passos em sua direção segurando seu braço. – O que foi? – Me olhou confusa e cheguei mais perto lhe abraçando.  

— Nós vamos conversar na saída, tá? – Lembrei e ela sorriu.  

— Tá! Eu estou esperando como me disse para fazer. – Beijou meu rosto e se afastou saindo do ginásio. Observei sua silhueta sumir na porta de saída e suspirei.  

— Beijar na escola vai contra as regras, Victória. – Débora falou alto do lado do meu ouvido e dei um pulo no lugar, levando a mão ao peito pelo susto.  

— CARALHO, SUA PRAGA! – Lhe empurrei pro lado e massageei o peito. – Você fez de propósito! Eu sabia que tinha atrapalhado de propósito. – Rosnei. – Nem para me dar uma colher de chá. – Fiz bico.  

— Pelo jeito, você já recebeu chá. – Debochou e abri a boca em choque.  

— Sua imunda! Retire o que disse.  

— O que eu disse? – Se fez de desentendida e revirei os olhos. – Mas em fim. Estão namorando?  

— Não. – Fiz bico. – Eu nem sei como falar com ela, só sei que vamos fazer isso hoje. – Peguei a touca que havia tirado e comecei a arrumar meu cabelo para caber embaixo dela, mas acabei fechando os olhos para suspirar. – Mas eu sinto que estou tão errada. – Sussurrei me abaixando no chão.  

— Errada no quê?  

— Ela passou o fim de semana na minha casa e... 

— Vocês são muito jovens pra isso. – Me interrompeu cruzando os braços e arregalei os olhos outra vez.  

— Não! Não é isso, sua mente poluída. – Bradei me sentando no chão e ela caminhou até parar ao meu lado.  

— Então o que é?  

— Você sabe porque eu comecei a me interessar por ela. – Sussurrei abraçando os próprios joelhos.  

— Por causa da mãe dela, a tal escritora. – Se sentou ao meu lado e assenti olhando para piscina.  

— Foi, agora que somos amigas e bom... Nos beijamos e estamos nesse tipo de sentimento... Eu sinto que sou idiota. – Murmurei me sentindo triste ao pensar no assunto.  

— Só percebeu agora? Eu disse no mesmo dia que tentar se aproximar da garota sem dizer isso pra ela era uma atitude babaca. – Falou séria e levei a mão na testa massageando o local.  

— Eu sei que disse, mas eu não imaginei que em algum momento me sentiria mal por ter me aproximado com interesse de conhecer a mãe dela, mas... Ela é tão escrota com a Galateia. A Scarlet é uma péssima mãe. – Contei voltando a focar na água da piscina. – Se antes você já achava um problema, agora que ele é realmente pior. – Reclamei. – Como que conto pra ela que meu motivo de me aproximar foi a mãe dela? Ela vai me odiar por isso.  

— Você só vai saber quando contar pra ela.  

— Eu sei, mas... É a Galateia! Eu... Eu amo ela, não quero magoar, principalmente sabendo agora como a mãe dela parece ser uma merda.  

— Vick, eu disse que não era uma boa ideia quando veio me contar, lembra? – Usou uma voz calma e me encolhi no lugar. Eu sou uma grande de uma retardada.  

— Eu não sabia que ia me apaixonar por ela logo depois. – Sussurrei colocando a cabeça entre os joelhos. – Eu não contei sobre isso e agora parece que nunca vou ter um momento para fazer.  

— Você pode simplesmente falar pra ela, antes do relacionamento de vocês avançar de algum jeito. Você conhece a Galateia pelo tempo que passa com ela. Tem de se fazer a seguinte pergunta. Galateia reagiria bem com essa revelação? – Perguntou e fechei os olhos antes de me levantar por ouvir as risadas das meninas que voltavam do intervalo.  

— Falamos disso depois. – Coloquei os óculos de natação e Débora negou com a cabeça.  

— Quanto mais você adiar, mas difícil vai ser. – Avisou e me aproximei da borda da piscina, olhando para água que refletia o azul do azulejo. Como vou contar isso pra ela?  

 

Galateia Pov.  

Fechei os olhos fazendo uma massagem na nuca e olhei para frente por ouvir um xingamento, vendo que Vicent havia voltado para sala e guardava suas coisas com pressa. Fazia uns dez minutos que o intervalo havia acabado e ele ainda não tinha voltado.  

— O que aconteceu? – Perguntei levemente preocupada por ele guardar tudo de qualquer jeito dentro da mochila.  

— A Sam, ela está no hospital, passou mal depois que vim para escola. – Falou rápido e arregalei os olhos.  

— E como ela está? – Peguei meu celular sobre a mesa e mandei uma mensagem rápida para o meu motorista, perguntando se era possível vir na escola agora.  

— Eu não sei, Sara disse que ela não está nada bem. – Bagunçou o cabelo e olhei rapidamente para meu celular por meu motorista responder que não tinha problema vir e que já estava vindo. – Eu vou ir no hospital agora. – Colocou a mochila nas costas e segurei seu pulso quando foi sair. – O que foi?  

— Eu chamei meu motorista pra você. – Avisei. – Ele já está vindo. – Contei e seus olhos se abriram levemente em surpresa.  

— De verdade?  

— Sim. Pode esperar frente a escola que ele já chega.  

— Muito obrigado, Galateia. – Se curvou deixando um beijo na minha testa. – Eu mando notícias assim que souber o estado dela. Avise aos professores pra mim. Te amo.  

— Tudo bem. Quando sair da escola eu também vou dar uma passada lá, avisarei a Vick. – Contei e ele assentiu várias vezes antes de acenar e sair da sala. Olhei para o professor e ele fechou os olhos erguendo a mão, alertando que já havia escutado o que conversávamos. Suspirei olhando ao meu redor e vendo as duas cadeiras vazias. É meio estranho ficar sozinha agora, sendo que já faz um tempo que estou sempre em grupo ou com a Vick.  

XxX  

Coloquei minha mochila no ombro e caminhei pelo corredor enquanto mexia no celular. Vicent ainda não me mandou nenhuma informação e estou começando a ficar mais preocupada do que antes. Já faz mais de duas horas, já era pra ter dito alguma coisa.  

Galateia: 

17:32: Sara, como está a Sam? Vicent ficou de me avisar e até agora não disse nada. Ela tá bem? 

Enviei a mensagem e desci as escadas, vendo que ela já tinha visualizado e que mandava um áudio como resposta.  

Sa(Raiva)  

17:33: Então, ela começou a passar muito mal pela manhã e até desmaiou. Trouxemos ela aqui pro hospital e o médico disse que ela está passando por um “período ruim” eu nem sei que porra isso quer dizer, mas deu a louca nela, não quer falar com o Vicent e nem com ninguém. Meu celular está descarregando, então não vou poder te responder. Quando chegar em casa eu te ligo.  

 

Ouvi seu áudio e suspirei guardando o celular de volta na bolsa. Não adianta nada continuar mandando mensagem agora, se não terei uma resposta. O jeito é ir pra casa, tomar banho e ir visitá-las no hospital quando tiver algum tempo, porque Vick precisa conversar comigo e não faço ideia de quanto tempo isso vai levar, se é que talvez teremos uma conversa mesmo. Por mais que ela tenha dito que sim, vou entender se quando precisarmos mesmo conversar ela der para trás.  

Desviei dos vários alunos que saíam da escola e me dirigi até o ginásio que era onde disse que a esperaria quando estávamos no horário do intervalo, o que faz sentido, porque não teria necessidade dela precisar voltar na sala sendo que não tinha deixado nada lá dentro. Tirei a mochila das costas ao chegar do lado de fora do ginásio e me escorei na parede olhando para o jardim da escola que se esvaziava aos poucos com todo mundo indo para suas respectivas casas. Por um momento pensei que chegaria aqui e Vick que estaria me esperando, mas pelo visto Débora arranca o sangue das alunas dela até a última gota. 

— Pelo menos amanhã poderemos descansar. – Ouvi a voz das meninas e olhei para o lado vendo-as saindo em grupo do ginásio. 

— Se Débora não vier arrancar meu fígado com um garfo falando que meu desempenho foi baixo. Como que compete com aquele peixe que ela chama de aluna? – Uma menina reclamou e ri baixinho sabendo que o peixe em questão, era a Vick, que por curiosidade não estava vindo atrás delas. 

— Pelo menos quem tá fazendo uma volta final é ela, não nós. – Outra comentou enquanto se afastavam e suspirei pegando minha mochila no chão para ir me sentar em um dos bancos sorteados pelo local, pelo jeito terei de esperar um pouco mais. Olhei para o céu um pouco nublado e abri a mochila pegando para ler o recente livro que comprei, que contava a história de uma guerreira que havia sido amaldiçoada e precisava ficar ligada pelo resto da vida em uma entidade demoníaca que se alimentava de seus desejos. Li umas duas páginas do livro e ergui a cabeça ao ouvir passos se aproximando de mim. 

— Finalmente. – Fechei o livro com uma mão e me ergui. – Estou te esperando já tem um tempo. – Me virei para trás e desfiz o sorriso por ver que quem estava ali era Tiffany, e não Vick. – Ah, é você. – Voltei a me sentar e ouvi sua risada. 

— Esperando a Victória? – Perguntou e assenti voltando a abrir o livro onde havia parado de ler. – Ela está ajudando Débora a guardar umas coisas, talvez demore mais. 

— Tudo bem, obrigada por avisar. – Voltei a leitura e ela se sentou ao meu lado no banco. 

— Você não deveria ficar esperando. – Comentou. 

— Não me incomodo. – Falei tentando prestar atenção na leitura. 

 - A gente nunca conversou sobre isso, mas você não vai mais nas festas com sua família? – Perguntou curiosa e fechei brevemente os olhos. Ela era uma pessoa que eu constantemente encontrava nas festas quando precisava ir junto da Liane, só que nunca conversávamos, porque eu nunca me sentia confortável nesses ambientes. 

— Não, eu não vou em uma festa tem uns quatro anos. 

— Por quê? 

— Não falo muito com minha mãe e minha irmã tinha ido embora. – Contei caçando com os olhos onde havia parado de ler. 

— Ah... Eu vou te perguntar uma coisa que vai parecer bem idiota pra você, mas... Você me odeia? – Perguntou e parei minha leitura mais uma vez, sem desviar a atenção do meu livro. 

— Não gasto momentos da minha vida odiando pessoas, prefiro fingir que elas não existem ao meu redor do que procurar motivos para odiá-las, mesmo quem em certos momentos elas sejam completamente inconvenientes e tentem me irritar de alguma forma. – Me referi a sua mania de sempre arrumar um tempo para implicar comigo quando está acompanhada da amiga. – Cadê sua amiga hoje? – Perguntei sentindo falta do par de olhos que acompanha ela. 

— Amanda não veio para escola hoje, não queria fazer natação, está nos dias vermelhos. – Contou e ergui as sobrancelhas caçando o local da leitura com os olhos. – Você já se questionou se as pessoas que se aproximam de você é por algum interesse? – Perguntou e desisti de continuar minha leitura. 

— Não, eu nunca me questionei sobre isso. Não tenho nada a oferecer que possa causar algum tipo de interesse. – Falei passando as folhas do meu livro uma por uma. 

— Você é rica. – Pontuou. 

— Como se as pessoas ao meu redor também não fossem e como se eu conversasse com elas. 

— Seu pai é ator. 

— Ele não é o meu pai. – Falei com um pouco de raiva. Por que diabos ela está falando disso? 

— Certo, ele é um babaca mesmo, mas a sua mãe... – Começou e lhe olhei de canto de olho. – Ela é uma escritora bem famosa. – Comentou e estreitei os olhos mudando minha postura.  

— Quem foi que te disse isso? – Perguntei um pouco irritada, já que minha mãe e seu talento com escrita é algo que ela não revela a ninguém, seu nome artístico é seu sobrenome que sempre usa como M. em apresentações casuais. 

— Oh... Isso te deixou irritada? – Riu baixinho e apertei levemente as sobrancelhas. 

— Ainda não. Quero saber como ficou sabendo disso. 

— Como fiquei sabendo não importa muito, isso não me interessa. – Desdenhou sacudindo a mão. – Mas um fato que fiquei sabendo me deixa um pouco incomodada, porque diferente de você, eu sei como é quando as pessoas só se aproximam com um interesse em mente. – Continuou e franzi ainda mais as sobrancelhas em confusão, mas que diabos... 

— Onde você quer chegar com isso? 

— E se eu dissesse que uma pessoa só se aproximou de você por causa da sua mãe? – Perguntou e ergui as sobrancelhas dando um sorriso. 

— Eu diria coitada. Se aproximar de mim para tentar se aproximar da minha mãe é o mesmo que usar repelente. – Falei não conseguindo segurar a risada. – A pessoa passaria uma vida toda tentando realizar um sonho impossível. – Voltei a rir e ela me olhou com certa pena, o que me fez parar. 

— Não te incomoda o fato de uma pessoa passar tempo com você e tudo, mas o objetivo dela ser algo que não seja você? 

— Eu não passo meu tempo com as pessoas. 

— E se você gostar dessa pessoa? – Questionou e fiquei em silêncio por alguns segundos. 

— A quem você está se referindo? Vick? – Perguntei cruzando os braços, entreabrindo a boca por ela desviar o olhar para o outro lado. – Você está de brincadeira com a minha cara? A Vick nem sabe quem é a minha mãe e ela teria todos os motivos do mundo para se aproximar de mim sem ser por isso. – Falei um pouco irritada por ela insinuar isso da única pessoa que não teria motivos para fazer algo parecido. 

— Você tem certeza disso? Olha pra você, Galateia. Você por completo já é motivo o suficiente para as pessoas quererem se aproximar, mas não foi pra Victória. – Se ergueu do banco e lhe olhei por alguns segundos. 

— Pode falar o que quiser, mas eu sei que a Vick não faria uma coisa dessas. Ela não teria motivo algum para querer conhecer a minha mãe. 

— Teria se ela fosse fã dela. – Falou irritada e ergui ambas as mãos frente o corpo. 

— Se ela fosse fã da minha mãe, não teria como saber que eu sou a filha dela. 

— Não só como teria, como ela sabe. – Acusou. 

— Você não sabe o que está dizendo. – Me ergui ficando irritada. 

— É claro que sei! Você que é idiota e acha que ela gosta de você. – Falou um pouco alto e mordi o lábio inferior impaciente. 

— Não que isso seja da sua conta, mas ela gosta de mim e eu também gosto dela. 

— Você tem o quê? Oito anos de idade? Fica defendendo ela sem nem pensar em checar se eu estou ou não falando a verdade. – Bradou. – Você é idiota? Tem que no mínimo pensar a respeito do que eu te disse. 

— Não, eu tenho que no mínimo defender a pessoa que eu gosto e não suspeitar dela porque outra pessoa chegou e me disse meias palavras. – Me virei abrindo a mochila para guardar meu livro. É melhor eu esperar a Vick dentro do ginásio. – Principalmente quando essa pessoa é conhecida por pegar no pé de todo mundo. 

— Eu estou te alertando e você está agindo como se eu fosse a porra de uma escrota que  está fazendo isso por diversão. – Sua voz ficou mais fina e suspirei tentando manter a paciência.  

— E não está? Seu passatempo é tirar a paz das pessoas.  

— Eu lá ia gastar meu tempo inventando que a garota que você gosta é a porcaria de uma babaca? Eu nem tenho imaginação pra pensar algo assim. – Reclamou e revirei os olhos.  

— Então por que diabos está fazendo isso? Você não sabe nada sobre a Vick ou sobre mim, não faz ideia do motivo de eu gostar dela e acha que se chegar pra mim e disser algo ridículo como esse eu magicamente irei parar de gostar dela ou levar em consideração o que disser?  

— Eu queria que você no mínimo pensasse sobre isso! Eu não sou uma retardada pra sair contando mentiras. Infernizo todos? Sim, pego no pé da maioria? Também! Mas eu não sou mentirosa, não invento mentiras e quero te ajudar. – Bradou.  

— Eu não pedi a sua ajuda! – Rosnei ficando irritada por ela dizer algo tão ridículo. – Conheço a Victória há muito mais tempo do que você acha, bem antes da escola. - Contei irritada. – E não é pelo que você disse que irei anular tudo isso.  

— Você é cega, porra? Em vez de ficar brava comigo, porque não tenta por algum momento pensar sobre o que estou te falando? Não estou falando isso para te prejudicar, é porque me importo com você e acho uma sacanagem o que ela tá fazendo. – Continuou e massageei os olhos me virando para sair, sentindo minhas mãos trêmulas por isso começar a atacar minha ansiedade. De onde essa garota tirou isso? Não faz o menor sentido e me recuso a tentar achar uma lógica sobre isso. – Galateia, você vai se arrepender por me ignorar dessa forma. – Falou um pouco mais alto e entrei no ginásio andando um pouco mais rápido, focando minha atenção no chão, tentando de alguma forma me acalmar, ouvindo passos apressados e vendo que Vick vinha correndo pelo corredor enquanto colocava o paletó do uniforme, brecando sua corrida no meio do caminho ao me ver no seu caminho.  

— Hey, eu estava indo te ver. – Falou ajeitando a roupa para caminhar até mim. – Desculpa, eu sempre ajudo a Débora quando o treino acaba. – Juntou as mãos frente o rosto e fechou os olhos. – Eu não consegui avisar porque meu celular descarregou. – Continuou falando e dei três passos em sua direção, passando os braços ao seu redor e lhe abraçando. – Wow, er... Tá tudo bem? – Fez carinho na minha cabeça e fechei os olhos deitando a testa em seu peito. – Téia? – Chamou e suspirou usando a outra mão para continuar seu carinho. – Desculpa a demora, de verdade. – Pediu e me afastei do abraço para lhe olhar, focando nos olhos verde claro.  

— Eu gosto de você. – Falei e seus olhos se arregalaram em surpresa. - Gosto de gostar, não como amiguinhas andando de mãos dadas. – Continuei e sua boca se entreabriu. – Quero poder beijar você e estar com você.  

 

Victória Pov.  

Falar com Débora e lhe ajudar tinha me atrasado tanto que quando finalmente me livrei fiz o possível para sair logo do ginásio e ir procurar Galateia, me espantando por ver que ela estava vindo me encontrar, só me sentindo ainda mais culpada pelo tempo que lhe fiz esperar. Eu só queria pedir desculpas e ela me abraçou tão aleatoriamente que me pegou de surpresa. Conversar com Débora me deixou confiante para falar com Téia sobre o que eu precisava, mas ela disse que gosta de mim. GALATEIA gosta de mim, verdadeiramente gosta. Estou tão em choque que não sei o que falar pra ela. 

— Sério? – Perguntei piscando algumas vezes para me situar. – Do tipo que podemos ser um casal? – Falei meio perdida, o que a fez sorrir.  

— Do tipo em que podemos ser namoradas. – Confirmou e abri um grande sorriso, mas pensar no que eu precisava falar com ela fez meu sorriso diminuir aos poucos e meus olhos encherem de lágrimas. – Vick?  

— Eu também gosto de você! – Falei guiando a mão no rosto para limpar as lágrimas, encolhendo os ombros. – Gosto muito. – Voltei a limpar as lágrimas, me encolhendo mais por sua mão vir ao meu rosto em carinho.  

— Então por que está chorando? – Perguntou carinhosa e funguei dando passos para deitar a testa em seu ombro. – Vick...  

— Eu sou uma idiota. – Sussurrei voltando a chorar. – Você vai me odiar. – Falei e seus ombros ficaram rígidos.  

— Por que eu vou te odiar? – Perguntou e fechei os olhos segurando seus braços com firmeza. – Vick, qualquer coisa que seja... Se você me contar, eu não vou te odiar, nem por um minuto. – Alertou e funguei por meu coração se apertar. Ela vai me odiar, eu sei que vai.  

— Você vai. – Solucei e ela se afastou para erguer meu rosto com ambas as mãos, me fazendo olhar em seus olhos.  

— Eu te prometo que não vou odiar você se me disser. – Falou com carinho e seus dedos limparam minhas lágrimas. – Só, me conte você. Por favor, você tem que me dizer. Tanto para agora ou qualquer outra coisa que aconteça, você tem que me dizer. Não mente pra mim, por favor. – Pediu com os olhos banhados em lágrimas e deitou a testa sobre a minha. – Não importa o que seja, só me diz que vou relevar. – Sussurrou e fechei os olhos.  

— Eu fiz algo ruim. – Falei ficando quieta logo em seguida, esperando sua reação.  

— Que coisa ruim? 

— Vou ser sincera. – Sussurrei apertando a barra da sua blusa, sentindo meu coração disparar pouco a pouco. Se for pra me foder, que eu me foda despejando toda a verdade e não metade dela. Não posso mentir pra ela, ou deixar de contar. Já ia contar, mas ela dizer que gosta de mim dessa forma torna tudo pior. 

— Por favor, única coisa que te peço é sinceridade. – Pediu segurando meu rosto com carinho. – Nunca minta pra mim.  

— Não vou, juro que não. A gente pode... Pode sentar ali? – Pedi olhando para o banco que tinha no corredor e ela assentiu pegando minha mão para me guiar até ele.  

— Me diz. – Se sentou me puxando para sentar ao seu lado e voltou a segurar minhas mãos. – Sem pressa, com calma. Você... Só me explica o que tá acontecendo. – Colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e focou nos meus olhos.  

— Você talvez não vá se lembrar disso, mas a bastante tempo a gente se esbarrou na sala. – Comecei e ela assentiu.  

— Eu me lembro. – Falou e arregalei os olhos por ela lembrar. Como que...  

— Okay... Galateia, eu nem sequer sabia que você existia até aquele momento. – Sussurrei e suas sobrancelhas se ergueram em uma leve surpresa.  

— Que cruel. – Murmurou e deitei a testa na sua.  

— Eu peguei seu livro, o que tinha deixado cair. – Contei e ela fechou os olhos negando com a cabeça com um sorriso suave.  

— O livro da minha mãe. – Falou baixo e engoli em seco, sentindo meu coração errar as batidas. Ela já sabe, porra, ela sabe.  

— Foi...  

— Você sabe que ela é uma escritora? – Perguntou e assenti algumas vezes, me focando no carinho que sua mão fazia sobre a minha. Ela prometeu que não me odiaria.  

— Eu descobri que era filha da Scarlet no dia em que esbarrei em você e te derrubei. – Contei ficando em silêncio e só podendo ouvir o barulho que as luzes do corredor faziam, já que ela não disse nada. — Inicialmente eu só me interessei pelo livro. – Falei quase pausadamente por aquilo estar cortando meu coração. Não quero deixá-la triste, Deus, eu não quero.  

— Continue, por favor. – Pediu e guiei as mãos para seu rosto, focando totalmente nos seus olhos.  

— É complicado. – Falei mordendo o lábio inferior.  

— Complicado como? Você sabia da minha mãe, que mal tinha isso?  

— Eu só... No início eu só queria conhecê-la. – Sussurrei e ela franziu o cenho. 

— Como assim? Você... Foi tudo por que queria conhecer a minha mãe? – Perguntou e neguei com a cabeça várias vezes. 

— Não! Não é isso, em partes Galateia, mas não! Por favor, não pense isso. – Falei sentindo meus olhos marejarem de novo. Droga! Escolhi as palavras erradas. Eu sou uma anta. – Eu não virei sua amiga para conhecer sua mãe, queria sim conhecê-la, mas o principal motivo de me tornar sua amiga, foi por querer ser realmente sua amiga. 

— Me explique melhor? – Pediu mantendo o tom calmo e pude perceber sua mudança de humor pelos olhos azuis que escureceram. Ela está brava comigo.  

— Espere um segundo. – Falei voltando a deitar a cabeça em seu ombro e ela ficou em silêncio respeitando meu pedido, o que durou um bom tempo de nós duas caladas. Acabou, não é? Eu destruí tudo! Eu... Droga! Mas que droga, eu só... Eu só não queria que isso fosse verdade, eu só queria poder excluir a mãe dela de tudo e dizer que foi por causa daquele esbarrão, que depois daquilo eu não consegui mais parar de pensar nela, que foi tudo por causa de um clichê daqueles de filmes, em que acidentalmente você se esbarra com o amor da sua vida, e em partes é isso.  

Galateia é o amor da minha vida, mas eu não me interessei por ela por achá-la incrivelmente linda e interessante, eu me interessei por causa da maldita dedicatória na capa daquele livro, entretanto... Se tem algo que eu posso afirmar agora com toda a certeza, é que eu já a amava bem antes de nos tornarmos amigas, posso detalhar perfeitamente o momento em que tudo virou amor, posso dizer qual era meu humor no dia, que estava chovendo, posso dizer tudo isso.  

Ficamos em silêncio por longos minutos e suspirei finalmente criando coragem de lhe olhar. Ergui a cabeça olhando para Galateia, que esperava minha resposta. Ver a expressão dela fez meu coração se apertar. Seus olhos estão tão tristes.  

— Já está bem? – Perguntou carinhosa, só que, dessa vez sua voz saiu mais baixa que um sussurro, o que me fez engolir em seco quase sem ar pelo que direi a seguir. Droga! É tão difícil respirar.  

— Quando esbarrei em você na aula, seu livro caiu e vi a dedicatória da sua mãe. Até em tão eu não era fã dela, nem sabia quem era, mas achei a letra dela interessante, aí pesquisei a respeito e gostei de tudo que ela escrevia, e depois... Não sei, no livro dizia que você era a primeira obra prima dela, e eu... Eu queria te conhecer e conhecê-la, então tentei me aproximar. – Expliquei e ela sorriu sem humor, olhando para baixo por alguns segundos.  

— Vick... 

— Eu passei a achar sua mãe uma vaca a cada momento que me citou algo dela, Téia. Eu não ligo pra ela, não quero falar com ela, foda-se os livros dela. Eu amo você! – Falei rápido e seus olhos voltaram a marejar. – Eu não quero saber dela, queimo todos os livros que tenho se for preciso, só... Por favor, não me odeie. Eu estava o dia todo tentando pensar em como te contar isso, até mesmo falei com a Débora sobre e ela disse que se eu falasse as coisas ficariam bem. – Falei rápido, sentindo minha voz embargar por ver que sua expressão triste continuava. – Por favor, diz alguma coisa pra mim. – Pedi guiando a mão para seu rosto. - Grita comigo, me xinga, me nocauteia com um golpe, mas por favor, fala alguma coisa. – Sussurrei deixando as lágrimas me vencerem outra vez quando Galateia começou a chorar. - Não! Por favor, não chora, por favor. – Pedi beijando seu rosto suavemente. - Por favor, Téia. 

— Não sei o que falar. – Soltou uma de minhas mãos para cobrir os olhos. – Eu nem sei se tenho algo para falar. 

— Eu sei que te magoei, Galateia. Sei que fiz algo que não devia, mas... Por favor, por grande parte do tempo eu me esqueci que todo meu interesse inicial veio por causa da sua mãe, eu nem sei porque o nome dela me chamou tanto a atenção. Eu... Me perdoa, por favor. Vou entender se nunca mais quiser falar comigo, se... – Me calei por um momento e deitei minha testa sobre a mão. – Eu sei que prometeu, mas se me odiar, vou entender, se não quiser ser minha amiga, se quiser me socar. 

— Você não vai entender... – Falou baixo e lhe olhei preocupada. – Aquele... Aquele livro... – Sussurrou e tranquei a respiração por lhe ver chorar. - Aquele livro, a minha mãe dedicou a Liane, ele não era pra mim, eu não sou a primeira obra prima dela, não sou nem considerada filha dela. – Soluçou e abri a boca sem saber o que dizer. – Você... Nem assim... Eu não fui nem seu interesse secundário. – Limpou as lágrimas com o dorso das duas mãos e lhe abracei no mesmo instante. 

— Não, Galateia, eu amo você. Por favor, olha pra mim. – Pedi me afastando para erguer sua cabeça, focando em seus olhos azuis. – Eu nem sei como sua irmã é, eu não ligo se ela é a primeira obra prima da sua mãe, se ela é uma deusa ou governa o mundo. Eu amo você, só você! Por favor, não leve para esse lado.  

— Eu sou a maior vergonha da minha mãe. – Falou e arregalei os olhos. – Ela me teve fora do casamento, o marido dela me odeia e eu não moro com minha tia porque eu quero, é porque minha mãe não me quer na casa dela. – Falou voltando a chorar mais e beijei seu rosto várias vezes, lhe abraçando apertado.  

— Shiiiu, tá tudo bem. – Acariciei seu cabelo fechando os olhos por ela começar a ter uma crise de choro. Deus, meu coração, o que devo fazer? Não quero ver ela chorando assim. - Eu não queria que... – Calei-me tentando normalizar minha voz que já estava saindo embargada, estou com um nó na garganta que está bloqueando tudo. - Não queria que você se magoasse Téia, não queria que... Que... Eu não queria te machucar. – Sussurrei e ela ergueu a cabeça, me permitindo olhar nos azuis de seus olhos que começaram a ficar insuportáveis de se encarar.  

— Você não queria, mas como acha que eu estou me sentindo agora?  – Perguntou voltando a abaixar a cabeça e fechei os olhos pelo tapa na cara que foi suas palavras. Eu machuquei ela, machuquei de verdade.  

— Galateia, eu...  

— Isso me machucou muito, Vick. – Falou um pouco mais calma e ver o quanto ela estava se segurando para não chorar mais está me destruindo.  

— Galateia... Por favor. – Sussurrei tão baixo que tenho absoluta certeza que ela não me ouviu. – Não me odeie. – Pedi e ela se inclinou, sua testa apoiando na minha em carinho.  

— Eu não odeio você, não poderia te odiar nem se eu quisesse. Só preciso de um tempo pra pensar sobre isso, tudo bem? – Perguntou vacilando na voz e assenti várias vezes, fechando os olhos por seus lábios pressionarem em minha testa. – Eu vou te levar pra casa e amanhã ou depois a gente conversa, tá bom? – Perguntou e lhe olhei engolindo em seco.  

— Tá. – Sussurrei voltando a chorar.  

— Vick... Não chora, tá tudo bem. Obrigada por me dizer. – Deitou a cabeça sobre a minha e prendi a respiração para me acalmar. Eu esperava tudo de hoje, menos isso.  


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Notas finais do capítulo

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